O inimigo do pais leva saia curta.
Vivemos num contexto muito dificil em Moçambique, onde a tensão politico-militar divide o pais e deixa mortos nas estradas, onde o custo de vida esta tão alto que familias enteiras estão a lutar para poder levar um prato de comida na mesa, onde a deliquência, a insegurança, os roubos e os raptos aumentam preocupantemente. Onde os corruptos roubam millões de dòlares das contas do estado (da cidadania) impunemente. Onde mulheres e raparigas são violadas, espancadas, assediadas e discriminadas a diario.
Mas neste pais, nosso amado pais, o inimigo leva saia curta.
Porque è mais conveniente focar a atençao no cumprimento da saia das meninas na escola, que apontar aos verdadeiros problemas do pais.
Porque fica mais fácil fazer acreditar ás meninas que mostrando joelhos estao a provocar o abuso dos seus professores.
Porque, mais uma vez, raparigas e mulheres, são criminalizadas pela violência que elas próprias sofrem.
O inimigo do pais leva saia curta.
Porque a policia prefere destinar os esforços duma esquadra inteira (7a esquadra da cidade de Maputo) a impedir actividade "delictiva" do inimigo da saia curta antes que outros assuntos.
Um grupo de organições e pessoas individuais, organizam uma actividade perto duma escola. Não estão conformes com a obrigatoriedade do uso das maxi-daias nas escolas. A actividade consta de teatro e visa promover o empoderamento das nossas raparigas. (Perigo!). A actividade fala de direitos das mulheres (Perigo, Perigo!!).
Isto merece maxima atenção policial. É o inimigo da saia curta.
Sinhores policias, vocês estão se enganando de inimigo. Estão apontando para o lugar errado!!
Mas não se preocupem. Têm desde Ruvuma ao Maputo pessoas muito corajosas que vão fazer mudar as coisas. Têm mulheres que vão continuar a lutar cada dia em defesa dos seus direitos. Têm neste pais organições engajadas que continuam a fazer seu trabalho para dar voz a todas as mulheres e raprigas. Uma voz que não vai ser fácil acalar.
Porque o inimigo da saia curta é muito poderoso e esta em todos lados. E porque seguiremos em marcha até que todas sejamos livres.
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