sábado, 21 de fevereiro de 2015

Conselheiro nacional do CDS arrasa Governo e Cavaco

Ex-secretário-geral escreve carta ao presidente do conselho nacional a pedir um congresso extraordinário PARA discutir a política de alianças para as legislativas e o papel do Presidente da República.
Martim Borges de Freitas quer um novo congresso PAULO PIMENTA
Martim Borges de Freitas, conselheiro nacional do CDS, faz uma avaliação “muito crítica da acção governativa” e não poupa o partido a que pertence até porque “quando foi chamado a reformar o Estado não estava lá”.
Com o pretexto de que vai iniciar-se um novo ciclo político, Martim Borges de Freitas entende que o partido deve fazer um balanço sobre o ciclo que está quase a terminar e lança o desafio numa carta, que escreveu esta sexta-feira, ao presidente do conselho nacional (CN), Telmo Correia. Cavaco Silva não deve ficar de fora desse balanço. “Considero útil, muito útil, que o partido discuta o papel do Presidente da República em todo o processo desde 2009”, diz.
O dirigente nacional apela a Telmo Correia PARA que “inclua na ordem de trabalhos da próxima reunião do CN um ponto que permita ser apresentada discutida e votada a possibilidade de ser convocado um congresso extraordinário de molde a poder fazer-se esse balanço e decidir, aí, a política de alianças para as próximas eleições legislativas”.
Afirmando que partilha das “muitas críticas dos militantes à participação o CDS-PP neste Governo”, o ex-secretário-geral afirma que “nunca o CDS pareceu estar, como devia, confortável nesta coligação” e revela que os ministros democratas-cristãos foram “obrigados a meter as suas ideias na gaveta, depois de terem perdido parte das suas competências ou de terem de nomear boys PARA cargos da administração pública quando haviam jurado que jamais o fariam”. “Deve ser, na verdade, muito desconfortável! Mesmo para o presidente do partido que, apesar de tudo, logrou ver reconhecido o seu lugar na sequência do seu próprio pedido de demissão”, enfatiza.
A sua grande preocupação é que o partido discuta “abertamente a coligação e se ela deve ou não continuar, para se arrumar de vez com a ideia de que o PS é alternativa ao que quer que seja”.
Há uma parte da carta em que as críticas são distribuídas por Belém e pelos dois partidos do Governo. “Penso que o país perdeu muito quando o Presidente da República, instado a fazê-lo, não tivesse querido mobilizar todas as energias possíveis para que, entre a queda do anterior Governo e as eleições legislativas de 2011, pudéssemos conhecer a verdadeira situação financeira do país antes de irmos a votos”. Para o dirigente centrista, “Ter-se-ia, assim, evitado que os partidos vencedores, uma vez no Governo, tivessem de voltar a dar o dito por não dito, de faltar à palavra dada!”, declara.
“O país perdeu muito quando, instados igualmente a fazê-lo, o CDS-PP e o PSD não quiseram construir uma plataforma pré-eleitoral, assente num programa de Governo comum, capaz de mobilizar os portugueses e ultrapassar a situação de emergência em que Portugal viveu – e vive – que, do meu ponto de vista, levou o Governo a tomar opções erradas com o nosso partido não direi irreconhecível, mas ausente”, critica ao mesmo tempo que apela aos valores do partido.
 “O CDS é o herdeiro do humanismo personalista (…) que colocava a pessoa no centro da sua acção política e olhava para o estado como pessoa de bem”, o conselheiro nacional usa da ironia para dizer que quando o ”CDS foi chamado a reformar o Estado, certamente por força de alguma razão que desconheço, não estava lá!”

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