O presidente do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, renunciou nesta quinta-feira, disse um porta-voz do governo, levando o país para crise ainda mais profunda depois da invasão do palácio presidencial por rebeldes xiitas houthis. Aliado dos Estados Unidos, Hadi renunciou pouco depois de o primeiro-ministro, Khaled Baha, ter também apresentado a sua renúncia.
Baha afirmou que deixava o cargo por não querer ser arrastado para “um abismo de políticas não construtivas baseadas em lei alguma”. "Nós não queremos fazer parte do que está a acontecer ou irá acontecer", escreveu. Hadi enviou uma carta de renúncia ao presidente do Parlamento pedindo “desculpas ao povo do Iêmen depois que chegamos a um beco sem saída", segundo informou um porta-voz do governo, citando a carta.
O chefe do Parlamento, Yahia al-Rai, um aliado próximo do presidente deposto Ali Abdullah Saleh, que deixou o governo em plena revolta popular de 2011, será o chefe de Estado interino. Há informações, no entanto, de que o Parlamento teria se recusado a aceitar a renúncia e realizaria uma reunião nesta sexta para resolver a situação.
O Departamento de Estado americano afirmou que está a tentar confirmar a informação sobre a renúncia. A porta-voz Jen Psaki reforçou que os Estados Unidos continuam a apoiar uma transição pacífica no país e estão preparados para ajustar a sua presença no Iêmen se for necessário.
Pressão e ameaças – Hadi tornou-se prisioneiro na sua própria residência, depois que os rebeldes atacaram o local, retirando os guardas. Militares próximos ao presidente afirmaram que a decisão de renunciar foi tomada após pressão e ameaças dos houthis. Entre as exigências dos rebeldes estaria a participação no gabinete presidencial, no Ministério da Defesa e nas capitais das províncias.
Quarta-feira, Hadi havia dito que estava pronto para aceitar as exigências dos rebeldes para uma participação maior em reformas constitucionais e políticas. Os houthis também controlam a capital Sanaa desde setembro e mantêm refém o chefe do gabinete presidencial, Ahmed bin Mubarak, sequestrado na última semana.
A capital iemenita permanecia paralisada esta quinta-feira, disseram testemunhas. Porém, o aeroporto e o porto, em Aden, retomaram as actividades depois de terem ficado fechados por um dia em protesto à ofensiva dos houthis contra o governo tecnocrático de Hadi, formado em novembro como parte de um acordo de paz negociado pelas Nações Unidas depois que o houthis tomaram a capital.
Houthis – A filial da Al Qaeda no Iêmen, uma das mais actuantes e perigosas, e que recentemente reivindicou a autoria do atentado terrorista contra o semanário satírico Charlie Hebdo, em Paris, tem reagido à acção dos rebeldes, que integram a minoria xiita no país, atacando as suas forças, bem como alvos estatais, militares e de inteligência.
(Com agência Reuters)
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