Passaram exactamente 12 meses desde que o actual Governo de Moçambique tomou posse. O mesmo resultou das eleições que tiveram lugar a 15 de Outubro de 2014, as quintas, desde que em 1994, enveredamos pelo multipartidarismo, e soberanamente os moçambicanos têm estado desde aí a decidir que deve governar quem ganha os pleitos que são organizados regularmente em cada lustro.
Não somos dos que têm dúvidas sobre a transparência, liberdade e justeza das eleições havidas no seguimento desse desiderato, muito menos das quintas, que voltaram a colocar no poder a Frelimo e elegeram o Engenheiro Filipe Jacinto Nyusi para Presidente de todos os moçambicanos até 2019.
As instituições estão a funcionar, incluindo o Parlamento, com as respectivas bancadas (3), compostas segundo ditou o eleitorado moçambicano que foi às urnas.
Por tabela, nem duvidamos da legitimidade do Governo vigente, sendo que em devido tempo nos pronunciamos sobre isso e a nossa opinião vem reforçada sempre que se afigure necessário, mesmo no editorial desta edição.
Sabendo da verdade de que não seja infalível na avaliação que pode fazer do primeiro ano de governação do Executivo formado por Filipe Nyusi, depois de ter sido empossado a 15 de Janeiro de 2015, o domingo entendeu dar palavra aos cidadãos deste país, pelo menos um de cada província, das diferentes sensibilidades de carácter social e profissional (já que sempre temos espaço para os políticos), para colher os comentários que se seguem:
Vê-se que o Presidente
quer um país melhor
- Daniel Dimas (agricultor) em Chokwè
No entender de Daniel Dimas, agricultor, em Chokwè, província de Gaza, a ambição do presidente é de que o país esteja melhor do que está. Ficou evidente no seu discurso de estado da Nação, acrescenta.
Quando se fica atento ao PR percebe-se que a sua mensagem é dirigida, terra-a-terra, ao povo moçambicano, do Rovuma ao Maputo, e nesse estilo de comunicação, o povo ouve, sente-se representado e dessa forma fica fácil perceber o resto, incluindo as dificuldades evidentes pelas quais passamos. Diríamos que se trata de uma forma de comunicação transparente, de quem não tem nada a temer. Assim, os desafios que nos coloca são de arregaçar as mangas e enfrentar o futuro com determinação e de forma patriótica, ajunta Daniel Dimas.
Governação à medida
do que foi possível!
- Feliciano dos Santos (Santos Calisto) - líder dos Massukos, em Niassa
A governação do primeiro ano, no meu ponto de vista, foi a possível tendo em conta a situação do país, encontrada pelo novo governo, com muitos desafios a enfrentar e uma grande ansiedade do povo, em ver mudanças, em particular depois do grande discurso do presidente da República, na tomada de posse.
Dou uma nota positiva em particular pelo facto de o novo governo ter um discurso de reconhecimento de que as coisas não estão bem, que em si é uma grande mudança. Dai que tendo em conta as crises política e económica, a aprovação tardia do orçamento e a retirada de alguns parceiros de cooperação, entendo que se tenha feito o que foi possível, merecendo, por isso, um voto de confiança. O presente ano será crucial para medirmos verdadeiramente o que vale este governo.
Nota positiva
- José Bernardo Chongo, músico de Tete
Odomingo ouviu o músico José Bernardo Chongo, na cidade de Tete mais conhecido apenas por Chongo. O nosso jornal solicitou a opinião a partir de 3 de Fevereiro, vulgo Bairro Azul, na margem esquerda do rio Zambeze, e de pé a fonte não vacilou ao responder:
“Para mim um ano da governação do Presidente Nyusi, dou nota positiva, ao avaliar a gestão que ele e o seu governo mostraram, no meio de enormes dificuldades. Entendo assim porque logo a seguir à investidura trabalhou e soube identificar os problemas no nosso país.
Por outro lado, é de admirar a maneira como compôs o governo, constituído em parte notária por jovens, o que nos leva a acreditar que ele tem um pensamento futurista para com o país. Este (2016) deve ser um ano já de grandes vitórias, a todos os níveis. Pois entendo que todo o ano passado estava a gerir basicamente problemas adversos, muitos não eram dele.
Aliás, um dos problemas de grande menção é o conflito político-militar, que deve merecer especial atenção para o progresso do nosso país. É este que tornou inerte o ano em análise, dentre várias situações que o país bem se recorda.
Subimos um lugar
na boa governação
- Gervásio Jorge Anela, moçambicano na diáspora, de férias em Maputo
É Técnico Superior de Transportes Comunicações e Meteorologia & Astrofísico, a frequentar um programa doutoral em Astrofísica Computacional da Universidade de Évora, Portugal. Encontramo-lo na cidade de Maputo, em férias e não perdemos a oportunidade para colher a opinião do moçambicano que agora se entretém falando de cosmos e das comunicações.
Gervásio Anela começa por dizer que em qualquer parte do mundo, o ciclo de governação é um processo complexo e melindroso por preceder um sistema governativo antecedente que vem funcionando com as próprias dinâmicas. Em Moçambique, diz adiante, falar do 1º ano de governação, período compreendido entre 15 de Janeiro 2015 à 15 de Janeiro de 2016, é olhar para a continuidade da anterior governação com novas dinâmicas para manutenção do actual ciclo governativo e com novos planos para mudanças, face à exigência de novas dinâmicas socioeconómicas no pais.
No conjunto das atividades e realizações das áreas multissetoriais e interministeriais, Moçambique, no seu 1º ano de governação a que nos referimos, segundo o Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG), que mede anualmente a qualidade de governação dos Países Africanos, subiu de 22º lugar em 2014 para 21º lugar em 2015, não obstante as dificuldades encontradas em determinadas áreas como Segurança, Estado de Direito e Oportunidades Económicas Sustentáveis que de certa forma apresentaram alguns impactos negativos.
Anela disse que “no 1º ano de governação, destacaram-se certos problemas apontando se para a Justiça/Criminalidade, Pobreza, Exclusão, Paz, Crise cambial da moeda nacional (Metical) com a desvalorização superior a 70% face ao dólar, baixa generalizada de preços de produtos como algodão, alumínio, gás, carvão, açúcar, entre outros, redução de investimento direto estrangeiro, retirada de 5 parceiros Internacionais do G19 no apoio ao Orçamento Geral do Estado.
Sob o ponto de vista de injeção de projetos no pais, a deslocação do empresariado nacional aos diversos países foi uma nova visão estratégica para o desenvolvimento nas negociações para implementação de projectos a curto, médio e longo prazo, visando promover um ambiente de negócios favorável e estímulo do empresariado para o investimento nacional e estrangeiro em Moçambique.
Entre as várias realizações nos diversos setores, neste 1º ano de governação, segundo Gervásio Anela, há que se destacar as realizações nas áreas de Saúde e Educação, tendo-se verificado que na saúde houve uma expansão de cobertura dos serviços de saúde, aumento do número de unidades sanitárias, introdução de programas de educação alimentar, introdução de novas vacinas (PVC) vacina pneumococo (HPV), elevação dos serviços dos hospitais como o exemplo de reabilitação do hospital de Lichinga entre outros.
Por outro lado, diz o entrevistado, na área de Educação destaca-se a extensão da rede escolar, construção e a reabilitação de algumas escolas no país, permitindo a absorção de maior número de alunos no processo de ensino e de aprendizagem. Em suma, a governação em Moçambique durante o 1º ano (2015) mostrou um avanço significativo e melhoria no empenho da sua actividade governativa, apesar de ter registado algumas dificuldades e problemas nalguns setores de atividades.
Nyusi não dá espaço a preguiçosos!
- Teresa Cunha, jornalista da TVM, Nacala
Para a jornalista da TVM, na subdelegação de Nacala, Teresa Cunha, a maneira como o presidente Filipe Nyusi tem gerido o país, é simplesmente surpreendente, tendo em conta que assumiu a governação num período extremamente difícil.
Teresa Cunha fala de como imediatamente teve que enfrentar as cheias, chuvas intensas, que trouxeram estragos incalculáveis para o pais e desgraça às populações afectadas e em importantes, nalguns casos vitais infraestruturas da região centro-norte, como as estradas e pontes e a linha de transporte de energia eléctrica para toda a região.
Estes factores que, na minha opinião vieram experimentar o homem, mas não fizeram claudicar o jovem presidente, que não vacilou, pelo contrário mobilizou a todo o governo, com o seu próprio exemplo, a arregaçar as mangas e vencer todas essas vicissitudes, diz Teresa Cunha.
O diálogo aberto e a interacção com as populações é outro marco que aquela profissional de comunicação social salienta e diz que lhe impressionou oseu estilo característico que deixa a qualquer um, num à-vontade de dizer tudo o que lhe vem da alma, as presidências abertas são disso testemunho.
A preocupação com o bem-estar das populações com maior enfoque para a juventude, exigindo neste novo estilo de governação, maior entrega e responsabilidade dos dirigentes, fazendo dos distritos verdadeiros polos de desenvolvimento são outros pontos salientados pela nossa entrevistada.
“ Nyusi, tal como ouvíamos, deu para perceber que não da espaço para acomodar preguiçosos no seu ciclo de governação” terminou Teresa Cunha.
Dar oportunidade
para avaliação justa!
- John Supeta, académico, em Pemba
John Supeta residente na cidade de Pemba, em Cabo Delgado, é de opinião de que os moçambicanos devem dar mais uma oportunidade ao presidente da República para avaliar melhor o desempenho do governo, defendendo que 2015 foi um ano atípico, muita coisa aconteceu e que fazer análises com dúvidas sobre qualquer assunto, é injusto.
“Foi um ano de muita incerteza de liderança dentro do partido Frelimo isso também atrapalhou. A instabilidade política que se viveu resultante das exigências da Renamo que contesta resultados das eleições de 2014, as calamidades naturais que se abateram sobre o nosso país, tudo isso junto, atrapalhou a governação no ano passado. Vamos dar tempo ao tempo” - opinou Supeta.
O nosso entrevistado acrescentou que sempre que acontecem eleições neste país, seguem-se contestações dos resultados, “mas desta vez a contestação foi mais ousada e estamos a viver este ambiente até hoje, portanto há que ver isso também como sendo um barulho que está atrapalhar a governação”.
Por outro lado, Supeta é da opinião de que o Presidente Nyusi fez boas opções, tal quesou de opinião que fez opções acertadas em vários pelouros o que está ajudar. Vejo também um presidente determinado, a avançar e sempre disposto a trabalhar, eu penso que estamos de parabéns por termos um presidente dinâmico. Não é sempre que se tem um presidente como Nyusi.
Faltou a inclusão
de que se referiu!
- José Araújo Sabe, professor, em Quelimane
O professor José Araújo Sabe, da Escola Secundária 25 de Setembro, na capital da província da Zambézia, quando entrevistado pela nossa Reportagem disse que faltou no governo de Filipe Jacinto Nyusi, a inclusão que apregoou no seu discurso inaugural, que na sua opinião não vem refletida no que aconteceu neste primeiro ano de governação.
“ Na minha opinião está a falta essa coragem que provavelmente poderia coagir a uma possível paz que está a faltar entre os moçambicanos e que tanto procuramosª disse Araújo Sabe.
Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor considerou “ em geral boa governação, apesar da avalanche de problemas que o novo executivo encontrou. De referir que a exigência do partido segundo partido mais votado constitui um exagero. Há oportunismo nisso ou uma pressão interna no seu seio”.
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