NUNO MIGUEL MAIA
| Hoje às 00:00
A ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava, e o filho leram os mandados de busca ao ex-governante quando ele ainda estava em Paris. No recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa, este facto é usado como argumento para afastar o perigo de fuga alegado pelo juiz Carlos Alexandre para fundamentar a prisão preventiva.
ORLANDO ALMEIDA / GLOBAL IMAGENS
Estava José Sócrates em Paris, no passado dia 20 de novembro, quando um dos seus filhos lhe ligou para o telemóvel a avisar ter sido alvo de uma busca para apreensão de um antigo computador do ex-primeiro-ministro. Assim soube das detenções dos outros arguidos e dos termos dos mandados de busca, com o seu nome. De seguida, a ex-mulher Sofia Fava informou-o de que também tinha sido alvo de buscas e do teor dos mandados, a partir dos quais perceberam que o objetivo da investigação era colocar Sócrates em prisão preventiva.
Este episódio é relatado pelos advogados João Araújo e Pedro Delille, no recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa, como argumento para afastar o perigo de fuga alegado pelo juiz Carlos Alexandre para fundamentar a prisão preventiva. É que, na tese dos defensores, sabendo que iria ser detido e posteriormente preso, a apresentação do ex-governante poderia ser entendida como voluntária. Até porque, dizem João Araújo e Pedro Delille, se quisesse fugir, em vez de regressar a Portugal, teria ido diretamente para o Brasil, onde tinha uma reunião, a 24 de novembro, no âmbito das suas funções ao serviço da Octapharma, como consultor da farmacêutica para a América do Sul.
Sócrates - recorde-se - viria a ser detido pelas 23 horas do dia 21 de novembro à chegada ao aeroporto de Lisboa, por agentes da Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa e da Autoridade Tributária e Aduaneira.
Ler mais na versão e-paper ou na edição impressa
«Há anos que esperava» a prisão de Sócrates
Palavras do ex-deputado socialista Henrique Neto sobre a prisão preventiva de José Sócrates, em declarações ao «i»
Por: Redação / PO | 28 de Novembro de 2014 às 11:35
O ex-deputado do PS Henrique Neto é o primeiro socialista a assumir publicamente que não ficou surpreendido com a prisão de José Sócrates. «Há anos que esperava que isso acontecesse. Os indícios eram mais que muitos», considerou Neto, em declarações ao jornal «i», onde defende que «as reacções de alguns socialistas (à detenção de Sócrates] são irracionais». Henrique Neto acusa: «Há muitos socialistas que não querem conhecer o que se passou. Fecham os olhos, porque estão moral e eticamente metidos nestas desgraças».
Para Henrique Neto, que não é de agora que tem sido crítico da governação de José Sócrates, tendo em junho lançado um manifesto com duras críticas à governação do ex-PM, «António Costa não será credível no país se não limpar o partido com grande clareza e grande determinação. Sofrerá com os estilhaços do que vier a acontecer com o eng. Sócrates».
O Partido Socialista estará reunido em congresso durante o fim de semana e prevê-se que o conclave seja dominado pela prisão preventiva de José Sócrates. Depois de ter ido visitar à prisão de Évora, o histórico Mário Soares já fez saber que irá marcar presença no congresso, que se realiza na Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações. Manuel Alegre também já disse que falará do ex-PM durante a reunião magna.
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ