sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Continuam os confrontos armados na Zambézia

Persistem as trocas de tiro entre as Forças de Intervenção Rápida (FIR) e homens armados da RENAMO em Morrumbala na Zambézia, e há relatos de mais vitimas mortais.

Um habitante da região, que solicitou o anonimato, disse à DW África nesta sexta feira (30.10), que viu vários mortos, entre eles elementos da polícia e civis na zona de Sabe. É aqui que ocorrem as trocas de tiro entre elementos armados do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e as Forças de Intervenção Rápida (FIR). "A RENAMO foi atacada e respondeu. Algumas pessoas continuam a fugir, outras ficam pelo caminho, e entre elas estão civis e polícias", disse esta testemunha.

Os confrontos armados começaram na noite de quarta-feira para quinta-feira(29.10), quando elemetos do exército moçambicano cercaram o recém instalado quartel-general da RENAMO na localidade de Morrumbala. Segundo o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, estas instalações "servem para defender a população contra uma eventual reação violenta do Governo, quando o movimento tentar implementar a decisão de governar pela força nas seis províncias do centro e norte de Moçambique". A RENAMO reivindica vitória nesta região nas eleições gerais de outubro do ano passado.
Vias de acesso na Zambézia continuam bloqueadas
Elementos armados da RENAMO na Gorongosa (08.11.2012)
As principais vias de acesso à localidade de Sabe, em Morrumbala, na Zambézia, estão bloqueadas e sob forte vigilância das forças governamentais, desde quarta feira.

Há registo de muitos feridos graves, com alguns membros da polícia internados na sala de reanimação do Hospital Provincial de Quelimane.
Segundo uma fonte hospitalar, esses feridos deram entrada na quinta-feira (29.10), na sequência do tiroteio que aumentou de instensidade no início da noite. "Na sala de observação estão algumas pessoas, enquanto outras se encontram na sala de reanimação. Muitos deles são jovens e da polícia", confirmou erta fonte.

RENAMO diz que se trata de mais uma provocação
Fontes na Zambézia referem que em mais uma tentativa de desarmar a RENAMO à força, as FIR tentaram sem sucesso assaltar o quartel do movimento liderado por Dhlakama
O delegado politico da RENAMO na Zambézia, Abdala Ussifo, disse que o ataque começou como uma provocação à RENAMO e à sua base de defesa da população: "Lamentamos essas ações, que só ameaçam o convívio das famílias. Nos últimos tempos, notamos uma certa movimentação de blindados e de carros da FIR, algo que é muito preocupante. Penso que chegou o momento dos moçambicanos se sentirem moçambicanos. Ou seja, chegou a altura para uma reconciliação política, uma reconciliação social e uma reconciliação de inclusão na perspetiva que esta terra pertence a todos nós", disse Abdala Ussifo.

Sílvio Silva, um cidadão local, é de opinião que o Governo deve negociar com Afonso Dhlakama, "para que ninguém saia a perder". Estas negociações deveriam também servir para salvaguardar a tão desejada Paz para Moçmbique, diz: "O que se vive hoje em Moçambique é um clima assustador pelo facto de sentirmos muita insegurança. Ataques, pessoas feridas ou mortas, acontecem com muita frequência. Por isso as autoridades competentes, o Governo, a sociedade civil e as confissões religiosas têm que trabalhar mais, muito mais mesmo, para que sejam solucionados os problemas e este ciclo de violência acabe de uma vez por todas".

Muitos bens dos habitantes da região, inclusive algumas habitações, estão a ser incendiados. Grande parte da população refugiou-se noutras localidades do distrito. Muitas pessoas foram acomodadas na sede distrital de Morrumbala e abandonaram tudo o que tinham.
 
Ouvir o áudio03:12

Situação permanece tensa na Zambézia onde prosseguem confrontos armados

As autoridades policiais na Zambézia continuam a recusar dar à imprensa quaisquer informações relativas à atual situação no terreno. O Comando Provincial da Polícia na Zambézia esteve reunido na manhã desta sexta-feira (30.10), mas os jornalistas que estiveram no local não foram sequer autorizados a permanecer nas imediações do edifício onde teve lugar a reunião.

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