sábado, 26 de setembro de 2015

Carta aberta a Mário Ferro


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Fernando Nota
O jornalista Mário Ferro é visado no livro “Ventos de Destruição” como a pessoa que atraiçoou Adelino Serras Pires, a ponto deste ter sido detido e torturado quase até a morte pela ex-SNASP, acrónimo da então polícia secreta moçambicana. A maneira como o episódio é contado suscitou-me algumas questões. Terá mesmo Ferro (aquele que eu vira dando palestra no Hotel Embaixador por ocasião do aniversário do DM) pertencido a ex-SNASP? Terá ele tido algumas ligações com aquela secreta?
Não tenho ligações pessoais com Mário Ferro, embora deva ressaltar que o conheço pela referência que foi no jornalismo moçambicano independente. Repito. Até à leitura daquela obra que Pires escreveu com Fiona Capstick conheci-o apenas como jornalista. Mas a referência que o livro faz a Ferro como tendo sido “um aprendiz do SNASP que tendo visitado Portugal em Junho de 1984 hospedara-se na casa de Maria José, a irmã de Pires” suscitou-me preocupação a ponto levar-me a escrever estas linhas. Como é que um proeminente jornalista poderia ter sido SISE, aliás, SNASP?
O livro entra em detalhes a respeito de Ferro, mormente um relatório secreto datado de 24 de Julho de 1984, rezando que ele (o Ferro) “bufou” a Samora Machel, ex-presidente de Moçambique, mas para “justificar a visita perante os seus amos espiões, com zelo de um recém-convertido ansioso por ser aceite no SNASP. A cópia do referido relatório, dizem os autores, aponta um certo número de pessoas perigosas para Moçambique, entre as quais a família de Pires.
Segundo o livro, o suposto relatório de Ferro peca por mentiras e imprecisões, que afirma, por exemplo, que a operação de caça na Tanzânia pertencia a um italiano. Diz que as concessões de caça da empresa Hunter Africa se iriam situar perto da fronteira entre Moçambique e Tanzânia, enquanto as mesmas se encontravam a mais de 1600 quilómetros dessa fronteira. Para além disso, acusava-os, a Pires e filho (Tim-Tim)de pertencerem a bandos armados (RENAMO), o que era ridículo.
Conta Pires que Ferro encontrou com Tim-Tim e Caju “por acaso”, quando estes iam a caminho de Madrid e da Tanzânia, para se juntarem a mim na nossa nova operação de caça. Como éramos ex-moçambicanos, pareceu natural que ficasse satisfeito por encontrar pessoas de Moçambique que ele conhecia havia anos. Ferro ficou até tarde depois do jantar em casa da Maria José e de repente perguntou se a família o podia receber para a noite. A minha ex-esposa ofereceu-lhe com satisfação o quarto do nosso filho, que já partira para Tanzânia. Como é natural, Ferro ouviu tudo a respeito dos planos em nome da Hunters Africa, que iríamos pôr em prática nesse país.
Não tínhamos nada a esconder.
O que adensa a minha curiosidade como leitor é a referência que se faz de Ferro: “É um tanto fértil de imaginação em particular vindo de um ex-comando do exército Português que foi empregado de Jorge Jardim ,o homem de Salazar em Moçambique, e aceitava alegremente o salário mensal das suas mãos .Até o facto de o meu filho ter obtido uma licença de piloto nos EUA é exibido como prova de subversão no conto de fadas inventado por este aprendiz da SNASP”. O relatório também declara que a nossa família tinha fugido de Moçambique.
Ferro excede-se a si mesmo quando menciona a minha amizade com “o antigo presidente da França”, Valéry Giscard D’Estaing”, numa linguagem que sugere algo de sinistro. Para concluir este exercício de sabotagem, que quase nos matou a todos, Ferro encerra o relatório com a sugestão de que a nossa presença nas concessões de caça da Tanzânia se destinava a “agitar os moçambicanos que vivem na Tanzânia a fim de os recrutar”.
A intenção dos autores a citar Ferro como a pessoa que os “vendeu” à SNASP tinha por objectivo esclarecer as zonas de penumbra que ditaram um rapto de que ele, o filho e uma terceira pessoa foram sujeitos pela “secreta moçambicana” da Tanzânia para as masmorras de Moçambique de olhos vendados. Os mesmos não poupam“um certo Alves Gomes”, outro dos que ficaram para atrás em 1975 e que teve a ousadia de “me receberquando regressei à Beira em 1995, depois de uma ausência de 20 e tal anos muito difíceis”.
O mesmo Gomes é citado como sendo “um dos boys da Frelimo e os seus relatórios vieram à superfície nos jornais The Observer e The Guardian em todo o mundo”.
Verdade, na palestra que Ferro proferiu na Beira falou da estreiteza da sua relação com Samora Machel. Pena por aquela altura da palestra na Beira não tenha tido o privilégio de ler a obra, senão iria abordá-lo pessoalmente sobre o assunto (O livro diz que foi empregado de Jorge Jardim (?)e aceitava alegremente o salário das suas mãos. Nada melhor senão o Mário Ferro para explicar-me. Até porque o livro é de 2001 (?) e o exemplar que tenho em mão é da sua segunda edição.
Ficaria-lhe grato.
SEMANÁRIO PUNGUÉ – 28.04.2005

Adelino Serras Pires divulga relatório da lavra de Mário Ferro (1)

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DOSSIER ADELINO SERRAS PIRES
Na nossa edição nº 39, do dia 28 de Abril de 2005 , concretamente no espaço “Hoje escrevo eu”, publicámos uma carta aberta de Fernando Nota, dirigida a Mário Ferro. Na referida missiva Nota pretendia aclarar-se junto de Ferro sobre a sua eventual ligação com a extinta secreta moçambicana, a SNASP, com que este foi conectado no livro “Ventos de Destruição”, obra essa que expõe passagens arrepiantes de sevícias de que Adelino Serras Pires, o filho e mais um indivíduo, foram sujeitos, partindo de um rapto na Tanzania até desaguar, vendados, na “Gulag” da Cadeia da Machava. Enquanto ficávamos a aguardar pela resposta de Mário Ferro eis que a vítima emerge com um documento “facsimile”:
Adelino Serras Pires divulga relatório da lavra de Mário Ferro (1)
Maputo, 24 de Junho de 1984
Sua Excelência
Presidente do Partido Frelimo
Presidente da República Popular de Moçambique
Marechal Samora Machel
Maputo
Actividade dos Bandos Armados em Portugal
1. Recrutamento de ex-comandos
Ex-comandos do Exército Português, naturais ou que viveram vários anos em Moçambique e se encontram radicados em Portugal, estão a ser recrutados para acções de sabotagem no interior do nosso País, com especial incidência em Maputo, a capital.
Um dos responsáveis é um indivíduo de nome Correia Mendes, natural da Ilha de Moçambique, ex-comando formado em Montepuez, integrando a 6ª ou 7ª Companhias de Comando.
Este Correia Mendes contactou, por exemplo, com um indivíduo de nome Nuno Branco, ex-comando da 1ª e 2ª Companhias de Comando, e que, no seu regresso a Portugal, após a proclamação da independência nacional, serviu no Batalhão de Comandos sob as ordens do coronel Jaime Neves.
A família do Nuno Branco era proprietária do Hotel Vera Cruz em Quelimane.
Actualmente, Nuno Branco reside na zona de Santo António dos Cavaleiros, em Lisboa, onde gere um restaurante.
Segundo as informações que me prestou Nuno Branco fora contactado pelo Correia Mendes para:
a) Acções de sabotagem contra
-Refinaria do Maputo
-Tanques de combustível do Maputo
-Instalações portuária do Maputo
b) (...)
Ao contactar Nuno Branco, Correia Mendes aliciou-o com o pagamento de 500 contos portugueses a seguir.
Nuno Branco disse-me que recusou a proposta do Correia Mendes, porque tem outros projectos e pelas razões seguintes:
1. Não pretende complicações com o Governo Moçambicano.
2. Recebeu uma proposta do Estoril-Sol para vir trabalhar em Moçambique.
3. Recebeu uma proposta para durante o período da FACIM/84, trabalhar no restaurante que irá ser explorado por um tal Armindo Ahmed, até há pouco tempo sócio da Pastelaria e Salão de chá Cortiço, na esquina das avenidas 24 de Julho e Vladimir Lénine, em Maputo.
4. Se fosse possível gostaria de voltar a explorar o Hotel Vera Cruz em Quelimane. Nuno Branco disse que houve ex-comandos, contactados pelo Correia Mendes que aceitaram a proposta, mas que desconheciam os respectivos nomes. Os ex-Comandos Portugueses têm uma associação em Portugal.
2. Actividade propagandística dos Bandos Armados
O dito porta-voz da chamada Renamo, Jorge Correia, tem distribuído regularmente comunicados à imprensa não só portuguesa como a que está acreditada em Portugal. Particular acolhimento é dado a esses comunicados pela imprensa da direita e extrema-direita portuguesa, por agências noticiosas e pelos correspondentes de jornais e agências noticiosas de vários países, acreditados em Portugal.
Um dos elementos em evidência é um correspondente da United Press International (UPI), de nome Sandy Alexander Sloop, cidadão norteamericano, que esteve muitos anos radicado no Brasil, antes de ser colocado há uns seis anos em Portugal.
Trata-se de um indivíduo com estreitas ligações com Jorge Correia e que, no ano passado, entrou ilegalmente no nosso país, acompanhado por um câmara-man de nacionalidade francesa, para a recolha de imagens dos Bandos Armados na região central do nosso País. Ele esteve, segundo me disse, na região da Gorongosa e junto à linha férrea Inhaminga-Beira.
O opinião de várias pessoas com quem contactei é de que Sandy Alexander Sloop é agente da CIA.
Aliás, foi por seu intermédio que tive conhecimento da conferência de Imprensa que os Bandos Armados pretendia dar (e vieram a dar) na última terça-feira, dia 19 de Junho, no Hotel Diplomático, em Lisboa. Foi a partir desta informação, transmitida ao Sr. Embaixador Baptista Cosme, em devido tempo, que foi possível registar-se uma tímida intervenção do Governo português, com a interrupção da conferência de Imprensa por agentes da Polícia Portuguesa.
Entre os comunicados distribuídos pelos Bandos Armados em Lisboa, destaco aquela em que o senhor Jorge Correia informa da “fuga precipitada de Samora machel e do seu Governo para Nampula”, onde foi fixada “a capital provisória”, devido a situação de “instabilidade e insegurança criada pelas forças da Renamo em Maputo”.
De salientar que a Radiotelevisão Portuguesa (RTP), o órgão de Informação de maior audição em Portugal, pouca ou quase nenhuma atenção dispensa aos comunicados e nem sequer fez referência nos seus noticiários e no telejornal a dita conferência de Imprensa.
Em contrapartida, no dia em que os bandidos armados deram a conferência de Imprensa, conseguimos cinco minutos da antena no Telejornal da RTP.
Depois de uma reunião com o Sr. Embaixador Baptista Cosme, durante a qual se abordou quais as respostas que poderiam ser dadas face às perguntas que eventualmente poderiam ser feitas, estive na RTP, onde fui entrevistado pelo jornalista Mário Crespo.
O tema foi o que este jornalista chamou de “Reformas Governamentais”, ao que contrapus com reorganização e reestruturação do aparelho do Estado, na sequência das decisões do 4º Congresso, como resposta para a liquidação do banditismo armado e da fome no nosso País.
3. Presumíveis acções na Tanzania
Encontram-se actualmente na Tanzânia os indivíduos de nome Adelino Serras Pires Júnior, mais conhecido por Tim-Tim, e Serras Pires Cardeano.
Ambos estão ligados a uma empresa de turismo cinegético, propriedade de um cidadão italiano. Esta empresa tem sede em Arusha e actividades em vários pontos da Tanzania.
Esses indivíduos, segundo soube, iriam trabalhar em coutadas no sul da Tanzania, portanto, junto à nossa fronteira norte.
Ambos pertencem aos Bandos Armados.
Continua na próxima edição
SEMANÁRIO PÚNGUÈ – 02.06.2005
Veja:
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Adelino Serras Pires divulga relatório da lavra de Mário Ferro(2)

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Destaco aqui a actividade de Lucinda Serras Pires Feijão e da Maria José Serras Pires Cardeano, mãe de Serras Pires Cardeano, actualmente na Tanzania.
Ambas são irmãs de Adelino Serras Pires.
A primeira foi redactora da voz da Quizumba e ambas trabalharam no jornal de língua portuguesa que foi encerrado pelas autoridades zimbabweanas.
A família fugiu, depois, para a África do Sul. Daqui, houve ramificações, mas a maior parte dos seus membros foi para Portugal.
Durante a minha estadia em Portugal contactei pessoalmente com Maria José Serras Pires Cardeano, com a Henriqueta Serras Pires, com Adelino Serras Pires Júnior e com Serras Pires Cardeano. Estes dois contactos o contacto foi momentos antes deles se dirigirem à Madrid, Espanha, onde tomariam depois o avião para Tanzania.
A Maria José Pires Cardeano falou-me que já tem o desenho da “nova bandeira” de Moçambique. Ela mantém estreitas relações com Evo Fernandes e lamenta a morte do Cristina, dizendo que este foi “assassinado” pelos irmãos Bomba, “infiltrados pelo SNASP” nos bandos armados.
Por que razão os dois primos estão na Tanzania?
O norte de Moçambique ainda não foi directamente atingido por acções de desestabilização dos bandos armados.
Será que a missão dos dois é de agitar os moçambicanos residentes na Tanzania para os recrutarem?
4. Quem é o Evo Fernandes?
O Evo Fernandes é natural da Beira. Advogado, formou-se na faculdade da Universidade de Lisboa.
No exército colonial Português, pertencia aos Serviços da Justiça ,ficou Comando-Chefe em Nampula, na altura de Kaulza de Arriaga (...)
Após cumprir o serviço militar, aparece como um elemento da confiança do Jorge Jardim. É nomeado subdirector do “Notícias da Beira”.
Após o 25 de Abril de 1974, com a demissão do então director deste jornal, foi nomeado pelo Jorge Jardim para aquele cargo em 8 de Junho desse ano. Esteve apenas um dia nessas funções, já que a três de Junho a Administração Jorge Jardim foi expulsa do jornal pelos trabalhadores.
Continua ligado ao Jardim, mas aparece em 1979 como um funcionário superior da Livraria Bertrand, ligado ao Bullosa.
Ainda se mantém em Moçambique algum tempo, após a proclamação da independência nacional. Chegou a ser professor do liceu, na cadeira de História.
Colegas seus do tempo da Universidade disseram que Evo Fernandes era agente da PIDE infiltrado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Nos últimos tempos, tem visitado com regularidade a cidade de Lisboa.
5.Quem é o Jorge Correia?
(...) é um filho de antigo vendedor de carros do Entreposto, na cidade da Beira.
Quando tinha uns cinco ou seis anos, ele e o pai correram o risco de morrer afogados na praia defronte ao Grande Hotel, na Beira.
O Jorge Correia fez a instrução primária e parte da secundária na Beira. Foi para a “metrópole” prosseguir os seus estudos, tendo chegado a frequentar o segundo ano de Electromecânica.
Após a proclamação da nossa independência, aparece na Beira, casado, intitulando-se “engenheiro electromecânico“.
Obtém um contrato, com um vencimento de 50 contos mensais e respectiva transfêrencia para trabalhar na MOBEIRA.
Possui um apartamento no prédio Emporium e um automovel “Citroen DS 20”.
A esposa é funcionaria do consulado geral de Portugal na Beira .
Por incompetência, é desligado da MOBEIRA.
Vem para Maputo e consegue colocação na FASOL /SABOREL .
O seu passaporte, no espaço destinado a profissão, havia sido falsificado pela esposa que esteve implicada no desaparecimento de passaportes portugueses no consulado da Beira.
Regressa a Portugal em 1979 e reaparece em Moçambique como representante da Livraria Bertrand, propondo “negócios chorudoa de milhões de dólares” ao nosso Governo.
Quando aparece, pela primeira vez na Beira , após a proclamação da independência, afirma-se como militante do Partido Comunista Português, um convicto homem de esquerda.
6.Contacto com Sandy Alexander Sloop
Sandy Aexander Sloop convidou–me para o almoço.
Pretendia recolher informações sobre o que ele chamou de “cisões” na direcção do Partido Frelimo. Em particular, queria uma informação sobre uma eventual dissidência de sua excelência o Tenente- General Armando Guebuza, após a última remodelação governamental.
Fiquei com a sensação de que para além dessas informações ele pretendia estabelecer uma ligação directa com alguém em Maputo, que lhes permitisse um contacto telefónico ou de telex a partir de Lisboa para saber “coisas“ sobre o que se passa em Moçambique.
O almoço teve lugar após a conferência da imprensa e tinha passado no encontro.
Disse-me que o Jorge Correia havia anunciado o desencadeamento da operação ”Cacimbo Ardente” em 10 províncias do nosso País com um efectivo de 16 mil homens.
Falou do aperto do cerco às capitais provinciais para respectivo isolamento, e do aumento de ataques contra alvos estratégicos, em particular linhas de transporte de energia eléctrica.
Referiu aos constantes avisos aos cidadãos estrangeiros, trabalhando em Moçambique considerando os bandidos armados como inimigos.
Nesta altura, a conferência de imprensa foi interrompida pelos agentes da polícia portuguesa .
E enquanto estes agentes iam buscar um mandato oficial a conversa prosseguiu entre o Jorge Correia e os jornalistas. O Augusto de Carvalho pôs em questão a credibilidade das informações ali prestadas pelo Jorge Correia, argumentandoque naquelas semanas antes o Jorge Correia havia anunciado que “Samora Machel e o seu Governo” haviam ”fugido” do Maputo e instalado ”capital provisória” em Nampula.
O Cardoso Ribeiro quis saber como é que sendo o Jorge Correia de nacionalidade portuguesa, este estava ligado a uma “organização” que se diz moçambicana. A resposta foi:
-“ A Frelimo não me quer dar o passaporte moçambicano”.
O Sandy Alexander Sloop falou-me ainda da sua entrada ilegal em Moçambique, no ano passado através da África do Sul.
Ele e o seu colega foram transportados por um avião da Africa do Sul para a zona central do nosso País. O avião aterra numa pista da região da Gorongosa .
Trabalharam com o tal Dhlakama, que promoveu uma reunião com as suas “estruturas centrais”, para as filmagens.
Com o mesmo fim, organizou uma “operação de sabotagem” à linha férrea Inhaminga-Beira.
No trajecto à pé entre a Gorongosa e a linha férrea, foram informados via rádio de que haviam passado dois comboios naquela linha e que um terceiro iria passar em breve.
Segundo o Sloop, o grupo era de umas 140 pessoas.
Para apressar a marcha até à linha, pois a ideia de Dhlakama já não era a de simular um acto de sabotagem, mas um ataque real ao comboio, o grupo foi dividido em dois subgrupos de 70 pessoas cada uma.
O grupo dos bandidos que se dirigiu à linha férrea era chefiado pelo próprio Dhlakama e dele faziam parte ”cinco generais” ditos “responsáveis militares das províncias de Gaza, Inhambane, Sofala, Tete e Manica” e por “secretários da agricultura e da educação”.
Este grupo foi surpreendido –segundo o Sloop– por um comboio fortemente guarnecido que recebeu reforços, transportados por um outro comboio.
Houve um combate de três horas entre as nossas forças e os bandidos armados. Estes esgotaram as suas munições e tiveram que se pôr em fuga.
O Sloop disse-me que os cinco “generais” ficaram feridos e que o próprio Dhlakama ficou com a camisa furada por uma bala e que havia sido atingido num dos crregadores com um tiro.
Sloop disse-me que ficou admirado de as nossas forças não terem perseguido o grupo que estava sem munições.(Concl.)
Continuação de
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