Um ex-deputado do maior partido da oposição da Turquia concedeu uma entrevista à Sputnik Turkiye comentando o papel da Turquia no comércio ilegal de petróleo por parte do EI e de outros grupos terroristas.
O tema do papel muito ativo que a Turquia desempenha no transporte do petróleo que o grupo terrorista Estado Islâmico fornece aos mercados mundiais já há muito tempo que gera uma discussão internacional. O ex-deputado do maior partido da oposição da Turquia, Mehmet Ali Ediboglu, concedeu a entrevista à Sputnik Turkiye comentando o assunto.
Segundo ele, desde março de 2014 o tráfico de petróleo tem sido realizado de duas maneiras.
O petróleo chega à Turquia primeiramente através do oleoduto subterrâneo que passa por todos os povoados que ficam na fronteira turco-síria, construído por meio de equipamento especial.
Mehmet Ali Ediboglu sublinhou que não só os terroristas do EI estão que praticam esta atividade criminosa, mas também oposição armada síria e a Frente al-Nusra, afiliada a Al-Qaeda.
“A única via usada pelos vários grupos terroristas para fornecer o petróleo ao mercado internacional passa pela Turquia”, disse.
Turquia, Israel e depois – para todo o mundo…
Haytham Mannaa era no início da crise síria um dos líderes da oposição mas logo decidiu se separar da oposição devido a recusar aceitar os seus métodos da luta. Ele também tem várias vezes declarado que a Turquia há muito que ignora este fato: que os terroristas do EI estavam atravessando a fronteira turca e estavam garantindo o comércio ilegal de petróleo através do território turco.
Mannaa também informou que o Conselho de Segurança da ONU já recebeu o seu relatório sobre a venda de petróleo do EI através da Turquia com o apoio de quatro empresários próximos das autoridades do Curdistão Iraquiano.
O ex-deputado turco Mehmet Ali Ediboglu declarou à Sputnik que Mannaa também enviou ao Conselho de Segurança da ONU a lista de empresas e nomes de empresários que vendem o petróleo. Logo após isso, vários empresários iraquianos mencionados na lista foram detidos de acordo com a decisão do governo do Iraque. Mas a Turquia se recusou a tomar quaisquer medidas a respeito da questão.
O entrevistado sublinhou especialmente que o petróleo proveniente da Turquia é feito chegar a Israel, de onde já é depois distribuído pelo mundo. Da região tuca de Ceyhan, o petróleo segue para Israel, EUA, Itália, França, Alemanha e Holanda.
Quando a família é mais importante que as leis
Em maio de 2008, as relações entre Ancara e a Autonomia curda no Iraque passaram para uma nova etapa. Em agosto do mesmo ano, em Singapura e nas ilhas Virgens, um “paraíso offshore” no mar do Caribe, foram criadas três empresas ligadas. O parceiro destas era a empresa Powertrans, fundada antes, em 2011, em Istambul. De acordo com o jornalista turco Tolga Tanis, esta última pertence à holding Calik, cujo diretor-geral é Berat Albayrak, genro do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e recentemente tornado ministro da Energia turco.
Dois meses após a criação da Powertrans, durante a primeira reunião do gabinete de ministros Erdogan, o então premiê turco, decidiu dar facilidades às compras do petróleo proveniente do Curdistão Iraquiano. De acordo com a legislação, o transporte de petróleo do Iraque à Turquia ou país terceiro é proibido. Mas uma única frase do texto da decisão do gabinete de ministros turco permitiu ultrapassar a proibição:
“Nos casos em que os interesses do país o exigem, é permitido realizar o trânsito automóvel ou ferroviário de uma mercadoria mencionada no documento”.
Além da Powertrans, existe também outra empresa – a Oiltrans, criada nas mesmas ilhas em dezembro de 2009. Uma dos parceiros desta empresa é a família Nazir, muito próxima do líder do Curdistão iraquiano Massoud Barzani.
Segundo dados da estatística, as duas empresas lucraram cerca de 700 milhões de dólares em agosto de 2013.
Tendo em conta que a autonomia curda no norte do Iraque não é um Estado independente, o acordo com a liderança em Arbil não tem o status de um acordo internacional, e, por isso, é considerado um contrato, que deve ser regulado pelas leis do Direito Civil. Desta forma, o acordo sobre a produção e venda de petróleo não necessita de ratificação pelo parlamento turco. Como se vê, tudo o que é genial é simples…
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O apoio turco ao Estado Islâmico, a derrubada do bombardeiro Su-24 e a interrupção do minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados em Paris com gritos “Allahu Akbar” no estádio turco mostram que o lado islâmico da Turquia é forte e que o país não tem a mesma atitude que tem a União Europeia quanto aos assuntos do fundamentalismo islâmico, disse o autor.
O governo francês precisa entender que o Estado Islâmico é somente um instrumento de jogos geopolíticos. Celerier disse que o Estado Islâmico não é “o terceiro Reich“ e será derrubado em breve. Entretanto, a vitória sobre o Estado Islâmico será só uma parte do problema maior que a França e a UE enfrentam, que é a ascensão do fundamentalismo islâmico de forma mais agressiva e expansionista.
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"Ontem, alguns meios de comunicação turcos informaram que Erdogan tinha solicitado uma reunião com nosso presidente em Paris; o presidente foi informado sobre isso, como disse [o porta-voz presidencial] Dmitry Peskov", observou Ushakov.
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A Europa precisa tomar uma posição mais dura em relação à Turquia visto que Ancara promove o crescimento do extremismo islâmico, que usa para consolidar a sua influência política no Oriente Médio, disse o jornalista Pascal Celerier para o site Boulevard Voltaire.
A Turquia está sonhando em se tornar uma grande potência uma vez mais. O país é essencialmente “um califado islâmico” que atualmente está em processo de tentar reestabelecer o Império Otomano, afirmou Celerier.
Na sua opinião, em breve o mundo observará uma confrontação entre Ancara e Teerã como dois capitães competiriam para se tornar o líder do novo império no Oriente Médio.
Haverá uma ascensão de “califados islâmicos” politicamente e economicamente mais potentes no futuro. A Turquia será um deles, disse o autor.
O desenvolvimento de bancos islâmicos, programas educacionais e eventos para apoiar estudos islâmicos fundamentalistas por todo o mundo é um risco que a Europa enfrenta hoje. Todavia, o Estado Islâmico é somente uma organização artificialmente criada para distrair o Ocidente duma ameaça real que está crescendo de forma encoberta, afirmou o jornalista.
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O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem solicitado uma conversa com o presidente russo, Vladimir Putin, há dois dias. Além disso, um pedido formal chegou a Moscou para uma reunião entre os dois líderes durante a conferência climática da ONU em 30 de novembro, segundo informou o assessor presidencial russo Yuri Ushakov nesta sexta-feira (27).
"Sabemos que Erdogan está planejando participar da conferência sobre o clima. Posso dizer que houve pedidos de uma conversa telefônica [com Putin] por parte de Erdogan ao longo dos últimos dois dias. Também posso dizer que nosso presidente foi informado sobre esta questão", disse Ushakov.
Segundo ele, "agora um pedido formal sobre esta conversa também foi recebido (…) por meio de canais diplomáticos, e o presidente também foi informado sobre esta solicitação".
Quando perguntado sobre a resposta do Kremlin ao pedido de Ancara, o assessor russo foi categórico:
"Nossa resposta resume-se ao fato de que a liderança de nosso país foi informada sobre os pedidos do lado turco para uma conversa por telefone e para um possível encontro na cúpula do clima em Paris".
"Houve duas solicitações", disse ainda Ushakov, respondendo a uma pergunta sobre quantas vezes o lado turco havia pedido uma conversa telefônica com Putin.
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