sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Mondlane e a opçao pela guerra

Não se vê bem. Foi me enviado por um amigo, o historiador Eusébio A. P. Gwembe. Este artigo, em que Eduardo Mondlane admite que a independência poderá ter de ser alcançada por meios violentos, não confirma afirmações de Joao Cabrita, segundo as quais este nacionalista não contemplava a luta armada aquando da fundação da FRELIMO. O artigo é anterior à fundação da FRELIMO, pois podem se ver anotações de 21 de Junho de 1962.
Entre os documentos que Gwembe me enviou avultam referências a algumas organizações que se fundaram na África do Sul, para lutarem pela independência de Moçambique. Este historiador tem estado a fazer um trabalho meritório, de identificação de várias organizações que, na Rodésia, no Malawi, dentro do país e, neste caso, na África do Sul, surgiram entre finais da década de 50 e a fundação da FRELIMO em 1962, para lutarem contra o colonialismo. Pelo que saiba, algumas dessas organizações e personalidades surgem pela primeira vez, através do labor académico deste estudioso moçambicano.
Avante, amigo.
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Comentários
Agostinho Augusto
Agostinho Augusto Fonte? Pide DGS? What else?
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Este é um jornal sul-africano. As anotações são da PIDE, sim. Mas a fonte é de um jornal
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Artigo do jornal Star, da África do Sul
Agostinho Augusto
Agostinho Augusto Vou imprimir.
Joao Cabrita
Joao Cabrita Reparei que na notícia, Mondlane é citado a dizer, no parágrafo 5, "Lamento, mas devemos estar preparados para uma luta violenta – mas será uma violência iniciada pelos portugueses, não pelos africanos."

(No original: “I am afraid, we must be prepared
 for a violent struggle – but it will be violence started by the Portuguese rather than the Africans.”)

Torna-se claro que a dias da fundação da Frelimo de Mondlane – a de Adelino Gwambe e Mmole já havia sido anunciada e disposta a iniciar a luta armada, algo que não coincidia com os planos do governo anfitrião na altura, que por isso declarou-o persona non grata – o futuro presidente da Frente de Libertação de Moçambique não esperava ser ele a iniciar a "luta violenta"; não especifica se necessariamente armada – nem ele, nem “os africanos” – mas os portugueses.

Mas convém acrescentar que Gabriel Muthisse divulgou a notícia sem inseri-la no devido contexto. Há tempos, na página de Eusébio A. P. Gwembe fez-se uma análise da opção pela luta armada – de Mondlane, dos tanzanianos e de outros nacionalistas moçambicanos. Disse na altura – e repito agora, uma vez que Gabriel Muthisse omitiu o pormenor – que em 1962, aquando da fundação da Frelimo, Mondlane não tinha a luta armada como prioridade. Os tanzanianos, como atrás referi, também não. E apresentei provas; Gabriel Muthisse escudou-se na retórica da «versão oficial». 

Entre outras, um “Memorando Confidencial” referente a um encontro entre Mondlane e funcionários do Departamento de Estado em Washington em Maio de 1961, na sequência da visita que acabara de efectuar a Moçambique. Nesse encontro, Mondlane pediu ao governo dos Estados Unidos que lhe arranjasse um emprego fora do sistema das Nações Unidas para poder levar a cabo actividades políticas em prol de Moçambique no período das férias. Acrescentei que estávamos na presença de um «revolucionário em regime de part-time» e que não fora por acaso que o 1° Congresso da Frelimo havia sido agendado para coincidir com o período de férias da Universidade de Siracusa.

Também referi que houve uma evolução na postura de Mondlane, desde os tempos de estudante em Lisboa e nos Estados Unidos, passando pelo período em que considerou trabalhar em Portugal, por sugestão de Adriano Moreira, e chegando até 1965 quando, juntamente com a Administração Johnson, discutiu os termos de uma proposta apresentada a Salazar nesse ano, na qual vem expressamente enunciado que a solução do problema colonial português não dependia do reconhecimento do direito dos povos colonizados à independência Para Mondlane, na altura, seria suficiente Salazar aceitar a integração de Moçambique e das demais colónias numa comunidade lusíada, o que, na visão de Mondlane, iria despoletar um processo irreversível que conduziria – inevitavelmente – à independência.

Os documentos a que recorri devem ainda estar disponíveis na página de Eusébio Gwembe.
Gosto · Responder · 7 · 24/11 às 21:25 · Editado
Linette Olofsson
Linette Olofsson Actividades políticas em tempo de férias. Em part-time
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse É evidente, Joao Cabrita, que todos os que se engajam em guerras tratam de colocar a culpa da eclosão da violência no adversário. Nunca ninguém diz: "o responsável pelo início da guerra fui eu"! Nenhuma pessoa sensata faz isso.

Aliás, a própria narrat
iva da FRELIMO (e, mesmo, do MPLA ou do PAIGC) referem insistentemente que a opção pela luta armada se devera à intransigência do regime colonial. Praticamente na mesma Senda do discurso de Mondlane já em 1962, antes da fundação da FRELIMO.

Neste mesmo artigo há uma referência que desmente uma das acusações deJoao Cabrita, segundo a qual Mondlane queria ser revolucionário em "part time". Essa passagem refere que Mondlane tinha um contrato com a Universidade de Syracusa. Ele pretendia cumprir esse contrato (por motivos óbvios, que têm a ver com palavra dada, com honra, com não deixar os estudantes plantados no meio do ano). Mas que, findo tal contrato, Mondlane pretendia dedicar-se à política a tempo inteiro. Cai pois por terra uma acusação de Cabrita de que Mondlane queria conduzir a luta pela independência nacional a partir de uma universidade americana. Esse era um arranjo transitório. E eu referi isso na discussão que tivemos.

Não é de crer que um Presidente e um país que consentiram na instalação de campos militares no seu território ( do ANC, da ZAPU, da FRELIMO...) já em 1962 estivessem contra a luta armada. Nyerere, o Tanganhika, a FRELIMO e Mondlane apostaram na luta armada desde antes mesmo da fundação da FRELIMO. O envio de jovens para treinos militares atesta isso. É óbvio que eles não andariam a proclamar isso irresponsavelmente antes do tempo. É essa prudência de estadistas que justifica o discurso cauteloso de Mondlane sobre este assunto.

Sempre insisti com Cabrita para não se ater somente nos dados da CIA ou dos americanos. Sempre insisti que existiam outros dados que os historiadores pacientes devem procurar. Este é um deles. Outros deverão ser procurados nos arquivos da Tanzânia, do Gana, do Egipto, da Argélia, de Israel, da União Soviética, da RP China... Cabrita só traz dados extraídos dos arquivos da CIA.
Gosto · Responder · 1 · 24/11 às 20:42 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe Joao Cabrita, Mondlane era muıto ıntelıgente e evıtava fazer declaracoes que o pudessem comprometer. Penso que sabe que num desses encontros com um representante do governo amerıcano o referıdo representante chegou a incıtar Mondlane a optar pela via armada. Soube, recentemente, que aquando da vısıta a Moçambıque em 1961, Mondlane promoveu duas reunıoes nocturnas e clandestınas em que tambem se falou da opçao armada. Os homens que ıam as referıdas reunıoes o fazıam vestıdos a mulheres para nao serem detectados. Com o tempo podereı rever toda a conversa que foı transcrıta e a opcao armada estava em cıma da mesa
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Mondlane poderá ter aceite negociar um caminho que pudesse conduzir à independência, de forma evolutiva. Isso não contraria a aposta na luta armada. É apenas a convicção de que os caminhos para a independência são vários. O objectivo da FRELIMO e de Mondlane não era fazer a guerra. Era o de conquistar a independência. Se esse objectivo pudesse ser alcançado por modelos similares àqueles que haviam levado às independências das antigas colónias inglesas, porque Mondlane e a FRELIMO não considerariam essas opções?! Agora, apresentar esse espírito negocial como representando dúvida sobre a pertinência da luta armada!!!!!
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Eusebio Eusébio A. P. Gwembe, esse dado que traz aqui coincide com as minhas insistências, nas discussões com Joao Cabrita, de que se teriam realizado reuniões clandestinas em Ricatla, em que líderes religiosos foram indicados a dedo para participarem. Aqueles em que se suspeitasse uma certa ligação com a PIDE não foram convidados.

Nesses encontros, Mondlane teria falado da inevitabilidade da guerra. Grande parte dos Pastores, se não todos, declararam a sua concordância com a independência. Mas reprovaram a opção pela luta armada, apontada por Mondlane como possível opção
Gosto · Responder · 1 · 24/11 às 21:33 · Editado
Joao Cabrita
Joao Cabrita De novo, Gabriel Muthisse a descontextualizar. O memorando confidencial que citei é de Maio de 1961 e nessa altura Mondlane não tinha qualquer contrato de trabalho com a Universidade de Siracusa. Trabalhava então para o Departamento de Fideicomissos das Nações Unidas. Portanto, o artigo é extemporâneo e não desmente nada do que afirmei. (ver anexo da parte pertinente do memorando)

Os documentos e outros que citei não são da CIA, Gabriel Muthisse, mas do Departamento de Estado. São documentos em que Mondlane é parte interveniente e fala na primeira pessoa. Não podemos ignorá-los.

Quem desmente a afirmação de Gabriel Muthisse, de que os tanzanianos apostavam na guerra em 1961 é o documento reproduzido no livro Lopes Tembe Ndelana, e que citei na página de Eusébio A. P. Gwembe.

Eusebio Gwembe, seria salutar que divulgasse os documentos que acaba de citar, para compará-los com o relatório que Mondlane apresentou ao governo americano depois da visita a Moçambique em 1961. Como deve esta recordado, esse relatório não fala em luta armada, e as reuniões clandestinas em Ricalta a que Gabriel Muthisse fez referência na sua página - e evoca aqui de novo - também não.
Gosto · Responder · 2 · 24/11 às 21:19 · Editado
Eusébio A. P. Gwembe
Eusébio A. P. Gwembe Vou ver se localızo, Joao Cabrita. Porem, nem tudo o que tenho sobre a Frelımo tenho como provar com documentos porque algumas coısas resultam de apanhados daqueles documentos cuja leıtura deve ser presencıal, como deve saber nem todos os documentos tem acesso lıvre nos Arquıvos,
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Joao Cabrita afirmou, na discussão a que se refere na página de facebook de Eusébio A. P. Gwembe, que após a fundação de FRELIMO, Mondlane pretendeu continuar a ser um revolucionário em part time. Nesse debate eu exoliquei-lhe que esse era um arranjo transitório. Tanto é que deixou pessoas que ele julgava de confiança para que ficassem a controlar a FRELIMO na sua ausência.

Joao Cabrita insiste no termo "relatório", quase a sugerir uma relação de subordinação de Mondlane para com funcionários americanos. Nada disso ocorreu. Mondlane falou com aqueles indivíduos de igual para igual. Um deles, inclusivamente, teria concluído que Mondlane para além de ser muito inteligente, era um homem com uma personalidade muito forte. Concluiu, esse funcionário americano, que seria um erro presumir que se pudesse CONTROLAR aquele nacionalista. E que, mais do que no espírito de controla-lo, qualquer apoio a conceder-lhe deveria ser na base de que havia que confiar nele. Portanto, Mondlane nao foi apresentar qualquer relatório no sentido em que possa ser entendido das declarações de Cabrita.

Ademais, porque Cabrita assume que, naquele nível de discussões, ainda muito incipiente, Mondlane deveria desatar a falar de luta armada? Mondlane era um diplomata fino, treinado a dizer aquilo que ele presumia que os seus interlocutores queriam ouvir. Falar de luta armada, de revolução, com americanos, naquele estágio, poderia ser considerado sensato?
Joao Cabrita
Joao Cabrita Nunca sugeri, nem insinuei que Mondlane se subordinasse aos americanos. Gabriel Muthisse deve estar a fazer confusão com os amigos cubanos que lançaram um virulento ataque a Mondlane através da comunicação social do regime, estabelecendo uma relação desse tipo entre o presidente da Frelimo e os Estados Unidos. 

Mas não deixa de ter o seu quê de irónico, o facto de Gabriel Muthisse pretender apresentar como algo de normal as relações que um político estabelece e desenvolve com países estrangeiros, incluindo potências mundiais. Postura idêntica não tem nem Gabriel Muthisse, nem o regime a que pertence, no que se refere às relações que membros da oposição moçambicana estabeleceram com o estrangeiro: muitos deles terminaram num «centro de recuperação ideológica» precisamente por isso.
Gosto · Responder · 2 · 24/11 às 21:43 · Editado
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Elabore melhor, para vermos as semelhanças entre o que esses líderes oposicionistas a que se refere fizeram e o que Mondlane terá feito. Traz exemplos, Joao Cabrita.
Joao Cabrita
Joao Cabrita Não está em causa o que este ou aquele líder fez ou deixou de fazer, nem tão pouco são necessários termos de comparação para provar o axioma: houve figuras da oposição moçambicana que pagaram um alto preço por terem feito precisamente aquilo que Mondlane fez no passado.
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Desconheço completamente esses factos, Joao Cabrita. A quem se refere concretamente? A que potências internacionais terão contactado esses líderes oposicionistas a que se refere?

Não se esqueça de que me acusou, há alguns minutos, de eu apoiar, ou ter apoiado o envio de tais indivíduos a "centros de recuperação". Creio que deveria dizer quem são esses oposicionistas e que potências internacionais contactaram
Joao Cabrita
Joao Cabrita Gabriel Muthisse, não conte comigo para ir por esse caminho – não o acusei de ter enviado seja quem for para centros de recuperação.

Mas a concluir, e a propósito de insinuações e sugestões sobre Mondlane, afigura-se oportuno referir, Gabriel Muthisse
, que em entrevista a Salomao Moyana (Savava, 26.1.2001), afirmei: 

“Devo dizer que continuo a considerar o Dr. Eduardo Mondlane como a pessoa que faltou a Moçambique em 1975, pois não creio que mercê da sua formação cristã e da sua intimidade com a cultura democrática, ele viesse a impor a Moçambique um sistema que fosse a negação desses mesmos valores.”

Gabriel Muthisse, que tanto se tem evidenciado como profundo admirador de Mondlane, certamente concordará comigo, pelo menos neste aspecto.
Gosto · Responder · 1 · 24/11 às 22:24 · Editado
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Sim, sou admirador de Mondlane. Talvez o líder moçambicano que mais admiro. Mas, Joao Cabrita, não creio muito em "Se", em história.

Mondlane, quando morre em 1969, já aceitava que o Marxismo Leninismo poderia ser um modelo de pensamento susceptível d
e enformar o pensamento político e a práxis da FRELIMO e do Moçambique independente. Não sabemos se disse aquilo por convicção, se o disse para continuar influente numa organização em que o pensamento marxista estava cada vez mais presente, ou se o disse para estar em sintonia com os maiores apoiantes do movimento emancipalista. O facto é que deu uma entrevista com esse teor ao jornalista Aquino de Bragança.

Que implicações teria esse posicionamento de Mondlane no Moçambique independente? Quem sabe...!!!
Joao Cabrita
Joao Cabrita Poranto, não crendo muito em "Se", Gabriel Muthisse está a querer dizer que com Mondlane vivo em 1975 teríamos a mesma perseguição religiosa, o desterro, a violação de direitos elementares, a reeducação, que nada tem de marxismo que Mondlane terá abraçado, e tantas outras coisas.
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Não sei como nasceria esse novo país em 1975, Joao Cabrita. O nascimento de uma nação é quase sempre traumático, com muitas tensões por apaziguar. Tensões com a minoria branca. Tensões com os colaboracionistas dos portugueses que perdiam benesses e estatuto. Tensões com desertores que, com a independência, também tinham o direito de regressar. Tensões dentro do movimento de libertação. Tensões resultantes de mudança de estilo de vida (os combatentes, tanto os guerrilheiros, como os "políticos" viviam em acampamento, tinham uma vida coletiva. Com a independência cada um vai a sua casa. Alguns com melhor vida que outros. Isso causa tensões). Tensões entre católicos e protestantes. Tensões entre cristãos e muçulmanos... Como Mondlane lidaria com essas tensões todas. Era preciso ter um oráculo para sabe-lo...
Joao Cabrita
Joao Cabrita Apraz-me registar que Janet Mondlane não precisou de oráculos. Ela acredita que com Eduardo Mondlane as coisas seriam diferentes em 1975. Cito de um texto dela em inglês:

“I think there are decisions that were taken after independence with which he wo
uld not have agreed, many of them allied to the violation of the idea of the right to individual freedom. (…) But there is one idea that would not have been violated: that ideology is not more important than people.

[“Creio que há decisões que foram tomadas depois da independência com as quais ele não teria concordado, muitas delas relacionadas com a violação da ideia do direito à liberdade individual. (...) Mas há uma ideia que não teria sido violada: a de que a ideologia não é mais importante do que as pessoas.”]
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Bom, essa é a ideia dela. Todas as esposas dos líderes gostam de idealizar e romantizar o que elas acham que is maridos, ja mortos teriam feito se ainda fossem vivos. Já ouvi a Mamã Graça quase a dizer que, se Samora ainda estivesse vivo, não teríamoscorrupção nem crimes. Ou seja, teríamos optado pelo capitalismo, teríamos eliminado os GVP's, os Chefes de Quarteirão e das 10 famílias, teríamos eliminado as chambocadas e os fuzilamentos e, com todas essas alterações, a corrupção e a criminalidade fixar-se-iam nos níveis do tempo de Samora!!!! Vê quais são os riscos da idealização e da romantização, caro Joao Cabrita?
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Vê a importância de considerar outras fontes, amigoJoao Cabrita? As do Departamento de Estado são relevantes, sem dúvida. Mas não representam a totalidade do pensamento de Mondlane na época. Insisto, para além destas declarações, estava em curso a selecção de jovens para formação militar em vários países. E isso indicia preparação para a guerra
Teo Nhangumele
Teo Nhangumele Well done Gaby. .. não gosto de desvirtuadores da heroicidade dos nossos libertadores.
Joao Cabrita
Joao Cabrita Bom dia Eusébio A. P. Gwembe. O seu documento deixou Gabriel Muthisse excitadíssimo – e fez com que Teo corresse a felicitar Gaby, com a doentia retórica à mistura.

Presumo que ainda tenha presente a questão debatida na sua página, Eusébio Gwembe, e q
ue Gabriel Muthisse decidiu transferir para este local da forma descontextualizada já referida: a posição assumida por Mondlane imediatamente antes e depois da fundação da Frelimo, à luz da postura de outros nacionalistas moçambicanos – a da guerra imediata, e que por isso até foram hostilizados pelos tanzanianos – , e as acções militares em Moçambique antes de 25 de Setembro de 1964.

A notícia do Die Vaderland até reforça o que tenho vindo a afirmar: Mondlane fala da hipótese de uma guerra, não em 1962, mas 2 anos mais tarde.
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Pois, Joao Cabrita!!! Daqui a dois anos. Porque a guerra prepara-se. É preciso mobilizar jovens. É preciso treinar homens. É preciso arranjar dinheiro. É preciso arranjar armas. É preciso mobilizar a população. É preciso... Ou achava que Mondlane ia encetar acções aventureiristas, pegando catanas e chacinando populações brancas por aí, como a UPA terá feito em Angola?!?!

Se reconhece que Mondlane e a FRELIMO estavam dispostos a fazer a guerra dois anos depois, então já estamos juntos. Não era isso que Cabrita aceitava antes
Gosto · Responder · 1 · 25/11 às 9:25 · Editado
Joao Cabrita
Joao Cabrita Engana-se, Gabriel Muthisse: não estamos juntos. A sua leitura e interpretação da história, em particular a da formação política a que pertence, é a de um comissário político, sujeito ao pensamento comum (ou retórica, caso se sinta envergonhando com esse princípio superiormente traçado).
Joao Cabrita
Joao Cabrita Sim, a guerra prepara-se, mas o primeiro grupo militar regressado da Argélia andava aos papéis em Kongwa, levando vários guerrilheiros a abandonar as fileiras da Frelimo, por falta de uma decisão quanto ao início da guerra. Essa inactividade, entre outros factores, terá estado por detrás da afirmação de Noureddine Djoudi, embaixador argelino em Dar es Salam e representante da Argélia junto do Comité de Libertação da OUA, de que Mondlane era um "fantoche americano, sem militância e incapaz de dirigir um movimento revolucionário". (Telegrama Confidencial expedido pela Embaixada dos Estados Unidos em Dar es Salam a 15 de Outubro de 1964)
Gosto · Responder · 1 · 25/11 às 11:51 · Editado
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Então, para Joao Cabrita, regressado dos treinos na Argélia, esse grupo deveria ser enviado, sem mais delongas para o interior e comecar a atacar quarteis, vilas e cidades?
Cabrita lembra-se de que alguns desses guerrilheiros, como é o caso de José Cov
ane, foram enviados para o interior para: (i) criar redes clandestinas de apoio; (ii) mobilizar mais jovens e outros actos preparatórios para uma guerra responsável (diferente de actos de terror e massacres)

Cabrita talvez não saiba, mas a grande maioria dos membros do primeiro grupo que foi treinado na Argélia, era constituído por imigrantes moçambicanos na Tanzânia. Tratava-se de pessoas que tinham famílias e proviam pela sua subsistência. Ao dar-se conta de que não haveria salários, a esmagadora maioria desses militantes desertou a regressou às suas actividades anteriores. Não teve nada a ver com demora no início da guerra. Se esse fosse o caso, os outros grupos treinados em muitos outros locais teriam também desertado.

Com efeito, nenhum grupo regressou do exterior e foi imediatamente enviado para dentro do país. Após o regresso, esses grupos ficaram vários meses a uniformizar procedimentos, a aprimorar a consciência política da luta...

Se persistir em qualificar minhas ideias neste debate, eu também vou começar a qualificar sua fixação com Mondlane. Creia-me, também sei fazer isso, amigo Cabrita. Vamos todos partir do princípio de que o nosso debate é feito por pessoas que amam Moçambique. Cada um à sua maneira. As ideias de cada um de nós aqui reflectem percepções pessoais. Ninguém é fanático aqui. Nem eu, nem Cabrita.
Jose Luis Barbosa Pereira
Jose Luis Barbosa Pereira Interessante debate...
Andre Murripa
Andre Murripa Este debate está ao rubro e recomenda-se. E com muita elevação, o que é saudável. Mas permitam-me mais uma acha na fogueira. Porquê é que Amílcar Cabral, que também não proclamou as independências, mas é considerado o Pai das nacionalidades guineense e caboverdiana e Mondlane não é? Será que para a Frelimo era preciso que ele proclamasse a independencia e fosse investido 1º Chefe do Estado para sê-lo? À medida que se vai descobrindo o trabalho que foi necessário nos primeiros anos para sermos o país que somos hoje, fica-se claramente reconhecido do papel de Mondlane e indignado pelo tratamento quase á margem que o Estado lhe dispensa. Apenas conhecido como o Arquitecto da Unidade Nacional, sem qualquer estatuto de Estado. Este assunto dá pano para mangas... não acham?
Joao Cabrita
Joao Cabrita Gwambe e os Tanzanianos – uma das razões do adiamento da guerra

A Udenamo de Adelino Gwambe estabeleceu-se em Dar es Salam em Abril de 1961. Em Janeiro desse ano, havia sido criada a MANU, resultante da fusão de associações de moçambicanos da etnia ma
konde residentes em Dar es Salam, Zanzibar e Mombaça. 

Gwambe goza de apoios de Kwame Nkrumah, granjeados por intermédio de nacionalistas zimbabweanos. Defende a luta armada para a conquista da independência. O Gana de Nkrumah dispõe-se a apoiá-lo.

A MANU sofre a influência da TANU de Julius Nyerere. Mondlane, em encontro com entidades da Administração Kennedy, considera a MANU de “grupo artificialmente estimulado pelos tanzanianos”, e teme que “Cabo Delgado e Niassa possam separar-se de Moçambique e integrar a Tanzânia”. Para Mondlane, o líder da Udenamo é uma “figura de segundo plano”. (“Memorandum of Conversation”. Participantes: entidades do Departamento de Estado e Eduardo Mondlane, Washington, 8 de Fevereiro de 1962)

Pouco tempo após ter-se estabelecido em Dar es Salam, Gwambe depara com a hostilidade dos tanzanianos. A postura da MANU em relação a Gwambe reflecte a posição tanzaniana. Um documento da MANU, assinado por Mateus Mmole, com a data de 11 de Novembro de 1961, ajuda a entender a verdadeira razão do adiamento da luta armada pela independência de Moçambique: 

“O Sr. Gwambe deve comprender de forma clara que “uhuru” não é guerra. Isto, por que:

1. As pessoas que exigem a independência não estão a exigir a guerra. Em suma, o significado de independência é quando as pessoas governam-se a si próprias. Pensem desta forma: “como é que as pessoas podem ser independentes se estiveram mortas?” A MANU exige a independência, e não MORTES. 

2. De recordar que o PAFMECA* é a África unida a exigir a independência. Todavia, não exige, nem pede, armamento para levar a cabo a guerra em nome da independência. A independência exige-se oralmente. (...)

3. Seria o oposto se o Ilustre Kwame Nkrumah fornecesse armas de guerra que iriam destruir o Estado de Moçambique. O Gana é membro do PAFMECA. O PAFMECA não é uma união destinada a incentivar a guerra. O que Gwambe diz são apenas palavras. Se Gwambe não é capaz de exigir a independência pacificamente, deve regressar a Moçambique.

4. Até hoje, não consigo ver porque é que Gwambe deve permanecer aqui, no Tanganyika, para que tenha a oportunidade de planear a destruição de África. Na minha perspectiva pessoal, e na dos quadros da MANU, o Tanganyika não deve acolher pessoas empenhadas em orquestrar guerras contra Moçambique. Outrossim, o Tanganyika não é um centro de planeamento de guerra contra os portugueses, e de criação de divisões na unidade africana.”

(Trechos do documento da MANU extraídos do livro de Lopes Tembe Ndelana, «Da UDENAMO à FRELIMO e a diplomacia moçambicana», pp. 192-194)

* PAFMECA - Pan-African Freedom Movement for East and Central Africa
Gosto · Responder · 3 · 25/11 às 21:08 · Editado
Chande Puna
Chande Puna Interessante.....
Antonio Chambal
Antonio Chambal E nós os outros vamos aprendendo e deste debate tirar as devidas ilações para enriquecer os conhecimentos e estar apto para debater. Vale a pena acompanhar, recomenda - se
Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse O último comentário de Joao Cabrita refere-se à MANU e seus líderes. Não tem nada a ver com a FRELIMO e com Mondlane.

As fontes devem ser cruzadas. Historiador que não faça isso, perde-se. A Tanzânia era o santuário de quase todos os movimentos de lib
ertação africanos. Quando o ANC se decide pela luta armada e é forçado a ir à clandestinidade, os seus militantes, aqueles com mais disponibilidade para o combate armado, sao orientados a irem para a Tanzânia. Lá estabelecem, entre 1961 e 1962, campos militares em Kongwa. Cabrita teria de explicar como é que a Tanzânia autoriza campos militares no seu território, quando não contempla a luta armada.

O MPLA começa a luta armada em 1961. Quando é expulso de Congo Kinshasa, após se fixar naquele país vindo da Guiné Conacri, para além de Congo Brazzaville, é na Tanzânia que estabelece os seus campos militares. Também em Kongwa.

A ZAPU e outros idem. Portanto, não se deve dar valor absoluto às tiradas da MANU e dos seus líderes.

Ademais, a Tanzânia devia gerir a sua própria situação interna, muito delicada. O exército Tanzaniano, na sua configuração actual, é organizado após a tentativa de golpe de estado, ocorrida creio que em 1963. Antes disso, praticamente não tinha exército. Seria, pois, irresponsabilidade andar a apregoar que, do seu território, se iriam fazer guerras contra territórios vizinhos, quando não tinha como se defender.

Ter esses dados todos é importante porque ajuda a entender o contexto e, também, a prudência com que este assunto da luta armada era tratado por todos os intervenientes (governo Tanzaniano, FRELIMO, ANC, MPLA, ZAPU e outros).
Joao Cabrita
Joao Cabrita O documento da MANU tem, de facto, muito a ver com a história da Frelimo – e com Mondlane também.

O documento vai ao encontro da narrativa de Fanuel Malhuza, vice-presidente da Udenamo, sobre as vicissitudes por que passou Adelino Gwambe a partir do m
omento em que se radicou no então Tanganyika. A mesma hostilidade por parte da MANU, tal como descrita no documento, partiu das autoridades tanzanianas, sendo evidente a coincidência de pontos de vista. E há uma explicação para isso.

Não era recente a relação íntima entre makondes moçambicanos residentes no Tanganyika, Quénia e Zanzibar. Ambos estavam integrados na MAA (Makonde African Association), havendo moçambicanos dessa etnia com participação em actividade política, sindical e outras. O presidente da associação de funcionários públicos (Tanganyika Territory African Civil Service Association) era um makonde originário de Moçambique. Rashidi Kawawa, futuro secretário-geral da TANU, também. O presidente e vice-presidente da MANU haviam nascido na Tanzânia. A semelhança dos nomes das formações políticas é por demais óbvia: TANU, KANU e MANU, acrónimos estes expressos em língua inglesa.

É errado pretender analisar esta realidade à luz de conceitos como ˝Moçambique do Rovuma ao Maputo˝ e do ˝abaixo o regionalismo˝. Errado e também perigoso por descurar a situação no terreno. Não se pode, por um lado, reconhecer que o colonialismo europeu traçou fronteiras a seu bel-prazer, dividindo e até destruindo sociedades e poderes existentes, e por outro recorrer à retórica do ˝anti-regionalismo˝ e da ˝matança da tribo˝ como pretexto para corrigir um erro com um segundo erro. 

Isto, para dizer que qualquer movimento com projectos de independência, como a Udenamo, tinha de tomar em linha de conta a realidade atrás descrita. O embate sofrido por Adelino Gwambe na Tanzânia não foi apenas ao nível das ˝bases˝. Foi também a nível da cúpula. Adelino Gwambe era um revolucionário com ideias avançadas demais para a visão que Nyerere tinha, então, das coisas. Além disso, vinha amparado por uma corrente política – o pan-africanismo de Kwame Nkrumah – que também não se ajustava à maneira de ser de Nyerere.

Mahluza deu importância à grande rivalidade entre Nyerere e Nkrumah. Eram como líderes diametralmente opostos em termos ideológicos, políticos e estratégicos. Nkrumah um anti-imperialista, Nyerere dependente de países ocidentais, incluindo o Reino Unido: foram comandos da Marinha de Guerra britânica que salvaram o regime da TANU face à tentativa de golpe militar em Janeiro de 1964. O Pan-Africanismo defendido por Nkrumah chocava com o papel que Nyerere reservara para si a nível regional. Certamente que o pan-africanismo não previa apoios a guerras secessionistas: Nyerere viria a apoiar materialmente os separatistas do Biafra.

A rivalidade Nyerere-Nkrumah, segundo Malhuza, foi um dos factores determinantes da hostilidade dos tanzanianos para com Adelino Gwambe. As ameaças veladas enunciadas no documento da MANU, já se manifestavam e continuaram a manifestar-se:

- suspensão do fornecimento de ajuda alimentar e outra à Udenamo 

- a não emissão de documentos de viagem, impedindo que dirigentes da Udenamo participassem na «African Freedom Fighters Conference» em Acra, a convite do governo do Gana. Os documentos de viagem viriam a ser emitidos pela representação diplomática do Gana em Dar es Salam.

- Adelino Gwambe foi tido como persona non grata por, em conferência de imprensa em Dezembro de 1961, ter afirmado que haviam sido feitos preparativos para o início da luta armada. Os apoios para a luta armada haviam sido prometidos pelo Gana e outros sectores contactados por intermédio desse país.

- as pressões sobre Adelino Gwambe prosseguiram depois, agora com Mondlane e o governo tanzaniano a agir em conjunto. Refere um Telegrama Confidencial expedido pela Embaixada dos Estados Unidos em Dar es Salam a 29 de Junho de 1962, que Mondlane havia abordado o Encarregado de Negócios americano para que este informasse o Subsecretário de Estado para os Assuntos Africanos, Wayne Fredericks de que ˝necessitava desesperadamente de fundos para consolidar a independência da Frelimo em relação ao Gana e aos países do bloco comunista˝ que apoiavam Adelino Gwambe.

Embora seja válido o argumento de que não era aconselhável Nyerere fazer alarde de uma suposta intenção em apoiar a luta armada em Moçambique, os ânimos de Adelino Gwambe teriam obrigatoriamente de ser refreados de outra forma, o que não aconteceu. E as razões foram outras.

A importância estratégica da Tanzânia no contexto da luta armada ditou a necessidade de uma fusão entre a Udenamo e a MANU. Para todos os efeitos, um casamento forçado, de conveniência até, consumado em Maio de 1962, e que não teve qualquer relação com o episódio ˝arquitecto da unidade nacional˝ tal como narrado na versão oficial da história. O casamento em segundas núpcias a 25 de Junho desse ano, volta a demonstrar a falácia do mesmo episódio, pois em vez da unidade, provocou a divisão, o que nos conduz ao tema debatido na página de Eusébio A. P. Gwembe sobre a ocorrência de acções militares antes do mítico «1° Tiro».

O que foi defendido nessa página é explícito e desmente a atoarda de que a Tanzânia ˝não contempla(va) a luta armada˝, quer em Moçambique, quer em qualquer outra parte, ou que Mondlane era contra a independência ou que nunca havia optado pela luta armada. 

O que estava em análise na página de Eusébio Gwembe era uma situação concreta: o período imediatamente anterior e posterior à fundação da Frelimo. Os factos apresentados provam de forma substancial que houve restrições dos tanzanianos, e uma contradição clara entre Mondlane e Gwambe quanto à questão da luta armada – bastaria referir que lutas deste tipo não se conduzem a partir de universidades bem distantes da linha da frente ou em período de férias; nem a opção pela guerra justifica enxovalhos e pressões. 

O próprio Mondlane ilustrou, anos mais tarde, as restrições dos tanzanianos. Em encontro na Embaixada dos Estados Unidos em Dar es Salam, posteriormente ao início da luta armada («Confidential Telegram», 19 de Outubro de 1964), Mondlane criticou o governo da Tanzânia por ter proibido uma conferência de imprensa que a Frelimo havia agendado para anunciar o evento histórico. Na opinião de Mondlane, segundo o Telegrama Confidencial:

“As restrições do governo tanzaniano sugerem que Nyerere ainda tem esperança de que os portugueses venham a negociar um acordo antes que a guerra alastre”.

Obviamente por essa razão, as autoridades tanzanianas não entregaram à Frelimo em Setembro de 1964, o armamento que lhe havia sido concedido pelo Comité de Libertação da OUA. Coube aos tanzanianos decidir o tipo e calibre de armas, entregues à Frelimo – no momento da travessia do Rovuma.

É contraproducente debater temas como o presente com alguém que não prima pela coerência, que manifestamente aposta na deturpação da realidade e na manipulação dos factos, sempre que a versão oficial de uma história mal contada é posta em causa; alguém que se pauta pela ambiguidade: um dia afirma ser “admirador de Mondlane”, para logo a seguir dizer que nutre “imensa” admiração por Fidel Castro, mesmo sabendo que o líder cubano esteve por detrás de vilipendiosa e visceral campanha de difamação a nível internacional contra quem considera ser “talvez o líder moçambicano que mais admir(a)”.
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Gabriel Muthisse
Gabriel Muthisse Aqui a única pessoa com uma visão tendenciosa da historia éJoao Cabrita. Pretende conta-la apenas na base de telegramas parcelares da CIA ou do Departamento de Estado dos USA. Desconhece que os dados históricos devem ser lidos cruzando-os sistematicamente com outros.

O único que mostra graves défices de coerência aqui é Cabrita. Basta ler o que ele diz aqui e o que ele disse na página de Eusébio A. P. Gwembe. Cabrita foi forçado, pelos factos, a alterar, embora timidamente, algumas certezas que tinha sobre Mondlane, sobre a FRELIMO e sobre a luta armada.

Admirar Fidel e admirar Mondlane não demonstra nenhuma incoerência. Mesmo na minha vida pessoal tenho amigos que, entre eles, não se dão. Eu não careço de comprar os inimigos ou adversários dos meus amigos.

A tese de Cabrita, segundo a qual já que admiro Fidel deveria abominar Mondlane indicia gente de espírito fraco. Para quem se um meu amigo deixa de falar com outra pessoa, eles também deixam. Eu não sou assim. Admiro Fidel e admiro Mondlane. E, tudo o que eu já disse nas discussões com Cabrita, em várias plataformas, mostra esta minha admiração por Mondlane. Isso se chama coerência.
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Joao Cabrita
Joao Cabrita Gabriel Muthisse, eu, e estou certo, os demais membros da sua página, gostaria de ver exemplos de como fui forçado a alterar o que disse na página de Eusébio A. P. Gwembe, timidamente ou não. Quanto ao resto, já disse o que tinha dizer.

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