O PORQUÊ DO BARULHO A VOLTA DAS DÍVIDAS?
Há um ditado popular, muito em voga em Moçambique, segundo o qual o pior cego é aquele que não vê porque não quer. Vem isto a propósito das novas técnicas de colonialismo, s que se designa de globalização ou o movimento da aldeia global. Hoje, as grandes potências, sedentas dos inúmeros recursos que a mãe natureza nos presenteia, usam de todas as artimanhas possíveis para controlar os nossos recurso, muitas das vezes recorrendo a táctica de dividir para reinar. Não raras vezes as multinacionais desses países patrocinam actos de verdadeira subversão, semeando caos, para depois aparecem com salvadores do convento, sob cumplicidade de alguns patrícios nossos.
É sabido que as regras de convivência no concerto das nações já não concebem que um país use dos seus meios de repressão estadual para ocupar outro, uma vez que foi abolida há anos o colonialismo no sentido clássico e constante dos manuais da civilização ocidental. Mas porque o Ocidente não é detentor dos recursos naturais em voga nos tempos hodiernos, recorre a uma colonização sub-reptícia, não recorrendo ao poderio militar, mas aos artifícios económicos para subjugar os países menos desenvolvidos. E até criam organismos financeiros, quais agiotas, mas vestidos na pele de Messias, para manter o controlo sobre os outros povos. Outro dos artifícios de que se socorrem é o seu sistema aberto e flexível de educação, que quase que de esmola permite que cidadãos não ocidentais se matriculem em escolas e universidades, máxime americanas, para lá se formarem e “servirem” os seus países, mas quando efectivamente o que se pretende é um verdadeiro “brain wash”. Sem querer dizer que todos os não ocidentais que se formam, por exemplo, nos EUA, são arma de arremesso dos ocidentais, não deixa de ser estranho que uma vez de volta aos seus países, boa parte dos novos doutores vindos da terra do Tio Sam se prestam o papel de porta-vozes e, porque não, de advogados da visão ocidental dos fenómenos.
Portanto, os críticos acérrimos nos respectivos países, já não são os estrangeiros gestores das ONG que por cá pululam ou funcionários expatriados das chancelarias, mas os nossos patrícios, com “legitimidade sanguinis” para vender a visão ocidental de como os processos se devem reger nos nossos países. Não é por acaso que em Moçambique, por exemplo, as vozes mais críticas ao projecto do Sistema Integrado de Monitoria e Protecção (SIMP) da Zona económica Exclusiva são moçambicanos muito bem diplomados que vendem a imagem de um país de bandidos e mafiosos, em manifesto prejuízo para o povo.
Tudo quanto dizemos retro tem que ver com a actual onda agitação que a Pérola do Índico vive por conta da contratação de empréstimos, no valor global de 2,1 biliões de dólares americanos, para operacionalizar o SIMP, que foi criado pelo Decreto do Conselho de Ministros n° 91/2013, de 31 de Dezembro, sob proposta do então Ministro da Defesa Nacional, Filipe Jacinto Nyusi, a cargo das empresas das Forças de Defesa e Segurança, EMATUM, MAM e PROINDICUS.
O que muita gente não se questiona ou, sabendo, propositadamente omite, é o facto de durante as operações de pesquisa e prospecção de gás e petróleo na Bacia do Rovuma, as empresas ANADARKO e ENI terem recorrido a empresas privadas e estrangeiras para prestarem serviços de protecção a essas operações e que pelos serviços prestados arrecadavam não menos que 200 mil dólares por dia, dinheiro esse que de maneira alguma entrava no circuito financeiro nacional, nem em forma de impostos pagos ao estado, tão pouco em forma de pagamento de salários a trabalhadores nacionais residentes em Moçambique. Importa referir que os serviços de protecção aqui indicados eram prestados por empresas pertencentes a Generais reformados, entre americanos, italianos e sul-africanos, cuja mais-valia para o país não é tida nem achada.
Perante uma ameaça real: deixar parte importante da nossa soberania nas mãos de estrangeiros, com o inevitável cortejo de adversidades e inconvenientes e perante uma oportunidade para alavancar o sector empresarial do Estado, por via das Forças de Defesa e Segurança, para além de permitir a geração de receitas que em boa verdade garantiriam o equilíbrio da nossa balança de pagamentos, o Estado Moçambicano, no exercício do seu poder e dever soberano, optou por criar mecanismos para alcançar os desideratos acima referidos.
Imaginemos que por um simples cálculo aritmético, com uma única embarcação, uma empresa como a PROINDICUS facturasse, no mínimo, por dia, 200 mil dólares, em 30 dias poderia ter um encaixe bruto de 6 milhões de dólares e 72 milhões por um ano, o que não deixa de ser apetecível. Isso demonstra que estamos em presença de uma empresa não só economicamente viável, mas também e sobretudo, mecanismo importante para a reafirmação da nossa soberania. E não deixa de ser verdade que ao embarcar numa iniciativa similar, que tira ganhos a empresas de Generais estrangeiros, os nossos dirigentes serão alvos da mais severa perseguição.
Infelizmente, Armando Guebuza e Filipe Nyusi têm sido crucificados por terem estado num Governo que tudo fez para trazer soluções para alguns desafios que o país enfrenta. Ninguém faz essas análises quando se trata de emitir opiniões a respeito deste processo todo. Aliás, todo este barulho, com origem interna só prejudica aos moçambicanos, que não podem colher benefícios da actividade dessas empresas e estão sob chantagem dos parceiros de apoio directo ao Orçamento do Estado. E, como acima aduzimos, os ocidentais servem-se de alguns moçambicanos para definir a sua agenda de asfixia.
Enfim, o que é que o ciúme não faz?
Um abraço da Pérola do Índico.
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