O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou hoje os nomes dos deputados José Manteigas, Eduardo Namburete e André Magibire para retomar o diálogo com o Governo sobre o fim da crise política e militar em Moçambique.
Os nomes dos deputados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) foram divulgados em conferência de imprensa realizada em Maputo pelo porta-voz do maior partido de oposição, António Muchanga, e vão juntar-se à equipa indicada pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para a preparação do diálogo ao mais alto nível.
O anúncio da Renamo foi feito dois dias após o chefe de Estado moçambicano ter pedido ao líder do principal partido de oposição para indicar a sua equipa, após vários meses em que o diálogo entre as partes esteva bloqueada, enquanto se agravava o clima de confrontação militar no centro do país.
"Consideramos que há mínimas condições para que essa indicação seja feita, pois o ofício de 17 de maio do gabinete da Presidência da República apresenta uma pequena evolução, ao deixar claro que o grupo vai preparar os pontos para o diálogo, harmonizando os procedimentos e termos de referência", declarou Muchanga.
Para a Renamo, a carta enviada por Nyusi pedindo a criação de condições para o reatamento do diálogo não ignora a mediação internacional nas fases posteriores ao trabalho da comissão mista e que tem sido uma das condições impostas por Dhlakama para voltar às negociações.
O líder da Renamo anunciou na terça-feira que ia aceitar o convite do Presidente de Moçambique para indicar os nomes do seu partido para o reinício do diálogo de paz, após a deterioração da crise política e militar no país.
"Quanto à criação de uma equipa [de negociadores], quero já tranquilizar: daqui a dois dias, vou anunciar", afirmou Afonso Dhlakama, em entrevista ao principal canal televisivo privado moçambicano, STV.
Na entrevista, Dhlakama, que tem condicionado a retoma das conversações ao envolvimento da comunidade internacional, afirmou que deseja "negociações sérias" para que "isto de uma vez para sempre seja terminado", referindo-se ao longo período de confrontações com o Governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), no poder há 40 anos, após uma guerra civil ao longo de mais uma década e meia, terminada como o Acordo Geral de Paz em 1992, e de nova instabilidade política e militar desde 2013.
"Já somos velhos. Temos filhos e já não temos idade para andarmos no mato a matar-nos", declarou o líder da oposição .
Do lado do Governo, Filipe Nyusi já tinha designado em março Jacinto Veloso, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, Maria Benvinda Levi, conselheira do Presidente da República, e Alves Muteque, quadro da Presidência, para a preparação do encontro com Dhlakama.
As negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo estão paralisadas há vários meses, depois de a Renamo se ter retirado do processo, alegando falta de progressos e de seriedade por parte do executivo.
Moçambique tem conhecido um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre a Renamo e as forças de defesa e segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
O principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
PMA/HB // EL
Lusa – 19.05.2016
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