março 01
08:132017
A Inspecção Nacional de Actividades Económicas (INAE) ordenou , o encerramento do restaurante e pastelaria Crystal, situado na zona nobre da capital do país.
MAPUTO- O Crystal foi alvo da “mão dura” do INAE em consequência das irregularidades de vária ordem detectadas, pela brigada sénior que efectuou esta terça-feira uma visita ao local.
Das irregularidades detectadas no local, destacam-se, problemas como fossas entupidas, cozinha e sanitários sujos, concentração de águas negras na forma de charcos que exalam cheiro nauseabundo para o interior da cozinha, as latas de conservação do lixo em condições inadequadas, o corredor de acesso a cozinha nojento, armários sujos, má conservação do refeitório dos trabalhadores, paredes com infiltração de águas, presença de felinos (gatos).
A Inspectora-geral do INAE, Maria Freitas, disse à imprensa que a decisão de encerrar o restaurante e a respectiva pastelaria é a mais justa devido a gravidade dos problemas constatados.
Segundo “Folha de Maputo“, O Crystal está encerrado ao público, cabendo ao proprietário procurar corrigir as anomalias detectadas e seguidamente contactar o INAE e Direcção de Turismo, que vão verificar o trabalho realizado e, em caso de cumprimento, dar luz verde à sua reabertura. [FM]
Folha de Maputo
Restaurantes da zona nobre de Maputo encerrados por falhas “graves” de higiene |
Destaques - Newsflash |
Escrito por AIM em 01 Março 2017 |
O café e restaurante Cristal e a pastelaria ABFC foram nesta terça-feira(28) encerrados pela Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) por falhas “graves” de higiene, juntando-se a outras 20 unidades económicas a nível nacional actuadas devido a várias irregularidades.
No rol de anomalias nocivas à saúde pública, detectadas no local, avultam, grosso modo, problemas como fossas entupidas, cozinha e sanitários sujos, concentração de águas negras na forma de charcos que exalam cheiro nauseabundo para o interior da cozinha, as latas de conservação do lixo em condições inadequadas, o corredor de acesso a cozinha nojento.
Ainda na lista da imundice, figuram problemas como armários sujos, má conservação do refeitório dos trabalhadores, paredes com infiltração de águas, presença de felinos (gatos) que, obviamente, desempenham o papel de “força de intervenção rápida” contra a praga de ratos. Não menos importante, na pauta dos problemas verificados, está o facto de o efectivo de trabalhadores não possuir cartões de saúde, para além de outros problemas graves, como os produtos sem estrados e em contacto com o chão.
A Inspectora Geral da INAE, Maria Freitas, que liderou a brigada que efectuou a ofensiva, disse à imprensa que a decisão de encerrar o restaurante e a respectiva pastelaria é a mais justa devido a gravidade dos problemas constatados.
“Estaríamos a ser injustos se não encerrássemos este restaurante”, disse a inspectora-geral, apontando, a título de exemplo, que não pode ser aceitável a presença de gatos na cozinha de um restaurante, devido ao elevado risco que representa (urina e pelos) aos alimentos que, após a confecção, são servidos aos clientes.
Apesar de os sanitários usados pelos clientes estarem em condições, assim como a faixada do restaurante virada para a área onde ficam os clientes, o mesmo não se pode dizer dos lavados dos trabalhadores que estão em condições deploráveis, com a loiça em estado completamente decrépito.
Desta feita, o Cristal está encerrado ao público, cabendo ao proprietário procurar corrigir as anomalias detectadas e seguidamente contactar o INAE e Direcção de Turismo, que vão verificar o trabalho realizado e, em caso de cumprimento, dar luz verde à sua reabertura.
“Não damos nenhum prazo para a correcção das anomalias, o que proibimos é o exercício da actividade sem a observância das condições de higiene”, disse a fonte, apontando que o valor da multa varia em função do número e da gravidade das anomalias detectadas.
Enquanto isso, Maria Freitas disse que o proprietário do Cristal foi igualmente notificado a comparecer no sentido de dar seguimento o problema desvendado naquela casa de pasto na zona nobre da capital moçambicana.
Só na última semana, a INAE inspeccionou, em todo o país, mais de 622 estabelecimentos comerciais, entre restaurantes e padarias, onde confiscou e ordenou a destruição de vários bens alimentares no valor de 600 mil meticais.
Entretanto o director-adjunto da INAE, Acácio Foia, revelou uma conferência de imprensa, convocada para anunciar as actividades da instituição, que foram encerradas dez padarias, só nas cidades e províncias de Maputo. "Estes factos acontecem nas grandes capitais. Numa das padarias teve que haver intervenção da Polícia, pois os funcionários interditavam a nossa entrada, a mando do dono, apesar de estarmos credenciados", disse.
Face a esta situação, acrescenta a fonte, " fomos obrigados a contactar a unidade policial mais próxima. Feito isto, invadimos o local e constatamos que era imundo." "Há agentes económicos que vão se preparando no sentido de se precaver, mas há outros que mesmo com as inspecções continuam indiferentes", lamentou.
Durante as actividades de inspecção das padarias, a INAE e o Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ) constaram que algumas padarias não têm colocado os gramas de pão estabelecidos por lei, enganando, deste modo, os consumidores. "Do trabalho feito foi constando que num universo de 15 padarias nove forneciam o pão abaixo do peso recomendado, principalmente no pão de 200 gramas. Um pão que devia pesar 200 gramas tinha uma diferença de 53 gramas. Com estes gramas, este pão devia ser vendido a dois meticais", disse o director do INOQ, Alfredo Sitoe, acrescentando que em situações similares as padarias são multadas.
No âmbito destas actividades inspeccionais, a INAE já encerrou várias padarias e restaurantes de renome na cidade de Maputo devido às péssimas condições de higiene.
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Uma fonte bem colocada disse-me que o risco de sabotagem do trabalho do INAE é, por enquanto, mínimo, pelo menos da parte de elementos do Governo e do Partido Frelimo. Segundo a fonte, o PR Filipe Nyusi e o PM Carlos Agostinho do Rosario tem acompanhado as acções do INAE e apoiam-nas sem contemplações. Aliás, houve um influente empresário que, quando seu estabelecimento estava a ser encerrado, ameaçou que se queixaria ao PR, ao PM e ao Ministro de tutela. Suas queixas foram ignoradas. A resposta que obteve foi mais ou menos esta: “Se o senhor apoia o Partido, entao deixa o Governo trabalhar”. E mais: “quem apoia o Partido devia dar o exemplo”. Nyusi está a transmitir o recado segundo qual o INAE deve ser apoiado e que sua acção devia inspirar outros sectores. Agora, é preciso que o INAE tenha os meios apropriados para fazer o seu trabalho. E o pessoal necessário. Hoje a entidade trabalha com apenas 6 inspectores e nenhuma viatura de serviço.
Agora que o INAE encerrou o Cristal não admira que aquela entidade comece a ser combatida de dentro do Governo. É assim em Moçambique.
Agora que o Cristal foi encerrado pelo INAE andei na net a tentar descobrir as notas que o restaurante foi recebendo em sites de viagens e afins e os comentários mais comuns são menos sobre o cardápio e condições de higiene e mais sobre a qualidade de atendimento.
Abundam comentários de clientes que não gostaram da experiência do Cristal. Eis um deles, no Sapo: “O pior restaurante que alguma vez tive. O José como está cá em Mocambique pensa que pode falar mal com os clientes. José, você tem que aprender a ter mais respeito com os clientes. Nunca fui tão mal atendido como neste restaurante. Para quem gosta de uma boa comida acreditem é perca de tempo ir la comer.”
Mas também reparei em bons elogios no TripAdvisor, como este: “É um restaurante muito simples mas com boa comida. O staff é meio desatento e a rapariga que nos atendeu, esqueceu-se de um dos pratos. Têm muito boa oferta de marisco, a bons preços. Excelente caranguejo e ótimo camarão tigre. Recomendo, sem margem para dúvidas”.
Num texto na Sapo, de 2010, se pode ler:”O Cristal, que já se tornou uma instituição em Maputo, é “três é um” isto é, restaurante, cervejaria e pastelaria. José, com a sua experiência hoteleira na Suíça pegou, há cerca de 12 anos, numa casa moribunda e dotou-a de uma qualidade reconhecida por todos”.
Agora que o Cristal foi encerrado pelo INAE não vejo o Jose descartando seu telemóvel. O Cristal serve sumidades e algumas ja se sentem lesadas. Nas redes sociais ja se alega que o encerramento do Cristal foi uma provocação da Maria Rita Freitas à Frelimo. Que a frel nao gostou….quem diz frel diz os graúdos do lobby e da burocracia que pensam que mandam neste país. É muito provável que o INAE comece agora a receber ordens para não meter os dedos aqui e ali….e paulatinamente vamos assistir à sua perda de relevancia. Em Moçambique é assim. As instituições são combatidas por quem tem como missão defende-las.
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