terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A esquerda radical perante a jihad

Rui Ramos

Quando os meios justificam os fins: 

Para uma parte da esquerda radical europeia, os jihadistas são o elemento de confronto violento necessário para destruir a democracia liberal e o capitalismo. São os Baader-Meinhof com o Corão.
Vale a pena voltar ao caso Charlie Hebdo. Como seria de esperar, não éramos todos Charlie. Não eram Charlie, obviamente, os que nunca escapavam ao chicote do jornal e para quem uma coisa é a liberdade de expressão, e outra o Charlie Hebdo. Mas a “esquerda radical”? Sim, a “esquerda radical”, como é que houve gente desse lado com dificuldade em repudiar o massacre? Foi a grande surpresa. Porque se havia na Europa um produto do antigo radicalismo de esquerda era o Charlie Hebdo, onde todas as semanas patrões, polícias e padres eram devidamente humilhados e ofendidos, segundo a mais genuína cartilha anticlerical e anticapitalista. Charb, o director, dizia-se comunista. O que fez gente da esquerda radical renegar os desenhadores assassinados? Uma coisa apenas: o notório asco do Charlie Hebdo ao Islão e aos jihadistas. Mas o que há de comum entre a esquerda radical europeia, ateia, socialista e frequentemente pós-moderna, e o jihadismo, com a sua pretensão de reformatar o mundo exactamente como o Profeta o deixou há cerca de mil e quinhentos anos atrás?
Comecemos pela opção anti-islâmica do Charlie Hebdo. A ideia de Charb era clara: era preciso “banalizar” o Islão, isto é, privá-lo da sua aura sagrada, tal como se fizera ao catolicismo. Porquê esta luta? Porque, entretanto, a sátira dos poderes tradicionais europeus deixara de ser arriscada. Em 1970, o grupo vira a sua revista suspensa por rir com a morte de De Gaulle. Agora, porém, quem se incomoda com mais uma caricatura de Hollande ou do papa? Charb, que tinha um retrato de Estaline no escritório, precisava manifestamente de sentir que os desenhos ainda tinham consequências. Ora, só o confronto com o Islão lhe podia restituir a relevância perdida – e, talvez, o sucesso comercial que escapava ao Charlie Hebdo desde a década de 1970.
Mas a parte da esquerda radical que não desenha e não precisa de vender uma revista satírica vê a questão de outra maneira. A deslocalização e a automação roubaram-lhe a sua velha massa de manobra revolucionária, os operários industriais. Como os substituir? Na década de 1960, o aburguesamento da classe operária já inspirara a Herbert Marcuse a hipótese de ir procurar reforços entre o campesinato do Terceiro Mundo. Mas há cinquenta anos, ainda era necessário sair da Europa e dar-se a muitos incómodos tropicais para encontrar os novos recrutas da revolução. Hoje, os circuitos da imigração despejam-nos aos milhares no velho continente. Não por acaso, a esquerda radical ofereceu-se logo como seu grande patrono. Em Londres, o Respect Party de George Galloway é um exemplo da avidez sem escrúpulos com que o velho esquerdismo procurou uma nova clientela entre a diáspora islâmica.
À primeira vista, a irrupção do fundamentalismo religioso e do jihadismo entre a imigração árabe muçulmana limitou o papel da esquerda radical na condução directa desse proletariado de substituição. Ao mesmo tempo, porém, rasgou novos horizontes revolucionários: os jihadistas são o elemento de confronto violento sem o qual os radicais nunca esperaram destruir a democracia liberal e o capitalismo. São os Baader-Meinhof com o Corão. O “sistema”, para se defender, ver-se-á finalmente forçado a revelar a “violência social” que o sustenta.
O islamismo serviu assim a Charb e à restante esquerda radical de diferentes maneiras: para Charb, era um inimigo perigoso, que emprestava novamente risco e sentido à sua iconoclastia; para outros, é, pelo contrário, um aliado inestimável, capaz de compensar a falta de vigor revolucionário da sociedade ocidental.
Para se aproximar dos seus novos combatentes, uma parte da esquerda radical parece tentada a abandonar os intelectuais irreverentes do Maio de 68, assim como em tempos trocou o operariado europeu pelos imigrantes. Houve quem chegasse a insinuar que, no fundo, Charb alinhara objectivamente com a Frente Nacional na estigmatização do “Islão”. Uma parte do que resta do operariado “indígena” em França já vota na Frente Nacional. Estão os anti-clericais, as feministas e os homossexuais destinados, um dia, a votar também em Le Pen?
O encontro entre o esquerdismo radical e o terrorismo do Médio Oriente estava previsto há muito tempo: na década de 1970, os Baader-Meinhof treinaram em campos palestinianos. É verdade: o jihadismo nega todo o “liberalismo moral” que a esquerda radical geralmente invoca contra o “sistema”. Mas é indiferente que o objectivo jihadista seja uma ordem “reaccionária” (com as mulheres submetidas aos homens, e os homens submetidos aos intérpretes de Deus). O que interessa é que possa produzir a violência necessária para destruir a ordem democrática e liberal. Para o maquiavelismo mais comezinho, os fins justificam os meios. Mas para este maquiavelismo apocalíptico, são os meios que justificam os fins.
À esquerda, o radicalismo assentou sempre no culto da violência, concebida como o grande recurso emancipador (George Sorel, em 1908, explicou o que havia a explicar a esse respeito). Fechada a loja dos Baader-Meinhof e das Brigadas Vermelhas, esse culto pôde parecer — como em Violence, de SlavojZizek (que, curiosamente, nunca cita Sorel) — um mero devaneio intelectual, sem passagem para a acção: uma espécie de American Psycho (ou, neste caso,Marxist Psycho). O fanatismo armado da jihad mudou tudo, como no poema de Yeats (“a terrible beauty is born”…). Zizek ainda espera substituir o Corão por Marx no bolso dos jihadistas. Mas isso seria apenas um bónus. O que o excita, no caso do Charlie Hebdo, é que, finalmente, há “paixão” contra a democracia liberal. Não são os “bons” (a esquerda radical doutorada em Marx e em Lacan) que manifestam essa paixão? Algumas das suas vítimas são até camaradas de radicalismo? Paciência. Sigamos a paixão, neste caso: o jihadismo.
E o que nos importa a esquerda radical? Na Grécia e em Espanha, faz parte de movimentos com boas perspectivas eleitorais. Nos outros países, não tem tantos votos, mas assombra as universidades e os media. Convém-nos perceber o que se passa por aqueles lados.

46 COMENTÁRIOS

  • António Filipe de Sousa22 Jan 2015
    Este texto é de uma demência absurda, que me deixa sem palavras para poder criticar algo em concreto. Vou só dizer que, quando o autor coloca no mesmo saco: jihadistas, esquerda radical, ateus, socialistas e pós-modernistas; está a assimilar o mesmo discurso do que qualquer fundamentalista revolucionário.
    • João Feijó22 Jan 2015
      Não acredito que existam razões religiosas para esta violência. A violência é motivada por factores políticos, económicos e sociais. Mas sabemos que a religião é uma importante explicação bem como uma justificação. Se tu decides seguir uma causa com os tais factores que descrevi e vais canalizada pela violência porque achas que outros meios já não funcionam ou são inócuos, então, tens de ter uma justificação ideológica para fazeres aquilo que queres fazer. Portanto não existe ideologia para violência, não existe religião para o terrorismo existem puramente factores mundanos. No que respeita ao texto publicado, tem alguns pontos curiosos e considero correctos outros nem tanto, portanto, considerares uma demência absurda parece-me que gostas de palas sem quereres abrir o leque a outros pontos de vista.
      • Fernando Rebelo22 Jan 2015
        Desculpe João, mas há uma motivação religiosa clara nestes ataques e em tantos outros. O Caso Charlie veio trazer à ribalta a questão da liberdade de expressão, quando na realidade é um caso claro de fundamentalismo religioso.
        A liberdade religiosa é um direito, e está na constituição. O que não está lá escrito é que as religiões podem ser fora-da-lei.
        O estado, e as suas leis, são laicas. A religião é admitida, desde que não se sobreponha à lei. E neste caso sobrepôs-se e muito.

      • António Filipe de Sousa22 Jan 2015
        Concordo com o que dizes e a tua análise ao meu discurso também se pode considerar correcta. No entanto, sob o meu ponto de vista só posso considerar pontos de vista que operem na razão. Como não considero que exista a ligação exposta pelo autor entre ateismo e jihadismo (no máximo considero-a redutora e demagógica) resta-me clamar o absurdismo. Mas sim, demência talvez seja um exagero. :)
      • João Feijó22 Jan 2015
        Caro Fernando, parece-me que o objectivo real e estratégico não foi atacar a afronta humorística ao Profeta nem a liberdade expressão, mas sim um objectivo político. Penso até que eles estão-se a marimbar para a liberdade expressão. É uma táctica para um jogo político mais complexo e perigoso. Este ataque, como outros do género, serve para movimentar a opinião pública de forma maciça. Vai exacerbar um sentimento xenófobo, vão querer criar um choque de culturas onde tem de prevalecer a lógica do precisamos de destruir o outro lado. Isso poderá, novamente, gerar políticas de ingerência militar no Oriente Médio que é de todo o interesse do Estado Islâmico e outros movimentos jihadistas. Eles querem a guerra e não o desejo de construir um Estado. O desejo terrorista não é uma construção racional de um colectivo árabe religioso dentro de uma visão ortodoxa dos seus preceitos, a ideia é outra, de propôr uma guerra jihadista contra o mundo. É uma ideia de um jogo muito mais frio (que vai envolver dinheiro, poder político e controle militar) do que nós pensamos.
  • António Joaquim Aragão Aires22 Jan 2015
    Isto deve ser uma critica ao “sniper americano” (grande cinema) o qual, após ter feito 4 comissões no iraque, tendo morto 160 “impuros”, cai ás mãos de um colega de armas infectado pelo sindroma da limpeza, o qual privado da sua função primária, o toma como o icone da injustiça da guerra (?). O final do filme é fenomenal.
  • Ana Vasconcelos22 Jan 2015
    Concordo plenamente. Só não compreendo para que é que a esquerda quer destruir a sociedade burguesa quando já não tem a sociedade socialista para instalar no seu lugar. A União Soviética caíu há muito e na Venezuela já a filas nos supermercados. Cai a sociedade burguesa e é substituida por o quê?
  • Artur Nunes22 Jan 2015
    O termo “radical” não devia ser usado como sinónimo de extremismo, fanatismo ou dogmatismo, nem colado ou conotado com direita, centro ou esquerda.
    Não faz sentido algum.
    O termo radical, ser radical, só deveria significar isso: ser radical.
    Ver claro, ver longe e ser livre de amarras.
    Tirando isso (esta confusão, infelizmente comum), o texto é com certeza provocador, polémico e levanta muitas questões…
    É um texto Charlie.

  • Carlos Martins22 Jan 2015
    Para mim parte de uma permissa errada, considerando que há um paralelismo e uma posição comum «entre a esquerda radical europeia, ateia, socialista e frequentemente pós-moderna, e o jihadismo, com a sua pretensão de reformatar o mundo exactamente como o Profeta o deixou há cerca de mil e quinhentos anos atrás.» Isto faz parte da estratégia islâmica de divisão do Ocidente, e está a consegui-lo. Consegue-o porque consegue fazer encostar a «esquerda» política europeia ao Islão e a «direita» política europeia contra o Islão. É por esta razão que a vitória islâmica contra o Ocidente dividido se afigura fácil. Foi sempre assim que o Islão venceu: dividindo o inimigo, o «infiel» e o «blasfemo».
  • Alexandre Pessoa22 Jan 2015
    pegou a moda:
    – ontem foi a Maria João a comparar o fundamentalismo islâmico à 2 guerra mundial e a sugerir (sem grande subtileza) que não vale a pena o apaziguamento com os muçulmanos – leia-se daqui o que se quiser

    -hoje, JMA escreve um artigo diácono remédios, em que demoniza o Syriza e diz que este vai causar o fim do euro, miséria e fome – para além de outras pragas bíblicas, em cumplicidade com o PS e o BE
    – aqui RR tenta criar um grande espectro da esquerda radical terrorista que apoia os terroristas islâmicos, qual Baader-Meinhof renascido, conota-a com a Grécia (leia-se Syryza) e sugere que como “assombra universidades e media” convém perceber o que se passa dentro deles – leia-se daqui também o que se quiser
    Das três uma:
    – ou houve ordem de serviço no sentido de radicalizar o discurso, piscando o olho à extrema direita trauliteira
    – ou é ressabiamento antecipado pela provável vitória do Syriza (mesmo que não forme governo)
    – ou as pastilhas para a tosse lá na redacção estão fora do prazo

  • José Mendes22 Jan 2015
    O Charlie Hebdo e o Sr. Charb foram irrelevantes para o pensamento europeu e ainda menos para a classe dirigente europeia e mundial. O mundo tomou conhecimento dessa publicação através dos meios de comunicação social que difundiram para toda a parte as notícias dos trágicos acontecimentos de Paris de princípio de ano.
    Nem o Sr. Charb nem os seus companheiros de morte jamais imaginaram que seriam mortos e usados como heróis da França, quiçá do mundo, para exorcizar os medos e mobilizar os europeus para a liberdade da ordem estabelecida.
    O que está a acontecer é a apropriação de uma publicação marginal, sobrevivente em circuito fechado, para centro da justificação da ordem establecida.
    As fantasias intelectuais tecidas sobre alegadas preocupações politicas da publicação Charlie Hebdo não têm nenhuma relação com a realidade. As piadas da publicação nunca foram mais longe que o som de um assobio.
    A Europa está em declínio por suas próprias mãos, não por causa do Islão, da emigração ou do apuro estético de um punhado de cartonistas. O declínio europeu Vai aprofundar-se tanto mais quanto quem dirige as políticas europeias se justificar com o Islão, com os emigrantes ou com tertúlias insignificantes de bairro.
    A ser assim teremos de concluir que são as próprias mentes das elites dirigentes da Europa que entraram em decadência, não se reconhecem nos atos que praticam e, também por isso, estão em fim de vida útil.
  • Antonio Cristovao22 Jan 2015
    Convem-nos perceber sim, mas a sua narrativa bate muito ao lado.Quem é que adere a seitas como a do Cruise, envangelicos, verdes, vegies, ajudar os povos daqui e dali, islamitas, irao, siria.. Os jovens, de acordo com as suas “tribos” e por vezes contrario ao que vèm o progenitor defender. Não me parece dificl radicalizar um ser pensante quando assiste a invasoes de países com mentiras e não são julgados, decisões de matar gente a milhares de km e fora da jurisidição de quem decide; para completar o trabalho vemos muitos responsaveis defender que se deve prender, desnacionalizar, escorraçar um cidadão que -presumo eu por idealismo e muita ignorancia envereda por uma militancia que provavelmente lhe vai causar uma definitiva dor de cabeça, mas ainda não cometeu e provavelmente se não for empurrado nunca vai causar tantos estragos que muitos “grandes” sumidades dos respectivos paĩses diariamente cometem.
    A desumanização moderna em que nada do que era as esperanças de que se tèm alimentado a propaganda politica se cumprem, deixando cada um a sua sorte e por outro lado se criminaliza até as opções pessoais de crença ou ideais vai dar mau resultado.Quem gosta da liberdade tem razoes para estar preocupado, não tanto com as esquerdas caviar ou radical mas com os donos disto tudo, alguns ainda mais pulhas e perigosos do que os já descobertos. Os jornalistas que façam o seu trabalho -não como com o Bush e Blair, mas estando bem alerta aos bem pensantes pastores da manada “unida”.

  • José Maria22 Jan 2015
    Este artigo do Rui Ramos é verdadeiramente deplorável. Os jornalistas do Charlie Hebdo deram o peito às balas, enquanto muitos Rui Ramos silenciavam qualquer crítica dura à versão fundamentalista do Islão. E vir agora, quando foram barbaramente assassinados, emitir, contra eles, esta catilinária mesquinha, por via da suas posições de ” esquerda radical”, é de um oportunismo e de uma hipocrisia sem limites.
    • Miguel Rosa23 Jan 2015
      Olha que não, José Maria. Olhe que não !!
      Não há nenhuma catilinária contra os jornalistas do Charlie que até eram genuinamente contra o radicalismo islamita, como afirma o articulista. O que este pretende é mostrar que alguma esquerda radical (não o director assassinado do Charlie e a sua linha editorial) lhe convém aproveitar-se do radicalismo jihadista para melhor combater a sociedade burguesa e liberal. A pergunta que o articulista faz, é : “O que fez gente da esquerda radical renegar os desenhadores assassinados?”.
      Não sei se é verdade, essa afirmação, pois não conheço exemplos de esquerdistas radicais a renegar os desenhadores e a defenderem o jihadismo. Mas admito que o RR saiba do que fala quando o afirma. E, sendo isso verdade, acho bem que alguém procure entender a razão dessa incongruência pelo que desde já agradeço ao RR pelo seu alerta e contributo. Talvez o José Maria queira, também, dar a sua opinião e elucidar-nos. Só não vale dizer que o RR está errado e que não há esquerdistas radicais a renegarem os desenhadores assassinados. Essa, o RR e a turma do Observador não compram.

  • Gildo BN22 Jan 2015
    Grande artigo !
    Até que enfim que alguém na imprensa portuguesa ousa explicar o hediondo.
    Uma nota apenas, Charb era provocador por essência só assim se explica a foto de Estaline, alguns da redacção do Charlie Hebdo eram comunistas outros se diziam anarquistas.
    Quanto a alguns dos comentários são claramente sintomáticos: uns provam a sua ignorância, outros a sua ingenuidade tão característica dos tempos em que vivemos e outros o seu alinhamento com as teses trotskistas camufladas.

  • Fernando Monteiro22 Jan 2015
    O radicalismo ideológico de esquerda, direita ou religioso prova infelizmente que o homem ainda está longe de atingir a sua maturidade intelectual. Neste momento o mais perigoso é o fundamentalismo religioso, porque assenta numa suposta verdade sagrada que quase sempre se sobrepõe ao bom senso e tolerância pela verdade dos outros.
  • Fernando Moreira22 Jan 2015
    Muito sinceramente acho este artigo do melhor que se tem escrito em Portugal sobre o cobarde ataque ao jornal (marcadamente de esquerda) Charlie Hebdo. Já me tinha perguntado até porque é que ninguém havia ainda escrito sobre o assunto!! Basta ver, por exemplo nas redes sociais, quem veladamente apoiou tão cobarde ataque. Um excerto que faz o resumo “mais-que-perfeito”: “Mas é indiferente que o objectivo jihadista seja uma ordem “reaccionária” (com as mulheres submetidas aos homens, e os homens submetidos aos intérpretes de Deus). O que interessa é que possa produzir a violência necessária para destruir a ordem democrática e liberal.”. Nada mais a acrescentar. Parabéns Rui Ramos “on target”!!!
  • Pedro Grangeio22 Jan 2015
    O Rui Ramos diz o óbvio! Já é tempo de se começar a dar o nome aos bois! A esquerda radical sempre foi contra os poderes instituídos nas sociedades Ocidentais, porque é fácil, não têm que temer consequências físicas e há sempre uns papalvos que vão na conversa. No fundo, são uns cobardes, porque se aproveitam da Liberdade das Sociedades Livres para exprimir o seu rancor e a sua inveja dos outros, porque sabem que, no fundo, essas Sociedades serão indulgentes com as suas acções
  • Ismael ribeiro lisboa varanda22 Jan 2015
    Penso que o colunista se enganou no lado da bancada, quem se aliou e financiou o jiahdismo foi a direita radical americana (Reagan & Bush`s/e para fazer uma favor á ao aliado Arábia Saudita) ao já se esqueceram do Irão-contras, a guerra Irão x Iraque, e a invasão do Afeganistão pela Rússia( exercito que foi totalmente derrotado por um único soldado RAMBO, que até está de volta), e onde os Americanos armaram e financiaram os futuros talibans , despoletando esta guerra sem tréguas que hoje, alguns radicais muçulmanos tentam levar em frente. A esquerda percebe com facilidade os esquemas que a direita usa para inverter a verdade. É claro que os radicais muçulmanos sempre sonharam em usar o petróleo para asfixiar o Ocidente, mas essa arma que o ocidente já devia ter descartado desde a 1º crise do petróleo, já perdeu gás e cada vez mais. Os Baader-Meinhof e as Brigadas Vermelhas, foram grupos de “acção directa”, anarquistas e são outra esquerda, não marxista, e que tinham o objectivo de intimidar e explorar o medo no grande capital alemão e italiano. Aliás foi após esse acontecimentos que a Europa social dá um imenso pulo de qualidade, os PC`s europeus renegam a Rússia ( excepto o PCP), estamos em 60&70, (em 80 entra Reagan, a escola de Chicago, o neoliberalismo e tudo o resto que sabemos). Não esquecer que a concentração de mais de metade da riqueza em 1% da população, pode despoletar alguma raiva e violência (e aí penso que a jihad atrai alguns) em quem pensa que a miséria não é providencia divina, mas fruto de sucessivos governos corruptos. não me espanta nada que surgem novas brigadas vermelhas , talvez brigada verdes, e os culpados são a direita gananciosa e falsamente democrática.
  • Goias Goias22 Jan 2015
    A direita que acha que a esquerda é demasiado compreensiva para com o radicalismo islâmico na europa já tem um modelo que pode imitar para lidar com a situação:
    “Amputação, crucificação e apedrejamento no código penal do Estado Islâmico”
    dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4357397
    • Pedro Grangeio22 Jan 2015
      O primeiro exemplo que eu me lembro foi após os atentados das torres gémeas, em que boa parte da esquerda bem pensante e pseudo-intelectual deste país, se pôs a conjecturar sobre a culpa do Ocidente e dos EUA, em face da “opressão” sobre os países árabes. Outro exemplo recorrente é achar que que nos confrontos entre Israel e grupos terroristas árabes, a culpa é sempre de Israel.
      • Goias Goias23 Jan 2015
        Não é a esquerda bem pensante. É alguem que pense. Ângelo Correia que não é da esquerda radical mas antes um homem de direita embora com conhecimento autêntico das relações do ocidente com o mundo árabe – ao contrário do Pedro que não sabe nada do assunto, provavelmente nem sabe da quantidade de acções militares dos EUA no mundo islâmico antes de 11 de Setembro de 2001 (foram muitas) – Ângelo Correia, dizia, sem justificar com isso os actos terroristas, tal como a esquerda radical, que não os apoia e é ser aldrabão dizer o contrário, falava nas políticas e acções desastrosas e humilhantes para muitos países islâmicos levadas a cabo pelos EUA.
        Quanto a Israel/palestina: matou muito mais palestinianos do que palestinianos mataram israelitas. Israel explusou os palestinianos de suas terras, ou seja, a agressão originária é de Israel. Quem tentou exterminar os judeus não foram os árabes, foram os alemães e foi há 60 anos atrás, ou seja, historicamente foi há pouco tempo.
        O Hamas já declarou que aceita as fronteiras de 1967, ou seja, reconhece tacitamente a existência do Estado de Israel. Neste momento é Israel que não reconhece aos palestinianos o direito a ter um Estado.
        O que a esquerda radical defende é a solução de dois Estados.
        É a direita radical, aquela a que pertence o Observador, que só aceita um Estado, o de Israel.
        Já agora, os EUA e Israel tiveram 15 intervenões militares em países muçulmanos entre 1980 e o 11 de Setembro de 2001.
        alternet.org/world/staggeringly-high-number-muslim-countries-us-has-bombed-or-invaded-1980
        Um tolo pensará que isto não tem consequências.
  • Xico da CUF23 Jan 2015
    Na verdade o colunista tem razão!
    DIZ-ME COM QUEM ANDAS E DIR-TE-EI QUEM ÉS !
    Os terroristas europeus, meninos burgueses preguiçosos, queriam ter ação. E então vá de ir para terras distantes à procura das bases para a adrenalina. Rebentamentos de bombas e barulho de tiros é que dava granel …
    Ser de esquerda e contestatário é que dava notoriedade portanto … aqui vai disto!
    O resultado ficou á vista: extremistas islâmicos e radicais de esquerda andaram de braço dado, até agora …
    A vida é lixada, não é?
    • Goias Goias23 Jan 2015
      Não, não. Quem andou de braço dado com o islão político foram os americanos e ingleses para dar combate aos movimentos socialistas no médio-oriente durante a guerra fria. O problema é que a direita é burra. Vê-se pelo desprezo que têm pelos intelectuais, ou seja, o desprezo que têm por quem estuda.
      • Goias Goias23 Jan 2015
        É natural pelo que leio de vocè que a sua mente tire essa conclusão. Mas não é certo. A esquerda critica ambos os actores nesta história: o intervencionismo irresponsável dos EUA e Europa no médio oriente e a vingança terrorista.
        A esquerda defende a emancipação dos povos em relação ao imperialismo americano e em relação ao jugo do radicalismo terrorista. A direita não. Ela só vê um dos lados. Para a direita os EUA e a Europa têm o direito de matar quantos civís acharem necessários para levar a cabo as suas políticas no médio oriente.
        Para a direita há o mundo ocidental superior e com direitos de vida e de morte sobre o resto do mundo. Para a esquerda, há o mundo inteiro com igual dignidade para todos os povos, sem que nenhum tenha direito de vida ou de morte sobre o outro e em que todos, portanto, têm o direito a resistir à opressão.
      • Xico da CUF24 Jan 2015
        A bem da verdade!
        SOU DE DIREITA e não tenho qualquer desprezo pelos intelectuais.
        Apenas tenho medo de ALGUNS intelectuais. Por exemplo: tive medo quando ouvi, ao vivo, o Professor Boaventura Sousa Santos apelar à sublevação, e nas estrelinhas, armada. Também tenho medo do líder do ISIS, porque também é um intelectual doutorado em teologia.
        Dó e desprezo tenho pelos terroristas, nomeadamente do DAESH.
        Xico
      • Goias Goias24 Jan 2015
        Dizem aqui que Boaventura Sousa Santos andou aí a apelar à violência em Portugal e a defender o terrorismo mas até agora não mostraram uma prova que fosse. Qualquer debate minimamente credível sobre um autor apresenta citações.
        Dizer que “ouvi dizer” não vale nada.
  • Carlos B. Cunha23 Jan 2015
    Com a tecnologia a fazer avanços enormes em áreas como: descodificação do genoma humano, computação digital, nano, criogenia, biologia e a neurologia, pode-se dizer que o conhecimento actual nos pode conduzir à vida eterna que parece estar já ao virar da década.
    Analisando a sociedade e a moralidade actuais onde o desejo de juventude e dos prazeres que a acompanham estão no centro da sociedade capitalista e consumista global, percebe-se a cisão entre estas culturas opostas, que infalivelmente vão provocar faísca.
  • fernando simoes23 Jan 2015
    Excelente texto. Sobretudo muito bom pela sua lucidez. Só é pena é termos ainda tantos “jovens revolucionários” de esquerda “radical” intoxicados por anos e anos de contra-informação que reina na nossa imprensa e que comentam com base na cassete pirata do defunto PCP.
  • Goias Goias23 Jan 2015
    Um dos países islâmicos mais fanáticos e radicais é um velho aliado dos EUA – a Arábia Saudita. Da Arábia Saudita saiu o ideário mais radical do terrorismo islâmico e no entanto a culpa, diz a direita burra, é da esquerda radical. O islão preconizado pelo ISIS é o Islão do fanatismo saudita, um fanatismo que até agora não temos notícia de estar a ser combatido pelos velhos amigos dos americanos.
    “Saudis Must Stop Exporting Extremism
    ISIS Atrocities Started With Saudi Support for Salafi Hate”

    nytimes.com/2014/08/23/opinion/isis-atrocities-started-with-saudi-support-for-salafi-hate.html?_r=0
    • Goias Goias23 Jan 2015
      A decapitação em público é uma pena rotineira na Arábia Saudita. O código penal saudita prevê ainda apedrejamentos e amputações. Este é o amigo dos americanos. Agora vemos o código penal do ISIS revelado há poucos dias: decapitações, crucificações, amputações…É farinha do mesmo saco.
      Mas a culpa, claro, é da esquerda radical.
  • Paulo Valente24 Jan 2015
    Lendo o texto de Rui Ramos, não posso deixar de lhe fazer uma vénia. Aqui está alguém para quem na verdade os fins (ideológicos) justificam os meios que usa (a demagogia. O fundamentalismo islâmico nada tema a ver com a OLP e outros movimentos palestinianos dos anos 70. Basta ver qual a relação entre o Hamas e a OLP por exemplo.
    Mas põe-se uma questão, o que leva jovens europeus a enveredar pelo fundamentalismo islâmico? E não se trata só de jovens muçulmanos ou de cristãos convertidos oriundos de África. As notícias dos últimos dias falam-nos de um jovem luso-francês, com origens em Trás-os-Montes, que morreu na Síria. É a essa questão que Rui Ramos não quer responder e ainda critica quem procura respostas. É que provavelmente a resposta poderá ser semelhante à que explica como é que na década de 30 do Séc. XX Hitler ascendeu ao poder com o apoio da esmagadora maioria dos alemães.

    • António Vieira25 Jan 2015
      Caro Paulo Valente. É curioso que parece existir uma obrigação de OU condenar os atentados do terrorismo islâmico OU tentar compreender o contexto e origens da radicalização. Assim que tentamos compreender, somos acusados de os apoiar, o que é um absurdo. Pegando nesse exemplo de Hitler, algum historiador sério se recusa a olhar para o tratado de Versailles, para a Hiper Inflação ou para a humilhação da derrota na WWI para compreender a ascensão de Hitler ao poder?
  • Rogerio Silva25 Jan 2015
    Que tristeza de pensamento.. para além da esquerda radical, cujos ideias não partilho, “esquece-se” do terrorismo, praticado também, da direita radical.
    Para sermos honestos para com nós próprios não podemos ter antolhos como as mulas que antigamente puxavam as carroças e as impediam de olhar para os lados…
    O fenómeno do “terrorismo” o termo pode ser novo mas o acto, em si, é bem antigo tendo sido praticado por todos os povos.
    A História, relata inúmeros exemplos, inclusive dos massacres feitos em nome da “fé” pelos cruzados.
    Actualmente também assistimos, infelizmente, a vários movimentos radicais quer em Africa quer no Médio Oriente cuja origem nunca é tarde para relembrar teve a chamada primavera árabe, com o patrocínio das potencias ocidentais encabeçadas pelos EU após a desastrada intervenção de Bush no Iraque.

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