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Ariel Inroga with Filipe Jacinto Nyusi and 19 others
Quarta, 24 Dezembro 2014 00:46 |
LI, num jornal, não me recordo qual, que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, mandou retirar a equipa da Televisão de Moçambique (TVM), da cobertura da reunião da Comissão Política Nacional alargada a outros quadros do seu partido, alegadamente, porque a estação televisiva pública não tem dado destaque as actividades da sua formação política.
Que Afonso Dhlakama tomasse essa atitude não me espanta; espanta-me a forma como os restantes órgãos de comunicação social encaram este facto, independentemente de ser público ou privado. O facto é que a medida fere o direito a informação. Ou não!
Espanta-me a forma como o Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS), se mantém quieto e sereno como se nada tivesse acontecido; espanta-me a forma como o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), se mantém no seu cantinho indiferente a tudo isto; espanta-me a forma como a sociedade civil, defensora do direito à informação se mantém indiferente a tudo isto; espanta-me a forma como os partidos políticos com assento parlamentar se mantém indiferentes, a forma como os partidos extra parlamentares reagem a esta atitude de Afonso Dhlakama, presidente da Renamo.
Espanta-me igualmente, a indiferença de parlamentares de diferentes forças políticas na Assembleia da República, nas assembleias provinciais, membros das assembleias municipais; espanta-me a indiferença de analistas sempre atentos a actos políticos e de governação. Não me espanto de mim mesmo porque reajo e digo imediatamente: Senhor Afonso Dhlakama, caros membros da Comissão Política da Renamo, senhores quadros do partido Renamo participantes da reunião de Gorongosa, a democracia se faz na diferença e na tolerância e, os órgãos de comunicação social são pilares da democracia no mundo e, Moçambique certamente, não será excepção.
Se a Renamo e sua liderança reivindicam a “paternidade” da democracia em Moçambique, este acto praticado pelo seu líder sustenta uma democracia estranha e diferente a democracia pelo mundo fora. Que a Renamo não esteja satisfeita com a actuação da TVM, concordo, mas, existem fóruns próprios para manifestar a sua indignação em relação a essa actuação e, no quadro de um Estado de Direito, essas instituições farão o seu trabalho. Agora, a Renamo considerar-se vítima de um processo e ela própria julgar e condenar, configura-se contrário à democracia que “importamos” do Ocidente, diria, é o “linchamento” a democracia!
A atitude da Renamo e sua liderança, pode constituir, um sinal, da forma como irá lidar com a comunicação social quando estiver no poder e, enganam-se as pessoas que pensam que estariam privilegiadas com essa atitude. Muitos críticos de hoje em relação a Frelimo são os mesmos que ontem, endeusavam a liderança da Frelimo na primeira república. Não esqueçamos que a Renamo constituiu-se logo após a independência e essas pessoas, na sua maioria, dominavam os órgãos de comunicação social e, que seja público, nunca desaconselharam o governo a agir da forma como agia. Antes pelo contrário, sempre foram contra o diálogo com “bandidos armados criados pelo Smith e apartheid”. É só recuperar peças jornalísticas de então para tirar as dúvidas.
As organizações da sociedade civil, particularmente a Liga dos Direitos Humanos, na minha opinião, não podem ficar indiferentes a esse sinal de Afonso Dhlakama e do partido Renamo. Devo abrir aqui uns parênteses para dizer que sei e é público que a Renamo se queixa da existência do G40; que através dos órgãos de comunicação social públicos tem estado a “diabolizá-lo”. Queixam-se da falta de imparcialidade na análise de assuntos de interesse da Renamo e outros, mas sei também, através de uma entrevista do falecido escritor Eduardo White que para contrapor esse grupo, criou-se o G30, ambos os grupos são do conhecimento público. Contudo, o G30 nunca foi banido de qualquer evento público.
Por tudo isso, este artigo não somente pretende condenar a atitude do líder da Renamo Afonso Dhlakama, como pretende chamá-lo a razão em relação aos métodos de actuação num contexto plural. A Renamo, no caso de um dia vir a constituir Governo terá certamente, oposição. É preciso saber lidar com a diferença. Será que aqueles que se opuserem a Renamo serão liminarmente eliminados? Ou questionando de outra forma, será que o G30 estará sempre de acordo com as actuações da Renamo, entanto que Governo, banindo outros órgãos de comunicação social porque não divulgam ou não dão destaque as suas actividades? Repare, caro leitor que, muitas destas coisas são subjectivas. É hora de reflectir sobre a sua atitude senhor Afonso Dhlakama e membros da Comissão Política da Renamo. Nunca é tarde para reparar um erro!
Adelino Buque
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