Hoje às 19:44
Um agente da polícia moçambicana foi linchado na vila de Moatize, província de Tete, centro de Moçambique, após uma fúria popular tê-lo confundido com um raptor de crianças albinas numa escola local.
Luís Nudia, porta-voz do comando da Polícia de Tete, informou que um agente à paisana foi enviado para investigar uma ameaça de rapto de três crianças albinas numa escola de Moatize, quando na mesma altura um grupo de três homens numa viatura se preparava para cometer o crime.
Os homens, prosseguiu, conseguiram raptar uma criança, tendo outras duas fugido. Nesta altura, quando a população se apercebeu, saiu em socorro da criança raptada.
"A pessoa que foi linchada foi um agente da polícia, o nosso homem ao qual tínhamos confiado uma missão de para ir fazer um reconhecimento na zona. Mas como a população anda agitada com esta situação de raptos de pessoas com pigmentação da pele, confundiram-no como um dos indivíduos cabecilhas do grupo", explicou Luís Nudia.
Um dos supostos raptores, face ao cerco que a população tinha feito para impedir a saída do grupo da vila, refugiou-se na esquadra da polícia local.
A população entrou em fúria e invadiu o recinto policial, exigindo a cabeça do homem para o executar.
Perante a recusa das autoridades, a população colocou barricadas, troncos e pedras ao longo da estrada N7, tendo igualmente queimado pneus, interrompendo por completo a circulação de viaturas na via.
A situação permaneceu desde o princípio da manhã e a circulação só foi retomada por volta das 18:00 (16:00 em Lisboa), quando foram mobilizadas para o local várias unidades da polícia antimotim, que dispararam gás lacrimogénio e balas de borracha para dispersar o motim popular.
"Mesmo assim quando o comando se apercebeu de que de facto havia uma confusão [em Moatize], foi tarde porque a população já tinha feito a justiça pelas suas próprias mãos e o nosso colega já tinha sido agredido, já estava sem força e acabaram linchando-o", precisou Luís Nudia, acrescentando que de nada valeu ao agente a tentativa de se identificar como polícia.
"Para a população aquele indivíduo era meramente estranho, então não tiveram outra coisa, senão fazer justiça pelas próprias mãos", concluiu a fonte.
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