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Ministério da Economia e Finanças desorientado TEMA DA SEMANA 2 Savana 02-09-2016
“
O Ministério da confusão”: é
o predicado que a publicação
britânica Africa Confidencial
(AC) elege para descrever o
pelouro dirigido por Adriano Maleiane,
aludindo à forma como a
instituição tem gerido a questão
das chamadas dívidas escondidas,
contraídas pelo anterior governo
moçambicano, entre 2013 e 2014,
e que somam cerca de 2,4 biliões de
dólares.
No artigo sobre Moçambique, divulgado
na última edição, o AC,
especializado em assuntos africanos,
diz que os quadros do Ministério da
Economia e Finanças estão completamente
sitiados pelo desnorte do
desconhecimento sobre “quem contraiu
que dívidas” dos empréstimos
escondidos dos moçambicanos.
“Alguns vêem o Ministério da Economia
e Finanças como massivamente
incompetente, enquanto outros
dizem que o Ministério não está
simplesmente na posse dos factos
que fazem parte da sua jurisdição”,
diz a análise, que cita fontes que
acompanham o escândalo das dívidas.
Independentemente da teoria que
prevalecer, considera o AC, a área
económica e financeira do Estado
moçambicano precisa de novos rostos,
para restaurar a cooperação com
o Fundo Monetário Internacional
(FMI) e os doadores. Por outro lado, o AC conjectura já a
hipótese da não renovação do mandato
do governador do Banco de
Moçambique, Ernesto Gove, assinalando
que durante o seu mandato,
a instituição manipulou excessivamente
a taxa de câmbio e construiu a
extravagantemente sumptuosa nova
sede do banco.
“Gove foi visto recentemente a
divertir-se à grande, de férias em
Miami, Estados Unidos da América,
em fotografias publicadas pelos seus
filhos”, lembra o AC.
O contraste entre esse luxo e a penúria
que afecta a maioria da população
moçambicana é fortíssimo e
o escândalo intensificou-se porque
tais férias são improváveis dentro
dos limites impostos pelo Banco de
Moçambique nos levantamentos de
apenas mil dólares mensais.
“A escassez de dólares é tão severa
que alguns bancos não podem sequer
emprestar esse dinheiro. Gove
tem os dias contados, foi-nos relatado”,
refere o AC.
Sem especificar as razões e citando
fontes da Frelimo, a publicação
diz que Filipe Nyusi não morre de
amores por Ernesto Gove e o “caso
Miami” pode ter dado argumentos
ao chefe de Estado para tirar o tapete
ao governador do Banco de Mo-
çambique.
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Gove está já fora do mandato, restando
saber se lhe será confiado mais
um termo à frente da instituição. De
facto, o SAVANA sabe que há várias
semanas, vários emissários do governo
têm feito contactos dentro e fora
do país para encontrar “o perfil certo”
para substituir Gove mas, foi-nos
relatado, em momento de crise, fora
do circuito interno dos “yes men” do
partido, tem sido difícil encontrar
alguém com o mínimo de perfil pro-
fissional para substituir Gove.
Apesar de serem muitas as críticas a
Gove, sobretudo as medidas de carácter
monetarista que não param a
espiral de inflacção e desvalorização
do metical, os seus críticos fazem
notar que a sobrevalorização do metical
foi-lhe imposta politicamente,
sobretudo no período que antecedeu
as eleições e com o dedo directo do
presidente Armando Guebuza. Uma
imprensa acrítica e pouco dada a
“grandes profundidades” em matéria
de economia e também muito dominada
pelo “lobby manhambane”,
promoveu Gove como defensor de
“um metical forte”, incluindo a controversa
atribuição do prémio da revista
“The Banker” como “Governador
de Banco Central do Ano 2015
de África”.
O poderio de Gove e as boas graças
de que gozava junto à Presidência da
República chegaram a ofuscar o ministro
das Finanças, Manuel Chang,
antes do “pecado” das “obrigações do
atum”.
Desnorte no MEF
O AC, em relação ao ministro da
Economia e Finanças, considera
que tem a sua reputação no lodo e
a sua competência pode não passar
de uma fábula exacerbada pela publicidade.
A falada idoneidade de Adriano
Maleiane tem sido questionada pelos
moçambicanos, que o acusam de
ter um papel-chave na ocultação das
dívidas, diz a matéria.
A postura de Maleiane face à descoberta
dos avultados empréstimos
prejudicou as relações com o FMI e
com os doadores.
“Em Dezembro passado, aleivosamente,
Maleiane assinou uma carta
dirigida ao FMI, declarando que as
dívidas secretas garantidas pelo Governo
a favor de empresas privadas
totalizavam apenas 897 milhões de
dólares. Podemos agora revelar que
ele já se tinha encontrado com os
representantes do banco russo VTB
para discutir a questão dos empréstimos
escondidos e conhecia os nú-
meros reais”, escreve ainda o AC.
A Mozambique Asset Management
(MAM), uma das empresas benefi-
ciadas pelos empréstimos, foi sujeita
a uma auditoria em Novembro de
2015 e o VTB forneceu informação
idónea aos auditores.
No total, a MAM devia nessa altura
500 milhões de dólares em capital e
35 milhões de dólares de comissões,
diz o AC.
“Dadas as ligações entre a empresa
e o Estado e as garantias que o
Governo prestou, era suposto que o
ministro das Finanças tivesse visto
os documentos”, refere a fonte.
Maleiane não é o único a ter “lapsos
de memória”. Gove disse em Abril
desconhecer a existência de uma
empresa chamada Proindicus, mas, o
mês anterior, em Março, o governo
através dos seus canais financeiros,
fez o pagamento de uma tranche
da dívida desta empresa num valor
aproximado a USD30 milhões.
Por seu turno, Maria Isaltina Lucas,
a vice-ministra da Economia e Finanças,
segundo a publicação, parece
estar sempre em rixas com Adriano
Maleiane, por tentar distanciar-se
da actuação errática do seu superior
hierárquico.
Porém, ela esteve profundamente
envolvida na saga das dívidas escondidas,
na qualidade de directora
nacional do Tesouro no antigo Ministério
das Finanças, que tinha na
altura Manuel Chang como ministro.
Ainda assim, diz o AC, Maria Isaltina
Lucas é vista como um dos poucos
quadros competentes naquele
ministério, sendo até encarada como
uma aposta séria para substituir
Adriano Maleiane.
Mas muitos na Frelimo e na comunidade
internacional são contrários
à indicação de Maria Isaltina Lucas
para ministra, considerando que
ela faz parte da lista das figuras que
devem ser responsabilizadas pelo colapso
da dívida pública.
Engraxar o FMI
O AC entende que o Governo está
emperrado na tentativa de um encontrar
um ministro da Economia e
Finanças apelativo para a comunidade
internacional e para os mercados.
Economistas reputados que têm sido
sondados não mostram interesse em
ir para um pelouro que está atolado,
mesmo para governador do Banco
de Moçambique. Porém, ao que o
SAVANA apurou (antes do anúncio
feito quarta-feira à noite), são três os
economistas moçambicanos na diáspora
que terão sido contactados para
substituir Maleiane, no Ministério
da Economia e Finanças, e Gove no
Banco de Moçambique.
Trata-se do economista sénior do
Fundo Monetário Internacional
(FMI) na Guiné-Conacri, o mo-
çambicano José Sulemane, que está
a ser cogitado para substituir Maleiane.
Sulemane tem sido um crí-
tico das estratégias de crescimento
económico em Moçambique.
“Do meu ponto de vista, acho que
não temos estratégia de crescimento
neste país. E quando falo de estraté-
gia de crescimento, quero dizer que
nós temos de definir o que tem de
ser feito a longo prazo, depois ver
como é que podemos atingir as metas,
e não fazer com que tudo seja
prioridade”, criticou o economista,
que falava na qualidade de orador
principal nas sétimas jornadas científicas
do BM realizadas em Junho
de 2015 em Maputo.
Para substituir Gove, fala-se também
do economista Rogério Zandamela,
quadro do FMI desde finais
da década 80, que em Junho 2014
foi orador principal nas VI jornadas
científicas do BM com o tema
“Transmissão da Política Monetária
em Países de Baixos Rendimentos.
Lições da Crise Financeira Mundial”.
O SAVANA sabe que também
foi contactada Ana Clara de Sousa,
colega de Zandamela no primeiro
curso de Economia após a independência,
juntamente com o actual PM,
Carlos Agostinho do Rosário. Clara
de Sousa já esteve na administração
do BM e é actualmente a representante
do Banco Mundial(WB) em
Luanda. É casada com João Mário
Salomão, antigo ministro das Obras
Públicas e Habitação.
A estratégia governamental de procurar
quadros do FMI/WB para
preencher os lugares de topo no BM
e no MEF visa “acalmar” doadores
e as próprias instituições de Bretton
Woods, criando canais discretos
de circulação de informação com
Washington e sem ser obrigado à
aceitar a opção “auditoria internacional
forense”, uma questão política
sensível que claramente exporia publicamente
o antigo presidente Armando
Guebuza e alguns dos seus
mais próximos colaboradores. A
curto prazo, esta iniciativa permitiria
ao presidente Filipe Nyusi chegar a
Washington (visita de 15 a 20 de Setembro,
com passagem em Houston
e Nova Iorque) com alguns “trunfos
na mala”, incluindo a possibilidade
de ter “luz verde” para usar as putativas
mais-valias do negócio ENI/
Exxon Mobil para “tapar o buraco”
das dívidas escondidas”.
Não se toca em Guebuza
Fontes da Frelimo referem ao jornal
que tanto Maleiane como Do
Rosário não têm problemas com
a auditoria forense, mas o seu peso
partidário é diminuto e os sectores
em torno de Guebuza travam uma
“luta de vida ou morte” para defender
o seu chefe “até às últimas consequências”,
incluindo iniciativas que
possam ser tomadas pelo próprio
presidente Filipe Nyusi.
O AC cita diplomatas em Maputo
referindo que a Frelimo gostaria que
os doadores financiassem o salá-
rio do governador do banco central
com “o calibre certo” , mas qualifica
a iniciativa como “uma aspiração bizarra”,
especialmente na actual conjuntura.
A publicação considera também que
os ajustamentos de política monetária
que as autoridades adoptaram
não estarão à altura de travar a rápida
desaceleração do metical, considerando
que a moeda nacional tem
neutralizado muitos dos benefícios
arrecadados pelas novas medidas de
austeridade.
O Orçamento do Estado rectificativo
aprovado em Julho estimava
a cotação do dólar em 52 meticais,
lançando logo dúvidas sobre os cálculos
do Ministério da Economia
e Finanças, que já tinha visto a sua
previsão de Reservas Internacionais
Líquidas a cair para 1,2 biliões de
dólares e não para 2.3 biliões de dó-
lares inicialmente projectados para
2016.
O AC reflecte a decepção da comunidade
internacional por o Or-
çamento do Estado rectificativo
apenas ter feito cortes de 1.1%, aumentando
as despesas para a Casa
Militar.
O AC cita economistas moçambicanos
reputados a projectarem um
crescimento negativo este ano. Outro
elemento negativo é a contínua
falta de transparência no Orçamento
rectificativo, numa altura em que a
lisura nas contas públicas é crucial
para a restauração da confiança dos
investidores.
Por exemplo, há uma descomunal
e enorme provisão orçamental para
despesas de contingência não especificadas,
que, segundo economistas,
pode atingir 20% o que leva os
analistas a considerar que esta é a
fórmula do governo desviar verbas
para assistir o serviço às “dívidas escondidas”.
Ministério da Economia e Finanças
está desorientado
-Apanhado entre os interesses clientelares da Frelimo e a irritação dos doadores, o Ministério da Economia e Finanças moçambicano é um lugar confuso
para estar
Edifício do Ministério da Economia e Finanças
TEMA DA SEMANA Savana 02-09-2016 3
Opresidente da Repú-
blica, Filipe Nyusi,
nomeou quarta-feira,
o economista moçambicano
a soldo do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Rogério
Lucas Zandamela, para o
cargo de governador do Banco de
Moçambique (BM) em substituição
de Ernesto Gouveia Gove,
que dirigiu a instituição nos últimos
dez anos.
Com o mandato terminado em
Julho deste ano, já era cogitada,
em alguns círculos político-
-económicos, a saída de Gove,
que deixa o BM com a economia
moçambicana numa encruzilhada
crítica: O metical está de rastos
face às principais moedas de
referência mundial e as reservas
internacionais líquidas bateram
no fundo do poço.
Não são formalmente conhecidas
as razões de fundo para a não
renovação do mandato de Gove.
Porém, nos últimos tempos Gove
era alvo de duras críticas pela forma
pouco arrojada com que estava
a lidar com a crise da deprecia-
ção acentuada do Metical, face às
principais moedas de referência,
nomeadamente, o dólar norte-
-americano e o Rand.
O seu substituto, Rogério Zandamela,
um quadro do FMI desde
1988, tem a dura missão de resgatar
a credibilidade da instituição,
que ficou a leste no processo de
contracção das chamadas dívidas
ocultas que empurram Moçambique
para o descredito internacional
sem precedentes. Zandamela,
ao que o jornal apurou, faz parte
de um “naipe” de economistas
moçambicanos envolvidos com
as instituições de Bretton Woods
e sondados para ocupar os lugares
de topo no BM e no MEF.
Doutorado em economia pela
Universidade Johns Hopkins
de Baltimore, uma universidade
americana de topo de perfil conservador,
Zandamela, um quadro
com curriculum reconhecido internacionalmente,
foi representante-residente
do FMI no Brasil
e chefe da missão na Arménia,
Costa Rica, Gâmbia, Guatemala,
Libéria, Malásia, Nicarágua, Peru,
Trinidade e Tobago e Zimbabwe.
Zandamela fez parte do primeiro
curso de Economia da então Universidade
de Lourenço Marques
(actualmente UEM) iniciado em
Janeiro de 1975 e integrando,
Mr. FMI para o BM
Sai Gove, entra Zandamela
entre outros, Francisco Salomão
(já falecido), Fernando Sumbana,
Zacarias Sumbana, Agostinho
do Rosário, Octávio Muthemba,
António Franco, Francisco Caravela,
Fernando Lima, Ana Clara
de Sousa e Miquelina Menezes.
Em desacordo com “teorias marxistas”
dominantes na época,
Zandamela deixou a Universidade,
e com a ajuda da igreja cató-
lica, rumou à Itália para continuar
os seus estudos, tendo fixado
residência nos Estados Unidos
na década de 80. Tal como o ministros
dos Recursos Minerais e
Energia, Pedro Couto, Zandamela
não tem filiação partidária.
Para o lugar de vice, cargo deixado
vago com a saída de Antó-
nio Pinto Abreu, durante muitos
anos vaticinado como “o sucessor
natural de Gove”, há a sugestão
que Victor Gomes, quadro considerado
de baixo perfil técnico, actualmente
nos CFM (Caminhos
de Ferro de Moçambique) e com
proximidade ao presidente Nyusi.
(Redacção)
Ernesto Gove Rogério Lucas Zandamela
TEMA DA SEMANA 4 Savana 02-09-2016
De malas aviadas para Washington,
onde está a
sede do Fundo Monetá-
rio Internacional (FMI),
o representante cessante desta
instituição em Moçambique, Alex
Segura concedeu uma entrevista
ao SAVANA, na qual deixou claro
que pouco foi feito pelas autoridades
nacionais para a realização de
uma auditoria forense internacional.
Segura, que foi já chefe adjunto de
divisão no departamento Fiscal do
FMI, defendeu que os termos de
referência para materialização da
auditoria, indispensável para a restauração
da confiança e que pode
facilitar a retomada do apoio financeiro
externo, ainda não foram
finalizados e não está claro quando
é que a mesma será iniciada. As
declarações de Segura foram feitas
numa altura em que o presidente
Filipe Nyusi escalará os Estados
Unidos, na segunda quinzena de
Setembro, em visita de trabalho,
onde deverá manter um encontro
com a directora do FMI, Christine
Lagarde. O tema sobre uma
auditoria forense internacional às
chamadas dívidas escondidas é incontornável.
O governo moçambicano, através
do primeiro-ministro, disse recentemente
que o cumprimento das
recomendações do FMI está num
ritmo satisfatório rumo ao relan-
çamento da cooperação. Qual é
o real nível do cumprimento do
“TPC” que deixaram para as autoridades
de Maputo?
Houve algum progresso em termos
de implementação das recomenda-
ções do FMI feitas pela missão de
Junho. O governo aprovou um Or-
çamento revisto em Julho e o banco
central tem vindo a tomar medidas
adicionais para apertar a política
monetária. Essas decisões são encorajadoras
e estão na direcção certa,
mas são apenas passos iniciais depois
de derrapagens muito grandes
observadas no primeiro semestre do
ano. A próxima visita da equipa do
FMI, tentativamente agendada para
final de Setembro, fará uma nova
avaliação da situação e, em particular,
irá avaliar se há necessidade de
acções adicionais.
Antes da avançar para as recomendações
que surgiram como consequência
da descoberta das dívidas
ocultas, o FMI realizou em Junho
a sua última missão de avaliação ao
país. Qual foi o resultado da missão?
A missão observou que Moçambique
está a enfrentar uma crise económica
séria e que são necessários
passos decisivos para estabilizar a
economia. Por um lado, os problemas
económicos correntes estão em
parte associados a uma conjuntura
económica internacional difícil.
Mas, por outro lado, a missão explicou
às autoridades que as derrapagens
na implementação de políticas
também jogaram um papel importante
para os actuais problemas. Em
particular, quase todos os indicadores
que o FMI utilizou para avaliar
o desempenho no final de 2015 e
final de Março de 2016 não foram
respeitados.
Por exemplo, o limite de endividamento
interno foi quebrado por
uma grande margem, o que sugere
falta de controlo fiscal.
Uma das recomendações daquela
missão foi a realização de uma
auditoria forense internacional. A
quantas anda este processo?
Do nosso ponto de vista, houve
pouco progresso nessa área. Os termos
de referência para este exercício
ainda não foram finalizados e não
está claro quando é que a auditoria
forense independente será lançada.
Recentemente o presidente da
República disse que a auditoria
internacional forense do FMI só
poderia avançar em caso de falha
das investigações das instituições
nacionais. Acha que a PGR e a comissão
parlamentar de inquérito
vão trazer informação relevante
nas investigações que estão a fazer
para o esclarecimento das dívidas?
O FMI encoraja o trabalho da Procuradoria
e o papel da Comissão
Parlamentar. É um exercício importante
de instituições domésticas que
podem ajudar para clarificar o que
aconteceu. Mas nós mantemos a
nossa posição de que uma auditoria
forense independente e internacional
é necessária. O governo está a
avaliar como peritos internacionais
poderiam apoiar as investigações da
Procuradoria-Geral da República.
Concordamos com esta abordagem.
Mas a função dos peritos internacionais
deve ser definida de forma
muito clara. Na nossa visão, os peritos
devem produzir um relatório
independente de auditoria forense
em linha com os padrões internacionais
de auditoria. Ele deve ocorrer
em paralelo e como complemento
ao trabalho da Procuradoria. Essa é
uma diferenciação crucial.
5HFXSHUDomRGDFRQÀDQoD
O Embaixador cessante alemão
disse em entrevista ao SAVANA
que, tanto no governo assim como
na Frelimo, não há consenso sobre
a realização ou não de uma auditoria
forense internacional. Como
FMI encontram colaboração para
o esclarecimento cabal do assunto?
Nós não podemos comentar se existe
ou não consenso dentro do partido.
Discutimos este assunto aos
mais altos níveis no país e as nossas
observações foram bem recebidas.
De qualquer forma, gostaríamos de
ver acções mais decisivas.
Quais as consequência da não realização
de uma auditoria internacional?
Realizar uma auditoria independente
e internacional vai ajudar a
recuperar confiança na economia
moçambicana e facilitar a retomada
do apoio financeiro externo. Os empréstimos
ocultos que foram descobertos
em Abril representam quase
11 por cento do PIB. A confiança só
pode ser restaurada se existir revela-
ção completa de todos os aspectos
relacionados com esses volumosos
empréstimos.
Mas, é possível que o FMI retome
o apoio sem a auditoria forense e
internacional?
A nossa opinião é que a auditoria
forense ainda é necessária para restaurar
confiança e criar condições
que poderiam facilitar a retomada
do programa com o FMI.
Qual é o entendimento do FMI
quando se fala das dívidas ocultas.
Há de reparar que depois da descoberta
da dívida da Proíndicus e
MAM não se fala muito da EMATUM
e muito menos da dívida do
ministério do Interior?
O empréstimo da EMATUM tinha
sido ocultado inicialmente, mas foi
descoberto em Setembro de 2013.
Posteriormente, um pacote de medidas
e reformas foi discutido e
implementado nos últimos anos.
Quando falamos recentemente de
dívida oculta referimo-nos principalmente
a mais de 1.4 biliões de
dólares de empréstimos que não
haviam sido declarados para as
instituições moçambicanas e parceiros
internacionais, incluindo o
FMI. Estes empréstimos incluem
a ProIndicus, MAM e alguns empréstimos
menores ao Ministério do
Interior. Mas EMATUM, ProIndicus
e MAM aparentemente são parte
de um mesmo projecto. Por isso,
na nossa visão estes projectos devem
ser auditados como um único grande
projecto que foi fragmentado em
vários sub-projectos.
Terá o FMI autorizado a dívida da
EMATUM?
Não é papel do FMI autorizar ou
não projectos específicos. Portanto,
o Fundo não examinou o projecto
específico do ponto de vista de
autorização. Se tivéssemos tomado
conhecimento desse projecto antes
da sua implementação, o teríamos
questionado. Em particular, chamaríamos
a atenção para o facto de que
o projecto não tinha sido transparentemente
incluído no orçamento
de 2013.
Venda de activos
O ministro das Finanças, Adriano
Maleiane, insiste na ideia de
que, caso a MAM e a Proíndicus
não tenham verbas para pagar as
dívidas, pode-se vender os activos
de ambas as instituições. O FMI
acha que o custo dos mesmos pode
cobrir o pagamento das dívidas em
causa?
Nós não vimos o património dessas
empresas e não estamos em posição
para comentar sobre esta questão.
Uma auditoria internacional e independente
terá de estabelecer o valor
de mercado dos activos das empresas.
O stock da dívida poderia ser
reduzido através da venda de alguns
desses activos, mas é pouco provável
que eles sejam suficientes para pagar
a dívida na totalidade. No caso de
venda, seria crucial que este processo
fosse conduzido com transparência
total.
Uma vez retirado o apoio financeiro,
que análise o FMI faz na economia
nacional?
A curto prazo, a situação económica
vai continuar com muitos desafios.
Moçambique está a enfrentar uma
desaceleração notável no crescimento,
inflação cada vez mais alta e
pressões externas que estão a reduzir
o valor do metical. Mas o país ainda
possui um alto potencial a mé-
dio prazo: recursos naturais vastos,
especialmente carvão e gás, e uma
localização geográfica favorável para
se tornar um hub de transportes na
África Austral.
Quais as possíveis saídas imediatas
da crise?
Do ponto de vista do FMI, a chave é
gerir os desafios de curto prazo através
de políticas que irão contribuir
para estabilizar a economia. Vemos
necessidade de acção em três áreas.
Primeiro, a restrição fiscal parece
inevitável. Isso requer limitar o ní-
vel da despesa total para controlar
a expansão do défice orçamental e
da dívida pública que cresceu demasiadamente
rápido nos últimos
anos. Esse ajustamento deve ter
lugar através de uma revisão dos
gastos supérfluos e protecção dos
programas sociais críticos. Segundo,
o Banco de Moçambique terá que
tomar novas medidas para reduzir a
inflação que está a prejudicar os segmentos
mais vulneráveis da popula-
ção. Deve também criar incentivos
para que os agentes económicos
optem por deter a moeda nacional,
em vez do dólar. As medidas recentes
tomadas pelo banco central vão
na direcção certa. Por último, parece
impossível recuperar a confiança
sem uma maior ênfase na boa governação
e transparência.
A Assembleia da República aprovou
recentemente o Orçamento
rectificativo como clara consequência
da suspensão do apoio
dos parceiros. O novo orçamento
responde aànecessidade de política
de austeridade que se espera do
governo?
Pensamos que o orçamento revisto
está de uma maneira geral em linha
com as discussões que mantivemos
com o governo em Junho, mas ainda
não tivemos oportunidade de discuti-lo
ao detalhe com o governo.
No debate do orçamento retificativo,
as bancadas da oposição
(Renamo e MDM) e o Fórum de
Monitoria do Orçamento) manifestaram
elevada preocupação com
o incremento das verbas da rubrica
de outras despesas que passaram
dos 1.2 mil milhões para 10,5 mil
milhões. A Oposição e o Fórum
consideram que este incremento
visa acobertar o pagamento das dí-
vidas ocultas. Qual é a análise do
FMI.
Nós entendemos que esta linha de
10.5 biliões de meticais é uma contingência
que foi introduzida pelo
governo para ter flexibilidade nos
casos em que venha a ser necessário
efectuar pagamentos inesperados.
O Antigo ministro das Finanças,
Magid Osman, acusou o FMI de
ter colaborado com o Banco de
Moçambique para acobertar as
fraquezas da moeda nacional. Referiu
que num período em que o
dólar estava a 30 meticais a unidade,
já deveria ser transacionado
a 40 ou 45 meticais. Qual é o seu
comentário?
Isso não é verdade. No passado nós
sistematicamente recomendamos
que o Banco de Moçambique deveria
permitir maior flexibilidade à
taxa de câmbio e evitar quaisquer
intervenções no mercado cambial
com o objectivo de controlar a taxa
de câmbio. Esta recomendação
consta dos nossos relatórios perió-
dicos, que são públicos.
$ÀUPD$OH[6HJXUD UHSUHVHQWDQWHGR)0,HP0RoDPELTXH
´&RQÀDQoDVySRGHVHUUHVWDXUDGDGHSRLV
GDUHYHODomRFRPSOHWDGRVGDGRVGDVGtYLGDVµ
Por Argunaldo Nhampossa
Alex Segura, representante cessante do FMI Moçambique
TEMA DA SEMANA Savana 02-09-2016 5
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6 Savana 02-09-2016 SOCIEDADE
Quando o país passou
para o multipartidarismo,
coube a ele presidir
a primeira Comissão
Nacional de Eleições (CNE) que
geriu as eleições de 1994. Docente
de carreira, Brazão Mazula
passou de presidente da CNE
para reitor da Universidade Eduardo
Mondlane (UEM) cuja biblioteca
central leva seu nome.
Depois de cargos politicamente
sensíveis, Brazão Mazula parece
estar já à vontade para colocar
os pontos nos is. Esta quarta-
-feira deu entrevista ao SAVANA
na qual apresenta aquela
que, para ele, é a fórmula para
o fim dos sistemáticos conflitos
pós-eleitorais em Moçambique.
“Enquanto não for Federação,
Moçambique vai sempre continuar
com estes conflitos”, sentenceia
o académico que insiste
que o futuro do país passa por
uma Federação. Fala das dívidas
que afirma serem um sinal de que
o Estado desconfia de si mesmo.
Mas com uma guerra sem fim e
o custo de vida a deteriorar-se a
cada dia que passa, de uma coisa
Mazula não tem dúvidas: “a
Frelimo e o Governo podem ser
penalizados nas eleições. Podem
perder as eleições”, dispara o
professor que este ano foi promovido,
pela UEM, à categoria
de catedrático. Siga a entrevista
no clássico pergunta/resposta.
O país, Professor, não está bom.
Ou está?
O país não está bom por várias
situações, mas eu relevo muito a
situação de guerra porque o cidadão
não se sente à vontade de
circular pelo país, anda com receio
e medo de ser morto. Sente-
-se retraído a fazer investimentos
porque numa situação de guerra o
investimento é praticamente uma
perda. A guerra dificulta o avanço
em vários sectores como turismo,
agricultura, extracção de recursos
naturais e mesmo em sectores sociais
como educação e saúde. Mas
o país não está bom também pelo
custo de vida. A inflação é alta, o
metical está a derrapar, os produtos
estão a encarecer. Os nossos
bolsos estão sem recursos, mas
temos famílias, a educação dos
filhos e a saúde custam dinheiro.
Mas relevo a guerra porque estou
convencido que sem ela a situa-
ção seria muito mais favorável ao
cidadão. Sem guerra não haveria
esta economia de guerra que hoje
estamos a assistir e que obriga o
desvio dos poucos recursos financeiros
para ela. Estou a falar isto
da parte do Governo, mas também
da Renamo porque a gente se pergunta
onde é que estas duas for-
ças encontram dinheiro para fazer
guerra porque a guerra carcome a
economia e as poucas finanças que
$SURSRVWDGH%UD]mR0D]XODSDUDRÀPGRSHUPDQHQWHFLFORGHFRQÁLWRVQRSDtV
Vamos ao Federalismo
3RU$UPDQGR1KDQWXPER
há no país. Temos de terminar a
guerra, rapidamente, até porque
até hoje não vejo a sua razão.
O Professor sempre defendeu
que faltou uma reconciliação
verdadeira entre os moçambicanos
que permitisse que todos se
sentassem à mesma mesa e comessem
juntos. O que acha que
proibiu que os moçambicanos se
reconciliassem depois do AGP?
A reconciliação nacional não é
assinatura, nem um acto de pouca
duração. A reconciliação nacional
é um gesto, uma atitude, e
um compromisso permanente. O
que falhou foram duas coisas. Primeiro
a monitoria permanente da
implementação do AGP. Segundo
a definição de métodos para
a reconciliação, nomeadamente,
como é que a reconciliação nacional
seria feita. O único lugar que
se fez foi um pouco no exército e,
na altura, um pouco no Conselho
Constitucional e na CNE, mas essas
são instituições com um cariz
próprio, mas faltou definir como
é que se faz a reconciliação, por
exemplo, num Ministério da Educação
ou da Indústria e Comércio,
na economia, num país de grandes
recursos naturais, mas sobretudo
o homem. Nós somos um país de
muitas culturas, então, como é que
se faz então a reconciliação nessas
condições? Quando a África
do Sul passou para a democracia,
Nelson Mandela definiu que em
todas as instituições públicas, ao
menos, deviam estar representadas
as três raças do país: negros, brancos
e indianos. Espero que com
estas negociações não cometamos
a mesma falha, OU SEJA, que se
defina como se faz a reconciliação
no dia-a-dia em todos os sectores,
por exemplo, na rádio, na escola,
na cultura, turismo, na justiça.
Está a falar de partilha de poder e
de inclusão?
Estou a falar de tudo. Reconciliação
significa não excluir a ninguém
por nenhum motivo. Por
exemplo, esta situação de guerra
a que chegamos é o problema de
exclusão social. Mesmo numa família,
os pais devem conviver com
todos os filhos da mesma maneira.
Em Moçambique quem está excluir
a quem?
Todos se excluem, mas o Governo
é mais responsável. Todo o
partido que estiver no Governo
é mais responsável porque ele é
que gera o bem público. Quando
se exige que para alguém ter uma
oportunidade seja membro de um
partido, isso é exclusão e há muita
gente que se queixa disso. Eu conheço
empresários, que não posso
dizer nomes, que dizem “Doutor,
nós temos de ser assim porque
senão não vamos ter dinheiro no
banco”. Eu estive com uma grande
empresa neste país, que também
não vou dizer o nome, que me
disse “Doutor, nós temos orienta-
ção em como só devemos admitir
membros do partido Frelimo”.
Foi um empresário estrangeiro e
ele não inventou isso. Portanto, a
Constituição é boa, mas a prática
é diferente, então, quando estou a
falar de exclusão, não estou a falar
de ânimo leve e estou convencido
que este (guerra) é um problema
de exclusão social.
Vê uma Frelimo, um partido libertador,
preparada para essa
partilha de poder, essa inclusão
ousada?
Nem é a Frelimo como tal, talvez
alguns dirigentes, mas aí cabe ao
partido no poder, neste caso a Frelimo,
que espera agora o próximo
congresso, que reflicta seriamente
sobre o seu papel na dinamização
social, na integração do cidadão na
sociedade, na reconciliação porque
são todos moçambicanos, mas o
mesmo também a Renamo terá de
repensar se este (guerra) é o mé-
todo de resolver os problemas. Eu
não concordo que seja um método
racional de reivindicar direitos.
A Renamo tem de enveredar por
métodos políticos e que ela pró-
pria assinou no AGP.
Para além da exclusão que apontou
como a principal causa desta
guerra, a Renamo sempre evocou
fraude eleitoral. Ora, foi o primeiro
presidente da Comissão
Nacional de Eleições e a pergunta
é: o sistema eleitoral moçambicano
permite fraudes?
A fraude é um desvio intencional
aos procedimentos que a Lei
eleitoral estabelece. É necessário
provar que, de facto, houve uma
intenção deliberada para desviar
o que a Lei eleitoral diz. Segundo,
há erros e falhas. Nós, em 94
cometemos falhas, mas não como
acções deliberadas. Não digo que
não haja fraude, até porque a pró-
pria Lei define quando é que há
fraude. O problema é que todo o
político e todos os partidos políticos
quando vão às eleições querem
ganhar.
Que erros cometeram nas elei-
ções de 1994?
Por exemplo incumprimento de
datas. A Lei eleitoral estabelecia
datas, mas pelas dificuldades de
comunicação e transporte, não era
possível em algumas acções, mas a
Lei eleitoral previa que a CNE recorresse
à Comissão Permanente
do Parlamento que estava sempre
atenta tivemos uma grande colaboração
nesse sentido.
Terá na altura, enquanto presidente
da CNE, recebido alguma
pressão para ir a uma direcção e
não a outra?
Confesso que em nenhum momento.
Primeiro porque na CNE
havíamos decidido que em todo
o momento íamos integrar todos
os partidos, por isso, sabiam o que
estava a acontecer e, às vezes, antes
de tomarmos algumas decisões,
ouvíamos os partidos todos. Nós
também tínhamos educação cívica
entre nós mesmos membros da
CNE e do STAE, ou seja, mostrar
que éramos obrigados, por uma
questão de consciência e responsabilidade,
a sermos verdadeiramente
imparciais.
+iTXHPWLUDSURYHLWR
desta guerra
Em 2014 concedeu uma entrevista
ao Diário da Zambézia, em
Quelimane, na qual dizia que
estávamos perante uma guerra e
não tensão político-militar como
se tenta suavizar a situação; uma
guerra que, estamos a citá-lo, beneficiava
algumas pessoas e serve
de acumulação de riqueza, daí
que esses poucos defendem que a
guerra prevaleça. Dois anos depois,
mantém esse entendimento?
E quem são essas pessoas que
ganham com o sofrimento de
todo um povo?
Lembro muito bem dessa afirma-
ção e ainda a retomo. As popula-
ções que estão a morrer não querem
guerra, as crianças não querem
guerra, a mulher grávida ou que
está no hospital doente não quer
guerra. Só uma minoria é que quer
a guerra. Não digo que todos os
que vão à guerra, mas os que mandam
fazer guerra são os que beneficiam.
O soldado é enviado, mas
ele tem de cumprir, mas não quer
dizer que ele quer guerra. A história
da humanidade mostra que
os grandes generais não são aqueles
que mandam fazer guerra, são
aqueles que antes de decidir pela
guerra, fazem todo o esforço para
evitar a guerra. A última hipótese,
mas é mesmo a última hipótese.
Não vou muito longe. Eduardo
Mondlane, na altura, tentou todos
os meios possíveis para que houvesse
negociações com o Governo
colonial português. Foram viagens
imensas, mas só em última hipó-
tese é que decidiu ir à luta armada.
Eu pergunto-me: esta guerra era a
última decisão para resolver estes
problemas. Não era. Há pessoas
que querem a guerra porque dela
tiram benefícios, aumentam a riqueza,
tiram oportunidades, mas
tenho certeza que esses benefici-
ários não é o povo moçambicano.
Disse, no início desta entrevista,
que a reconciliação não é
uma questão de assinatura, mas
sim de uma acção permanente.
Como é que tem acompanhado
os desenvolvimentos do diálogo
entre o Governo e a Renamo
com mediação internacional?
Vê ali alguma luz no
“O Governo e a Frelimo devem ser muito frontais e muito corajosos se quiserem continuar a governar”
Savana 02-09-2016 7
SOCIEDADE
fundo do túnel?
Alimento grande esperança porque
é a única via para solucionar
um problema. A segunda razão é
que vejo seriedade quer nas duas
delegações, quer também nos mediadores.
É claro que uma mediação
tem de criar confiança de
ambas as partes que já perderam,
de maneira que ao assinar o futuro
acordo ninguém duvide sobre o
que o outro pode fazer e trair. É
claro que todos nós estamos já impacientes
porque estamos a sofrer
a guerra, mas é necessário confiar
neles e eu tenho esperança de que
haverá uma luz para a saída, mas
nós também temos de apoiá-los,
cada um a seu nível, e não atrapalhá-los.
O que lhe parecem os resultados
até aqui alcançados na mesa negocial?
Percebi que há três passos. O primeiro
é entre as delegações e os
mediadores que chegaram a alguns
entendimentos que ainda
não é um acordo final, mas sim
uma base para o presidente da
República e o presidente da Renamo
poderem conversar. Depois
daí tem de ser ratificados pela Assembleia
da República. Portanto,
neste momento, ainda não houve
consensos, há bases porque o que
os negociadores e os mediadores
estão a fazer é criar bases de entendimento
e só no fim porque até
lá pode haver algumas alterações
desses entendimentos parciais, o
que é normal.
E o que acha da actual Lei eleitoral
em que quem vence leva
tudo?
Os partidos políticos, através da
Assembleia da República, acordaram
uma Lei e têm de cumprir
essa Lei. Se a Lei eleitoral diz que
aquele que ganha leva tudo, tem
de se cumprir essa Lei. Pode se
discutir se, perante os problemas
que sempre surgem, essa lei deve
ou não continuar. A legislação
eleitoral tem de ser repensada.
Se no fim de todas as eleições há
conflitos que até chegam à guerra
e a razão for a Lei, então que se
repense se de facto deve ser assim
ou não.
“O futuro de
0RoDPELTXHpXPD
Federação”
Acha que é coisa doutro mundo
a nomeação de governadores
da Renamo como o partido de
Afonso Dhlakama exige e, aliás,
condicionando a paz a este partida?
Aí há duas coisas. Uma se a reivindicação
da Renamo é ou não justa
e eu diria não está de acordo com a
Lei. Dói à Renamo ouvir isso, mas
tem de saber que as Leis eleitorais
até aqui foram para eleição do presidente
da República, aquele que
ganha no total de votação no país.
Tendo mais simpatizantes numa
província e menos noutra, mas é
nesse somatório de 50+1 que o
presidente ganha. Não está a dizer
a Lei que quem tiver mais votação
numa província ganha. A outra
questão é se Moçambique deverá
continuar assim. Voltou à primeira
questão. Se esta for a causa de
conflitos pós-eleitorais, então que
se repense na Lei, mas não deve
através da guerra, tem de se discutir
mecanismos próprios e no fim
a Assembleia da República tem
de aprovar uma Lei…há países…
talvez isso vai escandalizar muita
gente, mas eu penso que o futuro
de Moçambique é uma Federação.
Uma República Federal ou Federativa
porque Moçambique é um
país multicultural. Cada província
é uma realidade que depende de
outra província. São culturas diferentes,
são visões diferentes, então,
na minha perspectiva, nada impede
que amanhã Moçambique opte
pelo Federalismo que acho que
seria uma solução. Isto é, um país
em que as províncias nomeiam os
seus governadores, como agora os
deputados das Assembleias provinciais
e os governadores poderá
ser por eleição directa ou via Assembleia
provincial, mas depois
havia também uma legislação que
garanta a unidade do país. O facto
de ser um país Federado não significa
que cada província ou Estado
é uma República. Eu penso que
é uma solução porque enquanto
não for Federação, Moçambique
vai sempre continuar com estes
conflitos.
Então faz sentido a criação de
autarquias provinciais em Mo-
çambique?
Sim, faz sentido.
Proposta pela Renamo?
Eu não digo proposta pela Renamo,
mas a Constituição não recusa
autarquias provinciais, abre
possibilidades para autarquias
provinciais mas tem depois de ser
legislado por uma legislação complementar.
A ideia de um Moçambique Federado
não é nada menos que
uma descentralização do poder.
Ora, a história recente deste
país lembra-nos uma Frelimo a
chumbar, sem A nem B, um projecto
da Renamo para as autarquias
provinciais…
É diferente de Federação. Em Federação,
na prática, cada província
é um Estado. Há uma Constituição
nacional que rege todo o
território, mas há algumas áreas
que só a estrutura central pode
realizar. Por exemplo, a defesa da
pátria não pode estar entregue a
qualquer Estado ou província. Algumas
relações internacionais não
podem ser entregues a qualquer
província, mas também a estrutura
central do país tem de velar
pelo equilíbrio de crescimento e
desenvolvimento económico porque
cada província ou Estado são
diferentes em termos de recursos
naturais. E depois é a contribuição
de cada Estado, cada província,
para as finanças centrais. A Federação
obriga a que a província produza
e faça receitas e estabelece-se
uma quota que a província tem de
enviar para o poder central, não é
como agora em que a província
envia tudo ao poder central que é
que depois divide o bolo. Depois
a província cria a Assembleia e a
Assembleia tem a sua Constitui-
ção e Legislação local, mas que
não pode ir contra a Constituição
geral da Nação. É descentralização
ao mais alto nível. O que determina
a Federação é a diversidade
cultural de um país. Isso é importante.
De qualquer das formas, a Federação
nos remete mais uma vez à
questão da inclusão. Temos condições
para embarcarmos numa
Federação tendo em conta o conceito
de inclusão que enunciou
há pouco, uma inclusão em tudo?
Tudo se aprende. E é uma questão
também de boa vontade política.
Aceitar primeiro discutir
essa questão, não como um tabu
porque nós estamos com receio e
medo de que uma iniciativa dessas
(Federalismo) é contra a unidade
nacional. Não, não é contra a
unidade nacional, pelo contrário
consolida a unidade nacional porque
todos se sentem integrados na
mesma pátria.
Enquanto não avançamos para
essa profunda transformação da
organização do poder político, o
que pode ser feito “ontem”, para
devolver a paz aos moçambicanos?
Aquelas duas questões: definir
mecanismos reais de reconciliação
e monitora desse processo.
Como é que recebeu as
notícias sobre o endividamento
ilícito de
Moçambique.
Não gostei. Contrair dívida não
é coisa doutro mundo, mas é necessário
que seja bem estudada e
fundamentada e apresentada ao
público via Assembleia da Repú-
blica. Uns vão concordar outros
não, mas a Assembleia tem os
seus mecanismos de decisão, mas
pelo menos terá passado pela
Assembleia da República. Agora,
como é que pode aparecer uma
dívida de impacto como esta que
não passa pela Assembleia da
República? O que há? Significa
que o próprio Estado não confia
no Estado. Quer dizer, o grande
adversário do Estado é o próprio
Estado.
O Professor pode esmiuçar essa
afirmação de que o adversário
do Estado é o Estado?
Quem contraiu a dívida foi o
Governo, que é um órgão do Estado.
Não apresentou à Assembleia
que é um órgão do Estado.
Isto é que é mais grave. Se não
confia porquê criou aquele órgão?
O que pode justificar este endividamento?
Nada justifica.
O FMI avança corrupção escondida,
analistas políticos
avançam acumulação primitiva
do capital por parte das elites
do partido no poder…
Não tenho provas para dizer que
houve corrupção, só me centro
nesta minha tese de que o Estado
foi contra o Estado.
A descoberta destas dívidas
levou à suspensão de apoios a
Moçambique os parceiros têm
insistido numa auditoria forense
internacional e até aqui tudo
indica que não se vai restabelecer
o apoio enquanto não se
fizer essa auditoria, esperamos
estar errados. Considera uma
aberração que se faça a auditoria
forense internacional?
O governo moçambicano é assinante
dos Acordos da Bretton
Woods, então, tem de ser lógico.
Se Moçambique assinou esses
acordos sabe quais são as obriga-
ções. Uma das obrigações é que
esse tipo de dívidas devia passar
pela Assembleia e informar pelos
órgãos da Bretton Woods.
Quando esses órgãos, mais tarde
são surpreendidos, com esse
tipo dívida, significa que há um
parceiro que quebrou os compromissos,
daí há sanções. Isto
que estamos a sofrer são sanções.
Agora, se o FMI entende que
para voltar a reatar a credibilidade,
porque neste momento a
credibilidade de Moçambique
praticamente é zero, é necessá-
ria uma auditoria forense, são
consequências. E para mim o
argumento de ser uma dívida soberana,
não cola, daí que quando
a gente toma uma decisão, a esse
nível, tem de saber prever as consequências.
Está a dizer que a dívida não é
soberana?
Estou a dizer que o argumento
de que a dívida é soberana não
justifica. Como é que você é
soberano quando você é pobre?
Nós somos um país pobre e mesmo
antes dessas dívidas estava
Moçambique a contrair dívidas
acima de 100 milhões de dólares.
Segundo o que leio também é
que uma daquelas empresas não
conseguiu pagar parte da dívida
no devido momento. Então,
onde está a soberania? Não cola.
Nós devemos ser mais humildes,
reconhecer…eu não vejo dificuldades
de Moçambique aceitar
uma auditoria forense que até
iria evitar essas fofocas sobre o
que se passou e quem fez o quê.
O que pode levar um país a recusar
uma auditoria?
Isso não sei. Não sei porque Mo-
çambique está a recusar. Dá a entender
que está a encobrir uma
coisa que não quer que se saiba,
mas nós somos um país pobre.
Somos um pobre orgulhoso. É
contraditório. Um pobre orgulhoso
afunda mais.
A guerra e esta subida galopante
do custo de vida não terão
factura para a Frelimo?
Se o Governo da Frelimo não
souber resolver o problema do
conflito militar, não souber justificar
e resolver essa questão da
dívida externa que muito encarece
o custo de vida, eu diria
que mesmo antes das eleições de
2018 e 2019 pode haver convulsões
no país. Neste momento o
dólar está quase a 80 meticais e
não se sabe o que vai acontecer
no fim de Dezembro, talvez chega
aos 100 meticais. Ninguém
aguenta. As empresas já não
estão a ter capacidade financeira
porque é necessário dólar
para importações. O que pode
acontecer é que a Frelimo e o
Governo podem ser penalizados
nas eleições. Podem perder as
eleições.
Legislativas e presidenciais?
Sim. Aí concordo com aquilo
que disse recentemente Sérgio
Vieira, que as eleições da África
do Sul devem chamar atenção a
Moçambique, por isso o Governo
e a Frelimo devem ser muito
frontais e muito corajosos se quiserem
continuar a governar.
Uma derrota da Frelimo seria o
começo do seu fim como defendem
alguns analistas?
Não. Eu penso que até pode ser
o contrário. A perda das eleições
autárquicas e presidenciais pode
obrigar o partido, estando fora
por cinco anos, a reflectir sobre
o que de facto aconteceu sobre si
mesmo para perder.
Acha que a Frelimo precisa dessa
oportunidade?
Não digo necessariamente. Pode
corrigir antes, não é necessário
chegar a esse ponto.
Na qualidade de presidente
do júri que atribuiu a primeira
edição do Prémio Nacional
Joaquim Alberto Chissano de
Liberdade de Imprensa, a Teodato
Hunguana, como é que
acompanhou as críticas contra
essa atribuição?
É uma iniciativa do Conselho
Superior de Comunicação Social
e não vejo problema.
Mas houve críticas no sentido
de que há pessoas que mereciam
esse prémio.
É natural, eu acompanhei essas
críticas. O CSCS, é um órgão
não sei de quantos membros que
decidiram…
Afinal quem decide não é o júri?
Fomos três pessoas e o regulamento
diz que o júri deve ver
personalidades individuais e colectivas,
mas como tivemos pouco
tempo, solicitamos ao próprio
órgão, o CSCS para adiantar
alguns nomes porque eles conhecem
mais que nós. Foi isso:
perante os nomes apresentados o
júri decidiu.
Quantos nomes receberam?
Quatro ou cinco.
Quem eram os outros?
Estava Carlos Cardoso, o (Albino)
Magaia e Ricardo Rangel.
E dentre esses Teodato Hunguana
foi a figura consensual.
Sim. O nosso argumento foi que
ao começar é bom ir por uma
pessoa que ainda está em vida e
que teve uma contribuição e nós
achamos de facto que ele reúne.
Agora, se depois houve reacções,
é natural porque é difícil contentar
25 milhões de moçambicanos
ao mesmo tempo.
'tYLGDVRFXOWDV
“Devemos ser mais humildes”
8 Savana 02-09-2016 PUBLICIDADE
Estão abertas candidaturas para o curso de Mestrado em Educação em
Ciências de Saúde, referente ao ano lectivo de 2016/2018.
O objectivo geral do mestrado:
2REMHFWLYRGRPHVWUDGRpFDSDFLWDUSURÀVVLRQDLVGDVD~GHGHTXDOTXHU
iUHD GR FRQKHFLPHQWR H GRFHQWHV GH RXWUDV iUHDV TXH VH LQWHUHVVHP
SHORHQVLQRQDVD~GHSDUDDFWXDUGHIRUPDTXDOLÀFDGD FUtWLFD KXPDnista
e transformadora na saúde e no ensino na saúde, contribuindo
para o fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde e para a melhoria
GDTXDOLGDGHGRHQVLQRVXSHULRUQDiUHDGD6D~GH
Local de realização do curso:
As aulas decorrerão no Campus Marrere em Nampula, das 14:00 às
18:00 horas, de 2ª a 6ª feira, a partir do dia 24 de Outubro de 2016.
Duração: 24 meses.
Candidatos elegíveis:
R Licenciados em ciências básicas de saúde, ciências sociais, ciências
ELROyJLFDVRXiUHDVDÀQV PpGLFRVGRFHQWHVHGRFHQWHVTXHSDUWLFLSDP
QDIRUPDomRGHSURÀVVLRQDLVGHVD~GH
R7HUSHORPHQRV DQRVGHH[SHULrQFLDSURÀVVLRQDORXOLFHQFLDWXUDFRP
PpGLDÀQDOGH RXVXSHULRU
R7HUFRPSHWrQFLDFRPSURYDGD RXDFRPSURYDU GHGRPtQLRGDVOtQguas
portuguesa e inglesa.
Vagas:2Q~PHURGHYDJDVGLVSRQtYHOpGH
Candidatura
No acto da candidatura, os candidatos deverão apresentar os seguintes
documentos:
R &DUWD HQGHUHoDGD j &RPLVVmR &LHQWtÀFD GR0HVWUDGR LQGLFDQGR D
PRWLYDomRHPIUHTXHQWDURPHVPR
R Curriculum Vitae
R&ySLDDXWHQWLFDGDGRFHUWLÀFDGRGHOLFHQFLDWXUD
R&DUWDGHDXWRUL]DomRGRVHUYLoR VHDSOLFiYHO
R'XDVIRWRJUDÀDVGHWLSRSDVVH
Período de submissão de candidaturas:
'H D GH6HWHPEUR
Local: Centro dos Cursos de Extensão e Pós-graduação
Campus Universitário de Marrere-Nampula
Horário: das 9:00 as 14:00 horas
Data de divulgação de resultados de apuramento
14 de Outubro de 2016
Taxas e Propinas
O curso está sujeito às seguintes taxas e propinas:
- Taxa de inscrição: 1.500,00 MT
- Propina de matrícula 07 SDJDQRDFWRGHPDWUtFXOD
- Propina de frequência: 8.500,00 MT/mês, durante 22 meses e até à
defesa do grau de Mestre.
&RQWDEDQFiULD ²%&,
Informações adicionais:
Secretariado e Registo Acadêmico da Pós-graduação
Email: ccepos-graduacao@unilurio.ac.mz
Celulares:
84 40 02 001
A coordenação
(PtOLD9LUJtQLD1RRUPDKRPHG
Professora Catedrática
/Coordenadora/
3RPStOLR$UPDQGR9LQWXUDU
Professor Auxiliar
/Vice-coordenador/
EDITAL MESTRADO EM EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS DE SAÚDE
ANO LECTIVO 2016-2018
Estão abertas candidaturas para o curso de Mestrado em Medicina Tropical e Saúde
,QWHUQDFLRQDO UHIHUHQWHDRDQROHFWLYRGH
O objectivo geral do mestrado:
O objectivo do mestrado é formar recursos humanos para actuação em ensino e
SHVTXLVDGDiUHDGDVD~GHHPJHUDO FRPHQIDVHHPWHFQRORJLDVGHGLDJQyVWLFR LQWHUDFomRSDWyJHQR KRVSHGHLURHFOtQLFDGDVGRHQoDVLQIHFFLRVDVFRP
DSOLFDomRHP
HSLGHPLRORJLDHFRQWUROH $GLFLRQDOPHQWHRPHVWUDGRFDSDFLWDUiSURÀVVLRQDLVSDUD
analisar e discutir as relações entre a dinâmica do sistema mundial e seu impacto
VREUHDVD~GHGDVSRSXODo}HV HPQtYHOQDFLRQDOHLQWHUQDFLRQDO HSDUDDFWXDUQRV
âmbitos da saúde global e da diplomacia da saúde.
Local de realização do curso:
As aulas decorrerão no Campus Marrere em Nampula, das 14:00 às 18:00 horas,
de 2ª a 6ª feira, a partir do dia 24 de Outubro de 2016, em regime semi presencial/
modular.
Duração: 24 meses.
Candidatos elegíveis:
R/LFHQFLDGRVHPFLrQFLDVGDYLGDHGDVD~GH ELRPHGLFLQD H iUHDV DÀQV FRPLQWHUHVVHHPLQJUHVVDUQDFDUUHLUDDFDGpPLFDHGHSHVTXLVDHPGRHQoDVLQIHFFLRVDVH
parasitárias.
R7HUSHORPHQRV DQRVGHH[SHULrQFLDSURÀVVLRQDORXOLFHQFLDWXUDFRPPpGLDÀQDO
de 12 ou superior.
R7HUFRPSHWrQFLDFRPSURYDGD RXDFRPSURYDU GHGRPtQLRGDVOtQJXDVSRUWXJXHsa
e inglesa.
Vagas:2Q~PHURGHYDJDVGLVSRQtYHOpGH
Candidatura
No acto da candidatura, os candidatos deverão apresentar os seguintes documentos:
R&DUWDHQGHUHoDGDj&RPLVVmR&LHQWtÀFDGR0HVWUDGR LQGLFDQGRDPRWLYDomRHP
IUHTXHQWDURPHVPR
R Curriculum Vitae
R&ySLDDXWHQWLFDGDGRFHUWLÀFDGRGHOLFHQFLDWXUD
R'XDVFDUWDVGHUHFRPHQGDomR
R5&DUWDGHDXWRUL]DomRGRVHUYLoR
R'XDVIRWRJUDÀDVGHWLSRSDVVH
Período de submissão de candidaturas:
'H D GH6HWHPEUR
Local: Centro dos Cursos de Extensão e Pós-graduação
Campus Universitário de Marrere-Nampula
Horário: das 9:00 as 14:00 horas
Data de divulgação de resultados de apuramento
14 de Outubro de 2016
Taxas e Propinas
O curso está sujeito às seguintes taxas e propinas:
- Taxa de inscrição: 1.500,00 MT
- Propina de matrícula: 07 SDJDQRDFWRGHPDWUtFXOD
- Propina de frequência: 07 PrV SDJDQDtQWHJUDRXHPSUHVWDo}HV GXrante
22 meses e até à defesa do grau de Mestre.
Conta Bancária: ²%&,
Informações adicionais:
Secretariado e Registo Acadêmico da Pós-graduação
Email: ccepos-graduacao@unilurio.ac.mz
&HOXODUHV
A coordenação
(PtOLD9LUJtQLD1RRUPDKRPHG
Professora Catedrática
/Coordenadora/
3RPStOLR$UPDQGR9LQWXUDU
Professor Auxiliar
/Vice-coordenador/
EDITAL MESTRADO EM MEDICINA
TROPICAL E SAÚDE INTERNACIONAL
ANO LECTIVO 2016-2018
Savana 02-09-2016 9
PUBLICIDADE SOCIEDADE
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População, é uma agência internacional
de desenvolvimento que trabalha em prol de um mundo
onde cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e o potencial de
cada jovem é realizado. O UNFPA solicita candidaturas de cidadãos
PRoDPELFDQRVTXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDDVHJXLQWHYDJD
3RVWRHWtWXOR SC/UNFPA/2016/001 – Título: Analista de
Monitoria e Avaliação
7LSRGHFRQWUDWR QtYHO Service Contract, nível SB-4
/RFDOGH7UDEDOKR Nampula, Mozambique
'XUDomR Doze meses e possibilidade de renovação
dependendo do desempenho satisfactório
e disponibilidade de fundos
3UD]RGDFDQGLGDWXUD 9 de Setembro de 2016
Principais e tarefas e responsabilidades: Em coordenação com o pesVRDOFKDYHGR81)3$HGRSURMHFWR HOH HODLUi GHVHQKDUHLPSOHPHQWDU
o quadro lógico e o plano do projecto, e rever os resultados do quadro
lógico do projecto Acção para Raparigas (APR); analisar e usar a base
de dados para a gestão do programa, considerando o conhecimento,
escolhas e comportamentos entre adolescentes e jovens nas áreas do
programa de intervenção; assegurar que o sistema Real Time Monitoring
570GRSURMHWR$35JLUDGDGRVFRQÀiYHLVHFRPSOHWRV HIHFWXDUYLVLtas
de campo para monitorar o desempenho de educadores de pares
HVXSHUYLVRUHV IRUQHFHU UHODWyULRVLQWHUQRVHH[WHUQRVHP WHPSR~WLO
garantindo que os constrangimentos e oportunidades sobre a colheita
HXVRGHGDGRVVmRLGHQWLÀFDGRVHPHGLGDVFRUUHWLYDVVmRWRPDGDVHP
WHPSR~WLO SDUWLFLSDUHPUHXQL}HVGDHTXLSDGHJHVWmRGRSURMHWRSDUD
reportar sobre o resultado da monitoria; desempenhar qualquer outra
actividade solicitada pelos gestores do programa.
Anúncio de Vaga
Posto # SC/UNFPA/2016/001 – 2ª via - Analista
de Monitoria e Avaliação
Requisitos gerais:3RV JUDGXDomRHP VD~GHS~EOLFD FLrQFLDV VRFLDLV
DGPLQLVWUDomRRX iUHDV DÀQVFRPRPtQLPRGH DQRVGHH[SHULrQFLD
em avaliação de monitoria e/ ou licenciado em ciências sociais, admiQLVWUDomRRXiUHDVDÀQVFRPRPtQLPRGH DQRVGHH[SHULrQFLDFRPSURYDGD
HPPRQLWRULD H DYDOLDomR GH SURMHFWRV H[FHOHQWH FDSDFLGDGH
GHSODQHDPHQWR DQiOLVH DYDOLDomRHJHVWmR H[FHOHQWHVKDELOLGDGHVQD
HVFULWD FRPXQLFDomR PHGLDomR H IDFLOLWDomR OLWHUDFLD HP LQIRUPiWLFD
HH[FHOHQWHÁXrQFLDHP3RUWXJXrVH ,QJOrV SURÀFLrQFLDHPJHVWmRGH
EDVHVGHGDGRVHSDFRWHVHVWDWtVWLFRV H[SHULrQFLDFRPSURYDGDHPSHVTXLVDRSHUDFLRQDO H[SHULrQFLDHPJHVWmRGHSURMHWRVPXOWLVVHFWRULDLVRX
SURJUDPDVQDiUHDGDVD~GHVH[XDOUHSURGXWLYDpXPDYDQWDJHP
Como se candidatar: A Descrição do Trabalho detalhado para a vaga estão
disponíveis na recepção do escritório do UNFPA em Maputo no endeUHoRHVSHFLÀFDGRDEDL[R GDV DWp KRUDV GHVHJXQGDDTXLQWD-
IHLUD WDPEpPSRGH VHHQFRQWUDU QRZHEVLWHmozambique.unfpa.org
RXVROLFLWDGRDWUDYpVGRFRUUHLRHOHFWUyQLFR UHFUXLWPHQW#XQISD RUJ P]
Os interessados devem submeter as suas candidaturas acompanhados
pela carta de motivação indicando a referência e o nome do posto,
CV actualizado, formulário P11 (disponível no website acima mencionado),
endereço completo, detalhes de contacto e, pelo menos, três
referências.1mRKiQHQKXPDFREUDQoDGHWD[DGHFDQGLGDWXUD SURFHVsamento
ou de outra natureza. O UNFPA não solicita ou procura obter
LQIRUPDo}HVGRVFDQGLGDWRVTXDQWRDRVHXHVWDGRGH+,9RX6,'$HQmR
GLVFULPLQDFRPEDVHQDVLWXDomRGH+,9H6,'$ $VFDQGLGDWXUDVGHYHPVHUVXEPHWLGDVQRHQGHUHoRDEDL[RDWpRGLD GH6HWHPEURGH
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População
Av. Julius Nyerere , 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
10 Savana 02-09-2016 INTERNACIONAL SOCIEDADE SOCIEDADE
Os guerrilheiros têm depois um período
máximo de 180 dias para entregar
as armas e desfazerem-se dos
uniformes militares, num processo
que será monitorizado por 500 elementos
da ONU. Há 28 locais, pré-
-acordados com o Governo, onde os
membros das FARC se devem apresentar
para que a desmobilização seja
concluída. Para tal, estão assegurados
“corredores humanitários”, diz o El
Tiempo.
Será assim encerrado o capítulo militar
das FARC, que tem pela frente
um futuro como organização política.
Entre 13 e 19 de Setembro, as FARC
organizam a sua décima conferência,
que pela primeira vez não será feita
na clandestinidade e onde serão planeados
não sequestros ou atentados,
mas sim uma acção política. Um sinal
importante é a abertura a 50 convidados,
bem como à imprensa.
Apesar do significado profundo do
“
Acabou a guerra com as
FARC”, declarou à meia-noite
o Presidente colombiano. Os
guerrilheiros preparam agora
entrega das armas e o futuro da organização.
A primeira ordem tinha sido dada
pelo Presidente Juan Manuel Santos
na quinta-feira da semana passada
para que todas as operações da Força
Pública, composta por 480 mil efectivos,
terminassem. À meia-noite em
ponto (mais sete em Moçambique),
Juan Manuel Santos anunciava no
Twitter “acabou a guerra com as
FARC!”.
No domingo foi a vez do comandante
da guerrilha de inspiração marxista
Rodrigo Londoño Echeverri, nome
de guerra “Timochenko”, garantir o
cumprimento do fim das hostilidades
pelos mais de 15 mil homens e
mulheres ao seu comando. Não há
confrontos desde Julho de 2015, altura
em que as FARC declararam um
cessar-fogo unilateral.
O cessar-fogo é “talvez a melhor notícia
que a nossa nação recebeu nos
últimos cem anos”, disse o ministro
da Defesa, Luís Carlos Villegas, que
acrescentou que a data da assinatura
formal do acordo será “entre 20 e 26
de Setembro”.
Talvez como poucas pessoas, Norma
Gutiérrez sabe o que é sofrer com
este conflito. Foi casada duas vezes
e teve quatro filhos — e todos morreram
às mãos de guerrilheiros das
FARC. “Esperava este dia com muita
ansiedade e há já muitos anos”, diz
ao El Español. “Ainda parece que não
é real, é como estar num sonho.”
Permanecem, contudo, alguns riscos,
quer da parte de outras guerrilhas
como o Exército de Libertação
Nacional, que podem ver no recuo
das FARC uma oportunidade para
assumirem mais poder, quer de alguns
sectores dissidentes da própria
guerrilha, que não concordem com o
rumo seguido pelo comando-geral.
“Aquele que saia da linha do acordo
enfrentará todo o peso do Estado,
que irá combater a quem não cumpra
o acordado”, disse já esta segunda-
-feira Humberto de la Calle, um dos
principais negociadores do governo.
Em Março, o governo e o ELN manifestaram
vontade em entabular negociações,
mas não foi marcada qualquer
data para que as conversações
tenham início. O grupo, que também
defende uma doutrina próxima do
marxismo, possui um contingente de
1500 elementos e, no domingo, publicou
um comunicado em que deseja
“boa sorte” às FARC no seu processo
de conversão em “organização ou
movimento político legal”.
Colombianos divididos
A aplicação do cessar-fogo bilateral,
definitivo e incondicional — que
tinha sido formalizado em Junho
— marca o desenvolvimento mais
significativo da conclusão do processo
de paz iniciado há quatro anos
em Havana, mediado por Cuba e
pela Noruega. O próximo passo está
agendado para 2 de Outubro, data do
referendo em que os colombianos são
chamados a pronunciar-se sobre o
acordo de paz.
Os colombianos parecem divididos
quanto à apreciação do acordo de
paz. A última sondagem publicada
pelo jornal El Tiempo dava uma
vantagem de apenas três pontos ao
“sim” ao acordo. Para que seja válido,
para além de ter um apoio superior
ao “não”, o “sim” deve recolher pelo
menos 4,4 milhões de votos (13% do
eleitorado).
cessar-fogo, vão longe os anos mais
sangrentos do conflito que em meio
século matou mais de 200 mil pessoas,
fez quase 80 mil desaparecidos e
obrigou mais de 6,6 milhões a abandonarem
as suas casas. Desde que o
processo de paz foi lançado que o
número de vítimas tem caído. No ano
passado foram mortas 146 pessoas,
escreve o El País.
O acordo de paz progrediu ao longo
de seis etapas, que incluíam diferentes
aspectos que dividiam governo e
guerrilha, incluindo a reforma agrá-
ria, o narco-tráfico, ou a reparação
dos danos das vítimas. Assim que um
acordo era alcançado num destes capítulos,
avançava-se para o seguinte
até culminar no cessar-fogo bilateral.
Permanecem, no entanto, divergências
no seio da sociedade colombiana
quanto ao processo de paz. Os partidários
da linha seguida pelo ex-
-Presidente Álvaro Uribe defendem
uma linha mais dura e foram sempre
muito críticos das negociações
de Havana. Os mandatos de Uribe
(2002-2010) foram marcados por
uma forte militarização do conflito
com as FARC, a que não faltaram
escândalos como o dos “falsos positivos”
— execuções extrajudiciais levadas
a cabo pelas Forças Armadas com
o objectivo de preencher as quotas de
baixas exigidas pelo governo.
Uribe, que se mantém muito activo
e influente na política colombiana
como senador, veio propor recentemente
a organização de um “tribunal
nacional para a paz” ao arrepio do
acordo de Havana, onde, diz o ex-
-Presidente, reina a “impunidade”.
*Publico/SAVANA
Acabou a guerra
75% dos senadores votaram
pela destituição de Dilma
Rousseff. Mas esta não
será impedida de ocupar
cargos públicos ou eleger-se por
oito anos, como sucedera com
Collor de Mello. Michel Temer tomou
posse nesta quarta-feira.
Afastada há mais de 100 dias do
cargo, Dilma Rousseff foi nesta
quarta-feira, 31 de Agosto, definitivamente
destituída da presidência
do Brasil, após 61 dos 81 senadores
a terem considerado culpada
de crimes de responsabilidade na
gestão das finanças do país. 20 senadores
votaram contra e não
houve abstenções. Eram necessá-
rios apenas 54 votos para afastar
a presidente do PT em definitivo.
A condenação final, por 75%
dos votos, traduz a maior margem
de aprovação observada ao longo
do processo de “impeachment”,
que fora já alvo de uma primeira
votação no Senado e, antes disso,
na Câmara dos Deputados.
Ainda nesta quarta-feira, o seu
“vice” Michel Temer (PMDB), que
desde Maio ocupa interinamente o
cargo, tomou posse como presidente
do país numa sessão parlamentar
extraordinária. À partida, será ele
quem concluirá o mandato obtido
em 2014, que expira no final de
2018.
Já Dilma terá 30 dias para desocupar
o Palácio da Alvorada, residência
oficial da Presidência, em Brasí-
lia, e verá reduzida para oito a sua
equipa de assessores, seguranças e
motorista.
Eram 18:35 em Moçambique,
quando Ricardo Lewandowski,
presidente do Supremo Tribunal
Federal que está a conduzir a fase
final do julgamento, anunciou o
resultado. No Senado, ouviu-se
o hino, cantado por senadores e
por alguns dos que lotaram as galerias
da Casa. Nas ruas do país
ouviram-se buzinas, “panelaços” e
até fogo de artifício, com palavras
de ordem de “fora Dilma” e “fora
PT”, relatam jornais brasileiros.
Dilma perde o cargo mas
não os direitos políticos
Em votação separada ao afastamento
do cargo, o Senado decidiu,
por 42 votos contra 36, que a presidente
destituída não ficará proibida
de voltar a desempenhar cargos pú-
blicos durante oito anos. O pedido
de votação separada foi feita pela
defesa de Dilma Rousseff para tentar
evitar que esta fosse impedida
de concorrer a eleições ou trabalhar
em órgãos ou empresas públicas.
Ou seja, Dilma perde o cargo mas
não os direitos políticos, diferentemente
do que sucedera em 1992
com o então presidente Fernando
Collor de Mello. “Dois pesos e
duas medidas”, protestou o agora
senador. Para este resultado foram
essenciais os votos de senadores do
PMDB, como Renan Calheiros,
presidente da Casa. Este precedente
beneficia Dilma mas potenDilma
Rousseff destituída
Guerrilheiros das FARC em patrulha numa zona montanhosa da Colômbia John Vizcaino / Reuters
cialmente outros políticos perseguidos
pela justiça, como Eduardo
Cunha, afastado temporariamente
da presidência do Congresso
dos Deputados. Esta votação, e o
âmbito da sua aplicação, promete
ainda fazer correr muita tinta.
Dilma foi condenada por violar a
Constituição e as leis de enquadramento
orçamental ao ter atrasado
as transferências devidas aos bancos
públicos que pagam as verbas
de diversos programas do governo
e prestações sociais (as chamadas
“pedaladas”). Dilma foi ainda condenada
por ter realizado despesa
sem a necessária autorização do
parlamento. Esse universo de operações
foi omitido da contabilidade
pública. A acusação alega que o fez
para maquilhar as contas da Federação,
escondendo a verdadeira situação
financeira do país, o que lhe
teria permitido prometer o que sabia
impossível de cumprir na campanha
eleitoral de 2014. A defesa
alega que a situação económica e
política obrigou o governo a mudar
áreas de despesa mas sem alterar o
limite máximo, e que as dívidas aos
bancos públicos acabaram por ser
saldadas, com juros devidos.
No final de 2015, o total pago pelo
Governo federal para saldar os passivos
com bancos públicos (na sequência
das chamadas “pedaladas
fiscais”) atingiu 72,4 mil milhões
de reais (cerca de 20 mil milhões de
euros). Trata-se de um valor idêntico
ao total de crédito concedido
pelos bancos ao conjunto da economia
brasileira nos anos 2014 e
2015. Desse valor, 55,6 mil milhões
referem-se a dívidas acumuladas
até o fim de 2014, ano eleitoral.
Em 1988, o PT recusou-se a assinar
a Constituição. Também votou
contra a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
( JN e SAVANA)
Por João Ruela Ribeiro*
Savana 02-09-2016 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
12 Savana 02-09-2016 INTERNACIONAL OPINIÃO
Através do artigo 35º da
Lei nº 18/91, de 10 de
Agosto (Lei da Imprensa),
foi criado o Conselho
Superior da Comunicação Social
(CSCS), definido como “o órgão
através do qual o Estado garante a
independência dos órgãos de informação,
a liberdade de imprensa e o
direito à informação bem como o
exercício de direito e de resposta”.
Contudo, ao longo dos seus 25 anos
de existência, o Governo não tem
atribuído nenhuma relevância ao
CSCS, não obstante a Constituição
da República (CRM) tê-lo revestido,
há 12 anos, de dignidade constitucional
(artigo 50º).
Com efeito, à excepção de um diploma
ministerial (n.º 86/98, de 15
de Julho) promulgado há 18 anos
atribuindo funções administrativas
ao CSCS, o Governo não adoptou
nenhum outro instrumento normativo,
de modo a permitir o funcionamento
do Conselho, cumprindo o
seu desígnio constitucional e agir em
conformidade nos termos da lei.
Em consequência deste vazio legal,
e por o CSCS não dever, nem poder,
nos termos da lei, impor qualquer
regra aos órgãos de comunicação
social, nada mais tem restado ao
Conselho se não prestar conselhos
e recomendações. Parece-nos, assim,
haver a necessidade de se atribuir
um novo papel normativo ao CSCS,
de modo a que este órgão se torne
numa efectiva entidade de regulação
e supervisão no sector da Comunicação
Social moçambicana.
Dependência em relação
ao poder político
Nos termos do artigo 38º da Lei da
Imprensa, dois membros – um dos
quais o presidente do CSCS – são
designados pelo Presidente da República.
Os três jornalistas que representam
esta classe profissional no CSCS são
eleitos pelo Sindicato Nacional de
Jornalistas, sendo invariavelmente,
profissionais de órgãos controlados,
directa ou indirectamente, pelo Governo,
nomeadamente da “Televisão
de Moçambique (TVM)”, “Rádio
Moçambique (RM)” e jornais “Notícias”
ou “Diário de Moçambique”.
Dos quatro elementos eleitos pela
Assembleia da República - segundo
o sistema proporcional do método
de Hondt -, três são da Frelimo e um
quarto da Renamo; nos três últimos
mandatos a oposição (Renamo) só
tem conseguido indicar um só elemento.
Um 10º membro é nomeado pelo
Conselho da Magistratura Judicial,
órgão chefiado pelo presidente do
Tribunal Supremo, este por sua vez
também nomeado pelo Presidente
da República.
Resta, então, um 11º representante
das empresas jornalísticas. Contudo,
no mandato de 2009-2014, quem
representou a classe empresarial da
comunicação social, foi a Sociedade
Notícias, SA, proprietária dos jornais
“Notícias”e “Domingo”.
Portanto, dos 11 membros que compuseram
o CSCS entre 2009 e 2014,
dez tiveram uma relação directa ou
indirecta com o poder político. Daí
concluirmos que o CSCS não afigura
ser independente em relação
ao poder político, dada a relação de
dependência à nomeação e/ou à indicação
dos seus membros.
Sem direitos nem regalias
O artigo 12 º do Diploma Ministerial
n.º86/98, de 15 de Julho estabelece
que “os membros do Conselho
têm os direitos e regalias inerentes
ao estatuto que lhes for atribuído
pelo Conselho de Ministros”. Mas
o Conselho de Ministros nunca lhes
atribuiu estatuto algum. Se alguma
regalia têm é serem os membros do
CSCS convidados ao almoço oficial
do Chefe do Estado, nos finais de
cada ano, na Ponta Vermelha, para
além de um passaporte diplomático
por força do Decreto n.º 48/2006,
de 28 de Dezembro, que regula a sua
emissão e atribuição.
Desde o ano 2001, portanto há 15
anos, que os membros do CSCS têm
vindo a receber, invariavel e mensalmente
um subsídio denominado
“senhas de presença”, no mesmo valor
de 3.500,00 MT (três mil e quinhentos
Meticais). De cada vez que
um novo elenco toma posse (ocorreu
em 2003, 2009 e 2015) é solicitada
a revisão destes valores, à qual a Direcção
Nacional do Orçamento emite
um mesmo despacho informando
sobre a sua manutenção o que, de
acordo com o Relatório de CSCS de
2014, tem provocado “o desinteresse,
por parte dos membros, na participação
de actividades daquele órgão”.
Nomeação e exoneração
dos Directores Gerais
A CRM dispõe no seu n.º3 do artigo
50º que “O Conselho Superior
da Comunicação Social intervém na
nomeação e exoneração dos directores
gerais dos órgãos de comunicação
social do sector público, nos
termos da lei”.
Contudo, no Relatório do mandato
2009-2014, o CSCS faz constar
nas “Recomendações” para que o
Governo “cumpra com o estipulado
no artigo 50º da CRM”, em virtude
de, a 18 de Dezembro de 2013,
o Primeiro-Ministro ter empossado
como presidentes dos conselhos de
administração da “Televisão de Mo-
çambique” e “Rádio Moçambique”,
dois profissionais de comunicação
social, que até eram membros do
CSCS, sem que esta instituição tivesse
sequer sido ouvida.
Sanções pecuniárias
O artigo 33º da Lei da Imprensa,
sobre “Direito de resposta”, preconiza,
no seu n.º1, que “toda a pessoa
singular ou colectiva ou organismo
público que se considere lesado pela
publicação, transmissão radiodifundida
ou televisiva, de referências inverídicas
ou erróneas suceptíveis de
afectar a integridade moral e o bom
nome do cidadão, tem o direito de
resposta”.
Contudo, a inexistência de normas
sancionatórias que possam ser aplicadas
contra o não acatamento das
deliberações constitui um défice
normativo no CSCS. O presidente
do CSCS reconhece que “(…)
O CSCS não deve, nem pode, nos
termos da lei, impor qualquer regra
aos órgãos de comunicação social,
cabendo-lhe, como é da lei, aconselhar,
recomendar, sendo importante
a pressão do público, destinatário
da informação divulgada”, o que é
corroborado pelo representante, no
CSCS, do Conselho Superior da
Magistratura Judicial, ao afirmar que
“Parece mesmo que será necessário
conferir ao CSCS poderes para responsabilizar
directamente os órgãos
que procedam de modo que viole a
lei (…) e, ao mesmo tempo, tornar o
CSCS num órgão regulador”.
Usando do direito comparado, a Entidade
Reguladora para a Comunicação
Social em Portugal preconiza
que constitui “contra-ordenação,
punível com coima de 5.000 euros
a 50.000 euros, a inobservância na
recusa do direito de resposta (…)”.
Dignidade institucional aos
membros do CSCS
A CRM, no seu n.º4 do artigo 50º,
determina que “a lei regula a organização,
a composição, o funcionamento
e as demais competências do
Conselho Superior da Comunicação
Social”.
Contudo, desde 1991, ano em que
foi adoptada a Lei da Imprensa e
constituído o Conselho Superior da
Comunicação Social, há portanto 25
anos e actualmente no 5º mandato,
o único dispositivo legal adoptado
para a vigência do funcionamento
do CSCS é o Diploma Ministerial
n.º 86/98, de 15 de Julho, designado
“Estatuto Orgânico do Conselho
Superior da Comunicação Social”,
destinado principalmente a estabelecer
as competências do presidente
e os custos administrativos do
CSCS.
Daí que entre os constrangimentos
assinalados pelos diversos elencos do
CSCS e reiterados no Relatório do
CSCS (2014) conste a ausência de
uma Lei Orgânica deste Conselho
que regule a organização, a composição
e demais competências do
CSCS, nos termos do n.º4 do art.
50º da CRM.
CONCLUSÕES
É de se concluir que as normas que
criam e regem o funcionamento do
CSCS não são bastantes e nem permitem
que este órgão exerça as suas
funções com eficácia.
Tal conclusão é derivada do facto de
o Governo não ter, ao longo dos 25
anos de existência, atribuído qualquer
tipo de relevância ao CSCS.
Com efeito, desde 1998 que o
Conselho de Ministros não aprova
qualquer disposição normativa que
permita ao CSCS agir em conformidade
com o estatuído na lei, nomeadamente
no artigo 50º da CRM,
na Lei da Imprensa e no Diploma
Ministerial n.º86/98, de 15 de Julho.
Este vazio legal faz com que as deliberações
e decisões do Conselho
não sejam acatadas pelas direcções
dos órgãos de comunicação social,
por não ser baseadas em princípios e
regulamentos claros do domínio pú-
blico, nomeadamente dos jornalistas.
O Executivo chega a ponto de nem
sequer respeitar o comando constitucional
(art. 50º da CRM) de solicitar
parecer prévio ao CSCS no
respeitante à nomeação e exonera-
ção dos directores gerais (presidentes
dos conselhos de administração)
das empresas públicas do sector da
comunicação social.
De igual modo, a actual composi-
ção dos membros do Conselho não
permite a necessária equidistância
na tomada de decisões em relação
ao poder político, dada a sua forte
dependência em relação ao Chefe
do Estado, ao Governo e à Assembleia
da República, o que propicia a
sujeição a directrizes e orientações
por parte de quem os nomeou ou os
elegeu.
Por último, a ausência legal de poderes
de imposição de sanções pecuniárias
ou suspensão temporária da
actividade, por incumprimento das
suas deliberações, constitui igualmente
uma lacuna que urge colmatar.
Este conjunto de constrangimentos
faz com que o CSCS seja até aos
dias de hoje, 25 anos após a sua cria-
ção, uma instituição destituída de
qualquer utilidade pública.
RECOMENDAÇÕES
De modo a alterar o “status quo” a
que o CSCS parece estar condenado,
recomendamos: (i) Que, na
próxima revisão da CRM, seja efectuada
uma revisão ao artigo relativo
ao CSCS, atribuindo-se-lhe o papel
de regulação e fiscalização do sector
da Comunicação Social, deixando
de ser um mero orgão de disciplina
e consulta e (ii) Em consequência da
referida revisão na CRM, deverá ser
adoptada uma Lei de Revisão à Lei
da Imprensa, harmonizando-a com
as novas atribuições e competências
de órgão de regulação e de supervisão.
Na Lei de Revisão à Lei da Imprensa,
deverão constar novas competências
ao CSCS, entre as quais de: (a)
Emitir instruções genéricas obrigatórias
dirigidas aos operadores do
sector com a finalidade de garantir
o respeito e cumprimento da legisla-
ção vigente em matéria de comunicação
social, fazendo-as publicar no
Boletim da República para ter força
vinculativa; (b) Sancionar os operadores
da comunicação social que
violem as normas constitucionais
e legislativas do sector da comunicação
social aplicando para o efeito
multas e sanções a ser previstas na
lei.
O CSCS, enquanto órgão regulador
e fiscalizador, deverá ser independente
no exercício das suas funções,
definindo livremente a orientação
das suas actividades, sem sujeição a
quaisquer directrizes ou orientações
por parte do poder político, em estrito
respeito pela Constituição e
pela lei, pelo que a composição dos
seus membros deverá ser alterada,
para ser aberta e transparente, não
devendo ser controlada por qualquer
partido político.
Do seu elenco devem fazer parte
maior número de profissionais da comunicação
social comparativamente
à política, devendo ter proveniência
de cada área jornalística, designadamente
da imprensa escrita, da rádio
e da televisão, bem como dois representantes
das empresas jornalísticas,
um representando o sector privado e
um segundo do sector público. Deverão
ser ainda integrados um representante
da área da publicidade e um
da defesa do consumidor.
O presidente do CSCS, ao invés
de ser nomeado pelo Presidente da
República, deverá ser um magistrado
judicial, com capacidade técnica
para tomar decisões de modo independente,
segundo a Constituição, a
lei e a sua consciência, não estando
sujeito a ordens ou instruções do
poder político.
Os membros eleitos e/ou nomeados
para o CSCS deverão suspender as
suas actividades profissionais, durante
os cinco anos do mandato, sem
prejuízo da contagem de tempo de
serviço, descontos para a Segurança
Social e outros direitos profissionais
conexos, para se dedicarem inteira
e integralmente às suas funções no
CSCS, deixando por consequência
de ser remunerados pelos seus
empregadores e mantendo-se, por
conseguinte, equidistantes em relação
aos órgãos de comunicação
social de onde provêm, pelo que:
(i) Os membros do CSCS deverão
ser remunerados, de acordo com a
especial relevância das suas funções
constitucionais; em nossa opinião,
deverão ter um estatuto remuneratório
equivalente ao dos deputados
da Assembleia da República, sendo
a remuneração do presidente do
CSCS, em especial, equiparada à
dos presidentes das bancadas parlamentares
da Assembleia da Repú-
blica, para além das demais regalias
previstas na legislação e (ii) Por último,
o Governo deverá cumprir com
os comandos constitucionais no que
respeita às atribuições do CSCS,
para além de produzir legislação atinente
à organização, a composição,
o funcionamento e as demais competências
do Conselho Superior da
Comunicação Social, em falta desde
1991.
*Artigo para o SAVANA, baseado na
monografia “A problemática da regula-
ção da comunicação social em Moçambique
– o caso do Conselho Superior
da Comunicação Social”, apresentada
no âmbito da obtenção do grau de
licenciatura em Ciências Jurídicas, na
Universidade Politécnica, em Maputo,
a 9 de Agosto de 2016.
Conselho Superior da Comunicação Social:
um órgão inútil
Leandro Paul *
Savana 02-09-2016 13 PUBLICIDADE SOCIEDADE
14 Savana 02-09-2016 Savana 02-09-2016 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Nairobi, a capital Queniana,
esteve literalmente parada
no último fim-de.semana
para acolher aquela que foi a
sexta edição da Conferência Internacional
de Tóquio para o Desenvolvimento
de África (TICAD VI, na sigla
inglesa) que, pela primeira vez, 23
anos depois da sua institucionaliza-
ção em 1993, aconteceu em solo africano.
Tráfego rodoviário congestionado,
um cinto de segurança bastante
apertado caracterizavam a cidade que,
durante dois dias, juntou Chefes de
Estado e de Governo e delegações do
Japão e 54 países africanos, em conjunto
com representantes de 52 outros
países parceiros, 74 organizações
internacionais e regionais, representantes
do sector privado e Organiza-
ções da Sociedade Civil (OSC), tanto
o Japão e África, para discutir o futuro
de África à luz dos novos desafios que
o continente enfrenta.
Ao cair do pano do evento no qual
Moçambique se fez representar ao
mais alto nível, pelo presidente Filipe
Nyusi, as partes adoptaram aquela que
fica na história como a primeira declaração
produzida em África, no quadro
do TICAD.
A Declaração de Nairobi, orientada
para o desenvolvimento sustentável de
África, desenha três principais frentes
em prol do desenvolvimento africano,
que deverão nortear as relações entre
os países do continente berço da humanidade
e o Japão até àquele que
será o sétimo TICAD, a ter lugar em
2019, no país asiático.
Numa altura em que as economias
africanas debatem-se com a baixa de
preços das comodities nos mercados
internacionais, países mergulhados em
instabilidade, foram acordadas como
prioridades, para os próximos três
anos, a promoção da transformação
estrutural da economia através da diversificação
e industrialização, a promoção
de sistemas de saúde resilientes
para a qualidade de vida, bem assim a
promoção da estabilidade social.
Transformação estrutural da
economia
No que à transformação estrutural da
economia africana diz respeito, foi assumido
o compromisso de acelerar o
crescimento de indústrias em África,
incluindo agricultura, pecuária, minerais,
inovação e turismo. “A partir desta
perspectiva, vamos envolver-nos em
questões energéticas, facilitar soluções
para os problemas urbanos e criar novos
mercados, ligando consumidores,
produtores, agricultores e as economias
através do desenvolvimento de
toda a região. Também promoveremos
a adição de valor e processamento
de produtos primários, elevando a
produtividade de forma sustentável e
desenvolvimento de cadeias nacionais,
regionais e globais de valor. Também
iremos promover e apoiar o papel das
empresas africanas, em áreas como
tecnologia da informação e comunicação
e turismo, observando a importância
da livre circulação de bens, serviços
e pessoas”, refere a Declaração
de Nairobi.
O reforço da qualidade de infra-estruturas
foi outro compromisso assumido
por unanimidade. “Enfatizamos
a importância de infra-estruturas de
qualidade, o que garante a eficiência
económica, tendo em conta o custo do
ciclo de vida, operação de confiança,
segurança, capacidade de resistência
às catástrofes naturais e sustentabilidade,
alinhada com as necessidades de
desenvolvimento dos países africanos.
Vamos promover o investimento em
infra-estrutura de qualidade que leva
à criação de empregos e transferência
de conhecimentos e know-how, bem
como ao reforço das capacidades dos
países africanos e de pessoas e que
aborda o impacto social e meio ambiente
e melhora a conectividade a
nível nacional, regional e continental”,
acordaram.
Destacaram ainda o papel do sector
em que doenças como o HIV/SIDA
e ébola minam o desenvolvimento, os
Chefes de Estado e de Governo e delegações
do Japão e África decidiram
pelo reforço dos sistemas de saúde
para melhorar a sua resiliência, sustentabilidade
e inclusão.
“Ao fazê-lo, temos como objectivo
aumentar a capacidade do continente
de responder e melhor se preparar
para evitar epidemias, pandemias e
outros problemas de saúde pública,
bem como tratar de várias questões de
saúde, incluindo o ébola, HIV/SIDA,
tuberculose, malária, doenças tropicais
negligenciadas, entre outras transmissíveis
e não transmissíveis, incluindo o
cancro, bem como as ameaças futuras,
tais como a resistência antimicrobiana”,
garantiram.
Segundo eles, trata-se de esforços que
incluem o reforço das instituições e
adolescentes e jovens”, frisa o histórico
documento na posse do SAVANA
que, a dado passo, deixa um recado:
“sistemas de saúde sustentáveis devem
ser apoiados por políticos e gestores”,
nos seus respectivos países.
Estabilidade social
Numa altura em que vários países
africanos, incluindo Moçambique,
estão a braços com a instabilidade, o
Japão e África, reunidos de 27 a 28
de Agosto último na terra de Jomo
Kenyatta, acordaram em promover a
estabilidade social, respondendo de
forma abrangente a preocupações de
segurança.
“Neste sentido, enfatizamos que proteger
e capacitar os indivíduos, especialmente
os jovens, mulheres e pessoas
com deficiência, as famílias e suas
comunidades através da melhoria do
tempo que reafirmam compromisso
de lutar contra o terrorismo e o extremismo
violento.
No que aos desafios globais diz respeito,
comprometem-se a enfrentar as
mudanças climáticas, o desmatamento
e a desertificação, a caça furtiva, a perda
de recursos naturais, a insegurança
alimentar, água e défice de energia e
desastres naturais, bem como seus impactos
sobre migração e segurança.
Numa altura em que muitas economias
africanas estão em arrefecimento, devido
em parte ao alto endividamento
que, em casos como Moçambique, foi
feito às escondidas, a Declaração de
Nairobi refere que “observamos, também,
o impacto negativo da pobreza,
peso da dívida, unilateral e medidas
coercivas sobre a estabilidade social”.
Por outro lado, ressaltam a importância
de promover os esforços regionais
e internacionais relacionados com a
segurança marítima, incluindo a pirataria,
a pesca ilegal e outros crimes
marítimos, mantendo regras baseadas
em ordem marítima e reafirmam ainda
o que chamam por “determinação
em reformar urgentemente órgãos das
Nações Unidas, incluindo o Conselho
de Segurança e manter a dinâmica política
através de um diálogo reforçado
para encontrar a melhor abordagem”.
Por outro lado, as partes dizem reconhecer
que, a fim de cumprir os três
pilares e alcançar resultados concretos,
precisam de atacar áreas transversais
como a capacitação de jovens,
mulheres e pessoas com deficiência, a
promoção da ciência, tecnologia e inovação,
o desenvolvimento de recursos
humanos, a promoção de parcerias pú-
blico-privadas, o envolvimento do sector
privado e da sociedade civil, bem
como o fortalecimento das institui-
ções e boa governação no continente.
30MDSRQrVGHVDÀDÉIULFDD
não arredar pé
Parar? Não!
Na sessão de abertura do TICAD
VI, o primeiro-ministro japonês reconheceu
as dificuldades porque passa
a maioria dos países africanos, na
actualidade, que incluem instabilidade
e baixa dos preços das commodities, o
que encarece o custo de vida dos povos.
Mas Shinzo Abe disse que o futuro
do continente é bastante promissor.
“Alguns países estão preocupados com
a queda no preço das commodities,
enquanto em outras nações, a paz
foi quebrada. Eu deveria, no entanto,
perguntar: Será que a África simplesmente
parou de se mover para a frente?”.
Em resposta, o primeiro-ministro nipónico
disse que não tinha razões para
pessimismos. “Quaisquer que sejam os
problemas que existem em África, eles
são simplesmente para serem resolvidos.
E o Japão é um país que ardentemente
espera resolver os problemas
que a África enfrenta”, garantiu Shinzo
Abe que, na ocasião, anunciou que,
de 2016 a 2018, o Japão vai investir,
em África, cerca de USD 30 biliões
sob forma de parcerias público-privadas
através de medidas de execu-
ção centradas no desenvolvimento de
9LUDGDDRVGHVDÀRVHPHUJHQWHVGRFRQWLQHQWHDIULFDQR
Por Armando Nhantumbo, nosso enviado a Nairobi Sob uma forte campanha
de diabolização e contestação
levada a cabo nos
órgãos de comunicação
do sector público para a desconvocação
da marcha e perante a intimidação
do Comando da PRM
da Cidade de Maputo, centenas de
cidadãos saíram à rua, no passado
sábado, na capital, para levantarem
bem alto a voz e gritarem “basta à
guerra” e ao “elevado custo de vida”.
Pediram ainda a responsabilização
dos mentores do endividamento do
país.
“Para se libertar Mandela na África
do Sul, foram necessárias milhares
de marchas. Nos Estados Unidos da
América, para os negros tomarem o
poder, foram ainda milhares e milhares
de marchas que nem sequer
começaram com Martin Luther
King. Mas as pessoas foram-se libertando
a cada dia, libertando-se
primeiro da pobreza política, estabeleceram
um novo modelo comportamental
de intervenção social,
buscando permanentemente uma
função política e social compatível
com a sua época. O nosso principal
desafio é a busca da paz permanente
e não de vai e vem”.
Foi com estas palavras que o presidente
do Parlamento Juvenil, Salomão
Muchanga, encerrou a marcha
do passado sábado, que teve a sua
agremiação como um dos organizadores.
A iniciativa serviu também como
uma resposta a um movimento
“contra-marcha”, que durante a semana
desdobrou-se em esgrimir
argumentos desaconselhando a iniciativa
das organizações da sociedade
civil.
Na sexta-feira, o comandante da
PRM na cidade de Maputo, Bernardino
Rafael, enviou uma carta
aos organizadores no sentido de
persuadi-los a adiar o evento, alegando
razões de segurança.
O comandante defendeu que tomou
conhecimento da existência
de focos de perturbação da Lei e
Ordem Pública, que teriam lugar a
coberto da marcha.
Na missiva de três páginas, a que o
SAVANA teve acesso, Bernardino
Rafael diz que os referidos distúrbios
levariam a PRM a usar todos
os meios disponíveis para a reposi-
ção da Ordem, sem pré-condições
na obediência da lei. E como consequência
dos referidos actos, a responsabilização
recaía imediatamente
sobre os organizadores do evento
e, num segundo momento, aos praticantes
dos distúrbios, pelo que
apelava ao cancelamento da mesma.
Não tendo os organizadores acatado
o apelo da PRM, um forte dispositivo
de segurança, composto pela
bridada canina, tanques de jactos de
água, elementos da PRM fortemente
armados e alguns à paisana, fez-se
presente logo nas primeiras horas
do dia na rota da manifestação.
Bernardino Rafael foi o primeiro a
solicitar o megafone para, de fronte
da estátua de Eduardo Mondlane,
apelar à ordem e ao respeito pelas
regras de convivência e diversidade
de ideias no município.
A presença da polícia levou Alice
infra-estruturas de qualidade, promovendo
sistemas de saúde resilientes e
estabelece as bases para a paz e a estabilidade.
Moçambique volta à casa
com 8 acordos
É o país que, depois do Quénia, o
anfitrião do TICAD VI, mais acordos
conseguiu no evento que, 23 anos
depois da sua institucionalização no
Japão, teve lugar pela primeira vez em
solo africano.
Os oito acordos de Moçambique foram
fechados na tarde deste domingo,
exactamente, ao cair do pano do
evento que durante dois dias discutiu
o futuro de um continente seriamente
afectado pela baixa de preços das suas
principais commodities.
A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos
(ENH) rubricou dois acordos
que, segundo o respectivo Presidente
do Conselho de Administração
(PCA), Omar Mithá, em breves declarações
ao SAVANA, em Nairobi,
fazem “vislumbrar um futuro mais
risonho”.
Um foi com a japonesa Mitsui, que
tem cerca de 20 por cento na área 1
(gás do Rovuma) que agora reforçou
a parceria com a ENH não só para o
desenvolvimento do Gás Natural Liquefeito
(LNG, na sigla inglesa), mas
também na cadeia de valor relacionado
com o negócio, bem como no desenvolvimento
de recursos humanos.
A outra parceria da ENH foi com a
japonesa Marubeni Corporation para
a produção de metanol a partir de gás
natural de Moçambique não só para
exportação, mas também para a produção
de gasolina para atender a demanda
local.
O Banco Nacional de Investimentos
(BNI) também alcançou um memorando
de entendimento com a Mitsui
para o sector de infra-estruturas e negócios
relacionados à área de petróleo
e gás.
Por sua vez, a Electricidade de Mo-
çambique (EDM) alcançou dois acordos
com a Sumitomo Corporation.
O primeiro é para a realização de um
estudo de viabilidade de carvão usina
com a tecnologia avançada na província
de Tete e o segundo para o desenvolvimento
de uma central de ciclo
combinado a gás em Temane, província
de Inhambane.
Outro acordo de Moçambique foi rubricado
entre a Organização Japonesa
para Comércio Externo ( JETRO, na
sigla inglesa) e o Centro de Promoção
de Investimentos (CPI) e visa uma
cooperação mútua para a promoção
de investimentos neste país africano.
Por sua vez, a Japan Oil, Gas and
Metals National Corporation ( JOGMEC)
e o Ministério dos Recursos
Minerais e Energia (MIREME)
acordaram a implementação de um
programa de cooperação no campo do
carvão para o desenvolvimento de recursos
humanos que se estende o perí-
odo do programa por três anos.
O MIREME assinou ainda um memorando
com a JOGMEC/Mitsui
para o treinamento de recursos humanos
para área de LGN.
Mabota, presidente da Liga dos Direitos
Humanos (LDH), e o músico Azagaia,
a considerarem os participantes da
marcha privilegiados, porque, na ausência
do chefe de Estado, beneficiaram de
escolta policial. “Temos uma escolta de
luxo” atiraram.
E foi neste espírito de forte vigilância
que, às 08:30 horas, os manifestantes
seguiram pela avenida Eduardo Mondlane,
desviaram pela Karl Max, desaguando
na Praça da Independência,
local que foi palco de actividades culturais,
como música e declamação de
poemas.
Ostentando dísticos com dizeres “Atum
na lata, ladrão na cadeia”; “Buchili congele
o atum”; “Se o povo é patrão, então
ordenamos: queremos a paz”; “Já sofremos
o suficiente” entre outros, os participantes
caminharam de forma lenta,
para consumir as quatros horas de tempo
solicitadas à edilidade.
A dramatização de cenários de fome,
mostrando panelas vazias bem como
cenários de guerras, foram outras formas
usadas na arruada.
Para galvanizar os participantes, não
faltaram cânticos, como o refrão, muito
ovacionado: “a vanu lava yi swiguevengu,
va lovisa tiku hi ti nyimpe ni
swikweneti (que numa tradução livre
quer dizer: Esta gente é bandida e está
a afundar o país com guerras e dívidas).
Estamos a construir cidadania
de rua
Salomão Muchanga classificou a marcha,
por sinal a segunda levada a cabo
pelas organizações da sociedade civil
na capital do país, num espaço de dois
meses, como um acto de cidadania da
rua e parte de um amplo processo de
construção da consciência e elevação da
dignidade humana no país.
Entende que este tipo de acções deve
ser característico duma juventude que
não se conforma com a realidade que
lhe é oferecida pelos políticos.
Insistiu que o maior desafio do momento
é o restabelecimento da paz,
“que não pode ser de vai e vem, nem de
faz de contas, e muito menos uma paz
da Frelimo e Renamo, mas sim uma paz
efectiva entre os moçambicanos, que
acima de tudo seja uma paz sustentável
e duradoura”.
“A paz é fundamental para construção
de um país de progresso, por isso vamos
continuar a marchar exigindo o
fim da guerra. Só com o fim da guerra
a juventude pode sonhar. Com a guerra
seremos cidadãos com sonhos adiados”,
disse.
Muchanga repisou a necessidade da inclusão
da sociedade civil na mesa negocial,
facto que até ao momento é vedado
pelos principais contendores.
Recorde-se que na conferência “Pensar
Moçambique”, organizada pelo PJ, foi
constituído um grupo para representar
a sociedade civil nas negociações. Devido
a esta inércia, o líder da juventude
referiu que “os conclaves do governo e
da Renamo só perpetuam um Moçambique
que não queremos. Queremos
estar presentes no debate sobre os destinos
da nossa nação”.
Apontou o processo de revisão da
Constituição como outro desafio em
que os moçambicanos não podem estar
alheios, tendo apelado para que o mesmo
seja inclusivo, quer a nível nacional
e na diáspora.
O controverso assunto das dívidas ocultas
com garantias soberanas do estado
foi outro móbil da manifestação. O presidente
do PJ exortou a Procuradoria-
-Geral da República (PGR) a não se
limitar a lamentar o facto, mas a tomar
uma atitude enérgica visando o esclarecimento
cabal da questão e à responsabilização
dos mentores da dívida, cujas
consequências já se fazem sentir no
dia-a-dia de cada moçambicano, com a
subida galopante da inflação.
Choramos pela paz
Manuel de Araújo, presidente do Conselho
Municipal de Quelimane, veio à
capital do país para se juntar ao grupo
dos marchantes.
“A paz por que os jovens maputenses
hoje clamam faz falta em Quelimane,
em Morrumbala, em Mopeia e em
Murotoni, locais onde cerca de seis mil
crianças deixaram de ir à escola, desde
Janeiro do presente ano. Vim para
juntar a voz de Zambézia, trazer a voz
de Quelimane nesta manifestação para
que não se pense que apenas são os residentes
da capital que querem a paz, mas
sim todos os moçambicanos”, justificou
Manuel de Araújo.
Se o povo é patrão, prosseguiu, ele pede
a paz e a marcha constitui uma forma
de expressão e pressão às partes, de
modo que dediquem todas as energias
ao restabelecimento da estabilidade.
Araújo disse estar decepcionado com o
curso das negociações entre o governo
e a Renamo, destacando que os anseios
do povo devem estar acima de tudo.
Marchar é melhor forma
de cidadania
Para Alice Mabota, presidente
da Liga dos Direitos Humanos
(LDH), co-organizadora do evento,
este é sinal claro do exercício de
cidadania, pois o povo expressa o
que sente.
Numa altura em que o país se debate
com dois grandes problemas,
a guerra e o elevado custo de vida,
como resultado das dívidas ocultas,
apontou que “o povo precisa de um
tubo de escape, que também possa
funcionar como elemento de pressão”.
Precisou que ao deixar fluir uma
marcha com rosto e bem organizada,
foi possível evitar actos de
vandalismo.
“Estão a afundar o país sem mais
nem menos e no dia em que o cidadão
sentir que tem muita fome
vai desatar a partir lojas e nós não
queremos isso”.
PJ busca contribuições
para paz em Nampula
Depois de iniciativas no sul e centro
do país, destinadas à busca de
subsídios para a paz, o Parlamento
Juvenil organiza hoje (sexta-feira)
na província de Nampula, através
do painel de monitoria do diálogo
para paz, a conferência regional
norte, que visa colher subsídios
para a busca de uma paz definitiva
e sustentável naquele ponto do
país.
A conferência regional norte vai
juntar cerca de 150 participantes,
provenientes das províncias de
Nampula, Cabo Delgado e Niassa,
dentre actores políticos, entidades
do estado, organizações da
sociedade civil, representantes das
confissões religiosas, activistas de
direitos cívicos, académicos, activistas
das redes sociais, sector privado,
sector informal, entre outros.
A realização deste evento surge
como uma das decisões tomadas
na “conferência pensar Moçambique”,
conjugada com os termos
de referência do painel de monitó-
ria do diálogo para paz. O painel
será composto pelo presidente do
Parlamento Juvenil, Salomão Muchanga,
pela sindicalista Ivanilda
Madede e pelo economista Roberto
Tibana.
De acordo com uma nota enviada
à nossa redacção, no final da conferência
será emitida uma declaração
de posição.
Marcha da revolta venceu intimidação África e Japão selam nova agenda desenvolvimentista 3RU$UJXQDOGR1KDPSRVVD
privado e a importância de melhorar o
ambiente de negócios para promover
o comércio e investimento para a cria-
ção de emprego, especialmente para
mulheres e jovens. “Vamos tomar medidas
para reforçar o papel do sector
privado no desenvolvimento, incluindo
através do aumento do investimento
privado, o empreendedorismo, a reforma
de negócios, inovação, parceria
público-privada e acesso ao financiamento.
Vamos incentivar a introdução
de incentivos que serviriam como um
incentivo para os industriais para estabelecer
e reforçar as capacidades de
produção na África”, comprometem-
-se na Declaração de Nairobi.
O pilar um termina com um cometimento
no desenvolvimento de
recursos humanos para promover e
sustentar a transformação estrutural,
bem como acelerar os esforços para
desenvolver habilidades necessárias
através da educação, formação técnica
e profissional e melhorar a capacidade
institucional para a diversificação económica.
Sistemas de saúde
resilientes
Em relação à promoção de sistemas
de saúde resilientes, num continente
criação de capacidades nacionais e
locais, reforçando a eficiência, responsabilidade,
transparência, igualdade e
sistemas de saúde responsáveis para
melhorar a prestação de serviços essenciais;
promoção da investigação;
desenvolvimento da capacidade dos
prestadores de serviços de saúde;
promoção da higiene e acesso à água
potável, saneamento, imunização,
medicamentos de custo acessível, nutrição
e cuidados de saúde primários,
incluindo a saúde materna e infantil;
mas também a promoção da colaboração
em tecnologias farmacêuticas
entre África e Japão.
A cobertura da rede sanitária é também
outro desafio das partes que
acordaram em mobilizar recursos
financeiros através de organizações
internacionais relevantes. “Nós acreditamos
fortemente que reforçar os
sistemas de saúde irá lançar as bases
para alcançar a cobertura universal de
saúde, que irá contribuir para o refor-
ço da preparação para emergências de
saúde pública, bem como para a melhoria
da qualidade de vida. Ressaltamos
a importância do acesso à saúde
sexual e reprodutiva e planejamento
familiar, tendo em conta os direitos
reprodutivos e os direitos de mulheres,
acesso à educação, formação técnica
e profissional, criação de emprego e
oportunidades e promover a coesão
social, é fundamental. Ressaltamos,
ainda, que o empoderamento da juventude
e desenvolvimento de capacidades
são fundamentais para impedir
a migração forçada e conflitos, e promover
a construção da paz”, referem.
O Japão diz que vai apoiar o reforço da
capacidade das autoridades governamentais
nacionais e locais, bem como
as instituições regionais internacionais
e africanas para a paz e estabilidade no
continente, incluindo a capacidade de
vigilância e de contenção de segurança
nas transfronteiras.
“Além disso, estamos empenhados em
enfrentar os choques e as vulnerabilidades
associadas a conflitos armados,
instabilidade política e crises econó-
micas. Condenamos energicamente
o terrorismo em todas as suas formas
e manifestações, onde quer que seja e
por quem quer que cometam. A propagação
do terrorismo atenta contra a
paz e a segurança internacional e põe
em perigo nossos esforços contínuos
para reforçar a segurança e a economia
regional e global, bem como para
garantir o crescimento e desenvolvimento
sustentável”, dizem ao mesmo
'HULJHQWHVDIULFDQRVQDFRQIHUrQFLDTXHUHGHÀQLXDDJHQGDGHGHVHQYROYLPHQWRGRQRVVRFRQWLQHQWH
16 Savana 02-09-2016 PUBLICIDADE
No âmbito do Projecto Governação Democrática
implementado em parceria com a Actionaid Mo-
çambique, no mês de Junho, a Sociedade Aberta e as
Plataformas Distritais de Marracuene e Namaacha
realizaram a avaliação da qualidade dos serviços de
saúde referente a nove unidades sanitárias. A avaliação
foi feita com recurso ao Cartão de Pontuação
Comunitário (CPC), um instrumento participativo
de monitoria usado para avaliar a qualidade dos serviços
públicos prestados às comunidades.
Metodologia
O CPC foi composto por 13 indicadores seleccionados
pelas comunidades e foi aplicado com base na
matriz de pontuação, constituída por 5 categorias
FRPRVHJXLQWHVLJQLÀFDGR 0XLWR0DX 0DX
6XÀFLHQWH %RP 0XLWR%RP
A avaliação da qualidade dos serviços de saúde foi
UHDOL]DGDFRPEDVHQRVVHJXLQWHVLQGLFDGRUHV L DWLtude
dos trabalhadores e atendimento ao público, ii)
distância entre o Posto de saúde e as comunidades,
iii) condições físicas do Posto de saúde, incluindo a
maternidade, iv) existência de parteiras no Posto de
saúde, v) acesso à medicamentos no Posto de saúde,
vi) atendimento da mulher, criança e acção social,
YLL FRPEDWH D PDOiULD GLVWULEXLomR GH UHGHV PRVquiteiras
e fumigações, viii) acesso ao TARV, aconselhamento
e testagem ao HIV, ix) número de habitantes
por Posto de saúde, x) existência e condições
da casa mãe espera, xi) disponibilidade de água e
HQHUJLD KRUDV [LL WHPSRGHHVSHUDSDUDRDWHQdimento,
e xiii) número de camas na maternidade.
A implementação do Cartão de Pontuação ComuniWiULRFRPSUHHQGHXGXDVHWDSDV
DYDOLDomRGDVDWLVfação
das comunidades locais e o encontro de interface.
Avaliação da satisfação das comunidades
O levantamento das preocupações das comunidades
na área da saúde foi realizado nas Localidades
de Mafuiane, Goba, Michangulene e Impaputo em
Namaacha, e Macandza, Matalane, Thaula e Michafutene
no distrito de Marracuene, através de grupos
focais. No total foram abrangidas pela avaliação 383
SHVVRDV GDV TXDLV VmRPXOKHUHV H VmR KRmens.
Encontro de interface
O encontro de interface foi realizado com vista a
apresentar e discutir os resultados da avaliação com
o provedor dos serviços e os utentes. Na ocasião, a
Sociedade Aberta e as Plataformas solicitaram aos
Governos, a canalização de mais recursos humanos e
ÀQDQFHLURVSDUDRVLQGLFDGRUHVTXHDSUHVHQWDPXPD
pontuação baixa, como forma de melhorar a presta-
ção de serviços fornecidos aos cidadãos e procure
manter os níveis dos indicadores estáveis, bem como
aumentar a quantidade e melhorar a distribuição de
medicamentos. Participaram do evento Administradores
Distritais, representantes do Sector da Saúde,
das Comunidades abrangidas pela avaliação, Comités
de saúde, Sociedade Aberta e as Plataformas de
Namaacha e Marracuene.
Resultados da avaliação
A avaliação mostrou que há melhoria dos serviços
de saúde em Namaacha e Marracuene, com destaTXHSDUDRVVHJXLQWHVDVSHFWRV L
H[LVWrQFLDGHSDUteira
em Goba, Mafuiane, ii) distribuição de redes
Síntese
Avaliação da qualidade dos serviços de saúde nos distritos de Namaacha e Marracuene
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A tabela acima apresenta o resumo da pontuação geral das localidades abrangidas
pela avaliação nos distritos de Namaacha e Marracuene.
Comparando os resultados das avaliações de Namaacha e Marracuene pode-se conFOXLUTXHHP0DUUDFXHQHH[LVWHP LQGLFDGRUHVFRPSRQWXDo}HVGH RTXHVLJQLÀFD
que os serviços prestados são aceitáveis, porém ainda carecem de melhorias para
que sejam bons ou muito bons. No caso do distrito de Namaacha apenas 5 indicadoUHVWHPSRQWXDo}HVGH )D]HPSDUWHGHVWHVLQGLFDGRUHVRVVHJXLQWHV L
DWLWXGHGRV
trabalhadores e atendimento ao público, ii) acesso ao tratamento anti - retroviral, iii)
FRPEDWHDPDOiULD GLVWULEXLomRGHUHGHVPRVTXLWHLUDVHIXPLJDo}HV LY GLVSRQLELOLdade
de água e energia todo o dia, v) condições físicas dos postos e centros de saúde
incluindo a maternidade, e vi) existência de camas na maternidade.
2VLQGLFDGRUHVTXHUHÁHFWHPDEDL[DVDWLVIDomRGDVFRPXQLGDGHVHPUHODomRjTXDOLGDGHGRVVHUYLoRVSUHVWDGRVQDV8QLGDGHV6DQLWiULDVLQFOXHP L
H[LVWrQFLDGHSDUWHLras,
ii) Acesso à medicamento, iii) atendimento da mulher, criança e acção social, iv)
existência e condições da casa mãe espera, e v) tempo de espera para o atendimento.
Resultados do interface no distrito de Namaacha
Perante as preocupações dos utentes, o sector da saúde representado pelo departaPHQWRGDPHGLFLQDSUHYHQWLYDWHFHXRVVHJXLQWHVFRPHQWiULRV
2VSUREOHPDVDSUHVHQWDGRVVmRUHDLVHGRFRQKHFLPHQWRGRVHFWRUGDVD~GH 2
sector está a trabalhar na busca de soluções, mas existem preocupações cuja resolução
é da responsabilidade do Governo local e do Ministério da saúde.
1D~OWLPDDSUHVHQWDomRGRVUHVXOWDGRVGDDYDOLDomRGDTXDOLGDGHGRVVHUYLoRVGH
saúde, foi colocada a questão de assistência aos idosos. A preocupação foi encaminhada
ao sector da saúde para o cumprimento do direito de assistência médica
e medicamentosa gratuita para os idosos.
mosquiteiras aos membros das comunidades para prevenção da malária e realiza-
ção de fumigações constantes nas casas, iii) acesso ao tratamento anti – retroviral, ao
aconselhamento e testagem do HIV, iv) existência de camas na maternidade, apesar
GHQmRVHUHPVXÀFLHQWHVSDUDDGHPDQGDGDVPXOKHUHV DOLDGRDRIDFWRGHDVUHIHULdas
maternidades serem pequenas e não terem espaço para mais camas, v) disponibilidade
de água e energia todo o dia nos Postos de saúde de Marracuene e Goba e
Mundavene em Namaacha.
Todavia, o Cartão de Pontuação Comunitário trouxe alguns aspectos que carecem
GHPHOKRULDV L PDXDWHQGLPHQWRDRVXWHQWHV LL PRURVLGDGHQRDWHQGLPHQWRDRV
doentes nos Postos de saúde de Goba, Mafuiane, Mundavene, Thaula, Macandza e
Mahelane, iii) existência de um único técnico de saúde a atender todas as consulWDVHP*RED 0DIDYXFD 0DFDQG]D 7KDXODH0DIXLDQH LY
IDOWD LQVXÀFLrQFLDGH
medicamentos nos postos de saúde de Macandza, Goba, Mahelane e Mafuiane, v)
LQVXÀFLrQFLDGHSDUWHLUDVQRVSRVWRVGHVD~GHGH0DWDODQH 0DKHODQH 0XQGDYHQH
Macandza, Thaula e Matalane o que sobrecarrega o técnico em serviço, vi) falta de
atendimento especial a mulher, criança e acção social, vii) falta de casa mãe espera
no Posto de saúde de Mafuiane, Goba, Changalane, Mahelane, Mundavene e Matalane.
Tabela 2: resumo da pontuação geral de Namaacha e Marracuene
Savana 02-09-2016 17 PUBLICIDADE
2'LVWULWR VyGLVS}HGHXPD DPEXOkQFLDTXHQmRp VXÀFLHQWH
para a demanda dos cidadãos. O sector está a trabalhar para
adquirir e alocar mais uma ambulância para o Posto Administrativo
de Changalane de modo a cobrir as Localidade de Changalane,
Michangulene, Mahelane e Goba.
4XDQWRDRVPHGLFDPHQWRVSDUDRV$JHQWHV3ROLYDOHQWHV(OHPHQWDUHV HVWHVVyUHFHEHPRXWURVPHGLFDPHQWRVDSyVDDSUHVHQWDomRGRUHODWyULRTXHPRVWUDRQ~PHURGHSHVVRDVDWHQGLGDVH
EHQHÀFLiULDVGDPHGLFDomR 4XDQGRR$JHQWHQmRDSUHVHQWDR
UHODWyULRQmRWHPGLUHLWRGHOHYDURXWUR.LWGHPHGLFDPHQWRV
2PDXDWHQGLPHQWRpXPDVVXQWRSUREOHPiWLFRTXHpOHYDQWDGR
em todos os encontros realizados pelo sector da saúde. O Comité
de saúde nas localidades deve apoiar na sensibilização dos
técnicos sobre os seus direitos e deveres.
2V3RVWRVGH6D~GHIRUDPFRQVWUXtGRVSDUDDORFDUXPWpFQLFRH
XPDSDUWHLUD GDLTXHKiLQVXÀFLrQFLDGHSURÀVVLRQDLVGHVD~GH
nas Unidades Sanitárias. O sector tem recursos humanos, mas
não estão a ser alocados por falta de residências nas localidades.
2V.LWVGHPHGLFDPHQWRVMiYrPHPEDODGRVSDUDRVGLVWULWRVRX
Centros de saúde. Isso é feito tendo em conta o número de paFLHQWHVTXHR&HQWURDWHQGH +iLQVXÀFLrQFLDGHPHGLFDPHQWRV
porque os mesmos vêm em quantidades reduzidas e as primeiras
pessoas atendidas depois da abertura dos kits (dia 1 de cada
mês) tem acesso à todos os medicamentos.
$FDVDPmHHVSHUDGH0DKHODQHQmRVHUiFRQVWUXtGDGHPRPHQto
porque o Ministério da saúde ainda não disponibilizou a
planta para a sua construção.
$ DEHUWXUDGHXP3RVWRGHVD~GHHVWi UHODFLRQDGDFRPRQ~-
mero de habitantes existentes e a população de Goba Fronteira,
Mafavuca II e Impaputo ainda não atingiu os 5 mil habitantes.
Para reduzir a distância percorrida pelas comunidades, o sector
DORFD$JHQWHV3ROLYDOHQWHV(OHPHQWDUHV
Resultados do interface no distrito de Marracuene
No encontro de interface o médico Chefe Distrital referiu o seJXLQWH
2 3RVWR$GPLQLVWUDWLYR GH0DFKXER GLVWD DSUR[LPDGDPHQWH
NLORPHWURV GD 9LOD GH0DUUDFXHQH H R VHFWRU GD VD~GH QmR
consegue alocar um médico por causa da distância.
$ DVVLVWrQFLD DV &ULDQoDV ÐUImV H 9XOQHUiYHLV &29V p XPD
fragilidade institucional. Aliado a isto, as Unidades Sanitárias
de Michafutene, Machubo, Ricatha, Mumemo e Mali não tem
técnicos de acção social. Para minimizar o cenário actual, a Sociedade
Aberta deve comunicar ao sector casos de COVs sem
assistência para o devido seguimento.
2WHPSRGHHVSHUDSDUDRDWHQGLPHQWRHVWiDVVRFLDGRDRQ~PHro
de utentes atendidos por dia. O Centro de Saúde de NhonJRQKDQHSRVVXL PpGLFR WpFQLFRVH HQIHUPHLUR PDVKiGLDV
em que os utentes saem da Unidade Sanitária depois das 15
horas.
$PDWHUQLGDGHGR&HQWURGHVD~GHGH0DUUDFXHQHVHUiDPSOLDda
para a colocação de mais camas.
2WHPSRGHHVSHUDSDUDRDWHQGLPHQWRQDVIDUPiFLDVGR&HQWUR
de saúde de Marracuene, Nhongonhane, Abel Jafar e Mali reduziu
com a alocação de mais técnicos de saúde.
26HUYLoR'LVWULWDOGH6D~GH 0XOKHUH$FomR6RFLDOUHFRQKHFH
que a comunidade de Thaúla percorre longas distâncias para
FKHJDUDR3RVWRGHVD~GH UD]mRSHODTXDOHP SODQLÀFRX
a construção de uma Unidade Sanitária, mas a prioridade foi
para Macaneta.
2PDXDWHQGLPHQWRQDV8QLGDGHV6DQLWiULDVpXPDUHDOLGDGH
(P DOJXQV FHQWURVH[LVWHPHQIHUPHLUDVTXH DWHQGHPPDO DRV
utentes, e estes não reclamam porque tem medo de serem maltratados
quando voltarem à consulta. O sector da saúde fez a
sensibilização, mas é importante que a comunidade também
reclame.
26HUYLoR'LVWULWDOGH6D~GH 0XOKHUH$FomR6RFLDOLUiFRRUGHnar
com a Direcção Provincial de Saúde no sentido de alocar
um orçamento para a construção da casa mãe espera
Parceiros:
(VWmRDEHUWDVFDQGLGDWXUDVSDUDRFXUVRGH0HVWUDGRHP1XWULomRH6HJXUDQoD
$OLPHQWDU UHIHUHQWHDRDQROHFWLYRGH 20HVWUDGRSRVVXLGXDVUDPL-
ÀFDo}HV QRPHDGDPHQWH QXWULomRFOtQLFDHWHFQRORJLDGHDOLPHQWRV
O objectivo geral do mestrado:
2REMHFWLYRJHUDOGRPHVWUDGRpIRUPDUSURÀVVLRQDLVDOWDPHQWHTXDOLÀFDGRV
que intervenham de forma directa ou indirecta, nos diferentes níveis da cadeia
DOLPHQWDU HFRPKDELOLGDGHVSDUDDFWXDUHPGHIRUPDTXDOLÀFDGD FUtWLFDH
inovadora de forma a colocar os conhecimentos adquiridos ao serviço da sociedade,
com repercussões esperadas na melhoria dos indicadores de nutrição da
SRSXODomRHVRFLRHFRQyPLFRVGRSDtV
Local de realização do curso:
$VDXODVGHFRUUHUmRQR&DPSXV0DUUHUHHP1DPSXOD GDV jV KRUDV
GH D IHLUD DSDUWLUGRGLD GH2XWXEURGH
Duração: PHVHV
Candidatos elegíveis:
R Licenciados em Nutrição, Farmácia, Medicina
+XPDQDRX9HWHULQiULD (QJHQKDULD$JURQyPLFD (QJHQKDULD$OLPHQWDU (QJHQKDULD4XtPLFD &LrQFLDV%LROyJLFDVRXRXWUDViUHDVDÀQV
R7HUSHORPHQRV DQRVGHH[SHULrQFLDSURÀVVLRQDORXOLFHQFLDWXUDFRPPpGLD
ÀQDOGH RXVXSHULRU
R Ter competência comprovada (ou a comprovar) de domínio das línguas portuguesa
e inglesa.
Vagas:2Q~PHURGHYDJDVGLVSRQtYHOpGH
Candidatura
No acto da candidatura, os candidatos deverão apresentar os seguintes docuPHQWRV
R&DUWDHQGHUHoDGDj&RPLVVmR&LHQWtÀFDGR0HVWUDGR LQGLFDQGRDPRWLYDomR
em frequentar o mesmo e o ramo,
R Curriculum Vitae
R&ySLDDXWHQWLFDGDGRFHUWLÀFDGRGHOLFHQFLDWXUD
R'XDVFDUWDVGHUHFRPHQGDomR
R&DUWDGHDXWRUL]DomRGRVHUYLoR
R'XDVIRWRJUDÀDVGHWLSRSDVVH
Período de submissão de candidaturas:
'H D GH6HWHPEUR
Local: &HQWURGRV&XUVRVGH([WHQVmRH3yV JUDGXDomR
Campus Universitário de Marrere-Nampula
Horário:GDV DV KRUDV
Data de divulgação de resultados de apuramento:
GH2XWXEURGH
Taxas e Propinas
2FXUVRHVWiVXMHLWRjVVHJXLQWHVWD[DVHSURSLQDV
- Taxa de inscrição: 07
- Propina de matrícula: 07 SDJDQRDFWRGHPDWUtFXOD
- Propina de frequência/mensalidade: 07 PrV GXUDQWH PHVHV
Conta Bancária:
²%&,
Informações adicionais:
6HFUHWDULDGRH5HJLVWR$FDGrPLFRGD3yV JUDGXDomR
(PDLO ccepos-graduacao@unilurio.ac.mz
&HOXODUHV
A coordenação
(PtOLD9LUJtQLD1RRUPDKRPHG
Professora Catedrática
/Coordenadora/
Pompílio Armando Vinturar
Professor Auxiliar
/Vice-coordenador/
EDITAL MESTRADO EM NUTRIÇÃO E
SEGURANÇA ALIMENTAR
ANO LECTIVO 2016-2018
18 Savana 02-09-2016 OPINIÃO
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www.savana.co.mz
EDITORIAL Cartoon
O
acordo de paz entre o Governo
colombiano e as For-
ças Armadas da Colômbia
(FARC) tem especial importância
para este país assolado
por uma guerra que causou perto
de oito milhões de vítimas durante
cinco décadas. O acordo negociou-se
aprendendo com outras experiências
e tem características inovadoras que
serviram para resolver outros conflitos
violentos.
Este acordo foi alcançado graças à
vontade das partes em conflito, de
Cuba e da Noruega, os países garantes
do processo. Mais de 50 encontros
secretos entre estes actores conduziram
ao início de negociações em
Oslo, em 2012. Daí seguiu-se para
Havana. A Noruega trouxe o seu
prestígio como negociador discreto e
não alinhado em conflitos anteriores.
Cuba proporcionou às FARC espaço
para negociar sem renunciar aos seus
princípios revolucionários. O Chile e
a Venezuela forneceram acompanhamento
continental.
Vários factores contribuíram para o
êxito da negociação.
Primeiro, a vontade política. Ambas
as partes assumiram riscos para
manter as conversações apesar dos
múltiplos obstáculos e imprevistos, já
que a guerra continuou enquanto se
negociava. Sem acordarem um cessar-fogo,
Governo e FARC combateram
menos à medida que criavam
espaços de confiança.
Segundo, o processo de negociação
centrou-se em quatro temas substantivos:
as duas causas do conflito
(acesso à terra e exclusão violenta da
política); num aspecto essencial do
financiamento da guerra (drogas); e
nas consequências da guerra (as vítimas).
Ao contrário do que aconteceu
noutros processos onde as causas e as
reformas avançavam juntas, gerando
expectativas impossíveis, aqui, as
reformas institucionais e do sector
da segurança, e o desenvolvimento
económico serão discutidos no pós-
-conflito através de mecanismos institucionais.
Porém, é inovador que o
Governo, o poder judicial e legislativo,
as FARC e a sociedade civil tenham
trabalho sobre o pós-conflito
a partir do princípio da negociação.
Em terceiro lugar, o apoio internacional.
De forma discreta, uma
constelação de actores respondeu às
necessidades das partes facilitando a
assessoria em questões como o equilíbrio
entre justiça e paz ou desminagem.
Estados Unidos e União Europeia
nomearam enviados especiais,
somando-se aos de outros países. O
Conselho de Segurança da ONU
aprovou a missão de verificação do
cessar-fogo e desarmamento. A Administração
americana, um actor
fundamental no conflito, manteve-se
em segundo plano, mas garantindo
sempre o seu apoio ao processo de
paz.
O quarto factor é o tema das viola-
ções de direitos humanos sem impunidade.
O direito das vítimas à
verdade, à justiça e à reparação guiou
as negociações. Este é o primeiro
processo de paz em que as vítimas
da guerrilha e do Estado foram
convidadas a apresentar os seus testemunhos
perante as duas partes e a
expressar as suas expectativas sobre a
negociação. Por seu lado, o Tribunal
Penal Internacional verifica que não
haverá impunidade.
O acordo sobre justiça transitória
(justiça e paz) é sofisticado. Ao contrário
do que aconteceu na África do
Sul, criou-se uma base jurídica para
a paz que se ocupará das investiga-
ções, julgamentos e sentenças. Se os
envolvidos em violações de direitos
humanos assumirem a sua responsabilidade
beneficiarão de sentenças
reduzidas.
O desafio imediato é que o Governo
alcance apoio no referendo para
legitimar o acordo. Para isso terá
de contrariar a propaganda liderada
pelo ex-Presidente Álvaro Uribe. Os
meses entre a assinatura e a votação
popular serão especialmente sensí-
veis. As FARC iniciarão o desarmamento
antes do plebiscito. Isso será
essencial para convencer os sectores
cépticos da população sobre o compromisso
da guerrilha com a paz.
O processo durará décadas. Os problemas
estruturais são imensos face
aos desafios de construir um país
mais inclusivo e justo, atender aos
direitos de milhões de vítimas e alcançar,
a longo prazo, a reconciliação
nacional.
O acordo pode ajudar que se iniciem
negociações com outra guerrilha,
o Exército de Libertação Nacional
(ELC), e facilitará novos tipos de relações
entre a Colômbia e os seus vizinhos,
particularmente a Venezuela
e, indirectamente, ajudou a melhorar
os vínculos entre Cuba e os Estados
Unidos.
O impacto será profundo com a
desmobilização de mais de 20 mil
combatentes, a concretização já negociada
da reforma do sector rural,
o combate ao narcotráfico e a incorporação
na vida política dos que até
agora tratavam de mudar a ordem
política através da violência.
*Mariano Aguirre é director do
Norwegian Peacebuilding Resource
Center (NOREF, Oslo); Kristian
Herbolzheimer, é director do Programa
Colômbia no Conciliation Resources
(CR, Londres)
O inovador acordo de paz da Colômbia
Por Mariano Aguirre e Kristian Herbolzheimer
E
m Novembro de 1980, nas instalações onde ainda hoje funciona o
Clube Militar, na cidade de Maputo, teve lugar a reunião inaugural
da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África
Austral (SADCC), percursora da actual Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral (SADC).
A criação da SADCC foi o culminar de uma série de consultas envolvendo
os líderes dos países da Linha Frente, que constituíam o principal núcleo de
apoio aos movimentos de libertação que lutavam pelo fim do colonialismo
e de regimes minoritários nesta parte do continente africano.
Faziam parte da Linha da Frente Angola, Botswana, Moçambique, Tanzâ-
nia e Zâmbia. As suas consultas foram sintetizadas num documento que foi
designado por Declaração de Lusaka, assinada na capital zambiana no dia
1 de Abril de 1980.
O principal catalisador de todas estas consultas foi a iminente independência
do Zimbabwe, que viria a ser declarada no dia 18 desse mês, na sequência
do Acordo de Lancaster House, assinado a 21 de Dezembro de 1979.
Para além dos cinco países da Linha da Frente, a SADCC incluiria também
o Lesotho, o Malawi, a Swazilândia e o Zimbabwe. Mais tarde, com a sua
independência em 1990, a Namíbia viria também a se juntar ao grupo.
Na visão dos líderes políticos de então, o objectivo era isolar a África do
Sul do apartheid através do boicote do seu sistema de transportes, de que
dependiam para o acesso ao mar o Botswana, o Lesotho, o Malawi, a Swazilândia,
a Zâmbia e o Zimbabwe. Estes países passariam desde então a
privilegiar as infra-estruturas ferro-portuárias de Angola, Moçambique e
Tanzânia. Os países membros da SADCC coordenariam também todas
as suas actividades económicas, com base num sistema em que cada país
tinha a seu cargo um sector específico, em função da sua relativa vantagem
comparativa.
Este espírito de solidariedade era tão forte que todos estes países acreditavam
na sua capacidade de boicotar a economia sul-africana, mesmo que na
realidade a hegemonia económica deste país nunca alguma vez tenha sido
posta em causa.
O fim do regime do apartheid em 1994 permitiu que a África do Sul também
se juntasse ao grupo. A libertação deste país representava igualmente
o alcance da meta da libertação total do continente africano, traçada pelos
fundadores da então Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963.
A nova situação política na região impunha que este grupo de países transformassem
as relações de solidariedade então orientadoras das suas políticas
para uma nova realidade de cooperação entre estados independentes e
soberanos.
Foi com este pensamento que depois de várias negociações foi assinado, a
17 de Agosto de 1992, o Tratado da SADC, organização hoje inclui também
Madagáscar, as Maurícias, as Seychelles e a República Democrática
do Congo.
Conforme o seu Tratado, a SADC guia-se, de entre outros, pelos princípios
da paz e segurança, direitos humanos, democracia e respeito pelo Estado
de Direito.
Mas é precisamente na adesão a estes princípios onde a SADC tem demonstrado
a sua fragilidade e dificuldades em actuar como a organização
supranacional que ela pretende ser. E isto se deve em grande parte à reluctância
dos Estados membros em ceder parte da sua soberania e permitir
que as instituições da organização sejam mais actuantes em matérias que a
maioria dos países consideram inerentes à sua soberania.
A outra fragilidade da SADC tem a ver com o facto de alguns dos seus
membros pertencerem também a outras organizações, com obrigações similares
e que os colocam numa situação de conflito com os principais objectivos
da organização.
Por exemplo, a Tanzânia pertence também à Comunidade da África
Oriental, enquanto que a África do Sul, Botswana, Lesotho, Namíbia e
Swazilândia são também membros da União Aduaneira da África Austral
(SACU). O Malawi, as Maurícias, a Tanzânia, a Zâmbia e o Zimbabwe são
igualmente membros do Mercado Comum da África Oriental e Austral
(COMESA).
Esta dupla lealdade a organizações regionais com objectivos similares, mais
do que complementar os esforços de cada uma das organizações, provoca
conflitos cujo efeito tem sido o enfraquecimento da capacidade dos Estados
em causa de se envolverem mais activamente em qualquer das organizações
a que pertencem.
Até que estes problemas sejam devidamente solucionados, a contribuição
da SADC para o almejado desenvolvimento regional continuará a ser ainda
muito modesta. O que se espera que tenha ocupado parte do tempo dos
líderes da organização na sua cimeira desta semana na Swazilândia.
SADC: uma
integração tímida
Savana 02-09-2016 19 OPINIÃO
492
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
V
ivo com ela há quinze
anos nesta solidão a dois.
Quando a conheci tinha
47 anos de idade e tinha
enviuvado havia dois anos. Eu
era um sessentão a pedir reforma,
depois de 40 anos de completa
estroinice boémia e esbórnia sem
limites. Compartilhamos cama e
mesa e os mesmos espaços de habitação,
mas a nossa comunicação
é feita mais de silêncios e olhares
e pelo tacto do que propriamente
por palavras.
Mas acontece também com certa
frequência que conversemos,
normalmente depois do jantar
e para interpor à telenovela, de
que nem ela, nem eu gostamos.
Também acontecem as nossas
conversas normalmente ao
domingo, quando depois do
regresso dela da missa das 8 nos
sentamos à mesa para tomar o
pequeno-almoço em conjunto.
Na verdade, aquilo a que eu
chamo de “conversas” não passa
de um meio de cada um falar
consigo próprio através do outro.
Ou seja, nós não falamos um
com o outro: falamos um para o
outro. Utilizamos o outro para
falarmos connosco próprios sobre
o nosso passado, o que pensamos
que poderá ser o nosso futuro,
os amores perdidos ou ganhos,
as desilusões e as amarguras da
vida, as ansiedades e as alegrias,
a felicidade, enfim, considerando,
embora, que cada um de nós não
considera a felicidade uma coisa
possível, nem sequer necessária.
Ela costuma dizer – “Ubaldo, a
felicidade e eu caminhamos ladoa-lado,
mas nunca nos cruzamos,
porque somos como dois carris
de uma linha férrea: não há
cruzamento possível.”
De resto, chegámos à conclusão,
mutuamente, de que a felicidade
é um sentimento absolutamente
estéril, desnecessário e castrador
da criatividade. Mas acontecem
dias especiais, que são assim:
de 90 em 90 dias, os dois filhos
que ela teve do matrimónio
vêm visitá-la para passar uma
tarde em conversa, depois do
almoço. Nessas tardes, eu, muito
discretamente, retiro-me para
o meu quarto, que utilizo como
escritório, e sem necessariamente
trancar a porta fecho-a e começo
a fazer a minha vida privada,
enquanto eles conversam.
Hoje, por exemplo, estou
nessa situação. Estou a ouvir
uma selecção de música de
desagregação mental e aos poucos
o meu cérebro vai ficando vazio
de conteúdo, vou deitando, de
tempos em tempos, um gole de
aguardente de cana de primeira
que tenho numa reserva minha
especial do alambique do meu avô
em Quissico, Zavala, que é uma
das maiores alegrias que tenho.
Aqui, neste escritório, leio, ouço
música, faço as minhas chamadas
confidenciais – porque ainda as
tenho – e faço um pouco do meu
exercício privado de solidão.
Nesta solidão de hoje, em que
me encontro a ouvir música de
desagregação mental, apesar
de tudo o meu cérebro vazio
é preenchido por uma frase
recorrente. É uma frase de que
o Gabriel Garcia Marques se
serviu para dar título a uma das
suas obras: Ninguém Escreve ao
Coronel. Eu não sou propriamente
um coronel, claro, nem pretendo
ser; longe de mim tal ideia. Nem
estou em épocas daquelas em que
se escreviam cartas. Aquilo por
que anseio, na verdade, é uma
chamada. Uma simples chamada
telefónica. Tenho o telemóvel
aqui ao alcance da mão e fico
numa expectativa ansiosa e febril
de que ele comece de repente a
vibrar, para eu me sentir ligado ao
mundo. É claro que eu podia fazer
um corta-mato, assim: em vez de
esperar que alguém me chamasse,
fazia eu a chamada. Mas isso
não teria sentido: seria como se
eu (retomando o exemplo do
coronel) escrevesse uma carta para
mim próprio, selasse, pusesse no
envelope o meu próprio endereço
e metesse a carta no correio, para
dias depois receber essa mesma
carta. Absurdo!
E vou bebendo, vou ouvindo
música de desagregação mental…
Estou a começar a sentir-me um
pouco ensonado, mas vou resistir,
porque da sala não me chegam
rumores de vozes nem dela, nem
dos filhos, e sinto-me um pouco
atordoado. Também acho que ela
me está a trair. “Bem que poderia”
– digo eu comigo próprio – “vir dar
um sinal, chamar-me a propósito
de qualquer coisa, a fim de me
juntar com os filhos dela, com a
família dela.” Mas também acho
que estou a ser exagerado, egoísta
demais. Não se pode pedir isso.
Quando ela bateu à porta, eu estava
a dormir profundamente com a
cabeça apoiada sobre os braços,
no tampo da mesa. A música já
tinha parado. Ela disse – “Vem,
eles já se foram, vamos dormir.
Tenho uma boa surpresa para ti.”
A surpresa era ela própria, coisa
que não acontecia havia mais de
sete meses. Mas foi bom esperar.
No fundo, com a nossa idade, já
não há motivos para ter pressa,
porque a vida já não tem nenhuma
surpresa para nos oferecer. Nós é
que somos uma surpresa para ela.
N
um país que passou da euforia
à depressão em apenas
quatro ou cinco anos, Dilma
vai ser a carga que se despeja
ao mar no decorrer da tempestade.
Nas acções de campanha contra
a destituição em que participou a
ainda presidente do Brasil, era impossível
não notar numa fotografia
gigante colocada ao fundo do palco
onde Dilma Vana Rousseff, então
com 22 anos, mostrava um olhar
altivo, quase arrogante, no decorrer
do julgamento que a condenou por
participar na luta armada contra a
ditadura militar. O cartaz tinha já
aparecido na campanha eleitoral
de 2014 e a sua recuperação do baú
da memória não se justifica apenas
pelo seu valor iconográfico ou pelo
sublinhado que faz ao perfil de uma
combatente. Dilma e o PT usaram-
-no numa clara tentativa de fazer
uma ponte no tempo e de advertir o
Brasil que o país está a regressar ao
seu passado traumático. Dilma foi
julgada e condenada por lutar contra
a ditadura em 1970 e Dilma volta
a ser julgada e condenada em 2016
num “golpe” urdido pelas mesmas
forças conservadoras que durante
mais de duas décadas toleraram o
poder e a arbitrariedade dos generais
em Brasília. Em vez do “chorinho”
que a colocaria num papel de
súplica, Dilma preferiu ser a rapper
que denuncia e ataca de frente os
seus algozes.
Nessa tentativa de criar uma lógica
que torne compreensível a destitui-
ção, Dilma e os seus apoiantes passam
ao lado de uma questão essencial:
hoje, o Brasil é uma democracia.
Jovem, com defeitos, com uma das
piores classes políticas da terra, mas
uma democracia que respeita a independência
dos poderes e a liberdade
de imprensa. E neste particular,
quer o Tribunal de Contas da
União, quer o Supremo Tribunal
Federal cumpriram os formalismos
constitucionais exigidos e conclu-
íram pela existência de crimes de
responsabilidade na governação de
Dilma. Ainda assim, Dilma insiste
na tese do golpe. Um golpe pensado
e executado implacavelmente nos
dois órgãos do Congresso do Brasil.
E, olhando para lá dos formalismos,
é difícil não conceder à Presidente e
aos seus apoiantes razão nos seus argumentos.
Esconder gastos para retocar
as contas públicas ou proceder
a despesas sem cobertura do Congresso
é politicamente reprovável;
mas se isso desse direito automático
a uma destituição, poucos presidentes
do Brasil e até de democracias
mais consolidadas teriam cumprido
na íntegra os seus mandatos.
Sim, Dilma cometeu violações à lei,
governou mal, prometeu que não
haveria austeridade na campanha da
sua reeleição e, chegada a Brasília,
esqueceu as suas promessas e governou
alinhada com a direita e os mercados;
Dilma é o rosto de uma crise
severa, com o PIB a recuar mais de
6% em 2015 e este ano, com o desemprego
a disparar, o investimento
a perder gás e todos os sonhos da
era Lula a desfazerem-se sem solu-
ção à vista; Dilma, no seu jeito de
“sargentona”, foi incapaz de consolidar
o seu bloco de apoio no Congresso,
perdeu aliados importantes,
geriu sensibilidades com arrogância
e foi construindo a muralha que a
isolou. Depois, Dilma não está implicada
no inominável escândalo da
Petrobras como o homem que lhe
montou a armadilha da destituição,
Eduardo Cunha (entretanto corrido
da presidência da Câmara dos Deputados)
nem apresenta o mesmo
grau de suspeição que ameaça o seu
putativo sucessor e ex-vice-presidente,
Michel Temer. Mas todos estes
“crimes” tinham de ser julgados
por quem, apesar de todos os sinais,
a reelegeu com 54,5 milhões de votos
há menos de dois anos.
O seu julgamento usa as “pedaladas
fiscais” como um pretexto eficaz
para a condenar, mas, no fundo, os
senadores ou uma grande parte dos
brasileiros sabem que a armadilha
é moralmente duvidosa e politicamente
questionável. Dilma é odiada
pelo que é e ainda mais pelo que representa.
Muitos dos que estiveram
com ela no Governo execram-na
agora por puro oportunismo político.
Outros porque perceberam que
as prebendas dos tempos de euforia
são mais raras nos dias de chumbo
da crise. Outros ainda, como o senador
do Roraima Telmáro Mota,
porque o PT não apoiou o seu candidato
à prefeitura (município) de
Boa Vista. A destituição de Dilma
tem por isso a trama de uma novela
e a narrativa de um drama. Um drama
que atenta contra a substância
profunda da legitimidade popular,
que contorce a leitura da Constituição
e impõe pela deliberação do
Congresso uma solução política de
evidentes contornos classistas que
os brasileiros recusaram em quatro
eleições consecutivas. Derrotado nas
urnas, o Brasil urbano, branco, oligárquico,
mais rico e mais educado
do Sul e do Sudeste encontrou no
Parlamento um esquema para recuperar
o poder que, na prática, só
lhe escapou temporariamente com
Getúlio Vargas, com João Goulart
(afastado pelo golpe de 1964) e
com Lula da Silva – é verdade que
a social-democracia de Fernando
Henrique Cardoso foi fundamental
para o lastro que reconstruiu a classe
média.
'LOPD RÀPGHXPWHPSR
no Brasil
Por Manuel Carvalho*
Vodka com Sumo de Laranja
Muros sociais, historicamente
construídos
e reproduzidos (jamais
muros naturais),
mapeiam o nosso relacionamento
com outrem. Quem estiver
para além dos muros familiares,
de amizade e laborais, quem estiver
fora dos nossos muros culturais
é encarado como estranho
e, eventualmente, como irredutí-
vel e perigoso, especialmente se
o contacto for com estrangeiros.
O território que é o nosso, o
território no qual habitamos, o
território com as suas fronteiras
convencionais, é bem mais
do que um território físico, bem
mais do que o território de uma
comunidade, de um país. É,
também (talvez devesse dizer
principalmente), um território
cognitivo, um território de determinados
costumes, de determinadas
regras, de determinadas
maneiras de encarar a vida, de
determinados grupos e classes
sociais.
Muros que, em sua diversidade,
são como semáforos sociais:
dão licença aos nossos, vedam o
acesso aos outros, aos estranhos.
Muros sociais
20 Savana 02-09-2016 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
A
marcha popular que teve lugar
no sábado último, dia 27 de
Agosto, confirmou que Mo-
çambique, como País, vive uma
anormalidade assumida como normal.
Uma marcha convocada com muita antecedência
merece o devido respeito. Ao
reprimirmos manifestações deste género
corremos o risco de educar o povo para
manifestações violentas, aquelas “sem
rosto”, aquelas que produzem os respectivos
arruaceiros, para depois reclamarmos
questões de défice civilizacional, atraso,
falta de valores democráticos. Este escape
social é necessário, uma vez que não
resulta do nada.
É difícil desenvolver a democracia num
País pobre. Mais difícil torna-se quando
esse mesmo País pobre se encontra encostado
à parede sob fogo cruzado da crise
internacional, das dívidas odiosas e/ou
Desconvocar a marcha?
ocultas, do crescente sufoco do aumento do
custo de vida, do indesejado estado de medo
imputado aos cidadãos por parte de quem
continua acorrentado à intolerância política
e reprime “diplomaticamente” a pluralidade
de opiniões ou ideias, do discurso ruidoso e
clinicamente inseguro que traduz uma gestão
que desconvoca o progresso democrático
convocando um desfile de hostilidades de
todo o tipo, entre outros.
Todos os dias o povo manifesta-se contra o
facto de o País encontrar-se claramente sob
a ditadura do fogo cruzado acima referido.
As pessoas trocam, reforçam e melhoram as
suas opiniões, as suas ideias. Nessa interacção
produzem, por exemplo, cartazes e dísticos
invisíveis. Todos os dias, em qualquer canto
do País, sem o mínimo de gastos, percebem
que na roupa que usam, seja ela qual for, na
parte frontal, vem escrito “Stop Guerra”. E
não precisa de ser sábado, dia 27 de Agosto,
para que a mão significando “Stop Guerra”
esteja em cada um de nós. É essa mão, são
essas palavras que ainda nos dão força para
acreditar que, um dia, a guerra ficará para a
História. Há, assim, uma comunicação que
flui em rede entre os amantes da paz e que
enraivece e desespera os que idolatram a
guerra.
No sábado, dia 27 de Agosto, podia ler-se,
entre os dísticos e cartazes, o seguinte: “Atum
na Lata, Ladrão na Cadeia”, “O Povo Sofre”,
“Pensem no Povo”, “Exigimos Paz”, “Stop
Guerra”, entre outros. Por mais que tivessem
conseguido desconvocar a marcha, como
desesperadamente determinados indivíduos
pretendiam, não teriam acorrentado estes
“gritos”. Estes dizeres, estes “gritos”, estão
presentes em todos nós, incluindo naqueles
que sabem que devem respeitar religiosamente
o direito do cidadão à manifestação.
É preciso que a governação seja motivo de
regozijo, de orgulho, por parte do cidadão.
Quando isso não acontece é óbvio
que abraçar-se-á, como recurso, a propaganda
enganosa, a manipulação, o
imediatismo da força para desconvocar
e desincentivar a “atitude democrática”;
é óbvio que teremos a imagem de manifestantes
armados simplesmente com
ideias democratizadoras diante de forças
treinadas e armadas até aos dentes, com
um poder de fogo real e mortífero. Estas
forças fazem sempre o seu jogo duplo:
por um lado são obrigadas a sujeitar-se
à ditadura da disciplina vertical, mas,
por outro, sentem-se representadas pelos
manifestantes, torcem para que estes
sejam mais consistentes para com a causa
que defendem. A marcha de Sábado,
dia 27 de Agosto, representou o desejo e
a urgência de vivermos num “País normal”.
Que mais marchas/manifestações
acelerem esta pretensão.
Quando se sai de Moçambique para o estrangeiro
de carro ou de avião notam-se logo diferenças
consideráveis.
A organização dos serviços de fronteira é o
primeiro sinal que nos remete para uma outra realidade.
Dizer isto não é falar mal do meu amado país.
Eu acredito que os dirigentes moçambicanos também
viajam para o estrangeiro, vêem e admiram o que de
melhor há nesses países desde os serviços de fronteira,
a organização dos transportes, a higiene das cidades,
a sinalização e/ou iluminação das estradas que são os
aspectos que logo à primeira chamam a atenção dos
visitantes.
Mesmo assim quando regressam ao país são incapazes
de copiar o que de melhor viram, o que é lamentável.
Eu gostaria de ver as nossas cidades a crescerem seguindo
um plano de desenvolvimento urbano sustentável.
Inquieta-me que as diferenças na organização das
nossas cidades com as dos países vizinhos sejam profundas,
como se não fóssemos suficientemente capacitados
para planear um crescimento territorial ordeiro.
Vamos fazer um pequeno exercício: que cada um de
nós aliste o que vê quando faz uma viagem terrestre
para os países vizinhos. O que vê?
Certamente que não vê quilómetros e quilómetros de
terrenos baldios, plásticos voadores a impedir a visibilidade
dos automobilistas e dos peões. Nem vê esses
milhares de quilómetros de terras férteis delegadas à
sua sorte.
Nesses países, muitos de nós notamos que tem havido
um investimento sério na agricultura que se consubstancia
no cultivo de frutas, leguminosas, cereais que
fazem tamanha diferença por torná-las também mais
verdes.
Portanto, o que vemos são vastas extensões de terras
cultivaras e com sistema de regadio invejável.
Nas margens das estradas dessas cidades (estradas devidamente
asfaltadas, diga-se) vemos bombas de combustível
com lojas de conveniência apetrechadas, mercados
de fruta e legumes devidamente organizados o
que evita a venda ambulante e desorganizada.
A beleza que vemos nas bermas da estrada são a ponta
do iceberg de uma organização económica do sector da
agricultura muito maior do que aquilo que existe a ní-
vel nacional. A estrada bem iluminada e sinalizada não
existe apenas ali, faz parte de uma estrutura nacional
de países com dirigentes sérios.
Os mercados bem organizados que vemos a venderem
fruta, legumes ou artesanato local não foram feitos
com recurso à violência da polícia camarária que
descarrega força humana e canina sobre as mamãs
batalhadoras que com muito sacrifício conseguem
alimentar as suas famílias com a venda desses produtos,
mas sim por via de um ordenamento territorial e
organização sócio-económica que combina segurança
rodoviária, beleza paisagística, com a necessidade de
sobrevivência dessas mamãs vendedoras.
Quando é que teremos isso em Moçambique? Quando
os dirigentes pensarem o desenvolvimento das cidades
de forma integrada. Quando os serviços de geografia
e cadastro respeitarem os preceitos ambientais e
quando para os políticos contar a opinião dos ambientalistas
que deverão contribuir para a concepção das
cidades em diálogo com os projectistas e urbanistas.
Então eu pergunto: Oh pérola do Índico, o que te falta
para brilhares igual ou mais que as tuas vizinhas? Falta
compromisso dos dirigentes para com as necessidades
do povo. Por isso eles falam da melhoria da qualidade
de ensino, mas mandam os seus filhos estudar no
estrangeiro. Falam da melhoria dos serviços de saúde,
mas por uma simples constipação fazem-se curar no
estrangeiro.
Que dirigentes são esses que em vez de melhorarem
a prestação dos serviços do seu próprio país preferem
ir usufruir dos bons serviços que os vizinhos criaram
para o povo dos seus países?
Isso mostra o desprezo que muitos dos dirigentes nacionais
têm para com o povo e os excelentes profissionais
que Moçambique tem.
Que dirigentes são esses que não confiam nos excelentes
profissionais que o país tem formado? Porque será
que confiam mais nos profissionais de outras nações e
fogem dos nacionais como o Diabo da Cruz?
Reparem que nem falei detalhamento do ordenamento
territorial que é outro desafio que Moçambique tem.
Eu apelo aos moçambicanos a tudo fazerem para experimentarem
uma outra governação. É importante
que o façam para estarem em condições de comparar a
governação que lhes foi oferecida nos últimos 41 anos
com a nova.
Compreendo que alguns tenham medo da mudança.
E podem pensar que “mais vale manter o mal que já
conheço do que embrenhar numa aventura de experimentar
algo novo”. O que vos digo é o seguinte: a
situação de Moçambique nos últimos 41 anos (desde
a independência nacional) só nos leva a concluir que
mudar para o melhor, com nova governação, é um imperativo
nacional.
*Comunicóloga, Política e Poetisa.
A
inda antes de Lula ser presente
a tribunal e já depois da destituição
de Dilma, o próximo
abalo para o PT virá nas elei-
ções municipais de Outubro se Fernando
Haddad perder S. Paulo.
As sondagens são más e o PT poderá
ceder o estatuto de maior partido nas
cidades com mais de 100 mil habitantes
caso se confirme a acumulação de perdas
nos municípios do Sul e do Sudeste
ante a pressão do PMDB e do PSDB.
Um imenso dilema se colocará, então,
ao partido fundado, em S. Paulo, em
1980, por sindicalistas, intelectuais e
militantes católicos de esquerda e, actualmente,
fincado sobretudo nos estados
mais pobres do Norte e Nordeste.
A eleição de Lula, em 2002, marcou a
chegada do PT à esfera do poder federal,
mas com apenas 91 mandatos entre
513 deputados (melhor resultado até
hoje), a sua governação enveredou pela
tradicional negociação permanente,
ampliando, contudo, trocas de favores
e angariações de financiamentos com
fitos políticos e privados obscuros.
O “Mensalão” normalizou e sistematizou
a compra de apoios políticos a troco
de dinheiro por parte do PT e o escândalo
“Lava Jato” ao arrastar grandes
empresas privadas e públicas e todos os
partidos do sistema acabaria por atingir
pessoalmente Lula.
Neste transe, esvaídas de fundos as políticas
de redistribuição de rendimento
à medida que se reduzia a procura estrangeira
de matérias-primas e produtos
agrícolas, Dilma e os seus viram-se
obrigados a ampliar actos de desorçamentação
e financiamentos ilegais por
entidades controladas pelo Estado para
conseguir a reeleição em 2014.
A arrogância e inabilidade de Dilma
fora notória na reacção às manifesta-
ções de Junho de 2013 que, começando
em S. Paulo contra aumentos de transportes,
geraram um amplo movimento
de contestação urbano aos maus servi-
ços públicos e corrupção.
O crescimento inexorável do défice or-
çamental e da dívida pública deram, depois,
munição de sobra aos adversários
para acusações à presidente por ilícitos
graves em exercício de cargo político reconhecidas
pelo Tribunal de Contas e o
Supremo Tribunal.
Dramas mais cruéis se vislumbram
muito para além da polémica sobre a
ilicitude das decisões aprovadas por
Dilma no segundo mandato para justi-
ficar a destituição.
A ampliação pelo PT do assistencialimo
lançado pela presidência de Fernando
Henrique Cardoso graças à estabilização
financeira não é possível de
manter.
O futuro do PT e do seu grande sustento
eleitoral nos estados mais pobres do
Norte e Nordeste fica em causa.
A vitimização e as tiradas contra golpismo
acabarão por esgotar-se e outras
alianças terão de ser negociadas pelo
PT para as presidenciais de 2018 na
impossibilidade de Lula avançar com
risco de cisões, contestação e deserções.
Michel Temer, por sua vez, não tem
nem tempo, nem condições para propor
reformas da legislação laboral, sistema
de segurança social ou gestão de participações
empresariais do estado numa
Câmara dos Deputados com 28 partidos
e num Senado com 15 formações
políticas.
Inconsistência ideológica e a intolerância
de políticos evangélicos acentuam-se
no Congresso, enquanto as prerrogativas
de 27 estados e do Distrito Federal
constrangem a capacidade executiva do
governo Palácio do Planalto.
O presidencialismo da Constituição
de 1988, plebiscitado em 1993, agrava
impasses sempre que o fulcro do poder
executivo é posto em causa conforme
provam Collor de Mello e Dilma Rousseff.
O que sairá deste estado de coisas é uma
incógnita, mas terá de vingar sem Dilma,
nem Lula.
*Jornalista
Sem Dilma, nem Lula
Por João Carlos Barradas
Meu ser original Por Ivone Soares*
Mudar a governação de
Moçambique é um imperativo nacional
Savana 02-09-2016 21 PUBLICIDADE
22 Savana 02-09-2016 DESPORTO
T
erminou, último sábado, em
apoteose, diga-se de passagem,
o campeonato nacional
de atletismo que teve, no
Ferroviário, em masculinos, com
75 pontos, e o Desportivo, em femininos,
com 66 pontos, ambos da
capital, os dignos vencedores.
No rescaldo do evento, o SAVANA
ouviu o sentimento de alguns
atletas, especialmente os que vieram
das províncias, os quais, apesar
de reconhecerem o esforço e
dedicação da direcção da Federa-
ção Moçambicana de Atletismo
(FMA) apontaram algumas mazelas
que, na sua opinião, devem ser
ultrapassadas rapidamente. Mas há
um facto incontroverso: a tensão
político-militar que afecta o país
fez com que muitos atletas da zona
centro não pudessem se deslocar a
Maputo via-terrestre, daí a redução
do número dos participantes.
Inquietações
Isaque Pedro é atleta do Ferroviá-
rio da Beira e as suas especialidades
são os 100, 200 e 400 metros planos
e, em jeito de balanço, diz que
o campeonato decorreu sem muitos
sobressaltos, excepto nas provas da
quinta para sexta-feira “porque fizemos
eliminatórias dos 100 e depois
400 metros, para em seguida
disputarmos a final dos 100 metros
sem repouso, o que é contraproducente”.
Apesar de se ter sagrado vice-campeão
nacional de juniores nos 200
metros, o atleta diz que devido ao
cansaço acabou ficando na quinta
posição nos 100 metros, mas mesmo
assim sente-se feliz por ter conseguido
passar na eliminatória dos
400 metros.
Lamenta, ainda, o facto de o país
estar a viver um momento de conflito,
o que em parte trouxe consequências
negativas para o Ferroviá-
rio da Beira. “A província de Sofala
só se fez representar por dois atletas
de juniores por causa dos custos de
transporte uma vez que usamos a
via aérea”.
Rui Vale, 24 anos, é atleta desde
2003, dos 200 metros barreiras,
do Clube Ferroviário da Beira e
começou por explicar que a nível
da cidade da Beira a modalidade
não está muito bem, uma vez que
apenas existe um único clube a
movimentá-lo, o Ferroviário, pois
os outros são núcleos.
Ele reconheceu que, apesar do esforço
demonstrado pela direcção
da Federação Moçambicana de
Atletismo, há ainda algumas coisas
que devem ser corrigidas. “É difícil
um atleta fazer uma eliminatória
e partir, em seguida, sem descanso
para uma outra eliminatória, daí
que espero que eles melhorem no
próximo campeonato”.
O que entristece mais o atleta é
a redução do número de campeonatos,
contrariamente aos anos
passados em que existiam vários.
“Actualmente, só há um único
Federação Moçambicana de Atletismo disponibilizou apoio a alguns atletas para se deslocarem a Maputo mas...
Tensão político-militar condicionou o “nacional”
Por Paulo Mubalo
campeonato, o de pista, mas antes
havia o campeonato nacional de
corta-mato, de 10 quilómetros e o
de 21 quilómetros. Sinceramente
gostaria que os campeonatos que
foram abolidos voltassem a acontecer.
Aliás, mesmo em relação ao
campeonato de pista gostaria que
houvesse tanto do verão como do
inverno, porque se o atleta perde
em Janeiro, em Julho certamente
iria apresentar-se melhor preparado”.
UP-Gaza exige mais da FMA
Nélsio Filipe é atleta e presidente
do Clube da Universidade Pedagó-
gica, Delegação de Gaza, e apesar
de a sua agremiação ter surgido em
2015, já está a dar frutos, graças,
em parte, ao empenho dos treinadores
e atletas. “Nós trouxemos
uma equipa de juvenis, mas conseguimos
competir no escalão de
juniores, e em femininos ocupamos
o terceiro lugar”.
“A UP é um clube escolar, mas o
que conta é o trabalho, somos uma
equipa universitária e apostamos
muito no desporto e a percepção
que temos é que o desporto tem de
partir mesmo das escolas. A nossa
grande campeã Shelsea Catrina
já representou o país nos Jogos da
CPLP e conseguiu uma medalha
de prata, quer isto dizer que há um
trabalho que está a ser desenvolvido
e os resultados começaram a aparecer.
Ela venceu os 800 metros em
juvenis, para além de ter desafiado
os seniores”.
O presidente do clube da UP, que
participou com 19 atletas, deplorou
o facto de a província não realizar
muitos torneios, o que de certa
forma faz com que o nível não seja
ainda o desejado. “Mesmo assim
somos campeões de juvenis masculinos,
terceiro classificado em juvenis
femininos e juniores femininos,
daí que me arrisco a afirmar que a
participação foi positiva, porque
começamos a competir o ano passado
e voltamos para casa com três
troféus”.
Lamentou, por um lado, a falta de
pontualidade no início das partidas
e o facto de as crianças terem sido
sacrificadas, especialmente os juvenis,
uma vez que tiveram a primeira
e segunda jornada no mesmo dia,
contrariamente aos juniores e seniores,
e por outro a fraca presença
do público.
“Os atletas precisam do calor dos
espectadores para darem o seu má-
ximo e é muito triste o que aconteceu,
até porque as entradas foram
grátis, para além de que as crianças
estavam de férias. Creio que tenha
faltado alguma publicidade”.
Já Ozias Cossa, 16 anos, da UP
Gaza, diz ter ficado bastante feliz
pelos resultados que alcançou.
“Preparei-me afincadamente, por
isso que fiquei em terceiro lugar
nos 100 e 200 metros, e em segundo
lugar nos 400 metros”.
O atleta diz que globalmente o
nível da organização esteve muito
bem, daí que nada há a apontar.
“O meu maior sonho é ser o melhor
velocista do país e estou a treinar
para isso, e os Jogos da CPLP
foram uma rampa, apesar de não
ter alcançado bons resultados”,
disse, para em seguida acrescentar
que a sua maior dificuldade reside
na falta de uma pista com boas dimensões
para treinar a nível do seu
estabelecimento de ensino.
Shafee sacode o pacote
Enquanto isto, em relação a não realização
do campeonato de corta-
-mato, tal deveu-se, conforme o
comunicado número 3, da FMA,
datado de 22 de Fevereiro de 2016,
à tensão político-militar e ao pedido
feito pelas associações provinciais
no sentido de adiar o evento,
o que no mínimo revela que cabia
às respectivas associações passarem
a informação junto dos seus atletas,
o que provavelmente pode não ter
acontecido.
O presidente da FMA esclarece
ainda o seguinte:
-Que nenhuma província realizou
o provincial de corta-mato;
-Que a tensão político-militar condicionou
bastante a realização do
recente campeonato nacional, pois,
a FMA, através do seu presidente,
disponibilizou dinheiro para transporte,
alojamento e alimentação
para seis atletas, sendo três de Cabo
Delgado e os restantes de Tete, porém,
os encarregados de educação
desaconselharam os seus filhos a
seguirem viagem;
-Que pela sua especificidade, vezes
há em que as provas iniciam alguns
minutos depois da hora prevista,
como aliás ficou demonstrado nos
recentes Jogos Olímpicos;
-Que é normal o atleta disputar
num único dia duas provas, tal
como aconteceu nos Jogos Olímpicos;
-Que foi o actual elenco que, na
perspectiva de trazer mais credibilidade
à modalidade, resgatou o
fotofinish, que estava arrumado no
Zimpeto, para o Parque dos Continuadores;
-Que o aparelho custou à federação
três mil dólares, os quais foram pagos
à sua congénere do Botswana, a
qual foi solicitada a trazer especialistas
e acessórios em falta ao país;
-Que vai convocar eleições antecipadas
para que o mandato do pró-
ximo presidente se enquadre dentro
do ciclo olímpico.
A
atleta moçambicana
de karaté, Joana Pereira,
que ocupou a
segunda posição num
torneio internacional da modalidade
realizado, recentemente,
na Alemanha, está sob
alçada disciplinar (suspensão
preventiva), num processo que
lhe foi movido pela respectiva
associação. Joana Pereira,
recorde-se, exibiu, no final do
combate que valeu a medalha
de prata ao país, uma bandeira
da Renamo.
De lá a esta parte, o facto continua
a alimentar apaixonantes
debates e, em breve conversa
com o SAVANA, a atleta confirmou
que está a decorrer um
processo contra si, ainda que
desconheça os detalhes.
“Não sei o que eles alegam, se
Exibiu a bandeira da Renamo na Alemanha
Joana Pereira sob alçada disciplinar
me querem impedir de competir a
nível internacional, muito menos
conheço as razões objectivas que
estão a ditar esta atitude. Eu não
fiz nenhum mal, antes pelo contrário,
os atletas tiveram de arcar,
sozinhas, com todas as despesas,
desde o visto, a alimentação e as
passagens”, lembrou.
Disse haver muitas especulações
em relação à questão da bandeira,
mas o que muita gente não sabe é
que a delegação moçambicana que
participou no evento era composta
por seis atletas e levava consigo
uma única bandeira do país, o
que poderia criar embaraço caso os
combates terminassem ao mesmo
tempo.
“Quando terminei o combate a
bandeira de Moçambique estava
com uma minha colega que ocupou
o terceiro lugar e não podia
rasgá-la ao meio”, anotou, prometendo
mais detalhes logo que
receber formalmente a nota de
acusação.
“A decisão irá sair dentro de 10 a
15 dias”, Carlos Dias, presidente
da Associação de karaté.
“Depois do episódio de Berlim foi
aberto um processo disciplinar
e a homenagem da semana
veio agravar a situação e
por isso decidimos pela suspensão
preventiva da atleta.
Não se pode misturar o desporto
e política. Reconheço
que não há ali qualquer crime,
só que não é ético desportivamente.
Um atleta não
pode associar a sua imagem
à política. O que não é correcto
é juntar a política ao
desporto. Podia ser bandeira
da Frelimo, PIMO, PASOMO,
ou de qualquer outro
partido, a decisão seria exactamente
a mesma”, justificou,
esta terça-feira, o presidente
da Associação Moçambicana
de Karaté e instrutor chefe a
nível nacional, Carlos Dias,
ao mediaFAX .
Joana Pereira
Noels shafee
Savana 02-09-2016 23 PUBLICIDADE
A Plataforma Nacional da Sociedade Civil sobre
Recursos Naturais e Indústria Extractiva é um
fórum de coordenação, partilha de informação
entre os seus membros e monitoria e advocacia
sobre assuntos ligados à exploração de recursos
naturais e indústria extractiva. A Plataforma da
Sociedade Civil sobre Recursos Naturais e IndúsWULD([WUDFWLYDSUHWHQGHUHFUXWDUXP
D 2ÀFLDOGH
Comunicação e Ligação.
RESPONSABILIDADES
$SRLDURVHFUHWDULDGRHJUXSRGHFRRUGHQDomR
no estabelecimento de contactos com parceiros
nacionais e internacionais, redes/organizações
similares e doadores;
$SRLDURVHFUHWDULDGRHRJUXSRGHFRRUGHQDomR
na preparação de propostas para angariação de
ÀQDQFLDPHQWRVSDUDD3ODWDIRUPDHLQWHUHVVDdos;
'HVHQYROYHU HPFRRUGHQDomRFRPRVPHPbros,
e implementar o Plano de acção anual;
5HFROKHU VLVWHPDWL]DUHFLUFXODULQIRUPDomRUHlevante
para o desempenho das actividades da
Plataforma e de grande interesse para os membros;
&DOHQGDUL]DUHSURJUDPDUHQFRQWURVUHJXODUHV
da rede e produzir relatórios periódicos (trimestrais,
semestrais e anuais) de execução;
(PFRRUGHQDomRFRPRVHFUHWDULDGRH*UXSRGH
Coordenação monitorar as actividades da rede
no terreno e aprofundar os aspectos técnicos e
VRFLRHFRQyPLFRVGRVEHQHÀFLiULRV
3URGX]LUXPH 1HZVOHWWHURX%ROHWLP,QIRUPDtivo
da Plataforma, em coordenação com o SeFUHWDULDGRH*UXSRGH&RRUGHQDomR FRPRXP
instrumento de informação periódica sobre as
actividades desenvolvidas pelos membros.
$SRLDUHDVVLVWLUR*UXSRGH&RRUGHQDomRQD
organização da Conferência Anual da Sociedade
Civil sobre Recursos Naturais e Indústria Extractiva.
$FWXDOL]DUHPDQWHUDFWLYDVDSiJLQDZHEHWRdas
as plataformas de comunicação e interacção
(redes sociais) da Plataforma.
Plataforma da Sociedade Civil Sobre Recursos Naturais e
Indústria Extractiva em Moçambique
ANÚNCIO DE VAGA
DURAÇÃO DO CONTRATO
8PDQRUHQRYiYHO
REQUISITOS
1DFLRQDOLGDGHPRoDPELFDQD
,GDGHVXSHULRUD DQRV FRPFDUWDGHFRQdução
/LFHQFLDGR D HP&LrQFLDV6RFLDLV &LrQFLDV
$PELHQWDLVRXRXWUDVDÀQV
&RQKHFLPHQWRGRSDFRWHLQIRUPiWLFR0LFURVRIW2IÀFHQDySWLFDGHXWLOL]DGRU
([SHULrQFLDEiVLFDQDJHVWmRSURJUDPiWLFD
DGPLQLVWUDWLYDHÀQDQFHLUDGHSURMHFWRV
&RQKHFLPHQWRVEiVLFRVGHDERUGDJHQVGH
PRQLWRULDHDGYRFDFLDGHSROtWLFDVGDiUHD
de recursos naturais e indústria extractiva;
&DSDFLGDGHGHSURPRomRGHGLQkPLFDGH
redes e experiência de trabalho em equipe e
coordenação com diferentes parceiros;
'LQkPLFR D DXWyQRPR D UHVSRQViYHOH
comprometido(a) com o trabalho
ÐSWLPRFRQKHFLPHQWRGDVOtQJXDVSRUWXguesa
e inglesa;
'LVSRQLELOLGDGHGHSHUPDQHFHUWHPSR
SURORQJDGRIRUDGDFLGDGHGH0DSXWR SURvíncias
e distritos)
'LVSRQLELOLGDGHLPHGLDWD
2WUDEDOKRVHUiUHDOL]DGRQDFLGDGHGH0Dputo,
com possibilidade de deslocações peODVSURYtQFLDV 2VDOiULRVHUiGLVFXWLGRHP
IXQomRGDFDSDFLGDGHHH[SHULrQFLD VDOiULR
competitivo).
O(a)s interessado(a)s deverão enviar um CV,
acompanhado da carta de candidatura, até o
GLD GH6HWHPEURGH SDUD
pscrnie.procurment@gmail.com
(QFRUDMD VHDFDQGLGDWXUDGHLQGLYtGXRVGR
sexo feminino.
Somente candidato(a)s seleccionado(a)s serão
contactado(a)s.
24 Savana 02-09-2016 CULTURA
“
Tributo ao Mestre Chissano”
é o título atribuído à obra cinematográfica
do jovem realizador
José Augusto Nhantumbo
(Zego), lançado no dia 31
de Agosto corrente, em Maputo.
Zego é membro activo de Associação
Moçambicana de Cineastas,
organização que chancela actividades
que norteam a rodagem da
obra.
O documentário visa transportar
para telas de cinema a vida e os
feitos do conceituado escultor mo-
çambicano Alberto Mabungulane
Chissano. O seu enredo tem como
suporte dramático a colectánea
de depoimentos memorais da sua
família, colegas, amigos e actores
culturais que acompanharam a vida
e obra do mestre que deixa um valioso
espólio de arte em diversos
museus do mundo.
Dada a importância do tema no
âmbito educacional e cultural, nesRealizador
lança tributo ao Mestre Chissano
ta primeira fase serão realizadas
diversas projecções nas escolas e
instituições de formação de professores
distribuidos em diversos pontos
da cidade de Maputo.
Sinopse
“Depoimentos, recortes de jornais,
revistas e recordações da família
(esposa, filha e neto), discípulos
e amigos nos levam a conhecer a
grandiosidade do Mestre e Escultor
moçambicano, Alberto Mabungulane
Chissano que nasceu em 25
de Janeiro de1935, e perdeu a vida
a 19 de Fevereiro de 1994. É considerado
o mentor do actual estágio
da escultura moçambicana e um
ícone da escultura africana.
Neste documentário que é um
tributo a este artista, também se
destaca a relação com várias figuras
políticas como Samora Moisés
Machel e Indira Ghandi...”
José Augusto Nhantumbo (Zego),
em 2012, foi realizador dos documentários
Pfuka Kanema e Boicicleta,
2011-Realizador da curta
metragem A outra fala, 2007-Co-
-realizador do documentário americano
- The house is small but
the welcome is big - 60min, 2006
- Assistente de realização da curta
metragem - A fome - 1min (Quinita
Macombo), 2006-Assistente
de realizaçao da curta metragem
–I love you 3 min (Rogério Manjate),
2005-Realizador do documentário
– Muvart-52 min, 2004
- Co realizador com Panu kari - do
documentário “Homecominngs
-52min, 2001-Figurante especial
do filme - Ali-90min.
Participou em 2006 na Mostra de
Cinema da Bahia-Brasil, Imagina
África na cidade da Praia, em
Cabo verde, 2005 – Sithengui film
festival – Cape Town, 2005-Berlinale
talent Capus. Foi em 2007-
Menção honrosa - prémio nacional
de cultura (Fundac). A.S
Imagem frontal do museu galeria Alberto Chissano na Matola
A
grupamento TP50 apresenta
no próximo dia 06
de Setembro, às 20:30, no
Centro Cultural Universitário
da Universidade Eduardo
Mondlane, o concerto-homenagem
“Cronicanto Histórias do
Meu País: Um Tributo a Mia Couto”.
Trata-se de um espectáculo baseado
em obras do escritor e poeta
moçambicano, Mia Couto, para
todos os amantes da literatura e
música moçambicana, apreciadores
da cultura no geral e em particular
aos admiradores do homenageado.
Tendo a música como base, e no
seguimento da tradição do grupo
TP50, o espectáculo integrará vá-
rias expressões artísticas apresentando
uma fusão dessas expressões,
bem como relatos da história de
“É preciso homenagear figuras
ainda vivas”
vida do artista homenageado.
O espectáculo apresenta um fio
condutor baseado relacionando a
história de Moçambique no período
de vida e obra do artista. Este fio
condutor é materializado por intervenções
de teatro, vídeo, fotografia,
dança e poesia integrados nos
temas. Na sua maioria, a música e
a dança serão compostas para o espectáculo
e terão uma raiz nacional.
O evento terá a duração aproximada
de 120 minutos (duas horas)
e terá a participação de vários artistas
convidados moçambicanos
e contando com a colaboração no
palco de artistas do Brasil e Portugal.
Entre os parceiros artísticos
do TP50, integram a lista de convidados;
Hortêncio Langa, Roberto
Chitzonzo, a Orquestra da Escola
de Comunicação e Artes da UEM,
João Carlos Schwalback, Xizimba,
e os compositores e artistas Guilherme
Sparrapan e Sérgio Castanheira
do Brasil, Spirituos Indigenous
da Swazilândia e de Maria
João e João Farinha de Portugal.
Sobre a escolha da figura para a
presente homenagem, os mentores
do projecto entendem que Mia
Couto é uma figura incontornável
da literatura e da ciência nacional.
Sendo também um produto da
UEM, tendo uma vasta obra literária
e científica e tendo sido agraciado
com múltiplos prémios nacionais
e internacionais, incluindo
o título de Doutor Honoris Causa.
Sendo uma referência de Moçambique
a nível mundial, a sua obra
está repleta de conteúdo de elevada
relevância literária e social que
inspirou o presente espectáculo. A.S
Grupo musical TP50 homenageia escritor Mia Couto
A
Associação Movimento
Literário Kuphaluxa
anunciou a realização
da II Edição
do Festival Literário da Matola,
denominado Literatas, que
a partir de 2016 tem a simples
designação Festival Literatas.
Essa é a primeira novidade que
a organização anuncia, tendo
como meta a aproximação com
o público, colocando o Festival
na agenda dos matolenses e
moçambicanos no geral como
espaço de referência para a
busca do entretenimento e conhecimento.
O lema escolhido para a edição
do Festival Literatas que terá
lugar de 21 a 23 de Outubro
próximos é: Cidade de Livros.
Com este tema principal,
pretende-se a socialização do
livro e da sua importância nos
espaços públicos das cidades,
dar valor às bibliotecas como
lugar de leitura, juntando o lazer
com o conhecimento, ampliar
a reflexão sobre a leitura e
Festival Literatas
na Matola
a importância dos livros na formação
e no fortalecimento do
intelecto, bem como equilibrar
a disponibilidade de espaços
de convívio cultural que permita
promover os hábitos de
leitura em qualquer formato,
de acordo com todos os gostos
e necessidades. Sendo o Festival
Literatas um evento que
acontece na cidade da Matola,
pretende-se com o tema Cidade
de Livros incentivar acções
que promovam o livro e a leitura
no seio da população jovem
e a criação de mais espaços de
busca de conhecimento a partir
dos livros nesta urbe.
Outro facto digno de realce é a
mudança do primeiro local do
Festival em 2015, no bairro da
Machava-sede, para decorrer
no espaço do Auditório Municipal
da Matola (cinema 700).
O Festival Literatas surge
como uma aposta para a massificação
da leitura, principalmente
na população jovem,
promoção do livro e do diálogo
intercultural, quando a cidade
da Matola e o país precisavam
de um ponto de encontro aonde
as artes convergem.
Cerca de 50 artistas integraram
a vasta programação do evento,
entre poetas, escritores, actores,
bailarinos, músicos, para além
de professores e críticos de literatura
e jornalistas. O destaque
nos participantes do ano
passado foi a presença do filósofo
moçambicano Severino
Nguenha, o escritor Calane da
Silva, Carlos Paradona Rofino
Roque, Juvenal Bucuane, Jorge
de Oliveira e o poeta e ensaísta
Filimone Meigos. A.S Eduardo Quive, presidente do movimento
lierário Kuphaluxa
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1182 DE SETEMBRO DE 2016
(QTXDQWRLVVR DVQRVVDVÁRUHVWDV
YmRGHVDSDUHFHQGR
2 Savana 02-09-2016 SUPLEMENTO Savana 02-09-2016 3
Pesadelo...
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz h5 5 . ' ,)5 5hfgl5R5 5 5R5 o
1182 Diz-se... Diz-se
Ilec Vilanculo
Moçambique precisa de
adoptar um modelo de
sociedade baseada na
redistribuição riqueza
e solidariedade social de modo a ultrapassar
a instabilidade política que
opõe o governo e o maior partido da
oposição, defende Carlos Serra, sociólogo
e investigador do Centro de
Estudos Africanos (CEA) da Universidade
Eduardo Mondlane.
Serra falava, há dias, no decurso de
/' 5 * & -., 5 +/ 5 *,) ,#/5 ( 5 --)-
ciação dos Escritores Moçambicanos
B
C65 /'5 0 (.)5 +/ 5 - 5 (+/ -
dra num ciclo de palestras organizadas
por aquela organização desde o
princípio do ano em curso, juntando
escritores e estudiosos das ciências
humanas.
50 , 65 5 #-- ,. éã)5 )5-) #ĉ&)!)5
.#(" 5 )')5*,)*ĉ-#.)5 ( &#- ,5 '5+/ 5
medida os conhecimentos produzidos
nos domínios das ciências sociais
e humanas podem contribuir para a
formação de sociedades mais justas.
Trata-se de uma abordagem inspirada
numa outra levada a cabo pelo
ŀ&ĉ-) )5 , ( ð-5
(5
+/ -5 )/-- -
/5 ()5 -ï /&)5 65 ()' ' (. 65
em que medida o florescimento das
ciências exactas por essa altura tinha
contribuído para o melhoramento do
género humano.
&5 )')5- (. ( #)/5)5ŀ&ĉ-) )5 , (-
cês, nomeadamente, o florescimento
-5 #ð( # -5 2 . -5()5 -ï /&)5 5
em nada tinha contribuído para o melhoramento
do género humano, mas,
pelo contrário, tinha contribuído para
5 !, éã)5 )-5 )-./' -65)5 -) #ĉ-
logo considera que o contributo das
ciências sociais para a formação de
uma sociedade mais justa no contexto
moçambicano ainda está longe de se
tornar realidade.
Sociedade justa...
, 5 )5 -) #ĉ&)!)65 5 +/ -.ã)5 5 - ,5
em que medida as ciências sociais
podem contribuir para a formação
de uma sociedade mais justa remete à
questão de saber “o que é uma sociedade
mais justa”?
Uma sociedade mais justa – considera
– seria aquela que pudesse “resolver
o problema da redistribuição da riqueza
social, e uma redistribuição da
solidariedade social”. Considera ainda
que todo o trajecto social que procura
remediar ou subverter as relações de
desigualdade sociais “tem de saber resolver
problemas das diferenças entre
os seres humanos e o problema da necessidade
da igualdade entre os seres
humanos”.
Vivemos no mundo fechado
das academias
5 -) #ĉ&)!)5 (ã)5 . '5 Ě0# 5 +/ 5 )5
conhecimento produzido nestas áreas
de conhecimento pode ter algo a dizer
na resolução dos diversos problemas
que se registam no mundo em geral e
em Moçambique, em particular. Mas
para que isso aconteça é imperioso
que os cientistas sociais abandonem
o mundo fechado das academias, das
)( ,ð( # -5 5 -#'*ĉ-#)-5 5 " )-5
no mundo académico das conferên-
# -5 5-#'*ĉ-#)-5 5 )' '5 5- 5*, )-
cupar em produzir conhecimento em
prol da sociedade em que se encon-
., '85^
/#.)-5 5(ĉ-5 # (.#-. -5-) # #-5
vivemos no mundo fechado das academias
e esquecemos que existe um
mundo fora”, constata.
“Sabemos que a medicina tem os
comprimidos para curar as doenças.
5 ' -' 5 ),' 65 * (-)5 +/ 5 (ĉ-5
cientistas sociais podemos jogar um
papel fundamental no sentido de que
podemos contribuir para um país e
'/( )5 ' &"),85 -5 ()--)-5 ., &")-5
devem chegar a todos”, recomendou.
Moçambique: a situação é
dramática
- ( )7- 5 ()5 , & .ĉ,#)5 -5 ( éċ -5
(# -5 5hfgk65)5-) #ĉ&)!)5')-.,)/5
que o fosso de desigualdades sociais
no mundo tem crescido de forma
, 'á.# 65 (ã)5 -ĉ5 (., 5 ,# )-5 5 *)-
bres, mas principalmente, entre os
mais ricos e os mais pobres. “Mais de
um bilião de pessoas, na sua maioria
mulheres e crianças, não têm acesso
à-5 )*),./(# -5 )(ĉ'# -85
#-5
de 73 milhões de jovens encontram-
7- 5 - '*, ! )-_65 #. 85 )5 )(. 2.)5
moçambicano, a preocupação é mais
dramática ainda onde os cidadãos se
debatem com problemas relacionados
com a falta de acesso à educa-
éã)65 - Ě 65" #. éã)5 5)/.,)-5' #)-85
^ )/-- /5 #4# 5 +/ 5)-5 (.#!)-5 *)&ù-
ticos falavam sem cessar das virtudes
e costumes, os do seu tempo falavam
5 #(" #,)5 5( !ĉ #)-85 -5()--)-5 -
lam de empreendedorismo”, referiu.
5^ 5 , ( 5# &)5 5 & -., -_65+/ 5
)(. 5( 5
5 '5 5Ě&.#' 5
+/#(. 7 #, 5 )5'ð-65. ,'#( 5 '5 )-
vembro, com a apresentação de Fran-
#- )5 ) 65 ./ &5, #.),5 5 (#&Ě,#)8
“Precisamos de uma sociedade
baseada na redistribuição da riqueza”
Por Américo Pacule
'HIHQGH&DUORV6HUUD VRFLyORJRHLQYHVWLJDGRUGR&($
R555 5( !ĉ #)5 )-5. ,, ()-5 (., 5)-5-#&0# /&.), -5j2j5 5)-5^( .#0)-_5j2j65 '5
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cuene, conheceu novos desenvolvimentos no fim de semana com a polémica
decisão judicial em deixar continuar a edificar casas nos terrenos dedicados
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*/.)85 5!)0 ,()65( 5 , 5 -5*,#0 .#4 -
ções e porque afinal o povo aparentemente já não precisava de lenha, entre-
!)/5 5. ,, B )')5" #./ &' (. C65 5/' 5 '*, - 5&#! 5à5()' (%& ./, 85 &5
como o tomate, a cebola e a batata, as políticas locais preferem que os mo-
çambicanos vão à África do Sul comprar toros de eucalipto para a constru-
ção civil, para que os terrenos desbravados, entre outras utilidades, sirvam o
"),/ )5( !ĉ #)5 5 -* /& éã)5#') #&#á,# 85 0 '5, 4 ,5)-5 '*)( - -5 )5
# -- 65 ' ï4# 5 5
(# 5* , 5+/ 5&" -5 # 5/' 5^ -., 5 #, /& ,_5* & -5
suas paragens para assim poderem reivindicar terras aos projectos florestais
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5- 85 ã)5 5- 5 5 "/0 5+/ 5)-5!)0 ,( (. -5, * . '5 )-5+/ .,)50 (.)-65
mas seca decretada pelo banco central, por força das restrições ao crédito
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maiores imparidades. Lá se vão os crescimentos a 20%, fecham-se balcões
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^ #%#,#_V
R5555Crise político-militar, segundo os escribas do regime, parece ser coisa que não
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ilibado do “status quo” verificado, “porque os conflitos já vinham de trás”.
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R5555 5 )')5 5 ,# 5 /-., &5ï5'/#.)5^-/#-5! ( ,#-_65. ')-5 !), 5)-5 -.#()-5 5
65(ã)5( -5'ã)-5 5/'5!)0 ,()5 & #.)65' -5( -5'ã)-5 5/' 5')( , 5
tradicionalista, cuja principal faceta é escolher anualmente uma virgem para
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R555 -5*,)- -5 )'#(# #-5 , '5à5&/45 )5 # 5().á0 #-5, 0 & éċ -5 )')5)5- $ '5 5
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*),5 ( &)!# 5 )5+/ 5- 5* --)/5 '5 (!)& 65 0# )5à5^ ), ! '_5 )5!)0 ,()5
local em ilegalizar a Unita que não aceitou os resultados eleitorais de 1992.
R5 5 5 5 #( 5 ( 5 &# #)- 5 *,)- 5 ŀ á')-5 5 - ,5 )5 0 .# ù(#)5 +/ 5 5 ( 5 )5
partidão, ao contrário do que aconteceu com a aprovação de cruz do pacote
& #.), &5, 0#-.)5 '5hfgj65(ã)50 #5 *,)0 ,5.ã)5 ) ' (. 5 5^-/ 0 ,-#0 _5*,)-
posta legislativa vinda da comissão mista sobre descentralização e governos
provinciais. De que facção frel virá este recado?
R555Mas depois da aprovação do ponto um da agenda da comissão-mista, os reca-
)-5-ã)5' #-5+/ 5'/#.)-85 5- .),5' #-5, .,ĉ!, )5 )5 7jf65 )(). )5 )'5)5
cachimbo, defende esta semana que a delegação governamental na comissão
'#-. 5 0 ,# 5- ,5 " ŀ 5*),5/'5' ' ,)5 5 85 ' , 5
65$á50#/>
R5555 -5. #-5 5 , .,ĉ!, )-5 0 '5 -. ,5 /' ! (. -5 )'5 5 - )&" 5 * , 5 ()0)5
governador da mola nacional, o chefe dos fatos escuros da 25 de Setembro.
5")' '5(ã)5. '5 ,.ã)50 ,' &")5 5ï5 '5 * 45 5' ( ,5* -- ,5+/ '5
lhe sugerir que as ordens sobre o câmbio do metical dependem das análises
5 85 ã)5 -. 0 '5 -5 ), -5 5 é 5 )'5)5 " 5 )-5, /,-)-5'#( , #-65
5- 5 5') 5* ! 5V5 #( 5- #5'#(#-.,)5 5' -' 5 ),( 5* , 5 " ŀ ,5/'5
)-5 # ù #)-5'#(#-. ,# #-5 )5^ ,,37 ) ._85 5+/ 5 -.á5 5 ,5ï5- ,')-5^ , -_5
)5
5* , 50 ,5- 5- 5 -+/ é 5 5' & 5 / #.),# 5 ), (- 5#(. ,( #)( &5
que tanto nervosismo traz às hostes do cachimbo.
R5Em São Tomé e Príncipe, amanhã, há render da guarda. Segundo os simpatizantes
do novo poder afecto aos Trovoada, estão a ser afastados “os colonos
negros” do MLSP, a designação pejorativa contra os “companheiros de percurso”
da frel, mpla, zanu e anc. Mais uns tantos que se vão libertando dos
&# ,. ), -5V5
(PYR]EDL[D
R5Quando há notáveis apelos ao aumento da produção e produtividade, notamos
o violento ataque a uma unidade de produção mineira em Manica. Será que o
líder da oposição, tal como acontece com ministros, generais frel e seus familia-
, -5(ã)5*) 5. ,5)-5- /-5^#(. , -- -5 )(ĉ'# )-_55( 5.ã)5 & 5 )()'# 5 5
mercado?
Savana 02-09-2016 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Júlia Manhiça (Fotos)
Ilec Vilanculo
F
oram várias as tentativas de inviabilizar a marcha recentemente realizada
na capital do país. Desta vez a sociedade civil não se deixou levar pelas
manobras intimidatórias protagonizadas pelos que estavam contra a sua
realização. As forças policiais tentaram com os seus veículos intimidar a
sociedade civil que se fez presente na marcha em repúdio à situação que se vive
no país.
Várias figuras preponderantes da sociedade moçambicana se fizeram presente.
Os anónimos também saíram à rua. A polícia endereçou um documento que
dizia algo do género “se os populares cometerem actos de vandalismo, os organizadores
da marcha iriam ser responsabilizados”. Mas os populares envergonharam
a polícia. Participaram na marcha de uma forma ordeira.
Não é por acaso que os organizadores da marcha não mediram esforços para
que o evento decorresse de uma forma ordeira. Mostram disponibilidade para
trocar impressões com os participantes. Por isso na primeira imagem vemos o
Presidente do Parlamento Juvenil, Salomão Muchanga, escutando atentamente
os dizeres de um dos participantes da marcha.
Reparem na segunda imagem, o economista João Mosca escuta atentamente as
lamentações de um cidadão, que pelo seu semblante mostra sinais de frustração
perante a crise vivida no país, com um governo que se mostra incompetente
face à situação. Não é por acaso que num artigo escrito recentemente o economista
afirmou que é preciso responsabilizar estes “gangsters” que delapidam o
país.
Esta marcha era para todos. Todos os que se sentem sensibilizados com o rumo
que o país está a levar. Mesmo os que não foram de alguma forma demonstraram
o seu posicionamento. Apoiaram a iniciativa. É preciso mostrar ao governo
do dia que a sociedade civil tem a sua força. Para registar o momento, o Erik
Charas aproveitou para fazer uma imagem com o Presidente do Município de
Quelimane, Manuel de Araújo, do partido MDM.
No desporto também houve um evento que mereceu um destaque. A homenagem
do antigo jogador de futebol, Augusto Matine. Homem que conta ter
enfrentado muitas dificuldades quando deu os seus préstimos ao futebol nacional.
Nesta quarta imagem creio que Augusto Matine esteja a contar alguma
peripécia ao Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Alberto
Simango Júnior e ao Ministro da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula.
Pelos vistos despoletou alguma gargalhada.
Os atletas são figuras de convicção. Só o simples facto de praticar qualquer desporto
é uma demonstração de convicção. Depois de ter vivido uma boa parte
da sua vida, a antiga atleta do basquete, Clarisse Machanguana, actualmente
enveredou por outro desafio. Criou uma ONG que ajuda os doentes com HIV/
Sida, principalmente na camada jovem e estudantes. Não é por acaso que o
Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, Jorge Ferrão, troca impressões
com a antiga atleta. É preciso incentivar as pessoas que demonstram
sensibilidade com a maioria dos moçambicanos.
Marcha vitoriosa
Savana 02-09-2016 1
0DSXWR GH6HWHPEURGH $12;;,,,1o 1182
P
or ocasião do chamado
“Dia do Bem Fazer”, dedicado
por várias empresas
no mundo ao voluntariado,
colaboradores da Cimentos
de Moçambique (CM) nas fá-
bricas da empresa nas províncias
de Maputo, sul, Sofala, centro, e
Nampula, norte, mobilizaram-se
no passado domingo em acções
de responsabilidade social, oferecendo
carteiras escolares e se enPara
assinalar “Dia do Bem Fazer”
Colaboradores da CM oferecem
carteiras e fazem limpeza
volvendo em jornadas de limpeza,
além de outras actividades.
No município da Matola, a acção
dos colaboradores da Cimentos
de Moçambique consistiu
na oferta de carteiras à Escola
Primária do Língamo, limpeza,
reabilitação das salas de aulas,
construção de campos de jogos e
colocação de baloiços.
Falando do “Dia do Bem Fazer”,
o director-geral da CM, Jorge
Reis, afirmou que a iniciativa se
enquadra na aposta da companhia
na promoção do espírito de
solidariedade, realçando a necessidade
de as empresas cultivarem
relações sãs e de proximidade
afectiva com as comunidades.
“O objectivo é promover o voluntariado
nos corações dos nossos
colaboradores e seus familiares e
nos nossos fornecedores e, através
deste tipo de intervenção, promover
a aproximação às comunidades”,
declarou Reis.
Na província de Maputo, os colaboradores
da CM também estiveram
envolvidos em acções
de voluntariado em três escolas
primárias em Salamanga e idênticas
iniciativas tiveram lugar em
Nacala, província de Nampula, e
no distrito de Dondo, província
de Sofala, onde a companhia tem
unidades fabris.
“Este movimento tem sido muito
importante, mobilizámos por ano
1.500 voluntários e o número de
pessoas beneficiárias tem aumentado,
gradualmente, passando de
quatro mil, em 2014, para seis
mil, este ano, é com muito prazer
que fazemos este trabalho meritório
para as comunidades, é sempre
um dia muito bem passado”,
sublinhou Reis.
Savana 02-09-2016 EVENTOS
2
PUBLICIDADE
O
s expositores moçambicanos
presentes na Feira
Internacional de Maputo
(FACIM) estão à procura
de soluções viáveis para acabar
com a crise financeira que afecta
o país.
A FACIM, que decorre em Ricatla,
distrito de Marracuene, província
de Maputo, arrancou nesta
segunda-feira com o término previsto
para este domingo.
Contrariamente à última edição,
neste ano, a feira acontece num
momento crítico para Moçambique,
particularmente tendo em
conta os efeitos da crise económica,
agudizada pela contratação de
dívidas ocultas na ordem de perto
de 2 mil milhões de dólares.
De acordo com o director-geral
do Instituto de Promoção de Exportações
(IPEX), João Macaringue,
que falava por ocasião da
abertura da FACIM, apesar da
conjuntura que Moçambique vive,
as empresas e outros investidores
devem procurar mecanismos para
aproveitar as potencialidades que
cada província pode oferecer, alavancando,
desta forma, a economia
nacional.
“A crise atrapalha, mas nós olhamos
na perspectiva de encontrar
elementos que possamos usar para
combatê-la, na medida em que
identificamos as potencialidades,
aquilo que pode fazer a diferença,
e o que pode, de alguma forma,
concorrer para eliminar o impacto
negativo da crise”, disse.
Para o empresário moçambicano e
Presidente da Confederação Empresarial
de Países de Língua Portuguesa
(CPLP), Salimo Abdula,
o pavilhão que ele preside está
preparado para receber contactos
de negócios entre os membros
dos nove países da organização e
também para encontrar potenciais
investidores para Moçambique.
“O nosso grande objectivo na
FACIM é o de trazer a ligação, a
sinergia da comunidade para Mo-
çambique aproveitar esta grande
oportunidade que se vive neste
momento, que é um momento
ímpar para quem quer investir no
país, uma vez que aquilo que era
apregoado como crise se transformou
numa oportunidade, porque
houve uma transformação daquela
FACIM 2016
Expositores estreitam parcerias para estancar a crise
que era uma situação de especula-
ção para os preços mais realísticos
em termos de investimentos em
vários sectores de produção desde
agricultura, acesso à terra, o ramo
imobiliário até ao turismo”, disse.
Abdula acrescentou: “ajudar Mo-
çambique a substituir as importa-
ções pelas exportações é a forma
que a confederação empresarial
da CPLP encontrou de se fazer
presente através dos seus órgãos
executivos, nomeadamente o Instituto
de Formação, o Instituto
da Certificação dos Produtos e a
União de Exportadores”.
Por seu turno, o Governador da
Província do Niassa, Arlindo
Chilundo, que presidiu a primeira
conferência do dia, intitulada
“Potencialidades Económicas de
Investimentos do Niassa, Estratégia
para o fomento de Soja”,
debruçou-se sobre as potencialidades
da província, com destaque
para a produção da soja como
forma de garantir a segurança alimentar
e nutricional, uma vez que
este produto serve para produção
de vários outros derivados, entre
outros produtos.
Para Chilundo, Niassa já não é
uma província esquecida. “Já tem
condições criadas para atrair investimentos”,
uma vez que as condições
de transitabilidade foram
melhoradas, a via-férrea foi recentemente
restabelecida. A província
vem à Feira para exibir as suas potencialidades
e criar parcerias estratégicas
para tornar a província
mais competitiva.
Enquanto isso, Ronaldo Pedro
Naico, director provincial da Indústria
e Comércio de Manica,
entende que a sua província está
preparada e o maior objectivo é a
“criação de parcerias porque nós
temos terras disponíveis para produção
agrícola, alavancar a industrialização
e criar robustez na área
de agro-processamento de frutas
e outros produtos, para que tudo
que Manica produz tenha um valor
acrescentado para ceder às exportações”.
No mesmo diapasão, o director
provincial da Indústria e Comércio
de Inhambane, António
Machamale, afirmou que “dentre
várias parcerias que Inhambane
pretende estreitar, o foco está no
agro-processamento de frutas, e
na área de exploração da área turística”.
No geral a maior expectativa dos
expositores é alargar os mercados
dos produtos de acordo com as
especificidades e potencialidades
produtivas de cada província para
alimentar o mercado interno e internacional.
De referir que a 52ª edição da
FACIM conta com a participação
de quase três mil, das quais 2350
são empresas nacionais e 630 estrangeiras.
Participam, no evento,
um total de 33 países, sendo que
Portugal é o país estrangeiro com
maior número de empresas.
Savana 02-09-2016 9
Anossa hisWyULDp VRE
todas as
métricas,
um caso
de sucesso: volume de
QHJyFLR UHQWDELOLGDGH
expansão, capitais pró-
prios, investimentos,
resultados técnicos e
ÀQDQFHLURV UHFRQKHFLmento
dos mercados
e qualidade técnica e
SURÀVVLRQDO
Efectivamente, a nossa
acção responsável
QD VXEVFULomR FULWHULRVD
GH ULVFRV QR kPELto
da nossa missão de
proteger as famílias e
valorizar os activos das
empresas em coopera-
ção com os mediadoUHV
DOLDGDj JHVWmR FULteriosa
e rigorosa por
SURÀVVLRQDLVDOWDPHQWH
TXDOLÀFDGRV FRORFRXVISÃO
$SURWHFomRÀQDQFHLUD DWUDYpVGDRIHUWDGHSURGXWRVHVHUYLoRVGHTXDOLGDGHjPHGLGDGDVQHcessidades
dos nossos clientes e a custos compeWLWLYDPHQWHMXVWRV
MISSÃO
A protecção das famílias e a valorização dos activos
das empresas, em cooperação com os MeGLDGRUHV PDQWHQGRXPDIRUWHOLJDomRjFRPXnidade.
VALORES
&RQÀDQoD +XPDQLVPR (ÀFiFLD ,QRYDomR
$PELomR 7UDEDOKR HP (TXLSH +RQHVWLGDGH
([FHOrQFLD &RPSURPLVVRH5LJRU
Uma história
de sucesso
2011
–Início de Actividades
- Abertura do balcão de Ressano
Garcia
-Abertura do balcão da Ponta
D´Ouro
2012
– International Golden Star
for Quality (Paris)
- Abertura da Agência de
Chimoio
- Abertura do Balcão de Machipanda
- Abertura do Balcão de
Zóbwé
- Abertura do Balcão de
Cuchamano
2013:
– Platinum Award for Excellence
and Business Prestige (
/PWB :PSL
- ESQR’S Quality Achievement
Award (Londres)
- Atribuição do Selo Made in
Mozambique
- Abertura da Agência da Beira
, balcão de Expungabera e
de Goba
- Membro da Organização
Africana de Seguradoras
2014
– Century Quality Era
Award ( Genebra)
- Abertura das agências de
Nampula e Nacala e Balcão
da Namaacha
-Superbrand Moçambique
(2013-2014)
-Conquista da 5ª posição no
ranking das maiores seguradoras
do Ramo Não vida em
Moçambique
- Lançamento e disponibilidade
da plataforma
“software”de gestão de seguros
aos parceiros de negocio
- Redesenho do website e “upgrade”
do motor de pesquisa
www.indicoseguros.co.mz e
www.indicoseguros.com
2015
– Abertura da Agência de
Quelimane
- Abertura da Agência de
Pemba
- Superbrands Moçambique
(2014-2015)
- Lançamento da plataforma
de participação de sinistros
“on line”
- Lançamento da plataforma
de notificação “SMS”
- Integração nas 100 maiores
empresas de Moçambique
2016
-Abertura da Agência de
Maxixe
-Abertura da nova Sede da
Companhia e Centro Corporate
-Abertura da Agência da
Baixa
-nos, em apenas dois
anos e nove meses
FRPRD PDLRU6HJXUDGRUDGH0RoDPELTXH
QR5DPR1mR9LGD (
em quatro anos de actividades
conseguimos
várias distinções
e prémios em reconhecimento
da qualidade
dos nossos produtos e
serviços e reforçámos
a nossa presença e expansão
territorial na
quase totalidade das
províncias do país, tenGR
DEHUWR $JrQFLDV
um Centro Corporate
H %DOF}HV (P DSHnas
dois anos atingiPRV
R ´EUHDN HYHQµ
registámos resultados
WpFQLFRV H ÀQDQFHLURV
SRVLWLYRV H HP DQRV
as acções da Empresa
foram valorizadas
ao triplo do seu valor
nominal. Em apenas
dois anos tornámo-nos
PHPEURVGHLPSRUWDQtes
organizações como
a Organização Africana
das Seguradoras e
$VVRFLDomR 0RoDPELcana
de Seguradoras.
/DQoiPRV LPSRUWDQWHV
plataformas modernas
de gestão de seguros
que vão mudar, em de-
ÀQLWLYR D IRUPD FRPR
o mercado e clientes
olham para os seguros
HP0RoDPELTXH
SUPLEMENTO
Savana 02-09-2016 EVENTOS
10
OAdministrador Delegado
(CEO) da Índico Seguros,
Ruben Fernando
Chivale, falou dos cincos
anos da sua Companhia e frisou que
a principal ambição desde o início
de actividade era ser a referência no
Sector de Seguros, inscrevendo a satisfação
das necessidades dos clientes
no cerne das prioridades.
Chivale faz uma avaliação positiva
da sua empresa e prevê um futuro
de contínuo sucesso.
Para ilustrar o seu optimismo, o
CEO da Índico Seguros recorreu
aos dados estatísticos e frisou que a
média de crescimento anual em termos
de prémios brutos emitidos de
2011 a 2015 é de 76%. Ao nível de
resultados líquidos a empresa registou
em média desde o início da actividade
um crescimento na ordem
dos 840%.
Nas linhas abaixo segue a entrevista.
Quando iniciaram com as actividades,
em 2011, o objectivo
central era liderar o mercado.
Cinco anos depois em que ponto
estão? O vosso grande objectivo
foi alcançado?
6HUOtGHUVLJQLÀFD SDUDQyV QmR
apenas estar no pódio em termos
de volume de negócio pelas nossas
performances técnicas, coPHUFLDLVHÀQDQFHLUDV PDVWDPEpP
VHUPRV YLVWRV FRPR XPD
UHIHUrQFLD XPH[HPSORDVHJXLU
pela qualidade das nossas práticas
e pela deontologia do nosso
comportamento. Na verdade,
D QRVVD DPELomR HVWi QR FUX]DPHQWR
GDV GXDV H[LJrQFLDV D
performance gerada pela exceOrQFLD
RSHUDFLRQDO QmR VHULD VX-
ÀFLHQWHSDUDID]HUGHQyVOtGHUHV
WDO FRPR D H[FHOrQFLD GRV QRVsos
comportamentos, se não se
FRQVXEVWDQFLDVVH HP UHVXOWDGRV
concretos, não nos permitiria alFDQoDUDQRVVDDPELomR 3RULVVR
SURFXUDPRVFRQMXJDURVGRLVREMHFWLYRVHRV
UHVXOWDGRVVmR VRE
todas as métricas, um caso sucesso:
volume de negócio, renWDELOLGDGH H[SDQVmRJHRJUiÀFD
capitais próprios, investimentos,
UHVXOWDGRVWpFQLFRVHÀQDQFHLURV
inovação, reconhecimento dos
mercados e qualidade técnica e
SURÀVVLRQDO 1HVWD SHUVSHFWLYD
SRVVRDÀUPDUTXHRREMHFWLYRIRL
atingido.
Cinco anos depois da criação da
Índico Seguros, o crescimento
da empresa é bem visível. Qual
é o segredo de sucesso?
O segredo do sucesso de qualquer
negócio está assente na
GHÀQLomR FODUD GD YLVmR H DOLnhamento
das acções visando
DOFDQoDURVREMHFWLYRVGHÀQLGRV
Há que, por conseguinte, ter coUDJHP
DXWR FRQÀDQoD GLVFLSOLna
e concentração harmoniosa
nos fundamentos do negócio,
nomeadamente, os clientes, processos
e as pessoas. O negócio
de seguros é na sua génese uma
maratona e não uma corrida de
velocidade: há que ter muita
cautela nas decisões estratégiRuben
Chivale, CEO da Índico Seguros
“A nossa ambição é ser líder do mercado de Seguros”
FDV TXH WRPDPRV DWHQWRV j QHcessidade
de garantia dos racios
regulamentares para o exercício
da actividade mas, ao mesmo
WHPSR pQHFHVViULRVHUDUURMDGR
inovador, ousado e destemido.
(QÀP RVHJUHGRHVWiHPQmRÀ-
car paralisado e dominado pelo
PHGRH GHIRUPDFRUDMRVDHKDUmoniosa,
caminhar e alcançar
tudo o que queremos, quando e
onde queremos e, mais importante,
mantermos o que queremos
enquanto interesse nisso.
'LÀFXOGDGHV VHPSUH H[LVWLUmR
mas, há-de convir, dizer que
TXDQWRPDLVSUREOHPDVUHVROYHPRV
PDLV JDQKDPRV FRQÀDQoD
em nós próprios e ganhamos
FRQÀDQoD GRV RXWURV H TXH
TXDQWR PDLRU IRU R SUREOHPD
resolvido maior é a recompensa.
É necessário resolver todos
RV SUREOHPDV PDV XP GH FDGD
YH] (QÀP RVHJUHGRGRVXFHVVR
HVWiQDDWLWXGH REMHFWLYRVFODURV
acção, determinação, coragem,
DXWR FRQÀDQoD FRQFHQWUDomR H
disciplina.
A vossa companhia entrou no
mercado numa altura em que
havia empresas que operavam
há longos anos e com alguma
tradição. Como é que foi o processo
do vosso enquadramento
no mercado? Como é que superaram
os obstáculos?
O nosso processo de enquadramento
no mercado foi acomSDQKDGR
GH PXLWRV GHVDÀRV H
REVWiFXORV UHVSRQGLGRV VHPpre
com a agilidade necessária
para os superar, e retenho como
exemplo o tempo recorde de em
DSHQDVGRLVPHVHV DSyVDWULEXLomR
GD /LFHQoD FRQVHJXLUPRV
operacionalizar a companhia e
´DEULUDVSRUWDVµD GH6HWHPEUR
de 2011 e a partir desse momenWRRGHVDÀRIRLFRQTXLVWDUD
FRQÀDQoD GRV FOLHQWHV H SDUFHLros,
focando a nossa acção na
TXDOLGDGHHH[FHOrQFLDGRVSURdutos
e serviços prestados.
O sucesso de qualquer negócio
depende também da qualidade
de recursos humanos. Como é
que a Indico Seguros conseguiu
cimentar esta componente?
No nosso processo de gestão,
privilegiamos a participação e
compromisso de todos. Priorizamos
a unidade na diversidade
respeitando as opiniões de
FDGD FRODERUDGRU QR SURFHVVR
de tomada de decisões. Por isso,
a implementação das decisões
tem se tornado mais simples e
VHP UHVLVWrQFLD QD PHGLGD HP
TXHRVFRODERUDGRUHVVHLGHQWLÀ
FDPFRPHODVHWrPSOHQDFRQV
FLrQFLDGDQHFHVVLGDGHGHDGRS
ção daquelas medidas visando
o cumprimento das metas da
Empresa.
A Índico Seguros procura ser a
PHQWRUD H DFHOHUDU DV KDELOLGDGHV
GRV VHXV FRODERUDGRUHV HP
PDWpULDV GH JHVWmR DMXGDQGR
assim a aumentar as suas performances
para os mais altos padrões
de qualidade. Mas, o mais
importante ainda, é construir
activamente uma cultura e amELHQWHGHWUDEDOKRGHIHOLFLGDGH
saudável, o que resulta em colaERUDGRUHV
RUJXOKRVRV SRU ID]Hrem
parte da equipa.
O sucesso reside num modelo
de comunicação acessível que
ÁXL HQWUH RV FRODERUDGRUHV H D
DGPLQLVWUDomR 2 ERP DPELHQte
físico, social e cultural que se
cria tem um impacto importante
QREHP HVWDUGRVFRODERUDGRUHV
e satisfação dos clientes e parceiros.
Um dos marcos importantes da
vossa companhia é a tendência
crescente cada ano que passa.
Qual é vossa média anual de
crescimento?
A nossa média de crescimento
anual em termos de prémios
EUXWRVHPLWLGRVGH D p
de 76%. Ao nível de resultados
líquidos a empresa registou em
média desde o inicio da actividade
um crescimento na ordem
dos 840%, com realce para o
DOFDQFH GR ´EUHDN HYHQµ GR LQvestimento
dos nossos accionistas
em apenas dois anos de actividade,
desempenho este que
FXOPLQRXFRPDFODVVLÀFDomRGD
HPSUHVDQD SRVLomRGDV
melhores empresas em MoçamELTXH
A quanto vai-se em termos de
expansão. Quando é que a Índico
Seguros irá cobrir todas capitais
provinciais?
Efectivamente, o cerne da nossa
actividade é acompanhar os
nossos clientes na gestão dos
seus riscos, o que nos leva a assumir
a cumprir, para com estes,
compromissos de longo prazo. É
QRkPELWRGHVWDYLVmRHVWUDWpJLca
de longo prazo que iniciámos
o nosso programa de expansão
WHQGRFRPRREMHFWLYRDSUR[LPDU
os nossos produtos e serviços
aos nossos clientes. Neste moPHQWR
WHPRV DJrQFLDV H XP
FHQWUR GH QHJyFLRV ´FRUSRUDWHµ HVWDQGRHP&KLPRLR %HLUD
Quelimane, Nampula, Nacala,
3HPED 0D[L[H H 0DSXWR 3Rsicionamo-nos,
igualmente, em
quase todas as fronteiras do País
DWHQWRV j QHFHVVLGDGH GH DVVLVWrQFLDGRVWXULVWDVTXHjHQWUDGD
devem contratar o seguro de resSRQVDELOLGDGH
FLYLO DXWRPyYHO
REULJDWyULR
Uma pessoa que vive numa
província em que a Índico Seguros
não está representada, o
que pode fazer para ter os vossos
serviços?
7HPRV FDQDLV GH GLVWULEXLomR
como corretores e agentes nas
províncias que não estamos representados,
podendo o nosso
FOLHQWH WDPEpP EHQHÀFLDU GR
acesso aos nossos produtos e
serviços através das nossas plataformas
web e sms, através de
um simulador online para a contratação
do seguro automóvel e
propostas digitais editáveis para
os outros tipos de seguros, assim
FRPR EHQHÀFLDU GR VHUYLoR GH
DOHUWDV VPV SDUD UHFHEHU QRWLÀ-
FDo}HV VREUH R VHX FRQWUDWR GH
seguro e uma plataforma de participação
de sinistro online.
Como é fazer o negócio de seguros
num país onde não há cultura
de seguros, a esmagadora
maioria da população é pobre,
o país está em constantes con-
ÁLWRV DUPDGRV QmR Ki LQYHVWLmentos,
as taxas de desemprego
são enormes?
As condições macroeconómicas,
sociais e políticas que o País acWXDOPHQWHDWUDYHVVDFRQWULEXHP
em larga medida para redução
dos volumes de negócios e redu-
ção de investimentos e aumento
dos custos de transacção.
)D]HU R QHJyFLR GH VHJXURV HP
0RoDPELTXH p XP GHVDÀR GH
superação constante, por isso
assentamos a nossa oferta em
produtos e serviços que vão ao
encontro do cliente de Seguros
HP 0RoDPELTXH FRP TXDOLGDGH
DJLOLGDGH ,QRYDomR H VLPplicidade
necessária por forma a
irmos ao encontro das expectativas
dos clientes e parceiros.
O que procuramos nestas circunstâncias
é operar com crité-
rios racionais de risco e investimento
para garantir a protecção
ÀQDQFHLUD GH WRGRV RV &OLHQWHV
VHMDP SDUWLFXODUHV SHTXHQDV
medias e grandes empresas e ser
entendido como o parceiro de
FRQÀDQoD SDUD D WUDQVIHUrQFLD
de riscos seguráveis e garantia
GHVXVWHQWDELOLGDGH
SUPLEMENTO
Savana 02-09-2016 11
Para o director de Opera-
ções da Índico Seguros,
Martin Mandivega, o
GHVDÀR FRQVWDQWH H SHUmanente
da Índico Seguros é a
satisfação dos clientes.
6XEOLQKDTXHRIRFRGRVVHUYLoRV
oferecidos pela companhia é o
cliente e para tal, o compromisVRHVWiQD
WUDQVSDUrQFLD SURÀVsionalismo,
ética e deontologia
SURÀVVLRQDO
É nessa senda que a Índico Seguros
aposta na garantia de maior
e melhor níveis de qualidade na
prestação de serviços e produtos,
tratamento prioritário nos
sinistros e todas as reclamações.
Como é que os clientes respondem
à qualidade dos vossos
serviços?
2GHVDÀRFRQVWDQWHHSHUPDQHQte
da Índico Seguros é a satisfa-
ção dos nossos clientes. O foco
é o cliente e acreditamos ser o
factor mais importante na nossa
actividade.
2EYLDPHQWH TXH SRGHPRV QRV
deparar com uma e outra reclamação,
mas no geral e pelo nosso
cometimento na prestação de
serviços e produtos de alta qua-
“O cliente é o nosso foco”
- Martin Mandivenga, Director de Operações
OLGDGH VRPRV EULQGDGRV FRP R
FUHVFLPHQWR GD FDUWHLUD ÀGHOLzação
dos contratos existentes
e recomendação por parte dos
FOLHQWHVRTXHTXHUVLJQLÀFDU XP
ERPQtYHOGHVDWLVIDomR ,PSRUWD
UHIHULU TXH D ,QGLFR 6HJXURV Yr
as reclamações como uma oportunidade
para melhoria e recti-
ÀFDo}HV HP SURO GR ÀP ~OWLPR
que é a satisfação do cliente.
Como é que têm sido os índices
de honestidade dos vossos
clientes?
O contrato de seguro ou o nosVRQHJyFLRpEDVHDGRQRSULQFtSLRGDERDIpSDUDDPEDVSDUWHV
contratuais. No geral possuímos
XPD FDUWHLUD GH FOLHQWHV ÀHLV H
GHERD Ip FOLHQWHVTXHUHDOPHQWH
procuram no seguro a sua protecção
e segurança em relação
DR VHX SDWULPyQLR UHVSRQVDELlidade
e integridade física e ou
moral.
Não estaríamos, porém, a ser
UHDOLVWDV VH DÀUPiVVHPRV TXH
não registamos situações de deVRQHVWLGDGH
H IUDXGHV (PERUD
numa pequena percentagem,
existem clientes que de má fé
comprometem a relação contratual.
O prémio que é pago pelo segurado
é sempre muito inferior
ao valor da exposição do risco.
Como é feita a conjugação destas
variáveis por forma a que no
ÀP GR H[HUFtFLR VHMD SRVVtYHO
somar resultados positivos?
Na realidade esta questão toca
D EDVH GR FRQFHLWR GH VHJXURV
3ULPHLUDPHQWH LPSRUWD FODULÀ-
FDUTXHDVVHJXUDGRUDV jVHPHOKDQoDGRVEDQFRV QmRFULDPGLnheiro.
A actividade seguradora
se resume no agrupamento de
clientes expostos a riscos simiODUHVHPTXHFDGDXPFRQWULEXL
com uma quantia determinada
SDUD D FREHUWXUD GRV HYHQWXDLV
GDQRV RXVHMD FULDPRVXP pool
de fundos.
A título de exemplo podemos
ter uma situação de 200 clientes
SDUD RV VHJXURV GH DXWRPyYHO
a lógica é que não seria possí-
vel uma situação em que os 200
clientes registassem uma perda
no mesmo momento e talvez
DSHQDV SRGHULDP UHJLVWDU
XPD SHUGD 'Dt D 6HJXUDGRUD
HQFDPLQKD D FRQWULEXLomR GRV
200 clientes para a compensaomRGRV TXHVRIUHUDPDSHUGD
Em outras palavras, seguro é um
princípio em que uma maioria
de sorte vai compensar a minoria
de pouca sorte.
Como seguradora quais é que
são as vossas obrigações para
com os clientes? O que podem
eles esperar da Índico para os
próximos anos.
Para com o cliente o nosso comSURPLVVR
HVWi QD WUDQVSDUrQFLD
SURÀVVLRQDOLVPR pWLFD H GHRQWRORJLDSURÀVVLRQDO *DUDQWLDGH
maior e melhor nível de qualidade
na prestação dos nossos
serviços e produtos, tratamento
prioritário nos sinistros e todas
as reclamações.
$PELFLRQDPRVRIHUHFHUDRVQRVsos
clientes, para os próximos
anos, novos produtos, melhoria
dos sistemas de tecnologias e
comunicação , oferta de micro-
-seguros e educação em matéria
de seguros.
Nelsa Chissano, responsável
pelo sector do
Controlo de Crédito na
Índico Seguros, explica
TXHDIXQomRGDVXD'LUHFomRpGH
ID]HU DFREUDQoDGHSUpPLRVVXEVFULWRVGH
IRUPDDJDUDQWLUDFREHUtura
contratual.
'HDFRUGRFRP&KLVVDQR SDUDTXH
RFOLHQWHJR]HGRV VHXVSOHQRVEHnefícios
na hora da indemnização
é preciso que tenha feito o pagamento
total do prémio de Seguro
ou fracção porque, caso contrário,
pode ver o seu contrato cancelado
QmRSRGHQGRDXIHULUGRVEHQHÀFLRV
contratuais em caso de sinistros.
)DODQGRGRLPSDFWRGDDFWXDOFRQMXQWXUDHFRQyPLFDGRSDtVQRPHUcado
de seguros, caracterizado pela
DOWDWD[DGHLQÁDomRDGRLVGLJtWRV
tensão política militar, altos índices
GH GtYLGD S~EOLFD D GHVYDORUL]mR
do metical face as principais moHGDV
GH UHIHUrQFLD DR GRODU H DR
rand, Chissano referiu que não é
DERQDWyULR VREUHWXGR QR FDStWXOR
referente ao crescimento da companhia,
quer do ponto de vista de
SUpPLRVEUXWRVHPLWLGRVHUHQWDELOLGDGHEHPFRPRGRVQtYHLVGHFREUDQoDVGHSUpPLRVGHVHJXURV
6XEOLQKDTXH R WHFLGRHPSUHVDULDO
do país, cerca de 90%, é composto
por pequenas e médias empresas
´30(·Vµ H RV LQGLFDGRUHV DFLPD
A conjuntura actual
não é favorável
mencionados tem um impacto negativo na
VXVWHQWDELOLGDGH GRV QHJyFLRV GDV 30(V
como a redução dos investimentos, da
margem dos lucros, dos rendimentos e da
capacidade de realização de novos investimentos,
por conseguinte afecta o nível de
receitas provenientes desses agentes económicos.
Por outro lado, o poder de compra dos
indivíduos tem se deteriorado a níveis insustentáveis
atentendo e considerando que
RQtYHOGHLQÁDomRDFWXDOQmRDFRPSDQKD
os indices de crescimentos dos rendimentos
dos mesmos, pelo que, temos registado
XPDUHGXomRVLJQLÀFDWLYDGHFREUDQoDGH
prémios de seguros proveniente do canal
directo ou particulares.
'HYLGR D HVWD VLWXDomR RV FOLHQWHV SULRUL-
]DPRXWUDVGHVSHVDVHDFDEDPDXPHQWDQGRDVXDH[SRVLomRDRULVFRTXHDGYrPGR
não pagamento de prémios.
ÉGLÀFLOHVWLPDUH[DFWDPHQWH
R FRQWULEXWR GR VHFWRU GH
seguros na actividade económica
do país, atendendo
e considerando que o indicador
mais utilizado, a razão dos prémios
EUXWRVHPLWLGRVSHOR3URGXWR,QWHUQR%UXWR
3,% WDPEpPGHVLJQDGR
FRHÀFLHQWHGHSHQHWUDomR pPXLWR
LPSRUWDQWHPDVVXEHVWLPDDFRQWULEXLomRWRWDOGRVHFWRUSDUDDHFRQRmia
nacional.
O prémio é o custo de seguro para
o cliente, fornece uma medida conservadora
do valor seguro, nessa
PHGLGDQmRVHTXDQWLÀFDRDXPHQWRGREHPHVWDUSURSRFLRQDGRSHOD
proteção.
$ JHVWmRHÀFD]GRV ULVFRV DVVXPLdos
pela Companhia permite que
indivíduos e empresas se aventurem
em actividades mais arriscadas
como iniciar um negócio ou
DPSOLDU R Mi H[LVWHQWH SHUPLWLQGR
assim níveis mais elevados da actividade
económica e por conseguinte
geração de renda.
$PRELOL]DomRGHSRXSDQoDV DWUDvés
de reservas ou provisões técnicas
constituídas pela companhia
e pelo sector promovem o desenYROYLPHQWRGHPHUFDGRÀQDQFHLUR
de capitais e facilita investimentos
estratégicos de fundamental importância
para o crescimento económico.
2 DFLPD H[SRVWR UHÁHWH DOJXQV
H[HPSORV GR FRQWULEXWR D QtYHO
O nosso contributo nas
receitas de Estado
Olívio Melembe, Director Financeiro
macro-económico da Companhia e do
sector no geral de difícil mensuração e
omisso nos dados estatísticos da economia
do país.
Em termos quantitativos, o sector seguUDGRU
FRQWULEXLXQR DQRGH FRP
FHUFDGH GR3,% WHQGRDHPSUHVD
WLGRXPDFRQWULEXLomRGH QDSURdução
do país.
A nível de impostos a empresa contriEXLX
SDUD R QtYHO GH DUUHFDGDomR GR
SDtV FRP VHQGR HP LPpostos
directos.
A nível de emprego a empresa contriEXLFRP SRVWRVGHHPSUHJRGLUHFWR
criando adicionalmente postos de traEDOKR
UHODFLRQDGRV FRP D LQWHUPHGLD-
ção.
Nelsa Chissano, Directora de Controlo de Crédito
SUPLEMENTO
Savana 02-09-2016 EVENTOS
12
MLJXHO -yLD UHVSRQsável
pela direcção
de negócios na Índico
Seguros, traça
R SHUÀO GD VXDiUHD GH DFomR H
diz que trata-se de um sector
recentemente criado para dar
UHVSRVWD DRVGHVDÀRVGHFUHVFLPHQWR
FRORFDGRV j &RPSDQKLD
neste ciclo de cinco anos de sucesso.
-yLDVXEOLQKDTXHDGLUHFomRGH
negócios procura dinamizar e
reforçar a estratégia multicanal
SDUD D UHGH GH GLVWULEXLomR FRmercial
dos produtos e serviços
oferecidos pela Seguradora,
nomeadamente: o canal CorreWRUHV
$JHQWHV %DQFD VHJXURV
$JrQFLDVH&OLHQWHV'LUHFWRV
'L] TXH R VHX VHFWRU IRL FULDGR
no momento oportuno porque,
após a consolidação da companhia
no mercado, dos seus recursos
humanos, dos sistemas
de gestão e dos processos internos,
permitiu com maior segurança
dinamizar o sector de
novos negócios e ir ao encontro
das expectativas dos clientes e
parceiros.
0LJXHO-yLDVXEOLQKDTXHDFRPEstamos
num mercado competitivo por isso, há que ser criativo
- Miguel Jóia Santos, Director de Negócios
petitividade no mercado de seguros
é um dado adquirido e
R TXH ´SURFXUDPRV DSUHVHQWDU
diariamente aos nossos parceiros,
são as vantagens competiWLYDVµ
6XEOLQKD TXH D ÌQGLFR 6HJXros,
possuindo uma identidade
própria, conhecimento do mercado
e dos riscos de negócio
que mais afectam os agentes
HFRQyPLFRV HP 0RoDPELTXH
procura apresentar, sempre que
possível, soluções simples e
LQRYDGRUDVSDUDDWUDQVIHUrQFLD
desses riscos e fornecer a necessária
paz de espírito aos clientes
e parceiros para continuarem a
prosperar.
6REUHDFRQTXLVWDGHQRYRVPHUcados,
o nosso entrevistado reIHUHTXH ´DÌQGLFR6HJXURVWHP
um historial de expansão da sua
presença física na conquista de
novos mercados. Essa decisão é
normalmente tomada após um
apurado estudo de mercado
onde se analisa o mercado poWHQFLDO
H[LVWrQFLD GH XPD EDVH
GHFOLHQWHVkQFRUD FRQFRUUrQFLD
HFXVWRVGHLQVWDODomRGDV$JrQFLDVH%DOF}HV HRUJXOKDPR QRV
dessa estratégia de expansão
para praticamente todas as proYtQFLDVGH0RoDPELTXHHWRGRV
RVSRVWRVIURQWHLULoRVµ
Para convencer a clientela a
apostar nos serviços da Índico
6HJXURV 0LJXHO-yLDUHIHUHTXH
a companhia procura conquisNDQF\
0D]X]H H[SOLFD RV
moldes do funcionamento
da sua área e diz que
dependendo do ramo do
sinistro, da extensão dos danos, do
próprio ciscunstacialismo do sinistro,
a média de ressarcimento dos
danos, após a recepção de toda documentação
de suporte necessária, é
GH FLQFR GLDV 1DVOLQKDV DEDL[R VHgue
a entrevista onde a fonte explica
WRGRVFRQWRUQRV VREUHRFRQWUDWRGH
seguros.
Qual é a responsabilidade do Departamento
de Sinistros?
Na verdade, o contrato de seguro
é uma promessa, quando o cliente
paga o seguro e leva consigo a apó-
lice de seguros, ele está a comprar a
promessa de que em caso de algum
LQFLGHQWH FRP R EHP DVVHJXUDGR D
Seguradora irá ressarci-lo de acordo
com os termos acordados. E é aí que
R'HSDUWDPHQWRGHVLQLVWURVGHVHPpenha
o seu papel cumprindo com
essa promessa.
Qual é que tem sido o tempo que se
leva para se pagar uma indemniza-
ção ao segurado?
O tempo varia de caso a caso, depende
do ramo do sinistro, da extensão
dos danos, do próprio ciscunstacialismo
do sinistro, mas em média após
a recepção de toda documentação de
suporte necessária são cinco dias.
Em cincos dias ressarcimos
os danos
-Nancy Mazuze, Directora de Sinistros
Qual é a área que regista mais sinistros?
Conhecem as possíveis causas?
Temos maior registo de sinistros no
ramo automóvel, por razões simples,
p R ULVFR TXH PDLV VXEVFUHYHPRV
sendo por isso ao qual estamos mais
exposto.
Ao segurado é garantido todas as
coberturas de sinistros ou há riscos
excluídos? E se sim, quais são?
Há sim riscos excluídos e variam dependendo
do ramo de seguro contratado
e termos acordados. Cada
contrato e cada ramo tem as suas
SUySULDV HVSHFLÀFLGDGHV PDV SRVVR
citar algumas que são gerais: Não pagamento
de prémio, actos cometidos
dolosamente e tentativa de fraude.
Afalta de cultura de
VHJXURV EHP FRPR
o desconhecimento
do mercado são os
SULQFLSDLVGHVDÀRVQDRIHUWDGH
serviços e produtos de seguro
no país.
A crescente procura dos servioRV
GH 6HJXURV HP 0RoDPELTXHYHULÀFD VHPDLVSRULPposição
legal que por iniciativa
SHVVRDO RX GD FRQVFLrQFLD GH
necessidade e utilidade do seguro.
Nasma Ossemane Omar, refere
TXH DFWXDOPHQWH SHOD FRQMXQtura
económica fragilizada, o
consumidor do Seguro tende
a priorizar o factor preço em
detrimento de diversas componentes
de análise de qualidade
nas ofertas do mercado.
Argumenta a sua tese referindo
que os Seguros de Automóvel e
GH$FLGHQWHVGHWUDEDOKRVmRRV
mais concorridos pelo facto de
VHUHPGHFDUiFWHUREULJDWyULR
´2 VHJXUR DXWRPyYHO OLGHUD R
nosso negócio, porém, medianWH
D FRQMXQWXUD DSUHVHQWDGD D
companhia possui uma diversidade
de tipo de contratos
FHOHEUDGRVHP RXWUDViUHDVGH
operações e riscos associados a
LQFrQGLR FRQVWUXomR WUDQVSRUtes,
entre outros, em proporo}HVDGHTXDGDVµ GLVVH
)DODQGRFRQFUHWDPHQWHGDFDUAinda
há défice da
cultura de Seguros
teira do negócios da sua companhia de
Seguros, Nasma Omar referiu que conta
com uma carteira devidamente equiOLEUDGDHVXVWHQWiYHO
5HIHUHTXHQDFRQVROLGDomRGDVXDPLVsão
de protecção das famílias e dos activos
das empresas, a companhia vem
oferecendo os seus produtos e serviços
a todas as classes e padrões sociais,
desde o cliente individual, PMES e
grandes organizações ligadas tanto ao
VHFWRUS~EOLFREHPFRPRSULYDGR
“Nasma Omar, Directora de Subscrição
WDU D FRQÀDQoD
dos clientes e parceiros.
7DPEpP SURFXUD VH
FRQMXJDU
factores como a
inovação e qualidade,
com sistemas
ágeis focados
na satisfação dos
clientes e na gestão
dos processos
EDVHDGRVQDUHVRlução
imediata de
SUREOHPDV
5HIHUH TXH D SRlítica
da empresa
desde o início da
sua criação é pela
geração de valor
DFUHVFHQWDGR MXQto
dos principais
canais de distriTXH
D HFRQRPLD PRoDPELFDQD
atravessa e de todas as adversidades
com que nos deparamos,
com impactos ao nível da redu-
ção de capacidade económica
das empresas e das famílias e
consequente redução das despesas
com seguros. Por isso
mesmo, assenta o seu modelo
GH QHJyFLR QXPD PDLRU ÁH[LELOLGDGHHHODVWLFLGDGHGHVROX-
ções que permitem sempre que
possível proteger os principais
ULVFRVTXHDIHFWDPDVXVWHQWDELOLGDGHHVREUHYLYrQFLDGDVHPpresas
e famílias, quer ao nível
do parcelamento do pagamento
dos prémios de seguros quer
através do aumento dos valores
de indemnização por forma a
minimizar o impacto da erosão
da moeda nacional e taxas
GH LQÁDomR 3URFXUDPRV DFRQVHOKDU
RV FOLHQWHV H FRODERUDU
como os nossos parceiros para
LUDRHQFRQWURGDVH[LJrQFLDVGR
mercado e temos a capacidade
para decidir localmente e com
rapidez quais as estratégias e
soluções são as mais adequadas
em períodos de recessão ou
FUHVFLPHQWRHFRQyPLFRµ
EXLomR FRP GHVWDTXH SDUD RV
Corretores que em grande meGLGDFRQWULEXtUDPSDUDRVXFHVso
da Empresa.
6REUH DVLWXDomRHFRQyPLFDGR
SDtV 0LJXHO-yLDUHIHUHTXH ´D
Índico Seguros não está alheia
ao período de maior incerteza
SUPLEMENTO
Savana 02-09-2016 19
O
Millennium bim estabeleceu
um protocolo
financeiro com o Banco
Europeu de Investimento
(BEI), onde esta última
instituição irá disponibilizar 30
milhões de euros a Moçambique.
Esta quantia é destinada para o
desenvolvimento do programa de
apoio a Pequenas e Médias Empresas
(PME’s) do sector público
Millennium bim e BEI financiam PME’s
e privado de gestão comercial.
Na prática este programa irá financiar
50% do custo total de cada projecto
elegível, de qualquer sector de
actividade. Com isto, o Millennium
Bim pretende promover o acesso ao
crédito de forma a garantir o apoio
aos empresários e impulsionar o
crescimento das diversas actividades
empresariais, que representam
um dos pilares estruturais do desenvolvimento
e crescimento
económico de Moçambique.
Na sequência do acordo assinado,
o Millennium bim
subscreveu com o BEI contratos
que se consubstanciam na
utilização de fundos no âmbito
do Acordo sobre a assistência à
cooperação e desenvolvimento,
negociado entre Estados ACP
e da União Europeia.
A
Universidade Pedagógica
(UP) realizou, no mês de
Agosto deste ano, a cerimónia
de graduação de
estudantes dos cursos de Licenciatura
e Mestrado, na sua Sede e nas
delegações ao longo do país. Sob o
lema “UP 30 anos Celebrando Samora”,
os eventos ao longo do país
contaram com o apoio do BCI, no
quadro das relações bilaterais existentes
entre as partes.
Em Maputo, o acto teve lugar no
Estádio Nacional do Zimpeto, no
dia 26 de Agosto, tendo sido graduados
1158 estudantes, sendo
1140 licenciados de 42 cursos e 18
Mestres de 15 cursos. Estiveram
presentes nesta cerimónia distintas
personalidades, em que se destacam
a vice-Ministra da Ciência e Tecnologia,
Ensino Superior e Técnico
Profissional, Leda Hugo, e o Reitor
da Universidade Pedagógica, Rogério
Utui, para além de membros
dos corpos directivo, docentes e
discentes da UP, convidados e pú-
blico em geral.
O BCI patrocinou a premiação dos
melhores estudantes dos cursos de
Licenciatura em Economia, Gestão
UP gradua mais
quadros para o País
de Empresas, Gestão de Comércio,
Biologia, e em Administração da
Educação, das delegações de Maputo,
Quelimane, Niassa, Maxixe,
Manica e Montepuez.
Referindo-se a este momento único,
a UP referiu, numa nota de imprensa,
“a cerimónia de Graduação
é um momento ímpar na vida da
Academia e reveste-se de um elevado
significado para todos os intervenientes
do processo educativo,
em particular para os estudantes
que erguem o canudo e festejam
com glória o fim de uma etapa da
sua formação”.
Refira-se que em 2012 o BCI e a
UP rubricaram um Protocolo Financeiro
e de Cooperação, com
vantagens mútuas. Em Maio deste
ano, as duas instituições formalizaram
o lançamento do Cartão de
Débito EU (Estudante Universitário)
/ Universidade Pedagógica e
firmaram um acordo que permite
que os estudantes desta instituição
de ensino superior possam realizar
pagamentos de propinas e outras
taxas da Universidade através de
qualquer ATM BCI ou telemóvel,
ou ainda através da opção “Pagamento
de Serviços”, via internet.
O
Banco Único abriu, quinta-feira
passada, mais
um balcão em Maputo,
dirigido especificamente
às Pequenas e Médias Empresas
(PME), alargando, deste modo,
as opções para os seus clientes. Na
mesma ocasião, aquela instituição
bancária lançou as linhas de crédito
PME+ e PME+ Comerciante,
desenhadas para responder às necessidades
específicas deste segmento.
Este balcão é o 20º balcão do Banco
Único e vem reforçar o compromisso
que o banco assumiu
desde a primeira hora de se posicionar
como parceiro estratégico
das PME, procurando sempre
adequar a sua oferta aos desafios
específicos deste segmento e, com
Único abre balcão
vocacionado às PME
isso, potenciar o seu crescimento
sustentável.
Apostado em fazer as empresas
crescer com o banco, lado a lado
e numa parceria que o banco
considera de win-win, António
Correia, Presidente da Comissão
Executiva do Banco Único disse
que “no Banco Único temos a forte
convicção de que as PME e a
Banca devem ter uma relação de
parceria, crescendo juntas”.
Banco Único, sedeado em Mo-
çambique, é um banco universal,
com forte vocação de retalho,
inaugurado há 5 anos, a 22 de
Agosto de 2011. Foi o 18º banco a
entrar no mercado, posicionando-
-se actualmente entre os maiores
bancos a actuar em Moçambique,
estando em sexto lugar em termos
de quota de mercado. (Redacção)
Savana 02-09-2016 EVENTOS
20
D
ecorre desde a quarta-feira
da semana passada a exposição
denominada “Sejam
Flores”, da autoria do artista
plástico moçambicano Virgílio
Tamele, numa exposição inspirada
na poesia do poeta francês Charles
Cros. Tamele, que expõe pela
quinta vez na Mediateca do BCI,
afirmou no acto da inauguração
que “trago a estética, a disciplina e
o rigor das flores. ‘Sejam Flores’ é
um apelo para que sejamos como as
flores. O meu desejo é que, ao observarmos
cada obra, imaginemos
o nosso quotidiano como uma flor,
isto é, sejamos independentes e inA
activista social e antiga
ministra da Educação,
Graça Machel, considera
que os jovens têm
a responsabilidade histórica de
traçar uma nova trajectória do
País, pois só assim é que Mo-
çambique poderá atingir altos
níveis de crescimento e de qualidade
de vida para o seu povo.
Mas, para tal, segundo Gra-
ça Machel, é necessário que
os jovens cultivem o espírito
de luta, sacrifício, dedicação,
e que assumam esta missão
como uma oportunidade para
demonstrarem o seu valor na
sociedade.
“O que Moçambique vai ser
nos próximos 10 anos depende
de vocês. Se o País continuar
nestas condições vocês serão
os culpados. A qualidade de
vida dos moçambicanos só
pode melhorar se abraçarem
esta causa, que é de todos nós”,
defende Graça Machel, que falava
quarta-feira, 31 de Agosto,
na cidade de Maputo, durante
a conferência organizada pela
Comunidade Global Shapers,
da qual é patrona.
“Flores de Esperança”
de Virgílio Tamele
condicionais como as flores”, resumiu
Tamele.
Por sua vez, Teresa Manjate, colega
e amiga, traçou pontes entre duas
exposições de Tamele, ‘Renascer
com Cores’ e ‘Sejam Flores’: “Ambas
fazem um apelo à vida, sobretudo
em momentos particularmente difíceis
como este que atravessamos,
em que andamos todos de sobrolho
franzido. De alguma maneira somos
flores que murcharam ou já não somos
flores. Olho para esta exposição
de Virgílio Tamele como um apelo
para procurarmos um pouco de alegria
que temos em nós, um pouco de
cor que temos em nós.”
Graça Machel insta jovens
a “sujar as mãos”
Durante a conferência, que tinha
como lema “Conectar, Inovar e
Empreender”, Graça Machel atribuiu
também aos jovens a responsabilidade
de industrializar o País
para que deixe de ser um mero consumidor
e passe a produzir os bens
e serviços de que necessita.
“Sujem as mãos. Moçambique tem
de mudar. Hoje têm a oportunidade
de fazer a escolha do que pretendem
que o País seja no futuro.
Têm a liberdade de escolher o que
querem ser e como ajudar o País”,
sublinhou.
Por seu turno, o vice-ministro da
Indústria e Comércio, Ragendra de
Sousa, que dirigiu a cerimónia de
abertura do evento, que serviu também
para o lançamento do projecto
“A Ponte”, instou os jovens a apostarem
no empreendedorismo e na
poupança como forma de fazer face
às barreiras que existem no acesso
ao crédito bancário.
“É errado continuar a apontar o
difícil acesso ao crédito bancário
para justificar o nosso fracasso. A
solução está na poupança, mas isso
significa reduzir ou limitar o consumo”,
disse Ragendra de Sousa,
para quem o sucesso deve estar,
sempre, aliado ao trabalho árduo e
aos valores sociais.
Já o representante da Global
Shapers em Moçambique,
Daúdo Vali, reconheceu que a
juventude tem a responsabilidade
de assumir os destinos do
País e aconselhou-a a não vergar
diante dos obstáculos.
“Os obstáculos vão sempre
existir. Cabe a nós decidir se
queremos ser jovens conformados,
desapontados ou esperan-
çosos e comprometidos com o
futuro do nosso País”, defendeu
Daúdo Vali.
Importa realçar que esta conferência
pretendeu promover o
diálogo entre vários stakeholders
da sociedade moçambicana
no intuito de por um
lado, criar um ecossistema de
empreendedores e Pequenas e
Médias Empresas competitivas
e inovadoras, e por outro lado
incentivar os jovens moçambicanos
a terem uma atitude empreendedora
e de compromisso
com o desenvolvimento econó-
mico-social de Moçambique,
contribuindo igualmente para
o atingir dos Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável das
Nações Unidas ONU.
A
DDB apresentou nesta
terça-feira, na cidade de
Maputo, a 4ª edição do
projecto Mamanas 2016,
uma iniciativa daquela agência em
parceria com o Conselho Municipal
de Maputo. O projecto tem por
objectivo a valorização e o reconhecimento
da mulher moçambicana,
com destaque para as mamãs vendedeiras
dos mercados.
O evento, que acontece este ano
pela 4ª vez consecutiva, irá decorrer
de Setembro a Outubro, em 14
mercados dos municípios de Maputo,
Matola e Boane, bem como
no distrito de Marracuene. Boane
e Marracuene entram pela primeira
Vem aí a 4ª edição do projecto Mamanas
vez este ano.
Falando na conferência de imprensa,
Fernanda Neves, representante
da DDB, destacou a importância
do projecto, agradecendo o apoio
dos parceiros, e afirmou: “o Mamanas
acontece há quatro anos,
simplesmente para valorizar as senhoras
em cada mercado.”
“Esta iniciativa também comporta
uma componente social denominada
estórias de vida, onde
percebe-se que o dia-a-dia destas
senhoras é muito difícil. Portanto,
criamos o projecto Mamanas
para valorizar as mães e dar-lhes
um dia diferente, ajudando-as a
acreditarem que apesar de todo o
sofrimento que vivem é possível
sonhar”, disse Neves.
Por seu turno, Orlanda da Fonseca,
vereadora de Mercados e Feira de
Município de Maputo, afirmou que
este projecto se destaca dos demais
por integrar na sua abordagem a
componente de dança, música, teatro
e a capulana que transmite um
brilho sem igual ao programa, valorizando,
deste modo, a mulher e a
cultura moçambicana.
De referir que a fase de selecção
será gravada nos mercados, local
onde muitas delas estão inseridas
e tem como júri Abdul Satar Suleimane,
actor de teatro Gungu,
conhecido por Muzaia, e a cantora
Rosália M´boa. Nesta edição,
o projecto conta com o apoio da
ZAP, MozSecurity, Águas de Namaacha.
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