terça-feira, 1 de março de 2016

Segurança reforçada no centro de Moçambique face a ameaça da Renamo

Tranquilidade e segurança reforçada no centro de Moçambique face a ameaça da Renamo

As capitais provinciais do centro de Moçambique estavam hoje ao início da tarde calmas, embora a segurança tenha sido reforçada, face à ameaça da Renamo tomar o poder em seis províncias a partir de março.

A Lusa testemunhou em Chimoio, província de Manica, um reforço da segurança no palácio do governador, que desde há vários dias passou a ter as cancelas encerradas a partir das 18:00 locais, quando dantes estavam abertas todo o dia, interrompendo parcialmente a circulação na principal avenida da cidade.
Em declarações hoje á Lusa, Elcidia Filipe, porta-voz do comando da polícia de Manica, disse que "não há registo de situações preocupantes, o ambiente é calmo e as atividades estão a decorrer normalmente".
Em Tete, as medidas de segurança foram igualmente reforçadas nos dois palácios estatais, disse à Lusa um jornalista local, assinalando igualmente o encerramento das cancelas junto do Conselho Municipal ao fim do dia.
"Foi reforçada a segurança por homens à paisana nos palácios, mas o resto da cidade de Tete e arredores estão calmos, com algumas patrulhas policiais que chamam atenção", descreveu a mesma fonte.
Em Quelimane, Zambézia, um morador relatou à Lusa um notório aumento do policiamento, incluindo um blindado da Unidade de Intervenção Rápida, uma força policial de elite.
Um jornalista contou por seu lado que a cidade estava "em silêncio, e sem nada de anormal", embora admitisse que a situação poderia ser diferente no interior da província.
Nas províncias de Tete e Zambézia, a polícia descreveu um ambiente de tranquilidade.
Na Beira, província de Sofala, considerada um bastião da oposição, o ambiente até ao princípio da tarde era igualmente descrito como "sereno", mantendo-se as rotinas de patrulhamento policial nas artérias da cidade.
"O bairro da Munhava onde geralmente tudo se organiza está calmo e não parece haver ameaças de agitação", disse à Lusa Maneca Madirige, um morador local, alertando porém que a população está mais preocupada com os efeitos das enxurradas que inundaram vários bairros da Beira desde sábado.
Por sua vez, Daniel Macuacua, porta-voz do comando da Polícia de Sofala, assegurou que "a província de Sofala está calma", acrescentando que a corporação continua em prontidão "no sentido de intervir em qualquer situação anómala".
A Renamo ameaça tomar pela força, a partir de março, as seis província no centro e norte de Moçambique onde reclama vitória nas últimas eleições gerais e cujos resultados não reconhece.
Apesar das descrições de tranquilidade no primeiro dia do mês, as últimas semanas têm sido marcadas por um agravamento da crise política e militar, com registo de acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios.
Emboscadas atribuídas à Renamo na província de Sofala levaram as autoridades a montar dispositivos de escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços da N1, a principal estrada do país.
Apesar da disponibilidade para negociar manifestada pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo diz que só dialogará depois de tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país (Tete, Niassa, Zambézia, Nampula, Sofala, Manica).
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, da Igreja Católica da União Europeia para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
Diário Digital com Lusa

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