DA EMANCIPAÇÃO DA MULHER À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
“Vós tendes por pai o Diabo (…) porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é pai da mentira” - Jo 8:44
Ontem, alguns de nós mentiram deliberadamente, tirando disso proveito, alegando que era o “dia da mentira”, sem, no entanto, saber nem a sua origem e nem o seu significado. Tolos! Continuo a pensar que o moçambicano é um excelente imitador por defeito ou por vocação. Rapidamente adere e se adapta a qualquer causa ou movimento, sem parar primeiro para pensar nas consequências dessa sua adesão. Os exemplos de tão vastos não caberiam neste nosso pequeno espaço. Mas, seja-nos permitido arrolar alguns, qual deles o mais chocante: 1.º a mania que muitos têm de deixar tudo para o último dia, no qual se apinham e se empurram! Tolos! 2.º a proliferação das barracas e de vendedores informais por tudo o que é espaço, em todas as zonas urbanas do país; 3º. os desgraciosos hábitos das raparigas apresentarem-se nos espectáculos quase nus ao lado de rapazes bem vestidos; 4.º a repugnante mania dos cobradores dos “chapas” de se apresentarem sujos e rudes e colarem-se nas nádegas das passageiras; 5.º a triste indiferença generalizada de quem de dever em eliminar duma vez por todas os inseguros e vergonhosos “my love”; 6.º a mais recente mania de vender comida nas esquinas dentro dos automóveis, etecétera, etecétera. Vem este desabafo a propósito de dois hábitos estranhos à nossa cultura, mas que insistimos em assumí-los como “nacionais”: O “Carnaval”e o chamado “dia da mentira”. Sobre a origem do “Carnaval”,que ridiculamente insistimos em assimilá-lo, como cultura nossa, muitas festas das civilizações ocidentais podem ter dado origem ao carnaval, conhecido como a“festa mais popular do Brasil”, muito embora seja conhecido como o país do carnaval, não é o único a comemorá-lo de forma bastante expressiva. Entre as maiores festas de carnaval do mundo, estão o carnaval de Veneza (Itália), de Nice (França), de Nova Orleães (EUA) e de Barranquilla (Colômbia), por exemplo. Para alguns estudiosos, o “carnaval” teve origem na Babilóniaatravés da comemoração dasSaceias. Nessa festa, concedia-se a um prisioneiro que assumisse a identidade do rei por alguns dias, sendo morto ao fim da comemoração. Muitos dos adeptos não sabiam disso de certeza! E sobre o “dia da mentira”!? A teoria mais aceite sobre a origem dessa data tem início no século XVI, durante o reinado de Carlos IX da França.Desde o princípio daquele século, as festas que saudavam a chegada de um novo ano eram feitas em 25 de Março, com a chegada da Primavera, e encerravam-se depois de uma semana de duração, em 1.º de Abril. Assim, o início do ano era comemorado no dia 1.º de Abril. Em 1562, o Papa Gregório XIII instituiu um novo calendário que ficou conhecido por Calendário Gregoriano, em que o início do ano novo começava no dia primeiro de Janeiro. Devido ao ainda precário estado dos meios de comunicação, as informações demoravam a chegar a todas as partes de um reino. A ordem régia só foi efectivamente cumprida na maior parte dos locais do reino francês em 1567. Isso pode explicar o motivo que levava algumas pessoas a continuar comemorando o Ano Novo em 25 de Março. Como algumas pessoas sabiam da mudança do dia da comemoração, passaram a zombar das demais, que estariam comemorando o Ano Novo num dia falso. A partir daí, a prática foi difundindo-se, transformando o1.º de Abril no “dia da mentira”. Estamos a falar da cultura e ambiente praticados no “primeiro mundo”. Pessoalmente, tanto o “carnaval”, quanto ao “dia da mentira”, simplesmente repugnam-me. São “brincadeiras”, quanto a mim, de péssimo sabor! Sobre o carnaval, alguns desses chamados “foliões” mais parecem patetas que farristas! Se gostamos de disfarces, aprendamos a dançar o nyawu (gule wankulu), que faz parte da lista do património cultural imaterial da humanidade, e o mapico. Quanto ao “dia da mentira”, que se saiba, a palavra “mentira” é sinónimo de engano, impostura, fraude, falsidade, ilusão, ficção, trapaça, entre outras com conotação de inverdade. Ser apontado como mentiroso não é uma sensação desejável por ninguém que tenha consciência da importância de zelar pela reputação moral e social. Mentira não honra a ninguém! “Pessoas mentirosas são como cobras: mais cedo ou mais tarde nos picam...”, reza um velho ditado.
Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com
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