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Moçambique | Província de Sofala, Beira:
-“Chefe, você é malabarista, ...eu não gosto destas respostas... não gosto, (...) isso significa muita irresponsabilidade", Governadora de Sofala na visita à Direcção Provincial de Educação e Cultura de Sofala
----- >> A Governadora da Província de Sofala, Maria Helena Taípo, está fazendo um diagnóstico, está a conhecer a casa e neste contexto escalou um dos sectores mais sensíveis no âmbito do trabalho da sua Governação: a Educação, onde as verdades escondidas trazem ao de cima a mentira
----- >> "(...)Se nós somos os primeiros a mentir não sei o que ensinaremos aos estudantes, não sei...” -Governadora de Sofala
Beira (Magazine CRV) -- Na visita que efectuou à Direcção Provincial de Educação e Cultura de Sofala nesta cidade na Segunda-feira (23), Helena Taípo fazendo-se acompanhar do seu Staf, foi recebida pelo Director Provincial do Sector -Pedro José, com quem primeiro percorreu os vários minúsculos compartimentos das diversas áreas que a compõem e funcionando nas instalações do edifício da Associação Comercial da Beira (ACB) que, diga-se, com espaços demasiados apertados, do tamanho dum “galinheiro” o que, e como referiu a Governadora, “isto não é digno para um funcionamento que nós pretendemos.”
Após percorrer as instalações, já reunida com os funcionários, convidados e afins, Helena Taípo “bateu com a mesa” mesmo apesar da apresentação de um super-exaustivo relatório lido por Pedro José ao ponto deste ter “tomado banho com a sua própria apresentação”, como classificou a timoneira de Sofala na medida em que o Director banhara-se de suor na dissertação do informe.
Como a mentira tem pernas curtas e pior quando infantilmente inventada, sem necessidade de recorrer a feiticeiros, a Governadora logo se apercebeu de que a “casa” havia sido “lavada” muito a propósito da visita que efectuava, rematando:
“Se eu fosse ao pé de uma curandeira, havia de descobrir que vocês só passaram a cerra no chão hoje ou ontem à noite, não fica bem. Por isso é que cera está aí a cheirar mal e não é assim como tem de se receber uma visita. Nós temos de saber conviver e viver da mesma forma, naturalmente. Então significa que a limpeza tem que ser constante, é ou não é? A limpeza tem que ser constante”.
Embora Helena Taípo se tenha mostrado feliz com o gráfico evolutivo e muito colorido da apresentação do relatório, ao mesmo tempo mostrou-se inconformada com a situação que encontrou na Direcção Provincial de Educação e Cultura de Sofala, começando pelo próprio edifício onde funciona pois é na condição de arrendamento.
“Há quanto tempo estamos alugando estas instalações? Há quanto tempo? Há quanto tempo? Ninguém sabe responder? Significa que faz muito tempo. E este muito tempo não era suficiente para termos um terreno e começarmos a construir as nossas instalações?, perguntou a Governadora e recriminou por este facto não constar do informe.
Helena Taipo deixou recomendações claras no sentido de que é importante e que com maior brevidade se saía deste sistema de aluguer de instalações para o funcionamento pois se torna mais dispendioso.
Adiante, a Governadora frisou ser conhecedora dos contornos com os quais se coze este sector da Educação a nível da Província e que por isso abstinha-se de comentar muito sobre o relatório “que vocês me apresentaram, que foi bastante exaustivo, o que revela grandes realizações. Mas gostaria de enfatizar alguns aspectos que nós achamos de grande importância”, disse.
Taípo indagou sobre o facto de na informação apresentada não constar que de 2005 há data existiam 200 salas abandonadas, não concluídas onde tão somente conseguiu-se construir ou reabilitar metade destas salas significando "que até hoje continua-se com situação de salas e obras não concluídas. Mas o orçamento já foi executado em 99% ou 93%, e desde lá, consta o valor da reabilitação e da construção de salas. E o que é que isto significa? Significa termos mais estudantes fora de salas de aulas, a estudarem ao relento, de baixo de árvores”, observou a Governadora que ainda disse que há um mês atrás recebera em audiência a Associação de Processamento de madeira que mostrara a grande preocupação sobre a existência de madeira apreendida e que nalgum momento é concedida a preços bonificados o que seria uma solução para a feitura de carteiras para os estudantes e oportunidade não aproveitada devidamente.
Outro problema relaciona-se com a proliferação de certificados falsos. “Parece uma doença”, afirmou Taípo. No ano passado foram detectados um total de 34 Certificados falsos dos quais muitos vindos do Instituto de Formação de Professores de Inhamízua e outros tantos da Escola Secundária da Manga, da Escola Secundária da Catedral, da Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, da Escola Privada de Chaimite e da Escola Secundária Nossa Senhora de Fátima, existindo casos julgados e outros a caminho...
Helena Taipo, encorajou para que esse trabalho prossiga, que haja coragem de penalizar os infractores que cometam esse crime e não transferi-los de um escola para outra. “Transferir um pedagógico indisciplinado para outra instituição pensando que estamos a resolver um problema só vai propalar essa indisciplina... Tenham a coragem de expurgar aquilo que não dá, aquilo que não serve para a nossa educação”, avisou Helena Taípo.
Mas mais do que ouvir, a Governadora convidou os presentes para exporem os seus pontos de vista, aconselhamentos e porque não a apresentação de soluções para os problemas.
Ninguém ousava falar. Como disse a Helena Taípo, “parece que estão com medo de falar como se houvessem leões na sala”, insistindo assim para que os Quadros da Educação presentes ao encontro tomassem da palavra.
Depois do “forcing” do Director da Educação, timidamente lá surgiram alguns funcionários da instituição que se fizeram ao pódio pecando por enveredarem em justificações que só irritavam cada vez mais a Governadora pois estes estavam muito longe de imaginarem a “ratoeira” que lhes era colocada por esta que vinha ao encontro com o ‘tpc’ feito.
“Chefe, você é malabarista, ...eu não gosto destas respostas... não gosto, (...) isso significa muita irresponsabilidade. Não estamos a ser sérios naquilo que são os planos e o que é a obrigação do nosso estado... (...) aqui há alguma coisa que não está bem... havemos de trabalhar juntos, queremos ver os orçamentos, queremos saber o que é que fazem com os orçamentos, queremos saber sobre os desvios de aplicação que vocês têm feito constantemente e porquê... (...) pois em condições normais estas respostas levavam-lhe a exoneração. E se brincar... (...) não pode fazer isso... (...) há questões que são obrigação, há questões que são de direito e nenhum direito deve ser negociado... a única coisa que sabem fazer é justificar, todos os erros a justificar... é uma doença que aqui nós temos, para não dizer sim passamos a vida a justiçar porque é que não fizemos... e é grave porque é na Direcção Provincial de Educação ...é grave... há muitos problemas... há muita violação dos direitos dos funcionários e dos professores...”, era a Governadora Helena Taípo que totalmente desapontada advertiu aos gestores da Educação para que seriamente se leve avante o sector.
Convidado pela governadora a contrapor, o Director de Educação encontrou no silencio “a melhor arma” ao que Helena Taipo retorquiu:
“...também não consegue dizer alguma coisa. Só leu o que está aqui no relatório. Mas para mim a educação é aquilo que estamos a viver no dia a dia na base... esses números (do relatório) não me convencem, os números não me convencem... porque os problemas que eu levantei aqui, nenhum deles aparece na apresentação do informe, mas são questões que vocês confirmam que existem e por que é que ocultam?... porque não estamos a ser sérios? O ensino de qualidade é um desafio muito, muito grande. Se nós somos os primeiros a mentir não sei o que ensinaremos aos estudantes, não sei...”
COMENTÁRIO
O grande desafio a que se propõe a Governadora de Sofala não é tarefa fácil mas é importante porque esclarecedor. Sofala precisa da verdade para vencer os seus desafios.
As Direcções Provinciais em Sofala devem descobrir que o desempenho de qualidade nas suas tarefas é a melhor forma de defenderem o seu trabalho e pão e que Helena Taipo precisa de Directores que entendam que não basta ser membro da Frelimo. (Magazine CRV)
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