terça-feira, 2 de maio de 2017

Artur Semedo “Não me zango com este futebol medíocre”

Artur Semedo “Não me zango com este futebol medíocre” Centrais Pág. 4 e 6 TEMA DA SEMANA 2 Savana 28-04-2017 São as mais barulhentas eleições de sempre na história da Confederação das Associações Econó- micas de Moçambique (CTA). O actual Conselho Directivo (CD), de que Agostinho Vuma actualmente faz parte, é que escolheu a Comissão Eleitoral (CE), a mesma que, na última segunda-feira, chumbou a candidatura de Quessanias Matsombe. Os apoiantes de Matsombe acusam Vuma de manipular o processo, o que é negado pelo actual vice-presidente da organização em declarações ao SAVANA. Desde que foi anunciado o processo eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato de carácter contra o único adversário de Vuma. Em textos que se confundem com expedientes de natureza propagandística, servidos nas redes sociais e em alguma imprensa, Quessanias Matsombe chegou a ser catalogado como “burlador” e “mentiroso” e, como tal, o candidato que não merece ser presidente da CTA. O que parecia uma luta de jornais e redes sociais terminou com a reprovação da candidatura de Quessanias pela CE da CTA por alegada falta de requisitos, vícios e tentativas de fraude. “É considerada e aprovada para as eleições da CTA, previstas para o próximo dia 4 de Maio, a lista única da Federação Moçambicana de Empreiteiros (suporte de Vuma)”, disse, em conferência de imprensa, esta segunda-feira, Pedro Baltazar, presidente da CE. Pedro Baltazar explicou que, após receber as candidaturas dos respectivos mandatários a 19 de Abril, os mesmos foram analisados. Fez notar que, neste dia (19 de Abril), Kekobad Patel, mandatário de Quessanias Matsombe, não apresentou nenhuma carta de suporte. Alegou, Patel, segundo Baltazar, que possuía todas as cartas, porém havia se esquecido. Patel entregou as cartas requeridas no dia seguinte.  Segundo Baltazar, como manda o regulamento, os dois mandatários foram integrados na CE para a aná- lise dos documentos. Explicou que das 10 cartas de suporte de candidatura de Matsombe, que representa a Federação Moçambicana de Turismo e Hotelaria (FEMOTUR), apenas duas foram validadas e aceites. Oito restantes cartas foram rejeitadas, por, segundo Baltazar, apresentarem irregularidades. O CE argumentou que três das cartas invalidadas pertenciam ao mesmo associado, com cabeçalhos, datas e assinaturas diferentes, emanadas por três órgãos da mesma pessoa colectiva. “É uma clara intenção premeditada, deliberada e intencional de tentatiEleições mais barulhentas de sempre na casa dos empresários va de fraude, na convicção de que os membros da Comissão Eleitoral não iriam julgar relevante a prática desta ilicitude”, frisou Baltazar. Pedro Baltazar disse igualmente que os documentos de Agostinho Vuma também continham irregularidades. Das 24 cartas somente oito foram validadas, as 16 restantes estavam em situação irregular. Victor Miguel, mandatário de Vuma, regularizou e procedeu à entrega de três cartas, em substituição das que foram anuladas. Ao todo, de acordo com Baltazar, a candidatura de Vuma ficou com 11 cartas válidas. Pedro Baltazar precisou ainda que a candidatura de Matsombe ficou suportada apenas com sete cartas, não reunindo o número de 10 exigidas. O outro lado da história De acordo com o Regulamento Eleitoral da CTA, a CE é nomeada pelo CD, o qual, conforme o disposto no artigo 29º dos estatutos da CTA, é composto por um presidente e quatro vice-presidentes. Entretanto, a equipa do candidato Quessanias Matsombe diz não haver evidências de ter sido, formalmente, convocada uma sessão do CD para a nomeação da CE. “O que se sabe é que, na ausência dos vice-presidentes Rogério Samo Gudo e Rui Monteiro, o presidente da CTA (Rogério Manuel) e os vice-presidentes Agostinho Vuma e Prakash Prehelad, reuniram e escolheram, a dedo, as pessoas que deviam fazer parte da Comissão Eleitoral”, apurou a equipa que suporta a candidatura de Matsombe. Mas o entendimento da candidatura de Quessanias Matsombe é que, sendo o vice-presidente, Agostinho Vuma, pessoa directamente interessada na corrida à presidência da CTA, não poderia participar da deliberação sobre a nomeação dos membros da CE por evidente con- flito de interesse. Admitindo que Vuma não se fez presente dessa reunião ou lhe foi vedado o direito a voto favorável, por conflitos de interesse, a equipa, que inclui o advogado José Caldeira, refere que, então, a constituição da CE violou o n° 3 do Artigo 31, que preconiza que o CD só pode deliberar estando presente a maioria dos seus membros. “É nosso entender que a Comissão Eleitoral foi constituída de forma irregular e com o único propósito de prejudicar a nossa candidatura, pois não faz sentido que uma pessoa candidata a um cargo seja ela própria a participar da eleição dos membros da Comissão Eleitoral, quando, agora se sabe, que os membros daquela sessão não o apoiam”, refere um comunicado de imprensa da equipa de Matsombe. Numa conferência de imprensa, na tarde desta quarta-feira, Quessanias Matsombe denunciou ilegalidade na prorrogação, pela CE, de 11 para 17 de Abril, do prazo para apresentação de reclamações e para a regularização de quotas, cujo pagamento constitui um dos requisitos para concorrer à presidência da CTA. “Este acto não passa de uma usurpação de poderes, uma vez que a Comissão Eleitoral tem como mandato dirigir e supervisionar o processo eleitoral, de acordo com o regulamento e nos termos do calendário eleitoral fixado e nunca alterar as datas para a apresentação de candidaturas, fixação dos cadernos eleitorais ou apresentação de reclama- ções”, disse o candidato reprovado. Explicou que, na hora, o mandatário da sua candidatura, Kekobad Patel, chamou atenção ao presidente da CE, Pedro Baltazar, para o cumprimento da circular emitida pelo presidente de mesa da Assembleia Geral da CTA, mas o presidente da CE insistiu na necessidade de tais alterações. Para Quessanias, a prorrogação do prazo pela CE, para a apresenta- ção das reclamações e consequente pagamento de quotas, não somente constitui usurpação de poderes, como também é ilegal. Suportes recusados Com as eleições já prorrogadas para o dia 20, o mandatário submeteu a candidatura no dia 19, tendo como suporte a FEMOTUR, em representação das 11 associações membros que, a 12 de Dezembro do ano passado, deliberaram, em Assembleia Geral, apoiar a candidatura agora reprovada. Embora a FEMOTUR represente 11 associações, a CE exigiu a Kekobad Patel que, na sessão seguinte, trouxesse cartas de suporte às candidaturas. Foi assim que, no dia 20, Patel submeteu 10 cartas de suporte, mas a CE aceitou apenas dois e rejeitou as restantes oito alegadamente por serem cópias. Na conferência de imprensa desta semana, o candidato reprovado anotou que, ao recusar as oito cartas recebidas por scan, de associações provinciais, a CE violou o n°2, do Artigo 24, da Lei das Transacções Electrónicas, aprovado pela Lei n° 3/2017, de 9 de Janeiro (que entrou em vigor a 9 de Abril), segundo o qual “toda a informação apresentada sob a forma de mensagem electrónica goza de forma probatória”. Enquanto isso, a 21 de Abril, o mandatário solicitou a validação de uma dentre três cartas de suporte da Associação dos Empreiteiros da Província de Sofala (AECCOPS). A equipa de Matsombe diz que apresentou três cartas da mesma associação, mas assinadas por pessoas distintas, em virtude de a AECCOPS ser membro da Federação Moçambicana de Empreiteiros (FME), dirigida pelo candidato Agostinho Vuma. Assim, com as três versões, se estava a tomar todas as precauções para afastar qualquer pretexto que levasse à reprovação de apenas uma carta, sabendo-se que a FME é que suporta a candidatura de Vuma. Foi assim deixado ao critério da CE a escolha, dentre as três, do exemplar que lhe parecesse mais aceitável. Mesmo assim, a CE chumbou a candidatura e, para Matsombe, perante tamanha falta de imparcialidade, o presidente da Comissão, Pedro Baltazar, referindo-se a este caso, fez insinuações de tentatiMáfia na CTA?  Da esquerda à direita: Kekobad Patel, Quessanias Matsombe e José Caldeira, na conferência de imprensa em que denunciaram irregularidades nas eleições da CTA Agostinho Vuma TEMA DA SEMANA Savana 28-04-2017 3 vas de fraude, falsificação, entre outras acusações contra o mandatário Kekobad Patel. Matsombe anota que, na mesma sessão, o seu mandatário apresentou mais quatro cartas de poio, vindas da Associação Comercial de Cabo Delgado, da “ACTIVA”, da Associa- ção Comercial e Industrial da Zambézia e da “ASTRA” de Nampula, mas a da “ACTIVA” foi chumbada. Patel terá pedido permissão para apresentar, posteriormente, outras, mas também lhe foi vedado. Patel lembrou que a candidatura que representava tinha suporte da FEMOTUR, onde se acham federadas 11 associações, das quais 10 constam do Caderno Eleitoral. “Perante a recusa do mandatário do candidato Agostinho Vuma, o presidente da Comissão convidou a todos para um intervalo de 10 minutos. Regressado do intervalo, o segundo vogal, Sr. Paulino Cossa, disse que a acta da Assembleia Geral da FEMOTUR não devia ser considerada, alegadamente, porque não tinha sido autenticada. Argumenta ainda o Sr. Paulino Cossa que a acta arrolava cinco pontos da agenda, mas só apresentava a deliberação sobre um único ponto de agenda que era o apoio da candidatura da FEMOTUR à presidência da CTA, facto que, segundo ele, não procedia para os efeitos que se pretendia alcançar. Apenas isso”, explicou Matsombe, que reparou que a acta não devia mostrar o desenvolvimento dos restantes pontos de agenda por se tratar de questões internas da FEMOTUR de cujo domínio não deve ser público. O candidato reprovado rebate a CE da CTA, que arguiu que o Regulamento exige que a candidatura seja proposta por mais do que um membro, isto é, por um grupo de proponentes. Matsombe argumenta que grupos de membros e grupos de proponentes são realidades totalmente diferentes, por isso, o apoio da FEMOTUR, suportado pelas 11 associações federadas, já bastava para validar a sua candidatura. Refere ainda que, contrariamente ao que resulta do regulamento eleitoral, a CE, depois de analisar e deliberar sobre as candidaturas, em nenhum momento comunicou, por escrito, ao mandatário Patel, a lista das irregularidades que deveriam ser sanadas no prazo legal de 48 horas. “Preocupou-se, antes, nas reuniões da Comissão Eleitoral, em justificar as suas decisões, todas elas para indeferir todo e qualquer argumento Ocandidato reprovado entende que a violação de diversas normas e estatutos, desde o incumprimento de prazos e procedimentos legais até à usurpação de competências, é suficiente para suspender o acto eleitoral. Por isso, Quessanias Matsombe promete recorrer a todos os meios legais para restituir a legalidade do acto eleitoral na CTA. Garantiu mesmo que as eleições não serão realizadas na próxima quinta-feira, 4 de Maio, porque irá levar o caso ao Tribunal e o seu grande advogado são os 75% das associações que disse o apoiarem. Quessanias, que actualmente é presidente do Conselho Fiscal da CTA, lembrou que esta é a primeira vez na história da casa dos empresários que há dois candidatos, por isso que há barulho. Na verdade, todos os presidentes da CTA, que foram candidatos únicos, vieram das fileiras da antiga direcção. Foi assim com Salimo Abdula, o segundo presidente da CTA que veio do elenco do primeiro presidente, Egas Massanhane e com Rogério Manuel, que veio da direcção de Salimo Abdula. A história parece estar para se repetir com Agostinho Vuma, aliado de Rogério Manuel, que presidiu a CTA por seis anos, divididos por dois mandatos de três anos cada. “Antes era uma espécie de dinastias e nós queremos romper esse ciclo de dinastias”, promete Quessanias. Para ele, o barulho à volta das eleições deste ano, que disse constituírem um caso de estudo, surge porque se sabe que os associados vão escolher o melhor programa, sugerindo que Agostinho Vuma está por detrás de todo o expediente iniciado nas redes sociais e na imprensa até à reprovação da sua candidatura. “Estou desiludido” Kekobad  Patel, que participou na CE como mandatário de Quessanias, denunciou divergências, em muitos aspectos, entre o conteúdo das deliberações assinadas pelo presidente da CE com o conteúdo das actas e questionou: “quem é o aldrabão neste processo”. Esclareceu que o conteúdo da deliberação é obra dos membros da CE nomeados pela direcção de Vuma, incluindo o seu mandatário de candidatura. Patel, que é um dos membros fundadores da CTA, diz estar desiludido com o que está a acontecer na CTA. Lembra que o nascimento da CTA, por volta de 1996/7, foi marcado por muitas dificuldades, mas sempre pesou o interesse organizacional. “A minha desilusão é que há candidatos com interesses pessoais, mas sem interesse institucional”, desabafou, frisando que as falhas do passado foram ultrapassadas porque havia interesse colectivo pela CTA. Romper dinastias na sucessão dos presidentes que fosse apresentado pelo mandatário da nossa candidatura, factos que indiciam, de forma clara, o interesse da Comissão Eleitoral em prejudicar esta candidatura”, condena Matsombe, para quem, tendo em conta o firme interesse de defender o associativismo e a democracia nos órgãos sociais da CTA, a Assembleia Geral desta agremiação estabeleceu o direito de suprir quaisquer irregularidades, sendo que era da responsabilidade da CE, de forma clara, transparente e democrática, conceder o prazo regulamentar de 48 horas para a eliminação de eventuais vícios. Diz que nada disso foi feito porque o interesse da CE era e é de permitir que as eleições aos órgãos sociais da CTA sejam ganhas pelo candidato Agostinho Vuma. Lamenta ainda que a CE tenha recusado, ilegalmente, a recepção de documentos, alegando estar fora do horário. Abordado pelo SAVANA, Agostinho Vuma recusou estar a influenciar o processo eleitoral. Lembrou que não faz parte da CE e precisou que esse é o órgão responsável pela eleição e age em respeito aos instrumentos normativos da CTA. “Um problema institucional não pode ser personificado em Vuma”, rematou Vuma. TEMA DA SEMANA 4 Savana 28-04-2017 9 inte e quatro horas depois de um estranho assalto e sabotagem a uma viatura da Polícia da República de Moçambique (PRM), que culminou com o resgate de dois perigosos cadastrados por seus supostos comparsas, a Procuradoria Geral da República (PGR) ordenou a revogação da liberdade condicional e emitiu um mandado de captura internacional contra o cidadão Momade Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar. Nini saiu em liberdade condicional no dia 05 de Setembro de 2014, depois de cumprir metade da pena de 24 anos, em conexão com o assassinato do jornalista Carlos Cardoso, em Novembro de 2000. Com o número 04/PGR/ GC/012.3/2017, o documento da PGR, distribuído na noite desta terça-feira, refere que cerca das 12:40 horas do dia 24 de Abril de 2017, um grupo de quatro indivíduos, todos encapuzados, fazendo-se transportar numa viatura de marca Toyota Corolla, modelo Runx, de cor cinzenta, sem chapa de inscrição, seguindo da Avenida Vladimir Lenine em direc- ção à Av. 25 de Setembro, chegado à rua de Ngungunhana, bloqueou a viatura da PRM, que transportava dois reclusos, onde se presume que tenham efectuado mais de vinte tiros, perfurando pneus da viatura celular e de seguida resgatado os referidos reclusos do seu interior, pondo-se de seguida em fuga. De acordo com o comunicado da PGR, trata-se de José Ali Coutinho e Alfredo José Muchanga, que se encontravam a cumprir penas de prisão maior em conexão com crimes hediondos no Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança, vulgo BO, junto às celas anexas ao Comando da PRM da Cidade de Maputo. A PGR diz que a revogação da liberdade condicional e a consequente ordem de captura de Nini Satar resultam do facto deste ter violado, de forma persistente, todas as injunções impostas aquando da sua concessão, principalmente no que se refere a não se fazer acompanhar de pessoas de má conduta e ao não cometimento de outros crimes. Na tarde desta terça-feira, Inácio Dina, porta-voz do Comando Geral da PRM, disse à imprensa que os dois reclusos foram resgatados quando eram conduzidos à Primeira Esquadra, na baixa da cidade capital, onde seriam ouvidos pelas autoridades policiais. Segundo Dina, trata-se de uma dupla que era indiciada de sabotagem ao sistema de segurança prisional, destruição do património prisional, planificação e preparação de fuga, bem como a prática de actos de violência contra os restantes reclusos. Até ao fecho desta edição, a PRM ainda não tinha pistas sobre o paradeiro dos reclusos, mas, segundo Inácio Dina, a corporação accionou todos os meios operativos para a recaptura dos fugitivos, bem como dos responsáveis pelo resgate. A par dos esforços da PRM visando a captura dos fugitivos, também está a PGR, que apelou à colaboração da sociedade moçambicana na denúncia de qualquer movimento dos mesmos. No entanto, Nini Satar, um dos sujeitos a monte e procurado pela justiça, contraria as autoridades e apresenta outra versão. Para Nini Satar, quer a PRM, bem como a PGR sabem, perfeitamente, que não se tratou de uma fuga, mas sim de um assassinato. Na sua página no facebook, Nini Satar diz que os dois reclusos foram retirados das celas para serem mortos. Sustenta a sua tese, argumentando que a PGR sabe que qualquer recluso que sai das celas do Comando, sempre está escoltado com mais de duas ou três viaturas e, no caso em alusão, toda a ordem foi invertida porque as pessoas que tiraram José Ali Coutinho e o comparsa das celas tinham intenção de matá-los. Acredita que os dois reclusos morreram no local do cerco da viatura da polícia, por terem sido atingidos pelas balas disparadas para o local onde estavam os supostos foragidos. Quem também duvida da versão policial e estranha os moldes em que foi executado o processo que culminou com a imobilização da viatura policial é o bastonário da Ordem os Advogados, Flávio Menete, bem como do antigo director da Polícia de Investigação Criminal na cidade de Maputo, António Frangoulis. Em entrevista ao canal privado, STV, Flávio Menete disse que há muita coisa estranha neste processo, na medida em que, se tratando de pessoas condenadas e em cumprimento de pena, num estabelecimento penitenciário, qualquer interrogatório devia ser no seu local de reclusão e mediante autorização do juiz. Menete duvida que tal procedimento tenha sido observado. Continua referindo que é também estranha a argumentação da PRM de que os dois reclusos iam ser ouvidos numa esquadra por factos relacionados com práticas de algumas infrac- ções dentro da prisão. No entender de Menete, esse facto mostra a perigosidade dos sujeitos, pelo que mereciam fortes medidas de segurança, não se percebendo as razões que levaram a polícia a retirá-los duma cadeia de segurança extrema para uma esquadra. Menete questiona ainda o facto de a PRM ter se encarregue de movimentar reclusos dum estabelecimento prisional para uma esquadra, enquanto essa tarefa é da competência do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP). Para o bastonário da OAM, em condições normais, as balas que foram disparadas para a viatura policial deviam ter sido direccionadas para a zona que constituísse perigo, neste caso agentes da polícia que escoltavam os reclusos e não para os comparsas que iam ser resgatados, mas foi o contrário. Terminou a sua explanação referindo que foi a primeira vez que ouviu que uma viatura de escolta com sirenes parou num semáforo e deixou a viatura escoltada continuar sozinha. Por seu turno, António Frangoulis é da opinião de que os atacantes tiveram toda a informação sobre a operação, o que leva a crer que a informação saiu de dentro da corporação. Para Frangoulis, outro espanto é a qualidade das balas disparadas. Na sua óptica, dificilmente um criminoso gasta cerca de 20 balas numa operação. A PGR ordenou ainda uma investigação para saber em que termos foi engendrada a operação que culminou com a fuga dos dois reclusos. O SAVANA sabe que os três agentes que se encontravam na viatura no momento do resgate foram detidos. 1LQL6DWDUHRVUDSWRV No seu comunicado, a PGR diz que Nini Satar formou uma organização criminosa cujo propósito consistia em raptar cidadãos moçambicanos para posteriormente exigir avultadas quantias em dinheiro. Nini Satar nunca aceitou o crime, porém, a realidade mostra um cenário totalmente diferente. A 06 de Fevereiro de 2012, um ano depois de registo dos primeiros casos de sequestros em Moçambique, o então director da Polícia de Investiga- ção Criminal (PIC), Dias Balate, ordenou a transferência de Nini Satar, Vicente Ramaya e Ayob Satar da BO para as celas do Comando da cidade. Balate entendia que a onda de sequestros que abalava o país era orquestrada a partir da BO, com Nini Satar na liderança. Dois meses depois da sua transferência para as celas do Comando da cidade, mais concretamente no dia 09 de Abril de 2012, Dias Balate ordenou a prisão de Danish Satar e Sheila Adão Issufo, sobrinho e esposa de Nini Satar. Na mesma altura, recolheu aos calabouços a irmã de Nini Satar, Rachida Satar, todos em conexão com os raptos. O trio veio a ser solto dias depois por ordens do Tribunal que alegou insu- ficiência de provas. Ainda no mês de Abril de 2012, a Polícia deteve os primeiros operativos dos raptos. Trata-se de Hélder Naene, Bendene Chissano (Angolano), Dominique Mendes, Luís Chitsotso, Albino Primeiro, Arsénio Chitsotso e Joaquim Chitsotso. A quadrilha indiciou, em sede de instrução preparatória, Danish Satar, o sobrinho de Nini Satar, como um dos mandantes dos crimes de sequestros. Dias depois da denúncia, Danish Satar fugiu de Moçambique, ignorando ordens judiciais que o obrigavam a permanecer no país, enquanto o processo seguia seus trâmites legais. Em Maio de 2012, a PGR terminou a instrução preparatória contra os arguidos Hélder Naene, Bendene Chissano (Angolano), Dominique Mendes, Luís António Chitsotso, Albino Primeiro, Arsénio Chitsotso e Joaquim Chitsotso. 3*5DFFLRQD,17(532/HRUGHQDPDQGDGRGHFDSWXUDFRQWUD1LQL6DWDU Procurado pela justiça Na investigação, a PGR encontrou provas que indiciassem os sete réus de prática de crimes de raptos. No mesmo processo, com o número 16/2012/10 foi também acusado o arguido Nini Satar. O processo, que já tinha também Nini Satar como arguido, foi encaminhado para a Décima Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo para o prosseguimento de trâmites legais. Porém, para o espanto e decepção do Ministério Público, o juiz da causa, Adérito Malhope, não pronunciou Nini Satar do crime dos raptos. É importante frisar que o juiz Adérito Malhope foi o mesmo que assinou, contra a vontade da PGR e da direc- ção da cadeia, o pedido de liberdade condicional a favor de Nini Satar, dois anos depois de ter negado a sua pronúncia no caso de sequestros. Meses depois de o juiz Adérito Malhope salvá-lo dos raptos, Nini Satar apareceu, publicamente, em actividades similares a de detectives privados, e conduziu a polícia à identificação, captura e abate de alguns raptores. Na altura, Nini Satar referiu que investiu pouco mais de 200 mil meticais na compra de informação, dentro da cadeia, para auxiliar a polícia a neutralizar os malfeitores. Contudo, a 19 de Maio de 2014, em entrevista ao jornal “Notícias”, o então Comandante Geral da Polícia, Jorge Khalau, disse que Nini não estava a ajudar a Polícia na identifi- cação de raptores como tentava dar a entender à sociedade. De acordo com Khalau, Nini queria tapar a cara às pessoas, fingindo que não sabe de nada sobre os raptos. Para o ex-comandante, Nini estava sim por detrás de grande parte dos raptos e a única verdade é que ele é que era o verdadeiro patrão. Jorge Khalau disse na altura que chegou a essa conclusão porque aqueles que iam sendo neutralizados pela Polícia é que revelavam que Nini é que é o patrão dos raptos. “A profissão de Nini é orientar o crime organizado e, infelizmente, vai tentando enganar a sociedade, diPor Raul Senda Nini Satar, de liberdade condicional à foragido, PGR ordena mandado de busca e captura Edith Antónia da Câmara, uma das acusadas pela morte do Procurador Vilanculos TEMA DA SEMANA Savana 28-04-2017 5 PUBLICIDADE TEMA DA SEMANA 6 Savana 28-04-2017 zendo que não sabe de nada ou que tem estado a prestar colaboração na identificação dos criminosos. É tudo mentira. Ele é que comanda os raptos. Grande parte dos raptores detidos aponta o seu nome”, rebateu o então Comandante-geral da Polícia. Sobre os foragidos, a PGR diz que José Ali Coutinho encontrava-se em cumprimento de uma pena de 16 anos de prisão maior pelo crime de roubo concorrendo com cárcere privado no processo n° 51/2009/7-C, do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, 7ª secção criminal e, recentemente, foi pronunciado pela autoria do crime de homicídio qualificado contra o Procurador Marcelino Vilanculos, no âmbito do processo n° 59/2016, do Tribunal Judicial da Província de Maputo, 5ª secção criminal. O mesmo é igualmente acusado, no processo 35/PCM/2017, pela autoria material do crime de rapto de dois cidadãos e, ainda sobre ele, encontra-se em instrução preparatória um outro processo pelo seu envolvimento na prática de crime de rapto, com o registado nº 1061-N-2017 e que corre termos no SERNIC, da Província de Maputo e sob a direcção do Ministé- rio Público. No âmbito da instrução dos referidos processos, dentre os quais, o processo número 131/PCM/17 e o processo n.º 35/PCM/2017, confirmou-se que Nini Satar formou aliança criminosa com os reclusos José Ali Coutinho e Edith Antónia D`Compta da Camara Cylindo, arguidos no processo acima referido (processo 35/ PCM/2017) e já acusado. Segundo a PGR, Edith Antónia d`Compta da Câmara Cylindo foi também acusada num outro processo autónomo que ostenta número 2/2017, 5ª secção criminal, do Tribunal Judicial da Província de Maputo, por envolvimento no homicídio qualificado do Procurador Marcelino Vilanculos. Edith da Câmara Cylindo, ora detida nas celas da Cadeia Civil de Maputo, manteve relações amorosas com Nini Satar, no seu tempo de reclusão e, em algum momento, serviu como ponta de lança nos negócios de Nini Satar no mundo externo. 1LQL6DWDU-RVp&RXWLQKRH o assassinato do procuraGRU9LODQFXORV Em Julho de 2016, a então PIC, ao nível da província de Maputo, capturou três indivíduos em conexão com o assassinato do procurador Marcelino Vilanculos, ocorrido a 11 de Abril de 2016, no município da Matola, província de Maputo. O grupo era constituído por perigosos cadastrados e parte deles ligados ao mundo de sequestros e em cumprimento de penas de prisão maior na BO. Consta na acusação que o recluso José Ali Coutinho foi contactado através de exterior, para dirigir uma operação cujo objectivo era silenciar o magistrado. Para tal, foram contratados Amad António Mabunda e Abdul Afonso Tembe, na altura em liberdade condicional, para executar o crime. Nos autos consta que, dias antes do assassinato de Marcelino Vilanculos, José Coutinho, que serviu de ponte entre os executores e os mandantes, manteve, com alguma frequência, contactos telefónicos com o mundo externo, até no estrangeiro. Os telefonemas cessaram logo após a materialização do crime. Ora, Nini Satar, que já foi apelidado como mandante dos raptos, reside no exterior há mais de dois anos. Segundo a acusação, no interrogató- rio feito ao arguido José Ali Coutinho, este terá dito por diversas vezes que a coragem que o magistrado tinha na tomada de certas decisões, nos processos sob sua direcção, devia ser limitada e uma das formas era eliminá-lo, fisicamente, para os restantes procuradores terem lição. Os três co-réus, em algum momento, terão convivido com Nini Satar durante a reclusão na BO. À altura do seu assassinato, Vilanculos tinha sob sua direcção vários “processos quentes” dentre eles os relacionados com crimes de sequestros, incluindo do suposto envolvimento de Danish Satar, sobrinho de Nini Satar. 6HJXQGD´IXJDµ O resgate de José Ali Coutinho, na última segunda-feira, vem representar a segunda baixa no esclarecimento da morte de Marcelino Vilanculos, que já caminhava para a fase final com a detenção, acusação e pronúncia dos três executores. O processo do assassinato de Marcelino Vilanculos já caminhava para o julgamento e lá presumia-se que o trio indicasse o verdadeiro mandante, para além de desvendar outros crimes movidos, a partir do exterior. Antes da saída de José Coutinho, o motorista da viatura que conduziu a quadrilha e executor confesso, Abdul Tembe, fugiu, em circunstâncias também estranhas, das celas do Estabelecimento Penitenciário da Província de Maputo, ex-Cadeia Central, no dia 24 de Outubro de 2016. Antes da fuga de Abdul Tembe, as direcções da Cadeia Central, bem como da BO, violaram vários procedimentos internos, bem como o regulamento prisional. A fuga de Abdul Afonso Tembe criou um mal estar no seio da equipa dos agentes dos Serviços de Investigação Criminal (SERNIC) encarregues de investigar o crime, juntamente com o Ministério Público. Sentindo que o seu esforço estava a ser relegado para o segundo plano, os agentes devolveram à PGR todos os meios de auxílio à investigação mormente, viaturas e telemóveis. A reacção criou ira à procuradora chefe da província de Maputo, Evelina Gomane, que de imediato ordenou a detenção do director do Estabelecimento Penitenciário de Maputo (ex-Cadeia Central da Machava), Castigo Machaieie, e mais oito subordinados. A prisão dos nove gestores do Estabelecimento Penitenciário de Maputo (EPM) foi legalizada pelo juiz de instrução e os detidos aguardam pelos procedimentos criminais nas celas da Cadeia Civil. Neste momento, o único acusado que continua preso, é Amad António Mabunda, o suposto atirador. Depois de cumprir 13 anos, intercalados entre a BO e as celas do Comando da Cidade, Nini Satar saiu do país, há mais de dois anos, mediante autorização do juiz Adérito Malhope, supostamente, para tratamento médico na Índia. Há muito que os 90 dias que tinha para permanecer fora do país venceram, mas o homem que indignou meio mundo ao tratar em público dez mil dólares como “quantias irrisórias”, continua em parte incerta. Do exterior tem desafiado a tudo e todos, incluindo o Estado moçambicano, particularmente, a administra- ção da justiça. A comunicação social que expõe as suas conexões com o mundo do crime também não escapa das suas investidas. Apenas uma imprensa acrítica e mancomunada com o crime organizado é que escapa e, em contrapartida, reproduz os textos que Nini publica no seu facebook, com forte teor insultuoso. Não se sabe ao certo onde é que está Nini Satar. Em entrevista ao SAVANA, este ano, a alta comissária britânica, Joanna Kuenssberg, quando chamada a confirmar se realmente Nini está no Reino Unido, respondeu que “a única indicação de o Nini Satar ficar no meu país são algumas fotografias no facebook (...) tem havido nos últimos meses um debate sobre notícias falsas que mostram o potencial das nossas tecnologias modernas em criarem toda a impressão que se quiser”. Observadores atentos ao caso anotam que a fuga de Nini para parte incerta só foi possível graças a uma desorganização organizada do sistema da justiça moçambicana, onde o jovem milionário é acusado de ter fortes in- fluencias. À STV, esta quarta-feira, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Gilberto Correia, disse que a saída de Nini das celas foi graças à descoordenação do sistema da justiça. Depois de escapar a pronuncia de Adérito Malhope, a justiça volta ao encalço de Momade Assif SOCIEDADE Savana 28-04-2017 7 PUBLICIDADE TEMA DA SEMANA 8 Savana 28-04-2017 SOCIEDADE Oacadémico e filósofo moçambicano Severino Ngoenha considera que a corrupção que flagela as sociedades modernas resulta de uma grave falha de inserção do indivíduo na sociedade. Entende que há muito trabalho a ser desenvolvido no sentido de restituir os valores da moral e de direito aos cidadãos para que se volte a uma sociedade de partilha do bem comum. Severino Ngoenha, autor de um vasto naipe de obras publicadas, defende que a história da corrupção em Moçambique começa a desenvolver-se logo depois da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992, em Roma, capital italiana. Porque, nota, depois, emerge um indivíduo egoísta e egocentrista, que se aproveita da sua pertença a Moçambique para acumular e que nunca pensa que aquilo que tem como rendimento vem da comunidade. “Nasceu entre nós e se implantou o individualismo, pessoa que só pensa em si próprio, pensa em tirar proveito da sociedade e não para beneficiá-la”, disse. O também reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM) falava esta terça-feira sobre o tema “O sentido do bem comum como antídoto à corrupção”, que está inserido num ciclo de palestras orgaCorrupção resulta de falha de inserção social Por Argunaldo Nhampossa que a existência do indivíduo só tem sentido quando há deveres com a sociedade em que está inserido. Porém, hoje, continuou, o cenário mudou drasticamente e as sociedades são dirigidas por pessoas que seguem a máxima de que os fins justificam os meios. “Quando se materializa este pensamento é sinal de que os valores morais que são ou deveriam servir de base de convivência comum no meio de uma sociedade começaram a claudicar e recorre-se ao uso do direito para tirar proveito”, frisou Ngoenha, numa palestra moderada pelo investigador Thomas Sulemane. Severino Ngoenha considera que a corrupção constitui uma falha de inserção de um indivíduo na sociedade. Erode o factor ético, moral e todas as manipulações em termos de estatuto tornam-se coisas artifi- cias e banais. Destaca que cada membro da sociedade luta para ser feliz e tem o dever de realizar o que sonha para ser feliz, mas impõe-se a definição de um limite de felicidade, que deve respeitar o outro. Para Ngoenha, que já foi seminarista diocesano, o problema com que as sociedades se confrontam não tem a ver com a existência de ricos ou empreendedores, mas com o limite da acção humana. Associou a corrupção como corolário - diz Severino Ngoenha ficou destruído e desde então a palavra de ordem é reconstrução”. Diz que Moçambique perdeu a guerra pelo número de mortes, pelas crescentes desconfianças, fragmentação do tecido social e situação de permeabilidade a novos conflitos que são intercalados por tréguas. Foi justamente, rematou, dessa matriz que, depois dos anos 90, emergiu o individualismo. nizadas pela Comissão Episcopal da Justiça e Paz, que vão decorrer até ao próximo dia 09 de Maio. Individualismo Numa plateia composta por sacerdotes, freiras, crentes da igreja católica, governantes e deputados, Severino Ngoenha defendeu que o indivíduo em causa é aquele que não tem o sentido de comunidade, o que significa partilha de bens materiais e imateriais. É, prosseguiu, aquele que pretende ser autossuficiente a ele próprio ou que busca na pertença social os elementos para o próprio crescimento, mas em nenhum momento pensa restituir o que tirou para o benefí- cio do próprio grupo. O filósofo moçambicano referiu dos conflitos que o país foi vivendo ao longo dos tempos. A guerra contra o colonialismo português, observou, era necessária e todos os moçambicanos se revê- em nela, pois foi possível alcançar a independência. A independência abriu espaço para que se começasse a construir os alicerces do novo Estado e fizesse transitar a população ao estatuto de povo, mas houve deficiências que se sentem até hoje, acrescentou. Entende que “povo é um tecido unido, um tecido homogéneo que consegue resistir às intempéries e às veleidades dos tempos, sendo a prova disso o eclodir da guerra dos 16 anos, na qual nem a Frelimo, nem a Renamo ganharam, mas Moçambique perdeu porque o país Severino Ngoenha Savana 28-04-2017 9 PUBLICIDADE SOCIEDADE 10 Savana 28-04-2017 SOCIEDADE Omentor da Lei da Probidade Pública (LPP), Abdul Carimo Issá, não isenta a Assembleia da República (AR) pelas imprecisões e lacunas existentes naquele dispositivo legal que tem como objectivo assegurar o bom comportamento dos funcionários públicos, bem como a gestão do património. Carimo diz que a AR fez altera- ções profundas da proposta-lei enviada pelo Governo, facto que desagua nas lacunas de interpretação. Por via disso, reconhece o mérito da revisão, para uma melhor clarificação das situações que configurem conflito de interesse e não empacotar tudo num saco tal como aconteceu. A necessidade da revisão da Lei de Probidade Pública manifestada esta semana pela presidente da Comissão Central de Ética Pública (CCEP), Graciete Xavier, alegando vícios de interpretações e lacunas foi bem acolhida por Abdul Carimo, que aponta haver necessidade de uma melhor clari- ficação daquele instrumento que parecia estar esquecido. A LPP foi determinante para eliminar funcionários públicos que ganhavam duas vezes no mesmo Estado, com destaque para deputados do partido governamental que ao mesmo tempo ocupavam cargos de PCA´s e administradores nas empresas públicas. Outro caso vistoso em que se teve de recorrer a esta lei foi aquando da atribuição de uma luxuosa viatura de marca Mercedes Benz ao antigo chefe de estado, Armando Guebuza, pela CTA, na altura dirigida por Rogério Manuel. Em declarações ao SAVANA, esta quarta-feira, Abdul Carimo esclarece que a proposta de lei tinha inicialmente a designação de “Có- digo de Ética do Servidor Público” que depois foi transformada em Lei de Probidade Pública e estava dividida em três grandes títulos: Ética governativa, ética parlamentar e ética judicial, cujo objectivo era tratar de forma uniforme e dentro dos mesmos valores e princípios os poderes do Estado. Isto porque até à aprovação desta lei havia um tratamento diferenciado daqueles poderes. Ou seja, exigia- -se a declaração de património por parte dos membros do Governo, mas o mesmo não se verificava na classe dos magistrados e dos parlamentares. Sucede que o parlamento eliminou os capítulos específicos para cada poder e resolveu juntar “tudo no mesmo saco”, facto que está a difi- cultar a interpretação. Diz Carimo que, após a aprovação da lei e a respectiva criação da CCEP, orientou uma palestra para aquele órgão na qual chamou atenção sobre os vícios e problemas criados pelos deputados, tendo recentemente feito o mesmo para com os actuais dirigentes da comissão. Falou das alterações feitas nas formulações de artigos, como é o caso da designação dos cargos políticos, a remoção do capítulo ética parlamentar e judicial, pontos que necessitavam de um tratamento especial. Disse não perceber as motivações da retirada de um dos artigos que vedava a militância política dos magistrados, a sua participação em eventos de angariação de fundos para partidos políticos e ainda prerrogativa de denúncia dos actos que perturbem a sua independência na actuação. Caso Carlos Mesquita Numa altura em que o debate está centrado à volta da existência de conflitos de interesse por parte do ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, quanto à adjudicação directa dos serviços de transporte de carga para uma das suas empresas e na redução das taxas portuárias para as concessionárias dos portos de Maputo, Beira e Nampula, mas onde sobressai a Cornelder da Beira, empresa em que é accionista, Carimo diz fazer todo o sentido rever a lei e espera que estes assuntos sejam bem clarificados. Este exercício será fundamental para analisar eventuais situações dos restantes membros do Conselho de Ministros que também são empresários, com destaque para casos em que o próprio dirigente é quem toma as decisões. “A questão de fundo é o que é que a CCEP foi propor ao Parlamento e ao Governo. De momento eu não sei. Se for uma proposta para melhorar assino por baixo, mas se for uma proposta para eventualmente reduzir algumas obrigações, aí já tenho alguma discordância”, anotou. Carimo, que discorda da decisão da CCEP em relação ao caso Mesquita, levantou uma questão de fundo quanto à promoção da cabotagem no país, visto que consta do Plano Quinquenal do Governo. Visto que o ministro do pelouro é accionista duma empresa que opera num dos portos, questiona quem deverá assinar um provável memorando nesse sentido com empresas. “Mandatar-se a vice-ministra será a solução ou vai o primeiro-ministro ou ainda a solução passa pela exoneração do ministro ou tudo será engavetado até que termine o mandato”, indagou. De seguida, apelou ao Parlamento, que tem o último martelo na aprovação das leis, para que desta vez não embuta os artigos no mesmo saco tal como aconteceu doutra vez. Mas, antes disso, sugere que haja um debate público amplo sobre o assunto de modo a se colher mais subsídios. Outro vício constatado pelo antigo director da Unidade Técnica da Reforma Legal (UTREL) foi a introdução de medidas penais naquele instrumento. Refere que a LPP faz parte da área do direito administrativo e não é lei penal, mas estranhamente foram introduzidas na LPP medidas penais, o que está errado. “Se há um conflito de interesses que resultou num proveito pessoal, aí há um enriquecimento ilícito que deve ser punido nos termos do Código Penal e não da LPP. Hoje temos o enriquecimento ilícito no Código Penal e na LPP em simultâneo, temos prevaricação no Código Penal e prevaricação na LPP”, disse. Prosseguindo, explicou que se um ministro não apresenta a sua declaração de património, na primeira vez é multado e, na segunda vez, estamos perante uma desobediência que é crime. Aqui pode se instaurar um processo-crime nos termos do direito penal e não na LPP. Esta dupla penalização dificulta a actuação do aplicador do direito. Passados cinco anos após a aprovação da Lei número 15/2012 de 14 de Agosto, diz estranhar que nos órgãos centrais (Conselho de Ministros, Assembleia da Repú- blica e nos Tribunais) não existam comissões de ética. É esta situação que levou o Primeiro-Ministro a remeter esclarecimentos sobre o caso Mesquita à CCEP, enquanto deveria ter solicitado na primeira instância à comissão do Executivo, sendo que, em caso de dúvidas, esta iria recorrer à CCEP. À luz da lei, cabe à CCEP o papel de fiscalizar, orientar, regrar, esclarecer e tirar dúvidas, mas agora a CCEP está a fazer o papel doutras comissões. Para além dos órgãos centrais, as comissões de ética pú- blica devem ser alastradas para as instituições subordinadas ou sob sua tutela, para as instituições autónomas e nas empresas públicas ou de capitais públicos, facto que não existe até ao momento. A proposta de revisão da LPP deve ser submetida a debate público Abdul Carimo culpa AR pelas imprecisões da lei da probidade AAssembleia da Repú- blica (AR) concluiu, na tarde desta quarta- -feira, a apreciação da Conta Geral do Estado (CGE) referente ao exercício económico de 2015, com a bancada parlamentar da Frelimo a garantir, sozinha, a aprovação do documento. Na verdade, a sessão serviu apenas para confirmar o que já se sabia que ia acontecer, no caso, a aprovação através do voto maioritário da Frelimo. Esta bancada fundamentou o seu voto favorável, na voz do deputado Danilo Teixeira, afirmando que a conta apresenta “uma execução orçamental e financeira satisfatória”. Para a Frelimo, “as falhas nela reportadas são próprias de um processo de construção e crescimento”. As bancadas da oposição, tal como deram a entender desde o primeiro dia da apreciação do referido instrumento, fizeram jus às suas promessas e optaram pelo “não” categórico. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a única que exerceu o seu poder de voto, desfavorável, tendo em conta que a Renamo preferiu simplesmente abandonar a sala das sessões plenárias. Arrolando as razões pelas quais decidiram pelo “não”, José de Sousa, deputado do MDM, no espaço reservado às declarações de voto, disse que assim procedeu a sua bancada porque a CGE de 2015 legaliza os empréstimos criminosos e contratados às escondidas pelas empresas ProIndicus e Mozambique Asset Managment (MAM). Para além da questão da legalização das chamadas “dívidas escondidas”, acrescentou De Sousa, concorreu para este posicionamento o facto de ainda não ter havido qualquer esclarecimento às razões por detrás do incumprimento das amortizações dos créditos concedidos a alguns dirigentes do partido no poder, em 2002, com os fundos do tesouro. Já a bancada da Renamo, que convocou a imprensa para explicar o boicote da votação do projecto de resolução que aprova a Conta Geral do Estado de 2015, socorreu-se dos mesmos argumentos apresentados nas sessões que aconteceram nos dias 12 e 13 de Abril. Maria Ivone Soares, chefe daquela bancada parlamentar, disse que a Renamo abandonou a sala porque não concorda com a inscrição na Conta Geral dos empréstimos contratados pela administração de Armando Guebuza a favor de duas empresas públicas, à revelia da Assembleia da República. Reiterou que a sua bancada é contra a ideia de que as dívidas devem ser pagas por todos os moçambicanos, quando no seu entender foram contraídas por um “grupinho” identificado que circula ante o olhar impávido e sereno das autoridades de justiça. “Não aceitamos a inclusão das dívidas ilegais e inconstitucionais na Conta Geral do Estado de 2015. Para a bancada parlamentar da Renamo é inaceitável que estado moçambicano assuma dí- vidas particulares e as transforme em dívidas que todos os moçambicanos terão de pagar”, explicou Ivone Soares. (Ilódio Bata) Por Argunaldo Nhampossa Frelimo aprova sozinha a CGE de 2015 Savana 28-04-2017 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE 12 Savana 28-04-2017 INTERNACIONAL SOCIEDADE Até onde conseguirá ir Marine Le Pen? Ela esforça-se. Anunciou domingo que “suspendia” o seu desempenho do cargo de presidente da Frente Nacional, o partido de extrema-direita que lidera. Para poder ser “Presidente de todos os franceses”, se for eleita a 7 de Maio, na segunda volta das presidenciais. Muito depende de como votarão os eleitores da direita nesse dia e um mês depois, nas legislativas. Rendem-se a ela ou darão o seu voto a Emmanuel Macron? Le Pen, em entrevista à televisão France 2, confirmou que tem contactos com o partido Os Republicanos, para ter o apoio de alguns dos seus líderes. François Fillon, o derrotado e desacreditado líder deste partido de centro-direita, uma das grandes formações políticas tradicionais, reconheceu “não ter legitimidade para liderar esse combate” e afastou-se. O que defende Le Pen? O comité político de Os Republicanos reuniu-se depois de Fillon se afastar, anunciando que ficaria como militante de base e recomendando o voto em Macron. Mas a direita francesa tem muito a fazer nos próximos tempos. Os Republicanos entregaram-se a uma troca de acusações. Alguns dos mais conservadores, como Christine Boutin, anunciaram que irão votar em Marine Le Pen. Nicolas Sarkozy não se pronunciou. O deputado George Fenech, próximo do ex-Presidente, anunciou que não apoiaria Macron: “Os eleitores que se desenrasquem com Macron e Le Pen. Foi o que escolheram.” Enquanto liderou os Republicanos, Sarkozy seguiu o princípio do “nem, nem” nas segundas voltas — não apoiar nem a esquerda nem a Frente Nacional, se o candidato do seu partido tivesse sido eliminado na primeira votação — recusando fazer a tradicional “barreira republicana” contra a extrema-direita, que a esquerda tem continuado a praticar. Christian Estrosi (Republicanos) lamentava a posição assumida pelos que não apelaram ao voto em Macron, como a Associação Senso Comum, saída do movimento católico conservador que liderou as manifestações de contestação ao casamento gay, legalizado por François Hollande, e que se tornou no grande apoio do candidato Fillon. “Pensei que partilhávamos todos mesmos princípios”, criticou. Se há coisa que estas eleições estão a mostrar, para angústia de Estrosi, é que vai uma grande distância entre partilhar princípios e pô-los em prática. Os socialistas, apesar do humilhante resultado de Benoît Hamon — 6,3%, o que fez desaparecer o rosa dos mapas — lançaram múltiplos apelos ao voto em Macron, apesar das enormes divisões internas. O Presidente François Hollande manifestou-lhe o seu apoio, tal como o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, ou o ex-ministro da Economia Arnaud Montebourg, apoiante de Hamon. Em busca de aliados O que não se entende ainda é qual será o PS que vai disputar as legislativas de 11 de 18 de Junho (duas voltas). “Dentro em dias Marine Le Pen vai ter dez milhões de votos. É o fim de um ciclo”, disse Manuel Valls. Mas que vai ele fazer? Vai continuar no PS? Ou vai criar uma nova formação, para oferecer o seu apoio a Emmanuel Macron no Parlamento, já que este não tem propriamente um partido político? Aguarda-se para ver. Até porque haverá necessariamente uma recomposição nas listas, porque pelo menos três dezenas de deputados não se irão recandidatar — desiludidos com a política parlamentar ou, explicação talvez mais terra-a-terra, porque ficam impedidos de acumular cargos com a nova legisla- ção (antes era possível ser deputado, presidente da câmara e ter outros cargos ainda). O que falta a Marine Le Pen para conseguir chegar ao Eliseu, todas as análises o dizem, é ter uma grande reserva de votos para a segunda volta. Não tem nem um aliado político que diga “votem nela”, embora ao contrário do que aconteceu quando o seu pai, Jean- -Marie, passou à segunda volta, em 2002, ela não suscite uma rejeição tão profunda. Jean-Luc Mélenchon, que se opôs de forma intransigente ao pai Le Pen, não está a conseguir dizer que apoia Macron — e talvez metade dos seus sete milhões de eleitores se abstenham na segunda volta. Le Pen e Macron falam para duas Franças diferentes. Os eleitores de Marine vivem fora das grandes cidades, na França rural ou nas aglomerações urbanas na periferia. Se Macron obteve 34,83% em Paris, Le Pen não chegou sequer a 5% na capital. E na região Norte, onde Marine construiu o seu feudo eleitoral — 28,22% —, conseguiu apenas 13,83% em Lille. O Público.pt s angolanos vão a votos a 23 de Agosto. A data foi anunciada pelo porta-voz do Conselho da República, o procurador-geral angolano João Maria de Sousa, citado pela TPA. “Todas as condições de natuAngolanos escolhem sucessor de JES a 23 de Agosto Se a “barreira republicana” não funcionar, até onde irá Le Pen? reza política, legislativa, financeira, logística, de segurança e ordem pública estão praticamente criadas para que as eleições gerais decorram de forma transparente e sem quaisquer constrangimentos sobre os seus principais protagonistas”, disse o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, durante a reunião do conselho, de acordo com a televisão pública. A votação em Agosto determinará a futura composição da Assembleia Nacional, onde o partido mais votado indicará o nome do sucessor de José Eduardo dos Santos, que anunciou que não voltará a ser candidato à chefia de Estado. João Lourenço, actual vice- -presidente do MPLA, é o candidato do partido no poder e o mais provável sucessor do actual Presidente, há 38 anos no cargo. A UNITA e a CASA-CE, principais partidos da oposição, concordam com a data avançada para o escrutínio, apesar da primeira força reclamar uma auditoria independente aos cadernos eleitorais, que sofreram um processo de actualização concluído a 31 de Março. Existem à data mais de 9 milhões eleitores registados. Público.pt Marine Le Pen não suscita uma reacção de rejeição tão violenta como o pai, Jean-Marie Le Pen Pascal Rossignol/REUTERS — Como vai votar a direita na segunda volta das presidenciais francesas? Macron vai recebendo apoios. Le Pen já se afastou da liderança da FN para se mostrar como uma “Presidente de todos os franceses” 'DWDSDUDDVHOHLo}HVJHUDLVDQJRODQDVIRLDQXQFLDGDHVWDVHJXQGDIHLUDQRÀQDOGH uma reunião do Conselho da República. José Eduardo dos Santos está no poder há 38 anos. O nome do seu sucessor será conhecido em Agosto. Reuters/© SIPHIWE SIBEKO/Reuters Emmanuel Macron é tido como favorito na segunda volta das eleições francesas Savana 28-04-2017 13 SOCIEDADE OPINIÃO J ean-Marie Le Pen somou 5,5 milhões de votos, 18% dos sufrágios, na disputa contra Jacques Chirac na segunda volta das presidenciais em Maio de 2002, e Marine parte para o confronto com Emmanuel Macron contando com 7,8 milhões de apoiantes, 21% dos votantes - nisto se resume a degradação da Quinta República. O segundo mandato de Chirac foi um fiasco, a presidência de Nicolas Sarkozy, lamentável, o quinquénio de François Hollande, deplorável, e, consequentemente, passados 15 anos sobre a derrota de Jean-Marie, metade do eleitorado apoiou candidatos contestatários do sistema político, soberanistas e proteccionistas. França em quebra de rendimentos e perda de estatuto, temente ao futuro, expressa-se de forma cada vez mais estridente nas vota- ções por candidatos politicamente extremistas.  A outra face da moeda radical é a defesa de um estatismo regulató- rio apostado em proteger sectores com escassas ou nulas expectativas de promoção social e baixa capacidade competitiva ante a introdução de novas tecnologias, técnicas de gestão e concorrência estrangeira. Estes deserdados são efeito, e simultaneamente uma das causas, da perda relativa de peso de Fran- ça desde a década de 1970 em relação à Alemanha e Grã-Bretanha, acentuando-se a tendência neste século pelas disfunções do mercado laboral e da gestão empresarial, apesar da sofisticação de sectores de ponta como a indústria aeroespacial ou de armamento. Uma carga fiscal excessiva, representando 55% do PIB, enquanto a dívida pública equivale a 96%, ou um défice orçamental cronicamente acima dos 3% são alguns dos sintomas de um regime económico incapaz de continuar a assegurar prestações sociais elevadas (57% do orçamento, excluindo educação).  A celebrada “douceur de vivre” tem um contraponto no acentuar das assimetrias sociais e na alienação da grande maioria dos 7,3 milhões de descendentes de imigrantes (11% dos franceses, representando os actuais 5,9 milhões de imigrantes, menos de 9% da população). Entre esta população jovem e urbana (47% com menos de 25 anos, enquanto a média nacional desta faixa etária se cifra nos 30% - dados INSEE de 2017) assinala-se no caso dos descendentes de magrebinos (o maior contingente - 31%, seguindo de italianos, portugueses e espanhóis, 29%) repúdio crescente pelos valores republicanos e comportamentos em violação das leis e interditos morais. Ao clima de permanente tensão social e violência nos subúrbios acresce a incidência do jihadismo entre cerca de 6 milhões de muçulmanos, maioritariamente sunitas, a alimentar sucessivos atentados terroristas que justifi- cam um estado de emergência em vigor desde Novembro de 2015.   O repúdio pela frequente imoralidade de próceres políticos institucionais para proveito pessoal (caso de François Fillon, sua esposa e rebentos) fez-se sentir na primeira volta das presidenciais, sem afectar Marine que no Parlamento Europeu cultiva a tradição galesa de empregos fictícios para financiamento partidário.     A recomposição da direita, repudiando o seu fracassado candidato, e possíveis cisões entre os socialistas, autonomizando alas sociais-democratas de facções anticapitalistas, vão dificultar a criação de maiorias de coligação estáveis na Assembleia Nacional nas votações de Junho. A margem de vitória de Macron a 7 de Maio contará, também, para a sorte do partido centrista que intenta patrocinar, com todas as ambiguidades que o caracterizam. Reforma constitucional é tema a que Macron é alheio; exemplo de equilibrismo político é a promessa do manifesto de candidatura de preservar a semana de 35 horas, deixando à negociação a nível empresarial as horas efectivas de laboração. Macron teve sorte até agora, mas, dependente de acordos partidários numa assembleia e num França: a litania dos fracassos Por João Carlos Barradas* senado onde não contará com maiorias a seu mando, será um Presidente sem margem política para empreender reformas de fundo. As expectativas que Macron irá defraudar nada auguram de bom para a Quinta República, institu- ída em 1958 à imagem de Charles de Gaulle e que, agora, ameaça ruptura pela ascensão dos extremos. *Jornalista e colunista do jornaldenegocios.pt Arrenda-se Arrenda-se uma residência R/C e Primeiro andar, tipo três, sala de visitas, sala de jantar, duas casas de banho e garagem para dois carros. A casa localiza-se no bairro da Malhangalene, largo da Ilha de Moçambique, número 22. Contacto 842552183 14 Savana 28-04-2017 Savana 28-04-2017 15 NO CENTRO DO FURACÃO I mprevisível e irreverente, dirão uns, frontal e vertical, dirão outros, este é Artur Semedo o nosso entrevistado desta semana. E como peculiar continua com o seu discurso ora meio- -filosófico ora incendiário. Diz que o futebol moçambicano tem donos e que são esses que ditam as regras de jogo; que sempre foi alvo a abater nestes últimos quinze anos, que mesmo impedido de treinar qualquer equipa pelos donos do futebol nunca vai pedir desculpas a ninguém. E mais: enganam-se os que julgam que ele passa necessidade até porque escolhe os clubes que quer treinar. Seguem os excertos da conversa. Mister, muitos adeptos ligados ao futebol questionam o seu desaparecimento. Afinal, onde anda o Artur Semedo? Eu acho que os adeptos deviam questionar as entidades deste futebol, deviam questionar alguns dos dirigentes deste futebol, deviam questionar toda a orgânica deste futebol por que razão estou ausente dos clubes e do futebol no seu todo, embora fazendo algumas aparições, ajudando algumas colectividades comunitárias e outras com menor expressão no país. Embora precisem deste apoio, na verdade não deviam perguntar a mim, mas aos donos deste futebol, porque, como sempre sublinhei, este futebol tem donos. Quem são, de facto, esses donos do futebol? No nosso futebol há sempre, em determinado momento, alguns personagens que surgem como os mais influenciadores do próprio sistema, eles conseguem aglutinar, à volta de si mesmos, todos os conceitos de futebol, usando, algumas vezes, o seu poderio financeiro (os que o têm) porque nem todos o têm, di- êm, dizia, conseguem manipular a vontade colectiva e angariar para si mesmos o poder de decisão no futebol. Eles existem e vão variando de época para época, alguns conseguem se man- , alguns conseguem se manter por mais tempo no activo que os outros mercê da sua capacidade de esperteza, de aproveitamento da conjectura, do seu poderio financeiro e da influência que conseguem mover em vários sectores de actividade da nossa sociedade. Não é segredo para ninguém que, paulatinamente, vão aparecendo estes poderes instalados todos os anos, todas as épocas, e uns, como disse, ficam mais tempo, outros vão sucumbindo, mas aí estão. Insisto, esses poderes têm nome? É evidente que têm nome, mas não estou aqui para tratar ou retratar quem quer que seja, muito embora possa afirmar, de alguma maneira, que o facto de não estar em actividade deve-se a algum destes poderes. Há pessoas que têm feito de tudo, ao longo destas épocas, para que eventualmente eu abandone o meu país, há pessoas que sentem a minha presença como um incómodo por defender as causas de futebol, e o facto de estar em inactividade deve- -se a essas pessoas. Deve-se a indiví- duos como Latifo Issufo ou Simões Cossa, por um lado, e, por outro lado, a indivíduos como António Simões ou apenas Latifo. Estas personalidades de tanto gostarem de mim e terem muito poder neste futebol, na verdade são os responsáveis pela minha inactividade, são responsáveis pelo facto de eu estar, neste momento excluído, porque conseguiram manipular e instrumentar os outros subalternos que existem e são muitos e a situação mantém-se como está, mas a minha preocupação é zero em relação a isso porque se de facto este futebol está bem assim e não precisa dos meus préstimos na verdade é porque sou incompetente e tenho muito pouca capacidade para poder ser um elemento inovador e estruturante para que este futebol possa atingir níveis altos. Diria, portanto, que tenho pouca capacidade, sou incompetente e também devo ser um elemento transgressor, no bom sentido da palavra, e incomode os poderes instalados. Isso pode servir como razão para o meu afastamento, mas sempre continuarei na defesa da causa de futebol. Claramente é isso que faço, não tenho truques, sou transparente, é exactamente assim como me bato pelo futebol, pela melhoria da sua capacidade, pela elevação dos seus níveis, pela elevação dos padrões de qualidade e não tenho interesses particulares nem de outra natureza. Alvo a abater Desde quando Artur Semedo tornou-se num alvo a abater? Sou alvo a abater já há quinze anos, concretamente, desde que regressei ao país, mas por ser tão incompetente ainda estou aí, porque caso fosse competente tenho a impressão de que teria sucumbido, mas mesmo sendo incompetente continuo robusto, vivo e com muito ainda para dar ao futebol. Tem um discurso meio- filosófico mas as suas palavras não transmitem uma sensação desagradável. Está zangado com o nosso futebol, com os dirigentes desportivos de alguns clubes? Como é que posso estar zangado com um futebol medíocre, não estou zangado, se estivesse teria abandonado o futebol há muito tempo, mas é evidente que com alguns conceitos estabelecidos, com a gestão que é feita em determinados momentos, com a via escolhida para o desenvolvimento do futebol, sublinhe-se entre aspas a palavra desenvolvimento, porque este não é nenhum desenvolvimento, na verdade eu não poderia estar zangado porque todo o meu interesse vai sempre ao encontro do desenvolvimento do futebol, o meu interesse é só na preservação dos valores que caracterizam o futebol e o desporto em geral. Com essa perseguição de que diz estar a ser vítima pelos donos do futebol certamente que ainda não chegou a ser convidado, este ano, para treinar uma equipa. Confirma? Têm surgido abordagens, mas as minhas escolhas são feitas com critérios, posso dizer-lhe categoricamente que é algo que faço há algum tempo. Eu escolho os clubes que quero treinar e, por causa desta assumpção, tenho merecido da parte dos meus detractores muitas críticas. Na verdade, escolho os clubes que quero treinar com critérios, não faço escolhas marginais, pois com todo o capital e experiência que colhi ao longo da minha carreira, como praticante e depois como treinador, cheguei a uma encruzilhada tal que me permite, claramente, escolher os clubes em função das pessoas que o dirigem e, sendo assim, escolho as pessoas com quem quero trabalhar. Por isso, quando tiver os critérios bem delineados poderei aceder, provavelmente, a qualquer convite que surja, mas também sei que muitos destes dirigentes que por aí pululam são também instrumentalizados por este poder para, eventualmente, impedir a minha contratação, mas continuem a impedir quantas vezes, quantas épocas, quantos anos quiserem, que continuarei a ser o mesmo despreocupado e a trilhar os caminhos que eu bem entendo para mim. Como profissional com credenciais no panorama futebolístico nacional alimenta esperança de vir a treinar uma equipa este ano? Não estou preocupado, até este momento não esbocei qualquer tentativa para treinar quem quer que seja, tal como disse, as dinâmicas impostas no futebol fazem com que todos os treinadores exibam uma subalternidade intelectual para andarem a reboque dos dirigentes, comigo isso não vai acontecer, nunca aconteceu e não vai ser nunca. Por isso que digo que não é este futebol que claramente vai prescindir do meu trabalho, se alguém julgou, porque alguns desses poderes usam muitas vezes redes sociais propalam e veiculam os seus discursos e algumas verdades provisórias, julgavam que me colocavam numa situação de alguma necessidade, eu estou aí tranquilo e sereno. Eu ando no futebol desde que me conhece, não voltei ao país para pedir favores a ninguém, repi- ém, repi- m, repito, não voltei para pedir favores de qualquer espécie, a ninguém, pelo contrário, vim dar muito da ajuda que este futebol precisa porque, na verdade, rege-se por lei e comportamentos ainda demasiados primários. A minha presença, passe alguma modéstia, tem servido para catapultar este futebol para níveis de acordo com aquilo que se faz pelo mundo fora. Deserdado por discordar de muitas coisas Depois desta experiência amarga e assumindo que está ser vítima da sua verticalidade e frontalidade sobretudo no discurso, e estando desempregado nunca lhe passou pela cabeça moderá-lo, ou seja, fazer de conta que tudo está bem para garantir o seu pão? N ã o , eu não faço e nunca f a r e i isso. A maneira c o m o fui educado não per- mite que me oriente por u m a transmutação moral, ética e intelectual para servir interesses deste ou daquele, para me benefi- ciar disto ou daquilo. O mundo não é só Moçambique, por isso estou à vontade para trilhar os caminhos que sempre quis e quero. Se estou aqui é porque o quis, se estou neste futebol é porque quis estar, não é a primeira vez que sou apeado deste futebol por discordar de muitas coisas ou por contrariar ou contestar, mas estas pessoas que me contestam são as mesmas que, muitas vezes, querem depois trabalhar comigo quando estão em situação de apuro. Quando estão em apuros, quando precisam tirar dividendos de diversa maneira, quando precisam de voltar à ribalta, quando precisam de exponenciar os seus interesses, sempre pensam numa pessoa e eu, como percebo e faço leitura das coi- e faço leitura das coi- ura das coisas, só sou usado quando quero. Mister, a situação económica do país é preocupante e o custo de vida atingiu níveis incomportáveis. A maior parte das pessoas que têm vínculo contratual com as empresas, que trabalham ressentem-se desta triste realidade. Numa situação como a sua é de esperar dificuldades acrescidas. Como é que o mister Semedo vive e mantém-se com a dignidade que sempre o caracterizou, até porque treinadores há que se oferecem de bandeja... Não é uma questão de dinheiro, não é uma questão de ter ou não dinheiro, é uma questão de convicção, de educação, de atitude, de princípios. Eu continuarei a defender os meus princípios. Tem se dito que a ocasião faz o ladrão, princípios sim, mas sem dinheiro fica complicado... É evidente que é preciso ter se dinheiro para se poder viver, é uma verdade inegável, mas eu não ando no futebol por ver os outros, eu sei o que ando a fazer no futebol, não vim aprender a ganhar dinheiro em Mo- çambique, e digo-lhe mais: os meus proventos foram muito maiores como praticante do que como treinador. Não voltei ao meu país para ganhar dinheiro, se fosse para ganhar dinheiro não voltava. O mister Semedo é rotulado como daqueles técnicos bastante caros. Se for o caso não está aí mais uma razão para que alguns clubes de menor capacidade financeira tenham receio de contratá-lo? Bem, sinceramente não consigo perceber o que é isso de eu ser um treinador caro, mas é evidente que a qualidade que ostento merece uma reciprocidade monetária, e mesmo assim não é equivalente neste país, não sou pago de acordo com o que mereço ou julgo merecer. Provavelmente, sou pago em função da conjectura actual e da realidade econó- mica do país, mas volto a dizer que não voltei ao meu país por causa de dinheiro, porque se fosse por causa de dinheiro eu procuraria outros pa- íses, outros mercados. Mas poderia, eventualmente, ter continuado no Songo, porque só mesmo pessoas paranoicas, pessoas com outros interesses teriam prescindido de mim, dos meus serviços, o único treinador ganhador que por lá passou. Isso não cabe na cabeça de ninguém. Subalternidade de dirigentes da União Desportiva do Songo A mudança da direcção, a saída de Luís Canhemba e entrada de José Costa não terá criado condições para a sua saída, porque com Canhemba tudo indicava ser um casamento duradouro. Qual é a sua opinião? Acha que mudando a direcção muda-se ou põe-se em causa a idoneidade técnica de alguém? A subal- técnica de alguém? A subal- cnica de alguém? A subalternidade das pessoas que lá estão, subjugadas por esses poderes que lhe falei anteriormente, criaram um cenário de forma a que eu pudesse transitar de um sítio para o outro. Não estou claro, constou-me que simples pedido formal de desculpas a alguém que, provavelmente o teria ofendido, bastaria para que as coisas passassem e, quem sabe, continuasse como treinador. Foi Artur Semedo igual a si próprio: Por Paulo Mubalo assim tão difícil pedir desculpas? Estou a dizer que leia a minha resposta e tira as conclusões que quiser, eu referi-me à subalternidade das pessoas que lá estão, foram as pessoas que ao longo destes dois anos puseram em causa o meu trabalho no Songo, mas com a sua subalternidade em relação aos pod e r e s d e q u e lhe falei anteriormente criaram um cenário para que eu pudesse sair deste clube e transitasse para o outro, sem antes contar com o livre arbítrio das minhas decisões. Mas eu não dependo de ninguém, a minha vida não é comandada por ninguém, não me transfiro dos clubes porque alguém tem o comando total das circunstâncias. Sair do clube posso ainda admitir porque não mando nos clu- não mando nos clu- mando nos clubes, mas alguém decidir para onde devo ir não aceito, quem decide sou eu. Como eu não estou a reboque de ninguém, não sou instrumentalizado por ninguém, estou nas circunstâncias em que estou, e quem determina a trajectória da minha vida sou eu, e por isso, será sempre assim. Não acha que essa sua maneira de ser pode não agradar a muitos dirigentes dos clubes e que vezes há em que têm de se confirmar com alguns cenários para se evitar um mal maior? Para quê, para pedinchar o quê, para servir interesses de quem, para pôr em causa o meu ego, para defender o quê e quem? Não preciso, disso claramente não preciso.  mediocridade Moçambique já esteve inundado por treinadores estrangeiros mas paulatinamente a tendência é decrescente. Será que o país já não precisa desses técnicos vindos de fora? Tenho a minha opinião, mas devia perguntar a esses poderes instalados, porque eles é que determinam quem treina e quem não deve treinar e não eu. Já assistimos, em épocas transactas, uma corrida desenfreada para contratação de treinadores estrangeiros, e volta e meia houve um novo movimento de rotura com esses treinadores e quase todos foram despedidos como se fossem uns incompetentes. Criaram-se cenários nos seus clubes, de modo que os treinadores se revelassem incompetentes porque, na verdade, foram criados esses cenários em muitas ocasiões. Hoje assistimos a uma situação original de novo em que a maioria esmagadora são treinadores moçambicanos e p o u c o s estrang e i r o s . Eu como c i d a d ã o acho que era desejável que a maioria fosse treinadores moçambicanos, mas provavelmente não nestas situações em que parece que se está a massificar a mediocridade. Estará a mostrar um atestado de incompetência a muitos treinadores nacionais? É preciso dotar as pessoas de capa- preciso dotar as pessoas de capacidade e de competência para poderem exercer a sua actividade sem andarem a reboque de ninguém. A entrada de treinadores para os clubes não obedece a critérios, quando vos falava da idoneidade técnica este não é o primeiro critério para estar no clube. Hoje o primeiro critério é de um treinador submisso, que faz as vontades das direcções, que não questiona nem põe em causa a vida dos clubes, que oculta tudo o que põe em causa o seu trabalho, por isso, estamos como estamos. O mister teve uma espécie de muleta do seu lado, estou a falar de Tiago Machaisse. O que faz com que seja o seu eterno adjunto, será pela maneira obediente e quiçá modesta como ele é? Depende do significado que quer dar a ser modesto. Ele é uma pessoa modesta, mas não no sentido pejorativo que o termo possa conter. Nós criamos uma cumplicidade muito grande e eu tenho uma admiração profunda por pessoas que são íntegras, leais, profissionais, e ainda por acima, quando agregam, na sua trajectória profissional a tal idoneidade técnica. Esta simbiose faz com que me sinta reflectido também nessas pessoas e é por isso que me dou bem com ele. Muitos clubes contratam apenas o técnico principal e a prorrogativa de escolher os adjuntos é da alçada das respectivas direcções e muitas vezes dão primazia aos filhos da casa. Não tem sido difícil impor a sua vontade? Nunca me opus a isso, que essa pessoa possa trabalhar comigo. Se o clube tiver condições para suportar uma equipa técnica nestas circunstâncias, eu não me oponho, não vejo porque razão não possa ter um elemento que faça a ligação entre quem chega e o clube, isto é perfeitamente natural, isso acontece em todas as partes do mundo. Mesmo em alguns clubes onde trabalhei isso sucedeu, repare que no Songo eu tinha no meu quadro técnico elementos que são do quadro do clube. Nem houve problemas e trabalhei com eles de forma profissional. Artur Semedo já treinou os grandes clubes de Maputo, casos do Maxaquene, Liga, Ferroviário, Desportivo, não esquecendo o Matchedje, mas a sua saída destes clubes, salvo raras excepções, foi atribulada e polémica. O que realmente aconteceu? Quando se criam cenários para que as pessoas abandonem os clubes de forma desonesta, desumana, não espera da minha parte que seja complacente com situações desta natureza. Vou lhe dizer com muita imodéstia, chamem me arrogante, chamem- -me o que quiser, estou acima deste futebol, eu estou acima deste futebol, sei a importância que tenho e sei o que poderia ser se todos comungassem do mesmo desejo de elevação do futebol, sei da importância que eu teria e poderia dar para este futebol, e por isso não posso aceitar situações criadas para pôr em causa a minha pessoa, pôr em causa a minha competência, isso não posso aceitar. Nestas duas épocas que estive no Songo, foram criados problemas ao longo dos dois anos, problemas criados por pessoas que neste momento estão à frente dos destinos do clube, as mesmas circunstâncias vivi as na Liga. Tendo sido campeão consecutivamente, coisa que nunca tinha acontecido anteriormente. E repito o que lhe disse antes: quando as pessoas têm necessidade de elevação da qualidade dos níveis que desejam para os seus clubes contratam-me, quando acham que já estão numa situação de luxúria criam um cenário para que as pessoas abandonem os clubes e eu não posso aceitar coisas desta natureza. Aconteceu-me no Matchedje, e posso lhe dizer hoje, quem elevou os níveis de qualidade deste clube depois de uma travessia no deserto teria sido eu, o Matchedje começou a aparecer para finais das competições nacionais, ocupou lugares cimeiros nas competições nacionais, teve os melhores jogadores contemplados nesse período, quando estive nesta colectividade e ainda por cima tenho salários em atraso, que até hoje não me foram pagos. Então, tirem vocês as conclusões porque são criados alguns cenários para os treinadores saírem dos clubes. Que avaliação faz do dirigismo desportivo em Moçambique? A minha resposta está subjacente a tudo o que disse, embora tenha a dizer , com alguma humildade, que trabalhei com gente especial ao longo destes anos, muito poucas mas que souberam me entender, souberem perceber-me. Algumas não tinham a noção da pessoa que eu era e foram capazes de mudar de opinião depois de trabalhar comigo e isso é comum nos clubes, porque sempre foi veiculada uma ideia contrária à pessoa que eu sou exactamente para tirarem proveito disto e daquilo, mas depois de anos de convivência as pessoas acabam por reconhecer que estavam erradas e têm outra opinião quando trabalho com elas. Qual tem sido o papel da associa- ção de treinadores na resolução de parte dos vossos problemas? Nem me pergunte isso, porque se fosse algo que pudesse ter opinião deveria ter assistido algo que fosse representativo, por isso não sei se essa associação existe ou não, porque se existisse teria outros procedimentos. Pode até existir fisicamente mas na prática não se faz sentir. A terminar Estou bem como estou neste momento, apesar de estar a gozar umas férias merecidas, mas forçadas, repare bem, férias merecidas embora for- çadas por determinadas pessoas. Estou a sentir-me bem até porque que vejo hoje o futebol de uma forma mais simples, desapaixonada e lúdica, por isso quando vou aos campos tenho sentido da parte dos adeptos e simpatizantes um carinho enorme, um respeito enorme, o que contraria a versão destes poderes que temos no nosso desporto e isso para mim é gratificante e diz bem da minha trajectória neste futebol. O resto não conta para mim e na verdade nem estou interessado em aprofundar determinadas coisas. E a partir desta entrevista que lhe dou não creio que daqui para o futuro esteja disponível para falar sobre o futebol, opinar, dar, perspectivas do que acho e que não acho sobre determinadas circunstâncias que ocorrem. “Não é este futebol que vai prescindir do meu trabalho” ão voltei para pedir favores de quer espécie, a ninguém, pelo rário, vim dar muito da ajuda este futebol precisa porque, na ade, rege-se por lei e comportatos ainda demasiados primários. minha presença, passe alguma éstia, tem servido para catapulste futebol para níveis de acordo aquilo que se faz pelo mundo erdado por discordar de tas coisas ois desta experiência amarga umindo que está ser vítima da verticalidade e frontalidade soudo no discurso, e estando depregado nunca lhe passou pela ça moderá-lo, ou seja, fazer de a que tudo está bem para gar o seu pão? o , eu não faço e nunca i isso. A maneira o fui educado não mite que me oriente por uma s- aç ão al, ética electual para r interesses deste aquele, para me benefi- disto ou daquilo. O mun- ão é só Moçambique, por estou à vontade para trilhar os nhos que sempre quis e quero. tou aqui é porque o quis se esro, é uma questão de convicção, de educação, de atitude, de princípios. Eu continuarei a defender os meus princípios. Tem se dito que a ocasião faz o ladrão, princípios sim, mas sem dinheiro fica complicado... É evidente que é preciso ter se dinheiro para se poder viver, é uma verdade inegável, mas eu não ando no futebol por ver os outros, eu sei o que ando a fazer no futebol, não vim aprender a ganhar dinheiro em M o - çam - b i - assim tão difícil pedir desculpas? Estou a dizer que leia a minha resposta e tira as conclusões que quiser, eu referi-me à subalternidade das pessoas que lá estão, foram as pessoas que ao longo destes dois anos puseram em causa o meu trabalho no Songo, mas com a sua subalternidade em relação aos pod e r e s d e q u e lhe 0DVVLÀFDomRGD mediocridade Moçambique já esteve por treinadores estrang paulatinamente a tendê crescente. Será que o p precisa desses técnicos fora? Tenho a minha opinião perguntar a esses pode dos, porque eles é que d quem treina e quem não e não eu. Já assistimos, transactas, uma corrida da para contratação de estrangeiros, e volta e m um novo movimento de esses treinadores e quas ram despedidos como se incompetentes. Criaramnos seus clubes, de mo treinadores se revelasse petentes porque, n foram criados ess em muitas ocas assistimos a um original de que a ma t c a e j m se moça mas Artur Semedo 16 Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE A ENI EAST AFRICA S.p.A. convida as empresas interessadas à submeterem a sua Manifestação de Interesse para o fornecimento de ser- ão de Interesse para o fornecimento de serviços de Monitoria de Implementação dos Planos de Gestão Ambiental para Eni East Africa S.p.A. ÂMBITO DE TRABALHO 1. Realização de auditorias ambientais em conformidade com os requisitos legais aplicáveis e boas práticas internacionais; 2. Monitoria e Controlo da implementação de Planos de Gestão AmELHQWDOH3URJUDPDVGH*HVWmR$PELHQWDOHVSHFt¿FRV LQFOXLQGRDFtividades de campo e de gabinete); 3. Alocação de recursos humanos para garantir o cumprimento dos UHTXLVLWRV GRV 3ODQRV GH *HVWmR $PELHQWDO 2¿FLDLV GH &RQWUROR $PELHQWDOH2¿FLDLVGH&RQWUROR$PELHQWDOH&RPXQLFDomR  4. Realização de formações ambientais e campanhas de consciencialização ambiental; 5. Condução de processos de participação pública durante a fase de implementação dos projectos; 6. Elaboração de Relatórios de Progresso e de Desempenho AmbienWDOSDUDD&RPSDQKLDHSDUDRVLQWHUYHQLHQWHV DXWRULGDGHVHRXtras partes interessadas e afectadas); 7. Actualização de Planos de Gestão Ambiental; 8. Elaboração de adendas a Relatórios de Estudo de Impacto Ambiental; 9. Elaboração e revisão de Declarações de Método Ambiental. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS As empresas interessadas neste convite podem apresentar a sua Manifestação de Interesse devidamente assinada pela pessoa autorizada MXQWDPHQWH FRP SURFXUDo}HV DXWHQWLFDGDV RX RXWUR GRFXPHQWR GH autoridade da pessoa autorizada a assinar pela empresa), e com a seguinte informação obrigatória e documentação que comprove : 1. Cópia autenticada e digitalizada do Registo Comercial, nome Legal de Entidade e pessoa de contacto para receber informações comerFDomR válida da Eni S.p.A e que já se auto candidataram no passado para a mesma actividade, se aplicável, a documentação necessária deverá ser enviada para o seguinte endereço de email: eea.procurement@eni.com. Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento com toda a documentação acima indicada, as empresas interessadas SRGHUmRUHFHEHUGD(QL(DVW$IULFDR3DFRWHGH4XDOL¿FDomR A Eni East Africa S.p.A fará uma avaliação da documentação acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja satisfatório, irá incluir R FDQGLGDWR QD VXD /LVWD GH )RUQHFHGRUHV FRP YLVWD D FRQVLGHUDU D empresa em futuros processos de concurso relacionados com as actividades em questão. $SHQDV DV HPSUHVDV FRQVyUFLRV RX -9 TXDOL¿FDGRV TXH WHQKDP GHPRQVWUDGRFDSDFLGDGHHH[SHULrQFLDUHFHQWHGRIRUQHFLPHQWRGRVHUviço acima exigido serão considerados para potenciais propostas no âmbito do serviço acima descrito. A solicitação de informação e documentação tem como objectivo iniciar XPD³DYDOLDomRSDUDTXDOL¿FDomR´HGDUXPDRSRUWXQLGDGHjVHPSUHsas seleccionadas de fornecer detalhes da sua estrutura legal, gestão, H[SHULrQFLDUHFXUVRVHVXDFDSDFLGDGHJOREDOSDUDH[HFXWDURVHUYLoR Este manifestação de interesse não deverá ser considerada um convite para concurso e portanto, não representa nem constitui nenhuma promessa, obrigação ou compromisso de qualquer tipo por parte da Eni East Africa S.p.A em celebrar contratos ou acordos com qualquer empresa que participe do presente manifestação de interesse. Consequentemente, todos os dados e informações fornecidos pela empresa não deverão ser considerados como um compromisso por parte da Eni East Africa em celebrar um contrato ou acordo com a empresa, nem deverá possibilitar que a empresa reivindique qualquer indeminização da parte da Eni East Africa S.p.A. Todos os dados e informações fornecidos no âmbito desta manifestaominvites interested companies to submit the Expressions of Interest for monitoring of environmental and management plan for Eni East Africa S.p.A. SCOPE OF WORK: 1. Conduct environmental audits in accordance with applicable legal requirements and international best practices; 2. Monitoring and control of the implementation of Environmentalsavana@mediacoop.co.mz Redacção admc@mediacoop.co.mz Administração www.savana.co.mz EDITORIAL Cartoon S e há lição de França é esta: acelera-se o colapso das famílias políticas tradicionais que têm governado a União e os seus principais Estados. Isso é imparável. Um suspiro de alívio atravessou as chancelarias no domingo e houve governos europeus que, mesmo antes de Hollande o fazer, se precipitaram para apelar ao voto em Macron. No centro e até na esquerda ouvem-se vozes indignadas exigindo essa mesma entroniza- ção, castigando quem se atreva a sugerir que se deve perceber o risco para o vencer. Tal precipitação partilha aliás um consenso que convém a ambos os candidatos da segunda volta das presidenciais francesas: como anunciam os cartazes de Le Pen, “Já não existe esquerda e direita mas sim patriotas ou globalistas”, e o mesmo repetem os macronistas da primeira como da última hora. É portanto neste terreno de bipolarização que ambos jogam. É-lhes confortável fingir que acabaram os programas e que A França, cantando e rindo agora é tudo ou nada, ou o isolamento ou o desvanecimento. É um sinal do estado da política francesa: “cantando e rindo, levados, levados, sim”, resolve- -se o problema? É mesmo preciso um “som tremendo” e um “clamor sem fim” para que ninguém ouça nada. Pergunto-me como podem alguns intelectuais colaborar nesta fraude, que é a verdadeira alavanca de Le Pen. Pacheco Pereira resumiu bem todo esse paradoxo: “(a Europa) vai andar feliz uma semana ou duas e depois tudo começa na mesma”. Ora, ficar tudo na mesma é a garantia de dois erros fatais: primeiro, perante a degradação institucional, persistir na solu- ção (entregar o poder soberano a autoridades europeias) que garante o desastre (os regimes deixam de ser representativos); segundo, baixar ainda mais o nível dos protagonistas. Depois de Hollande é a vez de um político postiço cuja qualificação para ser Presidente é ter ganho uns milhões em piratarias financeiras. De resto, entendamo-nos: não tem o leitor a sensação de déjà vu? Hollande dera o golpe garantindo que com ele a Europa se endireitaria, respeitaria as pessoas e as nações, corrigiria os tratados – e tudo em três semanas. Macron dá um passo mais: tudo se há-de resolver, mas não me pergunte como, basta um beatífico “referendo europeu na segunda volta”. Mas se há lição de França é esta: acelera-se o colapso das famílias políticas tradicionais que têm governado a União e os seus principais Estados. Isso é imparável, não ocorre por causa de inimigos exteriores, não é por Putin e Trump apoiarem Le Pen, o que tem forte significado mas escasso impacto eleitoral, acontece por causa dos inimigos internos. Numa palavra, é o liberalismo económico que corrói a con- fiança. A continuar a forma de ser da União, a desunião é o resultado; a continuar a sua polí- tica, Le Pen tem uma chance e essa chance chama-se Macron, ou tudo recomeçar na mesma depois da festa. *Colunista do Publico.pt D ois acontecimentos esta semana são auto-explanatórios sobre como Moçambique terá muitas dificuldades para obter progressos no índice mundial sobre a percepção da facilidade de fazer negócios no país. São acontecimentos aparentemente marginais, mas que são devidamente anotados por parte de quem possa eventualmente ter algum interesse em colocar o seu dinheiro por estas margens do Índico. O primeiro incidente toca a própria agremiação que anualmente se tem batido junto do governo para que este melhore o ambiente que permita a plena realização de negócios em Moçambique. É que o processo preparativo para as eleições para os órgãos directivos desta mesma organização deixa tanto a desejar, que não se pode conferir credibilidade à própria organização. Se os empresários locais são vistos eles próprios como sendo um bando de mafiosos, que garantias tem qualquer investidor estrangeiro de que terá com eles uma relação justa nas suas transações? Colocado de outra maneira, se os empresários locais se podem aldrabar entre eles, qual é a garantia que tem o estrangeiro, de que em caso de alguma disputa, o empresário local não irá comprar o sistema de justiça local (ele próprio já visto com muita suspeita) para tirar vantagens e lesar a contraparte estrangeira? O segundo caso é um episódio que tem todas as facetas para o manuscrito de um blockbuster fresquinho das entranhas de Hollywood. Aconteceu na segunda-feira desta semana, quando dois perigosos cadastrados, sob guarda da polícia, foram libertados pelos seus próprios comparsas, ante a incapacidade dos seus acompanhantes de agir para impedir que os criminosos desaparecessem. Criminosos há em todo o mundo. Mas poucos existem que desafiam o Estado com tamanho amadorismo e desprezo como o fazem em Moçambique. E quando é assim, o sentimento de fragilidade absoluta entre os cidadãos torna-se arrepiante. Não deve haver dúvidas para ninguém, de que o incidente de segunda-feira foi orquestrado pelos próprios agentes da polícia que acompanhavam os dois criminosos. Ou para lhes dar o benefício da dúvida, caso o plano não tenha sido urdido por eles, então podiam estar a cumprir ordens dos seus superiores hierárquicos, longe de se aperceberem de que estavam envolvidos numa missão criminosa. De qualquer das formas, a conclusão a que se chega é que não é a este tipo de polícia que qualquer país deve confiar a sua segurança. Os dois episódios aqui vertidos interligam-se no sentido de que um país não pode ter um bom ambiente na condução de negócios, se por um lado os seus próprios empresários actuam com métodos de um autêntico gangsterismo, e por outro, se o seu sistema de segurança interna estiver mergulhado na corrupção a um nível tão profundo que o Estado já não é mais capaz de isolar os criminosos do resto da sociedade. Como alguém já fez notar, é altamente improvável que uma viatura de escolta fique retida no meio do trânsito, deixando o objecto da sua cobertura avançar sozinho. A sujeira e os golpes baixos que estamos a testemunhar na campanha para as eleições na CTA demonstram o quão inapta é esta organização como representativa de interesses genuinamente empresariais. É o gangsterismo ao mais alto nível, espelhando provavelmente o carácter dos seus próprios membros. Nenhum empresário sério poderá se rever numa organização de tão baixa probidade. A combinação da imagem de um sector empresarial despido de valores éticos e de um sistema de segurança pública profundamente comprometido com o crime são, para além de tantos outros, factores que concorrem para que este país continue a registar índices de confiança extremamente baixos nos esforços para se tornar num destino privilegiado de investimentos. Este é um país nas mãos da máfia. Moçambique: Um país nas mãos da máfia É toda vossa, Chefe! Por Francisco Louçã* Savana 28-04-2017 19 OPINIÃO 525 Email: carlosserra_maputo@yahoo.com Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com “ O oxigénio que respiramos também é um ganho da paz”, afirma António Luvualu de Carvalho, embaixador-itinerante e membro do Comité Central do MPLA, em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA). Trata-se de uma declaração cujo intuito é endeusar o presidente – o arquitecto da paz – e colocar o MPLA ao mesmo nível que o conselho de apóstolos de Jesus Cristo, ou seja, “intangível”, para usar uma palavra muito cara a Luvualu. Nas redes sociais, as palavras de Luvualu correm a uma velocidade extraordinária. Nem mesmo João Lourenço, cuja figura monopoliza agora, diariamente, as atenções e laudas da TPA, RNA e do Jornal de Angola, consegue ter tanto impacto quanto o ilustre acadé- mico do MPLA. O MPLA deve começar a reflectir sobre os efeitos contraproducentes de tantos anos a amorda- çar os intelectuais, a censurar e a pisotear a inteligência dos angolanos que pensam de forma livre e independente. Temos, assim, uma comunicação social do Estado que passou a ser o repositório da estupidez daqueles que, a coberto da sua militância nas mais altas esferas do MPLA, transformaram o “falar à toa” na ciência política do regime. Quando o dirigente general Bento Kangamba fala publicamente sobre o trabalho do MPLA em garantir-nos “energia potável”, rimo-nos todos da ignorância do homem e ficamos por aí. Mas Bento Kangamba é uma figura extraordinária, é um lúmpen bem-sucedido que entretém os angolanos que troçam da sua pró- pria tragédia. Kangamba tem graça, Luvualu não. Luvualu é um Kangamba que fala bem português, com mestrado de universidade portuguesa. Não passa pela cabeça do ilustre representante do MPLA que, sem oxigénio, nem sequer teria havido guerra. Estaríamos todos mortos. Eventualmente, só o presidente José Eduardo dos Santos teria sobrevivido à falta de oxigénio no seu papel de “Deus pagão”. Mas o que é um deus sem seres para criar e orientar? É nada. Algo parece revelar que no seio do MPLA começa mesmo a faltar oxigénio suficiente para garantir a sobrevivência de um regime tão minado pela malandragem e astúcia. Já não conseguem prometer nada, nem água, nem luz, e agora querem chantagear-nos com o ar que respiramos! Só pode. *makaangola.org A impulsividade de Trump é um pesadelo, não apenas porque faz com que ele seja explorado por aqueles que têm agendas intencionais, mas também porque Trump comanda muitos brinquedos mortais. A última palavra, claramente, não foi ainda proferida sobre o ataque com armas químicas, em Khan Sheikhoun, na província síria de Idlib, a 4 de Abril, e que fez 85 mortos e, apontam as estimativas, 555 feridos. Mas três pontos – em relação à responsabilidade pelo ataque, à resposta militar norte- -americana a esse mesmo ataque e o efeito que este episódio tem na guerra civil na Síria – têm de ser clarificados. Em primeiro lugar, todos os governos mentem, não de uma forma congénita, mas quando lhes convêm e pensam que podem sair impunes. Esta tem de ser a premissa de qualquer esforço para esclarecer a verdade sobre o que aconteceu. Um bom ponto de partida é que os governos democráticos mentem com menos frequência que os regimes autoritários, porque é menos provável que consigam sair impunes. Assim, é preferível a explicação do presidente russo, Vladimir Putin, à do presidente da Síria, Bashar al-Assad, e é preferível a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à de Putin. De acordo com Assad, o massacre foi “fabricado”. Por outro lado, Putin admite que o massacre aconteceu, mas alega que as armas químicas estavam no territó- rio dos rebeldes e que estas armas químicas foram libertadas ou de forma deliberada, para desacreditar o regime, ou de forma acidental pelos bombardeamentos do governo. Finalmente, a administração Trump cita provas conclusivas que referem que o ataque foi planeado e levado a cabo pelo governo de Assad. Os três pedem um inquérito “objectivo” às circunstâncias que envolvem o “evento”, embora discordem sobre o que pode ser tido como “objectivo”. Apesar das provas de Trump não terem sido reveladas, creio que o mais provável é ter existido um ataque com gás sarin ordenado pelo regime de Assad. Mas há espaço para dúvidas. Assumindo que Assad não é completamente irracional, os ganhos militares, relativamente pequenos, de gasear alguns rebeldes (mas também civis) seriam fortemente suplantados pelo efeito provável na opinião internacional, pelo embaraço dos seus aliados russos, e pelo perigo de provocar uma resposta americana. Além disso, para justi- ficar a invasão do Iraque em 2003, os Estados Unidos (e o Reino Unido) produziram igualmente provas “conclusivas” que Saddam Hussein tinha armas de destrui- ção maciça, o que acabou por ser falso. E a crescente “segurança do Estado” aumentou a capacidade dos governos democráticos para saírem impunes com mentiras. Em segundo lugar, Trump revelou a sua instabilidade psicológica. O seu objectivo enquanto presidente, que constantemente tem proclamado, é reparar a economia norte-americana e não policiar o mundo. Trump avisou repetidamente Obama para não entrar numa guerra na Síria. Ainda assim, foi precisamente o que fez ao lançar 59 mísseis Tomahawk na base aérea síria três dias depois do massacre em Khan Sheikhoun. Trump pode, de facto, ter tido um espasmo de emoção quando viu as imagens de morte e de crianças a morrer na televisão, como tem sido amplamente reportado; mas as provas visuais dos métodos sangrentos de Assad há muito que estão disponíveis. Quer a sua resposta tenha sido emocional, ou nascida da frustra- ção do falhanço das suas iniciativas de política doméstica, ou desenhada para assustar a Coreia do Norte, ou uma mistura das três, enquadra-se no que o psicólogo e prémio Nobel, Daniel Kahneman, identificou como sistema 1 de pensamento: a propensão para responder impulsivamente a problemas complexos quando é necessária uma ponderação mais cuidadosa (sistema 2 de pensamento). A impulsividade de Trump é um pesadelo, não apenas porque faz com que ele seja explorado por aqueles que têm agendas intencionais, mas também porque Trump comanda muitos brinquedos mortais. A resposta de sistema 1 de Trump ao ataque com gás sarin contrasta com a reacção deliberada em Outubro de 1962 do presidente John F. Kennedy, e dos seus conselheiros, à decisão de Nikita Khrushchev de colocar mísseis nucleares em Cuba. Em terceiro lugar, o que o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, disse em Moscovo - que o “reinado da família Assad está a chegar ao fim” – não faz sentido. Dos 16 milhões de sírios que continuam na Síria, 65,5% vive em territórios controlados pelo governo. A menos que Tillerson tenha em mente uma polí- tica oculta para retirar Assad, por assassinato ou por golpe de Estado, insistir na sua saída como uma condição para a solução política para a Síria significa um prolongamento da guerra civil: mais apoio em termos de armamento para a oposição vai significar mais apoio russo ao regime. De qualquer maneira, a política americana - se é que há uma - é simplesmente uma política de guerra, sem um limite temporal e com consequências incalculáveis. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, após o ataque com os Tomahawk, referiu que: “se aparentemente Trump está no caminho para alcançar um equilíbrio político apropriado, a sua impulsividade, ignorância em termos de assuntos internacionais, natureza inconsequente, contrariedade natural e disposição ‘transacional’ provavelmente impedem a consolidação de uma ‘doutrina Trump’ distintiva”. Uma política externa prudente é completamente diferente de uma resposta “proporcional” a um evento específico porque envolve saber que os fins se alcançam com os meios escolhidos. Por outras palavras, política externa exige pensamento estratégico. Trump não mostrou qualquer sinal disso. De facto, a sua impulsividade política arrisca-se a cavar um buraco ainda mais profundo na Síria, no qual os EUA, o Reino Unido e a Rússia vão ficar presos. Em 1903, um estudante da Universidade de Cambridge, John Maynard Keynes, escreveu um ensaio sobre o filósofo conservador Edmund Burke, no qual incluiu uma pérola de sabedoria do seu próprio tempo. “Além do risco que envolve qualquer mé- todo violento de progresso”, argumentava Keynes “há ainda esta consideração que frequentemente precisa de ênfase: não é suficiente que os assuntos de Estado que procuramos promover sejam melhores do que os que o precederam; têm de ser suficientemente melhores para compensarem os males da transição”. *Membro da Câmara dos Lordes britânica, é professor emérito de Economia Política na Universidade de Warwick. A política de guerra de Trump na Síria Luvualu: o Oxigénio do Camarada Presidente Por Rafael Marques de Morais* Não há melhor maneira para justificar a pobreza senão dotá-la da irremediabilidade da natureza, fazer dela não um dado social, mas natural. Por outras palavras: o mundo é naturalmente feito de ricos e de pobres,  sempre assim será. A naturalização da pobreza encontra na esmola um reprodutor ideal, estimulado a vários níveis, religiosos e profanos. A pobreza surge como um estado tecnicamente tratável, exterior às relações de produção. Uma outra maneira de extrair a pobreza de relações sociais consiste em fazer dela um problema de preguiça. A conclusão, muito prezada por certos extractos sociais, é a de que se as pessoas forem enérgicas, se quiserem vencer, poderão deixar de ser pobres. A pobreza é, então, neste prisma, um problema psicológico particular e é desta maneira que se passa a mensagem de que os ricos trabalham e os pobres preguiçam. Pobreza Robert Skidelsky* 20 Savana 28-04-2017 OPINIÃO SACO AZUL Por Luís Guevane Marchar, acompanhar os discursos de ocasião, exibir o boné ou a camiseta da instituição, exibir cartazes de luta pacífica pelo bem-estar do trabalhador e melhoria da qualidade de trabalho, acompanhar tudo isso em gritos de lamentos, gritos que não mudam no seu conteúdo e nem na sua forma, …marchar para não apanhar uma falta ou uma repreensão, …marchar porque fica mal não estar entre os coagidos. Enfim, marchar/ desfilar porque, simplesmente, é o 1º de Maio. Pelo menos em Moçambique, pelas características da marcha/ desfile, não há o perigo de os manifestantes serem surpreendidos com uma forte chambocada ou um jato de água, ninguém volta ao convívio familiar com hematomas ou a reclamar o uso de força ou excesso de zelo por parte dos homens da lei e ordem. O 1º de Maio é sempre caracterizado Por melhores condições de trabalho por uma marcha/desfile que não espelha o profundo campo de reivindicação do trabalhador, não sendo por isso um dos picos mais altos, senão o mais alto, da jornada de luta por melhores condições salariais e de trabalho. No último 1º de Maio, o de 2016, notou- -se claramente que a equidistância entre o Governo e a cúpula da organização dos trabalhadores precisa de ser saudável. Ou seja, esta última deve adequar-se às mudanças políticas que se operaram no país após o Acordo Geral de Paz. Pode ser que seja difícil ganhar alguma autonomia como organização que representa os trabalhadores se considerarmos a história da sua criação e, sobretudo, o suporte fi- nanceiro. Uma génese que deve valer pelo seu simbolismo. O lado saudável deve ser entendido no sentido de a “Organização” percorrer a razão sem comprometimento com a “costela política”. É saudável porque obriga a crescentes melhorias na qualidade de governação. Quando o conluio é a regra, então, por inércia, prejudica essa mesma qualidade. Neste sentido, a teatralidade pró-governativa, parecendo que não, gera um efeito contrário, ou seja, não produz determinação nos governantes. Adormece a proactividade deste ou daquele governante porque a suposta luta por melhores condições salariais e de trabalho “está sob controlo”. E, quem controla? O grupo do camarada fulano e sicrano. E os interesses dos trabalhadores? Ah, esses já estão satisfeitos por estarem fora das estatísticas referentes à popula- ção de desempregados. O problema não é o salário e muito menos as condições de trabalho, mas sim a luta pela manutenção dos seus postos de trabalho. Será? Claro que é um pensamento à margem da realidade vivida e defendida pelo trabalhador. A “Organização” pode, provavelmente, estar a jogar em função da realidade política e económica do país. A luta por uma clara autonomia que a determine ou determinasse como movimento plenamente sindical pode ou poderia custar alguma “agitação nacional”. Alguma intensidade de actuação (da “Organização”) tem ou teria uma forte probabilidade de estabelecer novas relações de poder, novas plataformas que flexibilizassem o alcance dos objectivos do movimento sindical. Num primeiro momento pode perturbar a rotina, a zona de conforto governativo, mas em última instância poderá patrocinar uma proactividade gerada pela meritocracia. A mudança é sempre um desafio de curto, médio ou longo prazos, e, muitas vezes, a mesma depende da percepção que se tem sobre a sua importância na vida das pessoas. Quando essa percepção é clara, as probabilidades de mudança de mentalidade tendem a ser rápidas e os ganhos são visíveis. Continuemos a desfilar. Continuemos a lutar por melhores salários e condições de trabalho. V ou-te contar uma pequena mentira envolta numa grande verdade. Em meados da década de 60, andava eu pelos meus 20 anos de idade, engatei o meu primeiro emprego. Foi como aprendiz de encadernadora numa empresa gráfica situada numa das margens da Av. Angola, em Lourenço Marques. Nessa gráfica, a secção onde eu trabalhava era sui generis por várias razões: uma delas é que o pessoal que aí se encontrava era exclusivamente do sexo feminino. Éramos por aí umas 5 ou 7 mulheres. A excepção era o chefe, que – como era óbvio para esse tempo – era um homem. Por outro lado, todas nós tínhamos em comum o facto de termos sido forçadas a abandonar os estudos antes mesmo de concluir a primária ou quase a concluí-la, por razões várias, a principal das quais era o facto de os nossos pais não terem condições para continuarmos a estudar. Outro factor comum era o facto de quase todas nós sermos desquitadas, depois de uma experiência curta e quase sempre traumática de tentar uma vida “decente” de esposas e mães. Tudo isto, conjugado com o facto de auferirmos um salário, nos dava uma certa margem de independência e fazia com que, mesmo sem ser de modo consciente, nos sentíssemos um pouco com o direito de exercer uma liberdade pessoal maior do que era a norma. E isto podia manifestar-se no facto de muitas de nós vivermos em casas ou dependências arrendadas, sozinhas, e termos hábitos mais licenciosos do que seria aceitável na altura. Fosse porque razão fosse, ganhei muito cedo a alcunha de Mapilissi. Penso que este nome vem de uma corruptela da palavra “comprimidos”, em inglês, como me disseram mais tarde. O que é facto é que nas nossas aventuras – eu e as minhas colegas – eu era a mais atrevida e bem-sucedida. O ambiente que se vivia naquela faixa da Av. Angola era favorável a isso. Na verdade, todo aquele universo era um formigueiro constante de operários e operárias, de vendedoras, de boémios amantes de bom vinho, de homens de tasca e de toda a sorte de seres humanos. Para dizer como dizem os nordestinos, curto e grosso, ali tudo podia acontecer. Tive muitas aventuras, tal como a maior parte de nós, mas sem grandes desenvolvimentos, até que já a caminho dos 40 anos tive aquela que me ia valendo tudo o resto, o que aliás aconteceu. Foi quando me envolvi com o Enoque T. N., que era na altura chefe da secção de empacotamento na Sabrina. Enquanto eu vivia sozinha e curtia a minha independência, o Enoque era casado e já tinha 3 filhos na fase da adolescência. Foi uma loucura! No princípio contentava-se em passar uma noite de sexta-feira na minha companhia, regressando a casa a meio da manhã de sábado para contar uma história qualquer à mulher, que nunca me interessei em saber. A coisa pegou fogo quando ele, uns meses depois desta relação sazonal, decidiu instalar-se na minha casa de armas e bagagens. Entrei em pânico, como devem imaginar. Já me bastava a alcunha de Mapilissi, que me foi dada porque eu “enfeitiçava os homens”, tal como as drogas o fazem, quando mal aplicadas. Só me faltaria agora ser acusada de ter destruído o lar de um homem, lar que estava solidamente constru- ído. Não foi preciso, aliás, que eu me decidisse muito, porque numa manhã destas o quintal onde eu tinha a dependência arrendada foi invadido por uma turba de gente encabeçada pela Amélia, esposa do Enoque. Estava acompanhada pelas tias, pelos filhos e por alguns vizinhos. Ameaçaram-me de morte se não deixasse o Enoque definitivamente em paz. Disse isso a ele, mais tarde, mas ele me respondeu que, se assim era, preferia abandonar de vez o lar para vir viver comigo. Eu disse que não, decididamente não, mas perante a sua recusa tomei a minha resolução: nessa noite, enquanto ele fazia tempo como habitualmente na tasca do Rodrigues, uns metros mais adiante, reguei a minha cama e a cabana com petróleo, tranquei a porta por dentro, deitei- -me, fechei os olhos e pus fogo a tudo aquilo. Imolei-me valente e deliberadamente no altar da paixão. Preferi isso a ter de carregar aos ombros, pelo resto da vida, a cruz de uma mulher que destruiu um lar. P.S. Conseguiste descobrir onde está a mentira? Mapilissi Savana 28-04-2017 21 PUBLICIDADE 1. INTRODUÇÃO O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI, em parceria com o Observatório do Meio Rural (OMR) anunciam a realização de um curso avançado para a formação de jornalistas e editores nas áreas de economia e agricultura. O curso facultará aos jornalistas e editores um maior conhecimento e capacidade de análise de assuntos económicos e agrários, o que lhes permitirá ter um PHOKRU GHVHPSHQKR GDV VXDV DFWLYLGDGHV SURÀVVLRnais, consequentemente, elevar a qualidade dos conteúdos informativos dos respectivos órgãos de comunicação social. 2. ORGANIZAÇÃO DO CURSO O curso está desenhado para um máximo de 25 participantes, e terá a duração de cerca de 180 horas. O programa está estruturado em seis módulos. Cada módulo terá a duração de 30 horas, leccionadas com uma carga horária de 6 horas por semana (o que equivale a 2h/dia, três vezes por semana). Cada módulo terá a duração de 5 semanas e mais uma VHPDQDQRÀQDOGHFDGDPyGXORSDUDDUHDOL]DomRGH trabalhos, totalizando seis semanas por módulo. Deste modo, o curso terá a duração de 9 meses. Os módulos do curso são os seguintes: 1. Noções de economia 2. Desenvolvimento económico e rural. 3. Governação e Acesso à Informação 4. Políticas públicas. 5. Agricultura. 6. Seminários. A disciplina “Seminários” será constituída de sessões de debate sobre temas a serem acordados no decurso da próxima formação, em serão tidas em conta sugestões dos participantes. $ SHGDJRJLD FRPELQDUi D LQWURGXomRGHÀQLomR GH conceitos, teorias e debates teóricos e práticos de forma a existirem aulas participativas e de troca de exSHULrQFLDV HQWUH SURÀVVLRQDLV (P FDGD PyGXOR VHrão convidados especialistas de diferentes áreas para apresentação de temas actuais e relevantes da realidade moçambicana. Estes temas serão seleccionados com contribuições dos formandos. 3. HORARIO E CRITERIOS DE ADMISSÃO O curso funcionará em regime pós-laboral, entre as 17:30 horas e as 19:30 horas, conforme o horário estabelecido. Podem inscrever-se para frequentar o curso jornalistas moçambicanos em actividade em qualquer órgão de Comunicação social legalmente estabelecido em Moçambique. Os/as candidatos/as devem ter, no mí- QLPRWUrVDQRVGHH[SHULHQFLDSURÀVVLRQDO Os/as jornalistas interessadas devem submeter a sua candidatura, acompanhada dos seguintes documentos: a) Carta de candidatura, indicando a sua motiva- ção para a frequência do curso; b) Documento comprovando a sua vinculação a um órgão de informação nacional, c) Fotocópia do Bilhete de Identidade ou de qualTXHUGRFXPHQWRGHLGHQWLÀFDomRYDOLGR Sempre que possível, encoraja-se os/as candidatas a juntarem uma declaração do Editor, Director de Informação ou Gestor da Empresa, abonando a sua candidatura ao curso. 4. PERIODO DE SUBMMISSÃO DE CANDIDATURAS Os/as jornalistas interessadas devem submeter as suas candidaturas no período entre o dia 26 de Abril e 2 de Maio de 2017, através dos seguintes endereços: Endereço Físico: Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI Av. Olof Palme, nº 940 -1º andar. Maputo Endereço electrónico: .info@sekelekani.org.mz SEKELEKANI e OMR encorajam vivamente a participação de mulheres jornalistas no curso. CURSOS DE JORNALISMO NAS ÁREAS DE ECONOMIA E AGRICULTURA 22 Savana 28-04-2017 DESPORTO Empatados na tabela classificativa (13 pontos) e distantes nos objectivos e nos investimentos, o Costa do Sol e Maxaquene protagonizam, este fim-de-semana, o jogo mais importante da oitava jornada do campeonato nacional de futebol, Moçambola Zap-2017. No derby das antigas, os “canarinhos” e “tricolores” sobem para o relvado sintéctico da “Matchiki- -Tchiki” com as mesmas aspirações, que é a conquista dos três pontos. Com quatro vitórias consecutivas, após um arranque em falso, o “canário” parte endiabrado para o jogo, apesar da derrota, no último fim- -de-semana, em Lichinga, diante da equipa local (UP de Lichinga) por 1-0. Nelson Santos, que desde a primeira jornada reclama o décimo título canarinho, considera a derrota do último domingo como um acidente de percurso e promete provar isso, neste sábado, perante seu público. Aliás, tendo em conta o nível de investimento e os últimos resultados (quatro vitórias, em cinco jogos), o Costa do Sol parte em vantagem, porém, ciente das dificuldades que terá pela frente. O facto é que pela frente está uma equipa jovem, comandada por Antoninho Muchanga, que já roubou pontos ao campeão nacional, Ferroviário da Beira, assim como ao Ferroviário de Maputo. Além disso, o Costa do Sol terá pela frente o seu carrasco dos últimos anos. O facto é que a equipa de Nelson Santos não vence, para o campeonato, os comandados de Antoninho Muchanga há cinco épocas, facto que motiva os pupilos “tricolores”. No último fim-de-semana, a equipa “tricolor” arrancou a sua primeira vitória caseira, ao derrotar a Moçambola Zap Por Abílio Maolela ENH de Vilanculo por uma bola a zero, numa partida em que, mais uma vez, as duas equipas denotaram falta de maturidade. Como sempre, o técnico do Maxaquene promete uma equipa aguerrida do primeiro ao último minuto, tendo a vitória como sendo o seu principal objectivo. Songo em casa para regressar às vitórias Enquanto isso, a União Desportiva do Songo (UDS) recebe, domingo, a sensacional UP de Lichinga, numa partida também aguardada com maior expectativa. A equipa de Chiquinho Conde vem de uma derrota diante do Desportivo de Nacala, resultado que lhe colocou lado-a-lado com a Liga Desportiva de Maputo, enquanto a equipa de Niassa vai surpreendendo o país, ao se colocar na sexta posição, com 13 pontos. Para além destas duas partidas, a jornada nove reserva ainda a partida entre os Ferroviários de Nampula e de Maputo, separadas por dois pontos, maior para os “locomotivas” de Maputo que ocupam a terceira posição com 14 pontos. A Liga Desportiva de Maputo, que na última jornada visitou e venceu o Ferroviário da capital do país, em pleno Estádio da Machava, recebe o Chingale de Tete que continua sem rumo, apesar do afastamento de Mussá Osman, do comando técnico. Por sua vez, o campeão nacional, Ferroviário da Beira, visita a cidade de Quelimane, onde vai defrontar o 1º de Maio local; enquanto o Ferroviário de Nacala recebe a Associação Desportiva de Macuácua, que no último jogo impôs-se ao Chibuto, ao empatar sem golos. Aliás, o Clube de Chibuto recebe o Desportivo de Nacala, enquanto o Textáfrica de Chimoio recebe a “Canários” e “Tricolores” numa disputa de posições... ENH de Vilankulo. Referir que o Moçambola é liderado pela Liga Desportiva de Maputo com 16 pontos, os mesmos da União Desportiva do Songo. Enquanto a Associação Desportiva de Macuácua é o lanterna vermelha, com quatro pontos e sem nenhuma vitória. Savana 28-04-2017 23 DESPORTO DESPORTO J á são conhecidos os adversários do Ferroviário da Beira, na fase de grupo da Liga dos Campeões Africanos, em futebol, edição 2017. Em sorteio realizado, esta quarta- -feira, no Cairo, capital do Egipto, a Confederação Africana de Futebol (CAF) colocou o campeão nacional no grupo A, ao lado dos tunisinos do Étoile Sportive du Sahel e dos sudaneses do Al-Hilal Club e do Al-Merrikh Sporting Club. O combinado nacional estreia-se na fase de grupo da maior competição africana de futebol, ao nível de clubes, a 12 de Maio próximo, frente ao Étoile Sportive du Sahel, na capital tunisina. Os “locomotivas” da Beira recebem, jornada seguinte, no caldeirão, o Al-Hilal, terminando a primeira volta frente ao Al-Merrikh. No grupo, onde fazem parte duas equipas sudanesas, o favoritismo vai para a equipa tunisina. O Étoile Sportive du Sahel, nove vezes campeão nacional, é um cliente assíduo das competições africanas, tendo já conquistado uma Liga dos Campeões (2007), duas Taças CAF (2006 e 2015) e duas Supertaças Africanas (1998 e 2008). Ferroviário da Beira com Étoile Sahel, da Tunísia, no Grupo A da Liga dos Campeões Africanos A difícil tarefa moçambicana num grupo sudanês equipas, em particular do combinado tunisino, o treinador “locomotiva” afirma que a sua equipa vai a cada jogo com o objectivo de mostrar o seu poderio e melhorar a sua qualidade. “A preparação vem sendo feita há muito tempo, porém, agora será na base de equipas concretas. O Étoile é um gigante africano, mas acreditamos que podemos fazer melhor”, diz aquele técnico, questionado sobre os passos a seguir até à primeira jornada. “O Ferroviário pode sonhar”, Fernando Dias O Presidente da Associação Provincial de Futebol de Sofala (APFS), Fernando Dias, reconhece o poderio dos adversários do Ferroviário da Beira, mas acredita na passagem do campeão nacional à fase eliminar. Apesar de estranhar a presença de duas equipas sudanesas no mesmo grupo, Dias considera isso como uma vantagem porque “as duas equipas vão lutar por um lugar na fase seguinte, pois, a equipa tunisina é favorita”. “Mas, pode ser uma desvantagem, pois, em caso de aperto, podem unir-se numa única frente”, considera a fonte, sublinhando a necesAliás, em 2007, a equipa tunisina ocupou a quarta posição, no campeonato do mundo de clubes, competição ganha pelo AC Milan, da Itália, batendo Boca Juniores, da Argentina por 4-2. Para além dos tunisinos, o Ferroviário da Beira terá de contrariar o poderio dos sudaneses, também clientes desta fase das provas africanas. O primeiro chama-se Al-Hilal Club, o maior clube daquele país africano, com 28 campeonatos nacionais e nove taças, tornando-se no principal rival do Al-Merrikh, o segundo maior clube, com 19 títulos nacionais e 24 taças nacionais e uma Taça das Confedera- ções (1989). “Não queremos ser participantes”, Aleixo Fumo Contactado pelo SAVANA para reagir ao sorteio, na noite desta quarta-feira, o treinador do Ferroviário da Beira, Aleixo Fumo, disse que a sua equipa não vai à competição para ser participante, mas para competir. “Não queremos ser participantes. Era nossa ambição estar na fase de grupos e agora faremos o nosso melhor para representar, condignamente, o nosso clube e país”, disse Fumo. Reconhecendo o poderio das três sidade dos “locomotivas” trabalharem de forma profissional. “Precisamos procurar, desde já, toda a informação relativa a estas equipas. Temos de procurar vídeos destas equipas para não jogarmos no escuro e nem sermos surpreendidos”, destaca. O presidente da APFS afirma que o entusiasmo que se vive na sua cidade merecia desaguar num palco como o Estádio Nacional do Zimpeto, pois, o “caldeirão” do Chiveve mostra-se pequeno para acolher “tanta gente”. Outros grupos Refira-se que, para além do grupo do Ferroviário da Beira, o sorteio da CAF definiu o seguinte parcelamento: Group B (Zamalek Sports Club, Egipto; Union Sportive Médina d’Alger, Argélia; Alahly Sports Club, Líbia; Caps United, Zimbabwe); Group C (Mamelodi Sundowns, África do Sul; Espérance Sportive de Tunis, Tunísia; AS Vita (Association Sportive Vita Club), RDC; Saint George Sports Club, Etiópia); Group D (Al Ahly Sporting Club, Egipto; Wydad Athletic Club, Marrocos; Coton Sport Football Club de Garoua, Camarões; Zanaco, Zâmbia). Ferroviário da Beira com missão difícil, num grupo dominado por equipas sudanesas 24 Savana 28-04-2017 CULTURA AFundação Fernando Leite Couto e a Trassus Mobiliário lançaram, no dia 20 de Abril, o Prémio Literário Fernando Leite Couto, que anualmente revelará, alternando a poesia e a prosa, um novo nome para a literatura. Para a estreia do Prémio foi escolhida a poesia, género de eleição de Fernando Leite Couto, patrono da Fundação e homem que em vida se dedicou ao jornalismo e à literatura. Este intelectual e homem de cultura falecido em 2013 foi mentor de muitos autores consagrados e novos para o mundo literário nacional, sobretudo através da Ndjira, editora que fundou e dirigiu. O Prémio Literário Fernando Leite Couto pretende ser uma janela e um novo alento para que mais Prémio Literário Fernando Leite Couto autores, sobretudo jovens, despontem para a literatura moçambicana. Está destinado para autores sem nenhum ou com apenas um livro publicado no período de dois anos até ao mês do anúncio do vencedor, que nesta primeira edição será Setembro. Ao vencedor será atribuído um valor pecuniário de 150 mil meticais, ganhando ainda o direito de ver o seu livro editado pela Fundação Fernando Leite Couto. Fernando Leite Couto foi poeta, jornalista e editor que muito contribuiu para o crescimento da literatura moçambicana, dedicando grande parte da sua vida ao apoio a vários autores. Esta sua contribuição possibilitou que o sonho de dezenas de autores moçambicanos se realizasse e as respectivas obras nascessem, ampliando, assim, o horizonte dos antologias poéticas e tradutor de poesia. Na década dos anos 1980, foi director da Escola de Jornalismo em Maputo. Nos últimos anos da sua vida, assumiu a direcção da editora Ndjira, a seu tempo a maior janela de publicação de livros literários em Moçambique. Fernando Leite Couto faleceu em Maputo em 2013 aos 89 anos. A Fundação é um espaço de cultura inaugurado na cidade de Maputo em 2015 pela família de Fernando Leite Couto, que desta forma pretende continuar o seu legado. Dedica-se à promoção da literatura e das artes, concebendo e organizando, todas as semanas, eventos que vão dos encontros literários, acções de formação e edição de livros a apresentações de música, teatro, exposições de artes e outras manifestações artístico-culturais. A.S A MPDC (Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo) promoveu, nesta quarta-feira, 26 de Abril, um espectáculo nunca antes visto em Moçambique denominado “Classic Feminissimo!”, no Gloria Hotel, em Maputo. “A MPDC orgulha-se pelo trabalho e valor que as mulheres, cada vez em maior número, agregam ao nosso porto. Achamos que este concerto é uma forma de homenageá-las, para além de outras acções que foram levadas a cabo durante o mês de Abril”, afirmou o Director-Executivo Osório Lucas. O concerto foi um verdadeiro hino à Mulher Moçambicana e juntou, no mesmo palco, todos os nomes femininos da música clássica moçambicana, inclusive solistas na diáspora, Stella Mendonça (soprano), Sónia Mocumbi (alto), Mariana Carrilho (mezzo-soprano), Kika Materrula (oboé) e Linda Paulino (contrabaixo). “Este concerto junta mulheres para celebrar o mês da mulher, para mostrar que a mulher é muito forte e que precisa de ser valorizada. Estamos a mostrar que a mulher pode realizar coisas no mundo. Portanto, é um concerto que juntou mulheres que fazem música erudita”, explica Stella Mendonça. A estas, juntaram-se ainda nomes sonantes da música clássica cubana - Alena Bravo (piano), Ekaterina James (violino) e Deyanira Silva (saxofone), e ainda a pianista sul- -africana Susan Swanepoel. O espectáculo foi ainda poeticamente narrado pela escritora Sónia Sultuane. “Procuramos trazer figuras que têm muita relevância naquilo que é música erudita. Juntamos mulheres com quem temos trabalhado há bastante tempo. O concerto serve para mostrar que a música erudita pode ser consumida em todo o mundo, não tem fronteira e quando é protagonizada por mulheres traz outra beleza. É agradável fazer esse tipo de eventos e serem apresentados no nosso país”, referiu Sónia Mocumbi. O espectáculo não foi apresentado ao público, mas apenas por convite e contou com cerca de 400 convidados, entre distintas figuras das esferas social, política e empresarial moçambicanas. “Esperamos ter mais oportunidades para apresentar este tipo de projectos na sociedade moçambicana, para quebrarmos o tabú de que a música erudita não tem espaço nos países do terceiro mundo. Como disse anteriormente, a música não tem fronteiras. O que é preciso é mostrar que ela precisa de alguns condimentos para ser apresentada e ser agradável ao público. Uma excelente apresentação, ensaios, estudos científicos e outros aspectos da música erudita participam para uma excelente apresentação. Precisamos mostrar os jovens que engrenam nesta área musical que precisam de ferramentas para que os seus trabalhos sejam apresentados de uma melhor forma”, finaliza Mendonça. A.S “Classic Feminissimo!”, hino a mulher Mia Couto falando do concurso Oconceituado saxofonista moçambicano, radicado na Noruega, Ivan Mazuze, é o convidado da noite de celebração do Dia Internacional do Jazz que se assinala a 30 de Abril. O músico vai apresentar um concerto na cidade de Fano, Itália. O concerto terá lugar no Teatro della Fortuna às 18h30. Nestas celebrações do dia do Jazz, Moçambique será muito bem representado pelo incontornável Ivan Mazuze, mas também por Isidro Novela (baixo), moçambicano radicado na Dinamarca. A estas duas figuras da música moçambicana, juntam-se igualmente Bjørn Vidar Solli da Noruega (guitarra) e Raciel Torres, cubano radicado na Noruega. Este quarteto, com raízes diferentes, une os seus instrumentos produzindo uma única sonoridade rica e incontestável para quem navega nas ondas do Jazz. O concerto é organizado pela Fano Jazz Network da Itália com apoio da Unesco Itália, Jazz Forum Norueguês, Music Norway, Embaixada da Noruega em Roma e União dos Músicos da Noruega. Mazuze tem estado envolvido nas actividades das celebrações do dia internacional do Jazz desde 2013. Nesse mesmo ano, foi indicado como director artístico junto com a saxofonista norueguesa Frøy Aagre, Steve Wilson saxofonista norte-americano e o director académico do Manhattan Music of School, Justin Diciocio. Mazuze teve um papel de destaque na iniciação das celebrações do dia internacional de Jazz, em 2015, em Moçambique, junto com a organização cultural Moçambicana Phiane, tendo sido a sua primeira edição em 2015. O Dia Internacional do Jazz reúne comunidades, escolas, artistas, historiadores, acadêmicos e entusiastas do jazz de todo o mundo para celebrar e aprender sobre o jazz, suas raízes, futuro e impacto. Todos os anos, a 30 de Abril, o jazz é reconhecido por promover a paz, o diálogo entre as culturas, a diversidade e o respeito pelos direitos humanos e à dignidade humana, reforçando o papel da juventude na implementação de mudanças sociais. A.S produtores da literatura. Também escreveu, tendo publicado nove livros, maior parte dos quais como poesia. Mas a sua obra inclui também ensaios e crónicas jornalísticas. Foi coordenador de Ivan Mazuze celebra o jazz na Itália Dobra por aqui SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1216 ‡ DE ABRIL DE 2017 Best Seller da semana RECOLONIZAR ÁFRICA: AS NOVAS UTOPIAS Uma obra escrita a 4 mãos brevemente nas livrarias... Por falar em recolonização... 2 Savana 28-04-2017 SUPLEMENTO Savana 28-04-2017 3 Savana 28-04-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Naíta Ussene (Fotos) “ Esta é a minha geração, a geração da Charrua, a geração que recusou, por princípio, alinhar no espírito cortesão então em voga. Estas cartas a ela pertencem. Mas há outra geração a que pertenço, a chamada geração 8 de Março, aquela a quem recaiu o famoso discurso de 8 de Março de 1977, do então Presidente da República, Samora Moíses Machel. É a geração do Francisco Esaú Cossa, a geração dos funcionários zelosos, cumpridores das orientações centrais. É a geração que não ousou questionar, mas que cumpriu sempre. E hoje, essa geração, a caminho dos sessenta anos, anda, aos fins-de-semana, atrás de blocos e cimento e pedra, tentando construir a casa do tal homem novo. A eles também dedico estas cartas de Inhaminga. E aos outros, nossos filhos e netos, espero que não façam do espírito de adulação, o tal espírito cortesão, o seu modo de estar. Nós precisamos de autonomizar os discursos. Queremos que o discurso literário, científico, desportivo, económico, informático, jornalístico, e todos outros discursos possíveis, não sejam contaminados pelo discurso político. Que todos os discursos tenham o seu lugar de honra na grelha de partida. Que haja pluralidade. Que haja democracia”. Estas foram algumas das palavras ditas pelo escritor Ungulani Ba Ka Khosa, aquando do lançamento do seu mais recente livro, intitulado Cartas de Inhaminga. No seu discurso, Ungulani Ba Ka khosa disse ainda: “estas cartas, caros presentes, podem resumir-se a uma ou duas frases: O direito de pensar diferente. O direito de dissentir. O medo de desafiar a doutrina oficial, o discurso do dia. Nas imagens, vemos uma geração de moçambicanos que de alguma forma concordam com os dizeres de Ungulani. Chegou o momento de contar as coisas sem medo. Reparem nesta primeira imagem onde aparece o Primeiro-ministro da Saúde de Moçambique pós-independência, Hélder Martins, a conversar com o médico, escritor, Filipe Matusse, é bem visível o nível de concordância no que falam. Na segunda imagem, também temos o mesmo cenário de consentimento. As pessoas parecem concordar que é momento de abandonar o silêncio perante a realidade que nos rodeia. Vejam como os dizeres da Directora do Museu Nacional de Arte, Julieta Massimbe, deixam o antigo Ministro da Cultura, Armando Artur. Como se estivesse a dizer que as questões culturais do nosso país estariam melhor se tivessem sido tratados de forma diferente durante esses 40 anos de independência. Que independência? O olhar também tem a sua linguagem nesta questão de conformidade. É uma das formas para evitar as palavras. Concordar via telepatia é outra virtude. Talvez é o que acontece na troca de olhares entre o Presidente do Conselho Superior de Comunicação Social, Tomás Viera Mário e o Director da Escola Internacional de Maputo, diplomata e escritor, Florentino Dique. Nem todos os momentos são de ambiente de concordância. Às vezes, o caminho da conformidade pode ser longo. Por várias razões. Muitas vezes, as justificações têm sido um dos principais elementos que nos dificultam chegar à consonância. Deduzimos que seja o que está a acontecer na conversa entre o Director do Instituto Nacional de Cinema, Djalma Lourenço e o Jorge Oliveira, da AEMO. Deixamos para o fim um cenário de plena uniformidade. É agradável ver um jovem saxofonista a estar no mesmo momento com uma das suas referências. Referimonos ao saxofonista Moreira Chonguiça que juntou o seu professor de música, Orlando da Conceição, no centro, e o saxofonista, Manu Dibango, na apresentação do seu novo disco. Não são todos que têm estes privilégios. Com muito trabalho é possível. A verdade chegou IMAGEM DA SEMANA À HORA DO FECHO www.savana.co.mz EF"CSJMEFt"/099*7t/o 1216 Diz-se... Diz-se Naíta Ussene O Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, está a negociar com o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), uma instituição financeira estatal do Brasil, a restruturação do empréstimo de 125 milhões de dólares que a mesma concedeu para a construção do Aeroporto Internacional de Nacala, noticia o sítio de notícias Zitamar. "T OFHPDJBÎÜFT DPN P #/%&4 FTUÍP B TFS EJSJHJEBT QFMB %JSFDÎÍP EP 5FTPVSP OP.JOJTUÏSJP EB&DPOPNJB e Finanças moçambicano, disse o administrador-financeiro da empresa Aeroportos de Moçambique, Artur Magalhães, citado pela Zitamar. 0(PWFSOPNPÎBNCJDBOP  QSPTTFHVF a notícia, pretende o alargamento do QSB[P EF QBHBNFOUP EB EÓWJEB  F B remoção da obrigação de depósito de mais de 15 milhões de dólares para o pagamento do encargo. " "%. KÈ TF EFDMBSPV JODBQB[ EF honrar esse compromisso financeiro. 0#/%&4 DPODFEFV P SFGFSJEP DSÏ- EJUPË"%. RVFSFDFCFVBWBMEP(PWFSOPNPÎBNCJDBOP FBWFSCB TFSWJV para pagar parte dos 300 milhões de EØMBSFT Ë FNQSFJUFJSB CSBTJMFJSB0EFbrecht para a construção do AeroporUP*OUFSOBDJPOBMEF/BDBMB ""%.DPOUSBJVNJMIÜFTEFEØ- lares de bancos moçambicanos, para a mesma empreitada. 0"FSPQPSUP*OUFSOBDJPOBMEF/BDBMB Ï KÈ DPOTJEFSBEP VN FMFGBOUF CSBODP  tendo um índice de procura bastante aquém da sua capacidade. 0 OFHØDJP FOWPMWFOEP B DPOTUSVÎÍP EP"FSPQPSUP*OUFSOBDJPOBMEF/BDBMB FTUÈBTFSJOWFTUJHBEPQFMB1SPDVSBEPSJB(FSBM EB 3FQÞCMJDB NPÎBNCJDBOB OBTFRVÐODJBEFVNBJOWFTUJHBÎÍP EBTBVUPSJEBEFTKVEJDJBJTCSBTJMFJSBTËT PQFSBÎÜFTEB0EFCSFDIU Tal como o SAVANABWBOÎPVOBTVB ÞMUJNBFEJÎÍP POPNFEPFYNJOJTUSP  1BVMP ;VDVMB Ï BSHVJEP OP DBTP EB DPNQSB EF BFSPOBWFT B&NCSBFS QFMB -".  QPEFSÈ WJS B TFS NFODJPOBEP OPDBTPEBTiMVWBTwQBHBTOBDPOTUSV- ÎÍPEPBFSPQPSUPEF/BDBMB BDBSHPEB DPOTUSVUPSB CSBTJMFJSB 0EFCSFDIU 0 NPOUBOUFBSSPMBEPTÍP64%NJM A Zitamar assinala que o Brasil é NFNCSP EP DIBNBEP DMVCF EF 1BSJT F DPNPUBM UFSÈNBJPSJODMJOBÎÍPQBSB RVFBEÓWJEBEB"%.BP#/%&4TFKB negociada num quadro multilateral e não bilateral. *OJDJBMNFOUF P#/%&4DPODFEFVVN empréstimo de 80 milhões de dólares em Abril de 2011 para a construção EP "FSPQPSUP EF /BDBMB 0 4UBOdard Bank tinha disponibilizado 10 NJMIÜFT EF EØMBSFT FN%F[FNCSP EF 2010. 'POUFT QSØYJNBT EB ;JUBNBS SFGFSFN RVFB"%.NPTUSPVTFSFMVUBOUFFN construir o aeroporto, que dista cerca de 200 quilómetros do Aeroporto *OUFSOBDJPOBM EF/BNQVMB  OB DJEBEF DBQJUBMEBQSPWÓODJBEF/BNQVMB 1PTUFSJPSNFOUF P#/%&4 DPODFEFV VN FNQSÏTUJNP OP WBMPS EF  NJMIÜFT EF EØMBSFT F P 4UBOEBSE #BOL BDPNQBOIPVFTTFSFGPSÎP DPNNJlhões de dólares. &N   B "%. NPCJMJ[PV NBJT recursos, contraindo um empréstimo OBPSEFNEPTNJMIÜFTEFEØMBSFT EP #$*  B VNB UBYB EF KVSP EF  BPBOP FVNPVUSPKVOUPEP#/* OP WBMPSEFNJMIÜFTEFEØMBSFT B EFKVSPTQPSBOP ""%.UFNEÓWJEBTDPNPVUSPTQB- ÓTFTNFNCSPTEP$MVCFEF1BSJT&N   B 'SBOÎB DPODFEFV NJMIÜFT de dólares para a reabilitação do AeSPQPSUP*OUFSOBDJPOBMEF.BQVUPFP #BODP&VSPQFV EF *OWFTUJNFOUP EFV 26 milhões de dólares para o mesmo propósito, em 2016. 1PS TVB WF[ P&9*.#BOL  EB$IJna, emprestou 23,3 milhões de dólares QBSB PCSBT OP "FSPQPSUP *OUFSOBDJPnal de Maputo. As negociações entre o Ministério da &DPOPNJBF'JOBOÎBTFP#SBTJMEFDPSSFN OVNB BMUVSB FN RVF P(PWFSOP NPÎBNCJDBOP UBNCÏN FTUÈ B UFOUBS KVOUPEPTDSFEPSFTB SFTUSVUVSBÎÍPEF mais de dois biliões de dólares de dí- WJEBEB&NBUVN 1SP*OEJDVTF.". A Zitamar entende que o incumpriNFOUP EBT EÓWJEBT BWBMJ[BEBT QFMP &TUBEP  iRVF OB WFSEBEF TÍP EÓWJEBT TPCFSBOBTw  JNQMJDB RVF PT CBODPT moçambicanos estão neste momento BMJEBSDPNiDSÏEJUPNBMQBSBEPw t%FQPJTEF OPTÞMUJNPTNFTFT  UFSNPTTJEPQSFTFOUFBEPTDPN USVRVFTEPTNBHJTUSBEPTEBKVTUJÎB BHPSBGPJBWF[EBQPMÓDJBNPTUSBS PTTFVTEPUFTOPDSJNFPSHBOJ[BEP®NPEB)PMMZXPPE  GPSBNTF EVBTQFÎBTDIBWFOPTVCNVOEPEPTSBQUPTRVFBUFSSPSJ[BNPQBÓT $VNQSFTF BTTJN  BOPTEFQPJT B QSPGFDJBEPBOUJHPEFQVUBEP GSFMRVF FN%F[FNCSPEF KÈBMFSUBWB FNTFEFEPQBSMBNFOUP  que uma sociedade que não controla os seus bandidos, acaba por ser controlada por eles. t&UÓQJDPEFQBÓTFTPOEF$PVUJOIPTF4UBSFTDPOUSPMBNBTTPDJFEBEFT  GPSBNTBDSJmDBEPTEPJTBHFOUFTEBQPMÓDJBRVF QPSVNmP FTDBQBSBNËNPSUFOBDIVWBEFCBMBTRVFJOVOEPVB[POBOPCSFEPQBÓTF FNQMFOBIPSBEFQPOUB0TNFOUPSFTEFTUBTPQFSBÎÜFT FTTFT WÍP QBTTFBOEPBDMBTTFFOHSBWBUBEPTFFNbayfour-bayfour. t1PS GBMBSEPNFOJOPEBTRVBOUJBTJSSJTØSJBT IÈRVFNFOUFOEFRVF BEFMJCFSBÎÍPEP$POTFMIP4VQFSJPSEB.BHJTUSBUVSB+VEJDJBMFRVF TBDVEJV B KVÓ[B EPT OBUJWPT Y EFWJB UBNCÏN UFS WBTDVMIBEP PT EPTTJFSTEB‹TFDÎÍPDSJNJOBMEP5SJCVOBM+VEJDJBMEB$JEBEFEF .BQVUP QBSBBWFSJHVBSPTDPOUPSOPTFNRVFGPJMBWSBEPPEFTQBDIP EFMJCFSEBEFDPOEJDJPOBMQBSBOÍPMFNCSBSBOÍPQSPOÞODJBEFTUFOP crime de raptos... t.FTNPDPNVNNBOEBEPEFDBQUVSBJOUFSOBDJPOBMËTDPTUBT PKPWFN EBT RVBOUJBTJSSJTØSJBT DPOUJOVB B FOGSFOUBS P&TUBEP)PSBT BQØTPBOÞODJPEBNBEBNF#VDIJMJ QVCMJDPVPQPTUPOEFEJ[RVFBT BMFHBÎÜFTEBQSPDVSBEPSJBTÍPiNPOUBOIBRVF QPSmN WBJQBSJSVN SBUPw QPJTBSFWPHBÎÍPEBMJCFSEBEFDPOEJDJPOBMEFRVFHP[BWBOÍP PiQSFPDVQBwOFNPiBGFDUBw"WFSEBEFÏRVFKÈWJNPTNVJUPTSBUPT a serem paridos... t.BTRVFFTUBOPWFMBHSBUVJUB FNRVFBUÏBTTVJDJEBTFTDPMUBTQBSBSBNQBSBDVNQSJSBEJUBEVSBEPTJOBMWFSNFMIPEPTTFNÈGPSPT OÍP OPTEFTWJFEBEFWJEBBUFOÎÍPTPCSFPT SFTVMUBEPTEBBVEJUPSJBRVF IPKFPTBVEJUPSFTFOUSFHBNËOPTTBQSPDVSBEPSB TFCFNFTTFOÍPÏP PCKFDUJWP"QÈUSJBBHSBEFDFQFMBWJHJMÉODJBEFUPEPT t& FORVBOUP P QBÓT FTUBWB NFUJEP OFTTB BHJUBÎÍP  MÈ QBSB B  EF +VMIP PTGSFMPTMFHBMJ[BWBN DPNNBJPSUSBORVJMJEBEFQPTTÓWFM  BTQFTBEBTEÓWJEBTEB1SPÓOEJDVTFEB.".RVFTFKVOUBNË&."- 56.OPQBDPUFEFFNQSÏTUJNPTTPCFSBOPT5BMWF[WÈBUFNQPBJOEBQBSBFTUFQPWPBSSBOKBSTFVTWFSEBEFJSPTSFQSFTFOUBOUFTy t1BSFDFRVFB[BOHBEPUJNPOFJSPEBOBÎÍPQBSBDPNPTFDUPSBFSPOÈVUJDPKÈFTUÈBTVSUJSFGFJUPT&TUBTFNBOBGPJBOVODJBEBBBCFSUVSB EFVNDPODVSTPQÞCMJDPJOUFSOBDJPOBMQBSBBTFMFDÎÍPEFDPNQBnhias aéreas que pretendam operar em algumas rotas domésticas e internacionais a partir dos aeroportos moçambicanos. A questão RVF TF DPMPDB Ï TFSÈ RVF FSB QSFDJTPP13WJTJUBS BRVFMB FNQSFTB QBSBBUPNBEBEFNFEJEBTDPSBKPTBT TFBNFTNBJOTUJUVJÎÍPKÈIBWJB TJEP WJTJUBEB QFMPNJOJTUSP EF UVUFMB F P TFV SFTQFDUJWP WJDF  CFN DPNPPQSJNFJSPNJOJTUSP 0VÏNBJTVNFYFSDÓDJPQBSBGB[FSPCPJ dormir. t1PSÏN OFNUVEPBOEBNBMOB1ÏSPMBEP¶OEJDP%FBDPSEPDPNVN ASBOLJOHQVCMJDBEPOFTUBRVBSUBGFJSBQFMBDPOTVMUPSBCSJUÉOJDB.POFZ4VQFSNBLFU.PÎBNCJRVFÏPQBÓTEPNVOEPRVFUFNVNNFOPSJNQBDUPNVOEJBM VNQBÓTPOEF EBFOFSHJBDPOTVNJEBÏ AWFSEF FBTFNJTTÜFTEFEJØYJEPEFDBSCPOPSPOEBNBT UPOFMBEBT QPSQFTTPB DPNVNBSFQPTJÎÍPEF ÈSWPSFTBCBUJEBT0ASBOLJOH apresenta Moçambique como o país mais limpo na utilização de energia, numa lista onde se destacam também as boas classificações EB&UJØQJB ;ÉNCJBF-JUVÉOJB(BOIBNPTPTNBJTQPMVJEPSFT5SJOEBEFF5PCBHP &TUBEPT6OJEPTEB"NÏSJDBF4SJ-BOLB Em voz baixa t(VFSSBÏPRVFQBSFDFFTUBSUBNCÏNBSPMBSOB1BUSJDF-VNVNCB 0TFNQSFTÈSJPTFTUÍPEJWJEJEPTOBRVFMFRVFÏPQMFJUPNBJTCBSVMIFOUPEB TVBIJTUØSJB%FVNMBEPFTUÈPHB[FOTFDPNJOUFSFTTFT OBDPOTUSVÎÍPDJWJMFVNPVUSPDBOEJEBUPMJHBEPËIPUFMBSJB"ÏUJDB parece ter sido a mais sacrificada neste processo, mas como dizia um BOUJHPFTDSJCBiBÏUJDBOÍPWBJMFWBSPTNFVTmMIPTËFTDPMBw Aeroporto Internacional de Nacala Moçambique negoceia restruturação da dívida com Brasil Savana 28-04-2016 EVENTOS 1 0DSXWRGH$EULOGH‡$12;;,9‡1o 1216 EVENTOS O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) e o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC) assinaram, nesta segunda-feira, em Maputo, um protocolo financeiro e de cooperação que estabelece relações mutuamente Apoio à sociedade civil %&,H&(6&ÀUPDPSDUFHULD Banco particularmente focado com as causas mais relevantes do desenvolvimento económico e social sustentado de Moçambique e dos moçambicanos”. Manuel Soares indicou ainda: “o compromisso do BCI com o desenvolvimento de Moçambique está patente na actividade que desenvolvemos no País. Hoje, contamos com uma Rede Comercial de 196 unidades de negócio, a maior do País. O apoio multifacetado que prestamos a instituições e organismos, públicos e privados, nos mais diversos sectores da vida do país, através de Protocolos com Universidades moçambicanas, com Associações e Confederações Profissionais e com organismos da Cultura e do Desporto, são disso alguns exemplos”. Por seu turno, a directora executiva do CESC, Paula Monjane, apresentou a entidade que dirige como uma organização que promove a cidadania, mobiliza as comunidades para que elas tomem consci- ência da importância de participar no seu próprio desenvolvimento, e fortalece capacidades de grupos organizados de cidadãos que queiram também agir nas áreas de desenvolvimento, governação, saúde e educação. Em relação ao acordo firmado, Monjane considerou “o facto de o BCI ter aberto a possibilidade desta parceria é para nós extremamente importante. Vemos vantagens importantes neste acordo, para a organização e para os colaboradores”. Enumerou como vantagens, o acesso a serviços prestados pelo BCI, quer em termos de atendimento, quer em termos de financiamento. “Para nós, é uma honra esta parceria, particularmente na viabilização das nossas actividades e nas intervenções que pensamos que contribuem para o desenvolvimento do nosso país”, rematou. (E.C.) vantajosas. O protocolo irá proporcionar ao CESC e seus colaboradores, em todo o país, acesso a uma vasta gama de serviços e produtos em condições competitivas. Falando na ocasião, o Administrador do BCI, Manuel Soares, afirmou: “no actual contexto de Moçambique, o fortalecimento de instituições que reforcem a cidadania constitui um desafio extraordinariamente complexo, exigindo, por isso, uma mobilização conjugada de esforços, por parte dos principais actores da sociedade moçambicana, daí o nosso envolvimento como A Embaixada dos Emirados Árabes Unidos (EAU) visitou, na última quinta-feira, em Maputo, ao Hospital Geral de Mavalane, com objectivo de fazer a entrega de um donativo. Trata-se da terceira instituição beneficiada no âmbito do projecto responsabilidade social levado a cabo mensalmente pela EAU. Neste projecto, a embaixada escolhe um tópico para cada ano com vista a apoiar instituições de cariz social nos países onde está acreditada. Para este ano, o lema escolhido é o “Year of Giving” (Ano de Doar ou de Dar), que pretende fazer ofertas a várias instituições do país uma vez por mês em todo o ano. No âmbito desta iniciativa, o hospital recebeu cerca de 50 cestas para mães recém internadas, compostas por uma banheira, uma mantinha, capulana, sabonetes, biberões, pó, entres outros produtos destinados à maternidade daquela unidade sanitária. Na ocasião, o Embaixador da EAU, Asam Al Rahmah, disse que este apoio a maternidade, representava uma iniciativa humanitária do povo dos EAU para com o povo Moçambicano amigo. ($8HVFDOD+RVSLWDO*HUDOGH0DYDODQH Savana 28-04-2017 EVENTOS 2 T ermina nesta sexta-feira, 28 de Abril, a Feira do Livro e da Cultura promovida pela Universidade Politécnica, uma iniciativa, que teve início na última terça-feira e que tem ocorrido no pátio da Biblioteca Central desta instituição privada de ensino superior, na cidade de Maputo. A cerimónia de abertura do evento foi presidida pelo vice-reitor da Universidade Politécnica, o Professor Catedrático Armando Jorge Lopes, que na ocasião referiu que a Feira do Livro e da Cultura é um evento organizado anualmente pela universidade, inserido nas celebrações do Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, efemé- ride que se assinala a 23 de Abril. Sobre as expectativas em torno da feira, Armando Jorge Lopes avan- çou que “nesta edição temos mais editores a expor, temos mais obras e, como podemos ver neste primeiro dia, há muita gente interessada em participar neste evento”. “Esperamos que isto se reflicta no futuro, no que diz respeito à leitura e à escrita. Portanto, a nossa expectativa é muito grande”, acrescentou. Ainda na sua intervenção, o vice- -reitor deixou garantias de que a Universidade Politécnica continuará empenhada no apoio à literatura moçambicana, sobretudo no incentivo à leitura e à escrita. Durante a cerimónia de abertura desta feira, foi também anunciado o vencedor do prémio literário Maria Odete de Jesus, referente à edição do ano 2016. Trata-se de Pedro Pereira Lopes, com a obra infanto-juvenil intitulada “O Comboio que andava de Chinelos”, tendo recebido um cheque no valor de 60 mil meticais, com direito à publicação da sua obra e dos outros dois concorrentes aos quais coube uma menção honrosa. Paralelamente à Feira do Livro e da Cultura, a Universidade Politécnica organizou o Dia Aberto na Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias-ESGCT, uma unidade orgânica daquela instituição privada de ensino superior. Trata- -se de um evento durante o qual a ESGCT recebe estudantes de várias escolas pré-universitárias da cidade de Maputo, com o objectivo de dar a conhecer os cursos e as respectivas disciplinas por si ministradas, bem como as vantagens de cada uma na formação do homem.   No decurso da Feira do Livro e da Cultura, a Universidade Politécnica levou ainda a cabo outras actividades paralelas, tais como interacção entre escritores e os alunos da Escola Secundária das Acácias e da ESGCT. Houve, ainda, uma palestra sobre cultura, para além da exibição de danças tradicionais e doação de sangue.  Entretanto, o reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário, empossou ainda dois novos quadros desta instituição de ensino superior. Com efeito, Girlane da Silva passou a chefiar o recém-criado Departamento de Organização e Métodos, da plataforma de interligação entre a Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação-FUNDE e a Universidade Politécnica, para além de Marisa da Costa Trindade que passou a assumir o cargo de coordenadora do Centro de Estudos de Pós- -Graduação e Pesquisa Aplicada da Escola Superior de Altos Estudos e Negócios-ESAEN. Na ocasião, Lourenço do Rosário justificou estas nomeações com o facto de a Universidade Politécnica encontrar-se, actualmente, num processo paulatino de mudança. Conforme explicou, “quer do ponto de vista de recursos humanos, quer de recursos materiais e financeiros, temos de pensar em tudo. Como Grupo A Politécnica, temos de pensar sobre de que forma faremos a articulação entre os diversos sectores deste mesmo grupo”. “O mais importante é as pessoas deixarem de pensar que a nossa actividade se esgota na universidade. Nós somos um grupo e temos de pensar como um grupo, sendo nessa perspectiva que estas mudanças estão a ser feitas”, disse Lourenço do Rosário.  3ROLWpFQLFDRUJDQL]D)HLUD GR/LYURHGD&XOWXUD S udecar Novela, estudante da escola secundária da Escola Secundária Francisco Manyanga e filho de Sudecar Novela, presidente da Associação dos Pequenos Importadores de Mo- çambique (Mukhero), venceu, na última sexta-feira, a 15ª edição do Pré- mio Eloquência Camões. Esta é uma iniciativa levada a cabo pelo Centro Cultural Português, que pretende motivar os estudantes para a importância da oralidade em português no 6XGHFDU1RYHODYHQFH(GLomR GR3UpPLR(ORTXrQFLD&DP}HV mercado de trabalho, em áreas tão variadas como a comunicação social, a docência, as relações públicas, a publicidade, o teatro, o cinema, entre outras. Em segundo lugar ficou Jéssica Macuácua, da Escola Secundária de Malhazine e em terceiro Aldevina dos Anjos Zimba, da Escola Secundária Laulane.   Os alunos vencedores, os professores e as escolas participantes receberam conjuntos de livros oferecidos pela Plural Editores, bem como os respectivos certificados de participação. Os três primeiros classificados receberam ainda prémios pecuniários atribuídos pelo Camões – Centro Cultural Português em Maputo para aquisição de material escolar. Os 13 finalistas apresentaram os seus trabalhos publicamente e foram avaliados pelo júri, constituído pelo escritor Ungulani Ba Ka Khosa, pela actriz Ana Magaia e pela docente universitária Carla Maciel. Savana 28-04-2016 EVENTOS 3 A Água da Namaacha, uma marca propriedade Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), e o músico Wazimbo anunciaram, recentemente, um acordo de parceria entre ambos. O acordo visa o desenvolvimento de vários projectos conjuntos para um futuro próximo. No que concerne a projectos, Wazimbo salientou a criação de algumas canções especialmente dedicadas às crianças que pretende lançar brevemente, bem como as inúmeras actuações que estão agendadas para :D]LPERMXQWDVH j6$0 terem lugar um pouco por todo o país. Por sua vez, a representante do departamento de marketing da Água da Namaacha, Manuela Magaia, referiu que o trabalho a ser desenvolvido por Wazimbo e pela Sociedade de Águas de Moçambique (SAM) visa uma difusão transversal de uma mensagem carregada de valor simbólico, fundamental para cimentar valores na construção da grande nação moçambicana, para que o futuro seja sorridente e próspero. O Barclays Bank Moçambique e a revista EXAME promoveram, na passada sexta-feira, uma conferência sob o tema “Parceiros Económicos de Moçambique/China”. O evento, que decorreu em Maputo, contou com a presença de empresários de diferentes sectores, gestores de empresas públicas e privadas, para além do próprio Embaixador da China, Su Jian, e de Belmiro José Malate, Director do MINEC, para Ásia e Oceânia. Este evento teve como principal objectivo dar a conhecer as reais oportunidades de investimento entre nos dois países. Falando na ocasião, Rui Barros, Administrador-delegado do Barclays Bank Moçambique, afirmou durante o evento: “é com muito orgulho que o Banco se associa à re- %DUFOD\VH([DPHSURPRYHPFLFORGHSDOHVWUDV vista Exame para este debate sobre o investimento e as relações econó- micas entre Moçambique e China, um dos blocos mais importantes para o país em termos comerciais e a qual decidimos dedicar uma das edições do Ciclo de Conferências Barclays e Exame: Parceiros Económicos de Moçambique”. Por sua vez, Su Jian referiu que, desde a independência nacional de Moçambique, a relação entre estes dois países tem-se desenvolvido firme e estavelmente. Pode-se dizer que, nos primeiros 20 anos das relações entre ambos os países, a política e a diplomacia foram privilegiadas devido às realidades dos dois Países. No entanto, nos últimos 20 anos, a China tem participado activamente no desenvolvimento económico e social de Moçambique, e a cooperação económica passou a ser gradualmente o protagonista das relações bilaterais”. Segundo o diplomata, o valor acumulado de investimento chinês em Moçambique totaliza cerca de 6 mil milhões de dólares, cobrindo as áreas de exploração de energia, recursos naturais, agricultura entre outras. Savana 28-04-2017 EVENTOS 4 O Ecobank Moçambique lançou, na última quinta- -feira, na cidade de Maputo, o serviço “Ecobank Mobile App”. Trata-se de um aplicativo que tem em vista responder aos desafios do mercado. O banco assume que o aplicativo irá fazer a diferença no mercado pela particularidade de não ser um produto para um país, mas sim um produto de vários países, unificando os 33 países africanos onde o Grupo Ecobank actua. A Aplicação permite que os clientes transaccionem a qualquer hora e em qualquer lugar, tendo como principais funcionalidades: Consulta de saldos, Transferências, Pagamentos de serviços, Abertura de conta, e mais funcionalidades. Actualmente, existem mais de 700 milhões de usuários de telefones ce- (FREDQNODQoDVHUYLoRV LQRYDGRUHV lulares em África, dos quais 226 milhões são usuários de smartphones. É neste contexto que, no final de 2015, o Ecobank divulgou a sua estratégia 2016-2020, com a sua base na Banca de Retalho e Comercial apostando na inclusão financeira e um acesso mais fácil aos canais bancários e de distribuição alternativos. “A nossa estratégia é designada Go Digital e foi concebida nesse contexto. Nosso objectivo como um Grupo é ser capaz de multiplicar até 2020 o nosso número de clientes por 10 e ser capaz de atender a 100 milhões de clientes. Mobile App é um dos canais oferecidos aos nossos clientes e que nos permitirá atingir a meta de 100 milhões de clientes nos próximos cinco anos. Está operacional nos 33 países onde actuamos no continente”, explicou a Administradora-delegada do banco, Adama Cisse. 1 um ano de enormes pressões inflacionárias que contribuíram para influenciar as taxas Prime Rate de todos os bancos comerciais moçambicanos, agravando extraordinariamente o preço do crédito bancário e dificultando a capacidade de reembolso dos mutuários, o Banco Terra Moçambique (BTM) conseguiu apresentar para o ano de 2016 resultados positivos. Ao fechar o exercício referente ao ano de 2016, com um rácio de solvabilidade de cerca de 32%, quatro vezes mais que o limite regulamenP elo menos 30 professores e formadores moçambicanos deslocam-se está semana para a República Popular da China com vista a beneficiarem dos cursos de capacitação técnica e tecnológica. Este treinamento surge no âmbito da cooperação bilateral entre a China e Moçambique. Trata-se do primeiro grupo de um total de 100 professores e formadores do Ensino Técnico-Profissional (ETP), oriundos das províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Tete, Inhambane, Gaza e Maputo Província, que durante cinco meses vão beneficiar de capacitação em técnicas, tecnologias e didácticas nas áreas de Desenho e Fabricação de Máquinas, Tecnologia de Integração Mecatrónica, Tecnologia de Controlo Digital, Desenho e Fabricação de Moldes e Automação. Discursando à margem da cerimó- nia havida quinta-feira em Maputo, Leda Hugo, vice-ministra da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional, referiu que o programa de capacitações é parte de um convénio entre os Governos da República de Moçambique e da República Popular da China, o qual particularmente prevê o estabelecimento de um programa de bolsas de estudo de curta-duração para Formadores do Ensino Técnico Profissional, que vai ter lugar na província chinesa de Chandong e a ser ministrado no Colégio Vocacional de Jinan, a 3ª maior província económica Chinesa. “Estas áreas foram eleitas pela sua particular importância para potenciar o Ensino Técnico Profissional e impulsionar as áreas da manutenção industrial, nesta fase das acções da Reforma da Educação Profissional. Por isso, a exortação do Governo de Moçambique e de que tirem o má- ximo proveito desta oportunidade de formação, aprendendo para além da técnica e pedagogia que prosseguem, outra língua e outras formas de estar na sociedade, que seguramente encontrarão na província chinesa de Shandong”, disse Leda Hugo. Por sua vez, o embaixador da Repú- blica Popular da China em Moçambique, Su Jiam, avançou que o seu país atribui maior importância à coopera- ção na área de educação profissional, para que reafirma o compromisso em apoiar programas de capacitação e construção de infra-estruturas. 3URIHVVRUHVPRoDPELFDQRV DFDPLQKRGD&KLQD tar actual, o BTM continuou a apresentar-se como uma das boas referências de robustez no mercado bancário nacional. Não só o rácio de solvabilidade supera largamente o rácio de 12% que o Banco de Mo- çambique exige para os próximos três anos, como o Capital Social também excede em muito o mínimo exigível para 2020. Desta feita, o BTM conseguiu apresentar um resultado positivo de cerca de 12 milhões de meticais, após impostos, o que representa um crescimento em relação ao período anterior de cerca de 120%, reflectindo o esforço dos colaboradores do BTM na criação de uma proposta, cada vez mais evoluída, de produtos e serviços ao cliente. Apesar do crescimento muito té- nue da economia moçambicana, a carteira de crédito do BTM cresceu 28%, enquanto a carteira de depó- sitos registou um crescimento de 34%, o que demonstra a confiança dos nossos clientes. Nesta senda, o banco pretende continuar com a sua estratégia de crescimento gradual, mas consistente, baseado na crescente melhoria da sua proposta de produtos e serviços bancários, sempre, a custos competitivos. %70ÀUPHHP

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