quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Mais de 130 pessoas são mortas em confrontos no Burundi

France Presse
17/12/2015 15h18 - Atualizado em 17/12/2015 15h25

Conselho da ONU abre investigação por violência no Burundi

Conselho de Direitos Humanos pede que investigadores sejam enviados.
País enfrenta espiral de violência desde abril.

Da AFP
O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu nesta quinta-feira (17) enviar com urgência investigadores ao Burundi, diante dos atos de violência registrados neste país africano.
Burundi enfrenta uma espiral de violência desde abril, quando o presidente Pierre Nkurunziza anunciou sua intenção de disputar um terceiro mandato, contrariando as disposições da Constituição e o Acordo de Arusha, que pôs fim à guerra civil (1993-2006) entre o exército dominado então pela minoria tutsi e rebeldes hutus.
O Conselho com sede em Genebra decidiu, sem votação, solicitar ao Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUR), Zeid Ra'ad Al Hussein, "organizar e mandar in situ com urgência uma missão de especialistas independentes".
Mais cedo, a União Africana (UA) pediu que se dê fim à violência em Burundi e advertiu que não tolerará um novo genocídio no continente, segundo mensagem no Twitter do Conselho de Paz e Segurança da UA.
O organismo se referiu ao genocídio ocorrido entre abril e julho de 1994 em Ruanda (vizinho de Burundi), que deixou 800 mil mortos, principalmente da minoria tusis, por membros da etnia hutu.
Homem atira pedras durante protesto contra o presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, em foto de 22 de maio (Foto: Reuters/Goran Tomasevic/File)Homem atira pedras durante protesto contra o presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, em foto de 22 de maio (Foto: Reuters/Goran Tomasevic/File)
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12/12/2015 09h24 - Atualizado em 13/12/2015 09h50

Cerca de 40 jovens foram encontrados mortos nas ruas de Bujumbura.
Mortes aconteceram após ataque de insurgentes militares.

Da France Presse
População carrega corpo no bairro de Nyakabiga em Bujumbura, no Burundi. (Foto: AP Photo)População carrega corpo no bairro de Nyakabiga em Bujumbura, no Burundi. (Foto: AP Photo)
Burundi registrou nas últimas 48h mais de 130 mortes nos ataques e confrontos mais violentos nesse país mergulhado em profunda crise política.
Oitenta e sete pessoas, sendo 79 rebeldes e oito soldados, morreram na sexta-feira, durante e depois dos ataques coordenados contra três campos militares em Burundi, segundo informou o exército, que havia fornecido um balanço inicial de 12 mortos.
Os combates começaram às 4 da manhã, quando homens fortemente armados atacaram o campo de Ngagara e o ISCAM (Instituto Superior de Comandantes Militares), respectivamente ao norte e ao sul de Bujumbura.
O Conselho de Segurança da ONU condenou os ataques e "exigiu de todos os grupos armados que deponham as armas e cessem qualquer atividade desestabilizadora para acabar com o ciclo de violência e represálias".
Corpos nas ruas
Cadáveres de cerca de 40 jovens mortos a tiros foram encontrados na manhã deste sábado (12) nas ruas de Bujumbura, na capital do Burundi, informaram à AFP testemunhas entrevistadas por telefone.
Em vários bairros, os moradores acusavam a polícia de ter prendido na sexta-feira todos os jovens encontrados hoje e de tê-los executado deliberadamente, várias horas após um ataque na noite de quinta-feira por insurgentes em três acampamentos militares na capital do Burundi.
O Conselho de Segurança da ONU condenou os ataques e "exigiu de todos os grupos armados que deponham as armas e cessem qualquer atividade desestabilizadora para acabar com o ciclo de violência e represálias".
Em Nyakabiga, no centro de Bujumbura, jornalistas e várias testemunhas relataram ter visto 20 corpos de pessoas mortas a tiros, alguns a curta distância.
"Algumas dessas crianças tiveram seus rostos completamente desfigurados, enquanto em outros, o tiro entrou pela parte superior do crânio, (...), é um horror absoluto, aqueles que fizeram isso são criminosos de guerra", criticou uma jornalista do Burundi, sob condição de anonimato.
No distrito vizinho de Rohero II, cinco corpos de jovens jaziam em uma de suas principais vias da localidade.
Em Musaga, "contei 14 cadáveres executados esta noite por soldados e policiais", disse à AFP um funcionário público local sob condição de anonimato, acusando a polícia de continuar a disparar para o ar para impedi-lo de se aproximar de um local onde haveria "muitos corpos".
"A maioria dos mortos são jovens pais de família que estavam em casa, foi uma carnificina, não há outra palavra", declarou indignado um morador da Nyakabiga.
Todos asseguram que a maioria das pessoas foram mortas no final da tarde de sexta-feira e na madrugada deste sábado, muito tempo depois dos ataques aos acampamentos militares.
O porta-voz do exército, o coronel Gaspard Bratuza, explicou no Twitter que um "balanço definitivo" das operações em Bujumbura seria comunicado "no decorrer do dia".
Um porta-voz do exército evocou sexta-feira à tarde um registro de pelo menos 12 agressores mortos e outros 20 capturados, e cinco soldados feridos durante os ataques simultâneos a três acampamentos militares.
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