domingo, 2 de outubro de 2016

Um discurso histórico!


Ontem o presidente da Frelimo que calha ser o da República, leu um discurso que, como é natural, rapidamente tornou-se não só virado para dentro do partido no poder, mas para todos nós na nossa condição de donos deste país, os cidadãos, sem excepção.
Sentiu-se ter saído de quem não quer mentir para todo um povo ao apontar os caminhos para o país sair da situação económica em que se encontra.Na verdade, trabalho de todos nós, a produção nacional e deixar de nos enganar que só podemos viver quando os outros o quiserem com os seus produtos e moedas que se comportam quando e como quiserem.
A disciplina que o presidente da Frelimo exige aos seus partidários, associada à coesão, parece estender-se a toda a vida real de quem pretende viver organizado e focado para atingir as suas próprias metas, o seu próprio bem-estar.
A paz, na opinião de quem devia custar até os valores mais nobres do povo moçambicano, simplesmente porque há quem assim o entenda, foi tema esperado não só pelos membros da Frelimo, mas sim, por todos nós. O presidente disse, sem enganar, que na verdade ela não se pode conseguir a qualquer preço, sob o risco de trocá-la com a nossa própria Independência Nacional, a autodeterminação e, no fim, a própria soberania de um povo.
O presidente da Frelimo apontou-nos onde encontrar a tarifa da Paz- a Constituição da República. Lá onde moram as regras não antes contraditas por quem quer que seja, lá onde está dito como se faz para mudar os procedimentos colectivos da nossa convivência político-social.
Pode doer ouvir, mas na verdade, no dia em que as regras forem mudadas conforme os apetites de um condomínio, grupo de amigos, uma família, um partido em desvantagem no marcador, estaremos a banalizar o nosso Estado e teremos que dar garantias a todos os grupos que quando chegar a sua vez terão a mesma aceitação.
 Aqui fica a pergunta: estaremos em condições de atender os diferentes apetites ou temos que ser sérios no cumprimento de como decidimos que fosse?
Ontem ouvimos mais isto: na Frelimo não deve haver temores quanto à transição, visto que a Lei da natureza não se vai negociar nem haverá diálogo para contrariá-la. Vem ai jovens que têm a obrigação de com base no que os mais velhos deixarem como legado melhorar o nosso desempenho no concerto das nações. Não deve haver resistência!
A seguir comentamos num círculo de colegas: as palavras saíram duma boca que não deve, por isso não teme; as palavras vieram de quem não nos quer distrair com doces chocolates, elas são cruas como a nossa realidade. No fim propusemo-nos: é um discurso histórico!
Um discurso que nos outros tempos valia uma brochura, ainda que feita com dificuldades de impressão offset, quando quem mandava eram os Linotipistas e em papel de Caqui saiam os livrinhos com as palavras de ordem que assinalavam os momentos mais marcantes na Frelimo ou mesmo no Estado moçambicano.
Propusemo-nos a isso, agora que tudo é feito andando, mas não conseguimos o discurso, mesmo usando a nossa qualidade profissional. Decidimos cada um ir escrever o que ouviu e como ouviu. Usamos a escadaria burocrática do partido e paramos ofegantes à entrada donde tínhamos sido convidados a sair.
É também por aqui que é preciso limar. Enquanto os outros distribuem as suas ideias em correio electrónico, entre a maioria ainda se pode ficar sem o discurso do tamanho do nosso título até ao fecho de um jornal. Boa noite!
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com

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