Luanda - Nos últimos dias, tentar acompanhar os mais recentes acontecimentos nacionais, tem sido uma verdadeira maratona. É que desde às regras incompreensíveis com relação ao pagamento das casas nas centralidades à Kalupetekas e actrizes pornográficas que de repente escaparam as sete fechaduras da máfia russa, brincávamos na redacção que a pessoa responsável por fazer a retrospectiva do ano de 2015 terá que começar com pelo menos seis meses de antecedência.
Fonte: Jovens da Banda
Contudo, apesar de haver muito para se opinar sobre todos os casos acima mencionados e outros tantos que por agora não vêm ao caso, hoje o assunto a ser discutido é sobre o #CasoNeth que neste artigo será devidamente tratado como o caso do #TiJingungo.
Esta novela que tem ganhado cada vez mais repercussão entre angolanos de dentro e fora do país, tem como principal personagem a jovem Neth, que foi brutalmente agredida depois de ter caído numa emboscada, organizada pelo amante da sua melhor amiga com quem alegadamente ela também estaria disposta a envolver-se sexualmente. Os detalhes deste caso foram revelados em vídeos que foram divulgados nas redes sociais e espalhados como um vírus em menos de segundos pela mesma via. Nestes vídeos é possível ver uma jovem aparentemente indefesa, ter sido encontrada com “a boca na botija” pela melhor amiga “Jussy” e as suas cúmplices, que como punição cortaram-lhe o cabelo e sobrancelhas, bateram-na e colocaram jindungo nas suas partes intimas enquanto alegadamente o homem que era o motivo pela “briga” das duas, assistia de “camarote” enquanto tecia alguns comentários denegrindo a vítima que desesperadamente chamava por ele em clemência por ajuda.
Na minha opinião, este caso é importante por dois motivos:
Primeiro, porque mais uma vez mostrou o poder das redes sociais nesta Angola moderna. Se antes os angolanos reclamavam por não ter as suas súplicas atendidas e sem altas expectativas faziam abaixo-assinados ou tinham de apelar a media privada e pública para conseguir a atenção das autoridades, ficou provado que hoje tudo que é necessário, é tornar um determinado assunto no mais comentado (#trendingtopic) das redes sociais. Por este motivo, saliento mais uma vez a importância (principalmente para nós os jovens) de perder a cultura da auto-censura ou seja o medo de sofrer consequências por reclamar, pois como diz o velho ditado popular: “bebé que não chora, não mama”.
Já o segundo motivo tem a ver com o facto deste caso finalmente trazer à tona peculiaridades que deviam ter sido criticamente analisadas desde o tempo dos nossos pais.
Durante o fim de semana, o caso do #TiJundungo foi bastante debatido na media nacional e foi normal ler e ouvir mais velhos a pregar sobre as reservas morais da juventude angolana, criticando a agressāo por parte da "rival" alegando que “... ainda por cima [ela] nem esposa é".
No entanto, esses mesmos kotas se esqueceram de lembrar que muitos destes jovens, além de fruto da poligamia, por conveniência, foram criados para ver e enfrentar este "fenómeno" sem anomalias.
Então se uma mulher de ontem que "migava", era “sustentada” por um homem casado e tinha filhos com apenas meses de diferença dos da mulher "casada", era muitas das vezes aceite tanto pela família dela como pela família dele e tratada com respeito e toda "dignidade" que “ela merecia”, as jovens que hoje o fazem são "vítimas de uma juventude doente e materialista" porquê?
A propósito, foi também bastante indignante observar que durante as análises feitas sobre o caso, poucos mais velhos criticaram ou mesmo falaram do papel do senhor Miguel nesta história toda. Segundo o portal club-k, este senhor tem mais de 50 anos de idade, ou seja tem alegadamente mais do dobro da idade de uma das jovens envolvidas no caso, porém, não obstante a isso, em momento algum teve sequer a decência de parar com o acto bárbaro que a jovem Neth estava a ser submetida. Isso para não falar que se juízo tivesse realmente essa “geração dos grandes”, o senhor nem aceitaria estar envolvido com estas jovens que têm idade para serem suas netas.
Mas, pelo que se nota, o hábito e a cultura das “segundas mulheres e “catorzinhas” já é tão comum na nossa sociedade que quando críticas são feitas, as principais culpadas sāo estas pobres meninas que foram coagidas pela ilusão material própria da idade. Criticam-lhes com sermões do género “... elas é que seduziram”, “são rápias... bandidas” , mas não mencionam que quando um não quer, dois não fazem e se a procura não fosse grande a oferta não seria excessiva.
Por isso meus senhores, se querem mesmo mudar alguma coisa, comecem por assumir os vossos erros. Troquem o vosso discurso e ao invés de dizer que a "juventude perdeu os valores", digam que "a juventude de hoje NĀO PODE COMETER OS MESMOS ERROS que vocês cometeram no passado”. Sejam justos e transparentes ao repudiar os actos destes mais velhos sem juízo que envolvem-se com estas meninas “dos colégios”. De contrário como principais beneficiados, façam o favor de despir-se de demagogias e legalizem a prostituiçāo em Angola.
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