Trump dá uma demonstração de força diante dos testes nucleares e dos mísseis de Pyongyang
Washington
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Pequim
O Carl Vinson, que havia saído de Cingapura, já esteve nas águas da península há um mês para participar de eventos militares anuais com a Coreia do Sul. Com capacidade e propulsão nuclear, ele é um dos maiores da frota norte-americana e pode transportar cerca de 6.000 soldados, além de 90 aviões e helicópteros.
"A ameaça número um na região continua sendo a Coreia do Norte, por causa de seu programa de testes de mísseis, irresponsável, desestabilizador e temerário, e por sua procura pelas armas nucleares", disse, em entrevista à agência AFP, o porta-voz militar Dave Benham.
O novo sinal norte-americano acontece enquanto a Coreia do Norte se prepara para uma "semana importante". No dia 15 de abril, comemora-se o 105º aniversário do fundador do regime, Kim Il-sung, data que o país chama de "Dia do Sol". Para a ocasião, está sendo preparado um grande desfile militar, que pode se repetido dez dias depois, em 25 de abril, quando se comemora o aniversário de fundação do Exército Popular Coreano.
Neste ano, o aniversário será comemorado em meio a uma tensão crescente. Os Estados Unidos colocaram entre suas maiores prioridades conseguir acabar com o programa de armamento da Coreia do Norte, depois da determinação de Pyongyang de desenvolver um míssil de longo alcance, capaz de atingir o território norte-americano. A Casa Branca reconhece que o país asiático possa concluir o projeto antes do final do primeiro mandato de Donald Trump. Kim Jong-un já ameaçou fazer os primeiros testes do armamento ainda neste ano.
A Coreia do Norte, que faz testes de mísseis de longa distância frequentemente, já tem bombas nucleares e fez testes cinco vezes, dois deles no ano passado. Os analistas não descartam que o regime planeje um próximo teste em breve: no mês passado, satélites detectaram movimentos suspeitos na área em que foram feitos os ensaios anteriores.
O envio dos navios norte-americanos chega apenas dois dias depois que os EUA lançaram mísseis contra o bases militares do regime de Bashar al Assad, na Síria, em uma ação que também foi interpretada como uma ameaça à Coreia do Norte. No mês passado, o secretário de Estado, Rex Tillerson, havia anunciado na Ásia que a política tradicional dos EUA, de "paciência estratégica" com Pyongyan tinha chegado ao fim, e que todas as possíveis alternativas estavam sobre a mesa.
O programa nuclear norte-coreano foi um dos principais assuntos nas reuniões de quinta e sexta-feira, na Flórida, entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping. Os dois países concordaram em aumentar sua cooperação para convencer a Coreia do Norte a desistir de suas intenções militares. Porém, não foram divulgadas quais serão as estratégias para chegar a esse objetivo, nem ficou claro se as promessas serão cumpridas. O próprio Tillerson indicou, em conversa com a imprensa após o encontro, que os Estados Unidos estão dispostos a atuar de maneira unilateral, caso "a China seja incapaz de colaborar nesse sentido".
Trump falou sobre o programa nuclear norte-coreano neste sábado, com o presidente em exercício da Coreia do Sul, Huang Kyo-ahn, a quem disse que a conversa com Xi teve "tratativas profundas sobre a gravidade desse programa, e sobre como reagir a ele", de acordo com a imprensa sul-coreana.
O presidente estadunidense também falou neste domingo, durante 45 minutos, com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, com quem abordou as situações de Síria e Coreia do Norte.
Ainda assim, pareça improvável que o endurecimento das posições dos EUA possam persuadir o regime norte-coreano, que já está convencido de que Washington planeja um ataque em algum momento. Na verdade, pelo menos para consumo externo, a atitude de Pyongyan vai justamente no caminho contrário. Depois do ataque à Síria, o Governo norte-coreano declarou, em um comunicado de seu Ministério do Exterior publicado pela agência estatal KCNA, que esse tipo de ações "demonstra que nossa decisão de fortalecer nosso poder militar foi um milhão de vezes correta".
"O imperialismo é perigoso; e apenas nosso próprio poderio militar nos protegerá de uma agressão imperialista", disse o Ministério. "Continuaremos reforçando nossa capacidade militar para defender-nos de várias maneiras, e para superar os crescentes atos de agressão dos Estados Unidos".
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