sexta-feira, 28 de novembro de 2014

DISCURSO COMPLETO DE DLHAKAMA NA BEIRA


Magazine CRV added 14 new photos.
Moçambique | Comício de Afonso Dhlakama na Beira, 4ªF. (26)
O PAÍS, "ENTRE A ESPADA E A PAREDE?"
-Imbróglio das eleições, o que a Renamo quer?

-- "O Estatuto de Líder da Oposição não é para o Afonso Dhlakama. Sou mais do que isso”
-- "Será que Gamito, Presidente do fantoche CC, quer apanhar duma AK47?"
-- "Alguma vez a Frelimo aceita sem levar porrada?"
-- "A Felimo jamais, jamais formará o Governo com base nos resultados por roubo nas eleições"
-- "Juro pela alma da minha mãe, nada de disparar"
-- "Uma proposta simples: um apuramento mesa por mesa para verificarmos os editais, e desconto o enchimento das urnas... isso deixo como “matabicho" para o meu amigo Nyusi
-- "Sei o que se passou... não sou um politico de meia-tigela"
-- "Não há dinheiro capaz de comprar Afonso Dhlakama, não preciso ser comprado, não preciso!"
-- "E eu não sei se o Nyusi verdadeiramente tem 3%, ou 4%... (...) acho eu que o Daviz meu irmão se calhar teve mais que o Nyusi"
-- "...Agora, o que é que vai acontecer? Vamos Governar juntos ...assim é evitarmos problemas, confusões..."
-- "Esse governo de gestão de 5 anos, seria um governo técnico- profissional, ...um acordo..."
-- Agora, cabe a Frelimo - não aceitando - apresentar a solução e eu comunicar-vos"

Beira (Magazine CRV) - Na quarta-feira (26), nesta cidade, no Largo dos CFM, Afonso Dhlakama classificando-se “filho da casa” e auto-intitulando-se “porta-voz do povo de Moçambique”, discursou pela primeira vez ao vivo em público após as últimas eleições gerais de 15 Outubro, onde para além de repisar as já propaladas pretensões do seu partido face ao descalabro do sufrágio eleitoral, apresentou mais uma nova proposta.
De seguida apresentamos o discurso directo, praticamente na íntegra, para que tire as suas conclusões para um problema que a partida não fazemos fé em que a Frelimo facilmente venha a aceitar "as regras do jogo" ditadas.
Antes, importante se torna deixar ficar claro - sem necessidade doutra prova - que o Líder da Renamo goza de enorme simpatia das massas e que as multidões que provoca não se trata de forma alguma de tais "curiosos", ficando aqui um caso de estudo e um alerta para as lideranças politicas do país.
DAS RAZÕES DE RESIDIR EM MAPUTO
O Líder da Renamo diz que reside em Maputo porque sendo a capital do país é lá onde se cozinha –principalmente, toda a vida politica da Nação. “Apenas por ser a capital, estamos a ouvir bem? A minha terra, a minha casa é aqui.” Assim dissipando equívocos e deixando claro de que não foi comprado e muito menos aliciado através da controversa Proposta de Líder da Oposição beneficiando-se das mordomias como para não dar motivos de o acusarem de tribalismo ou regionalista porque fora do meio politico nacional.
“Estou lá para defender os vossos interesses. Para dizer que o porta-voz do povo sobretudo Afonso Dhlakama está aqui, na capital.”
Doutro modo, disse que estando a residir numa outra província, diriam que não pode governar o país porque reside na sua região de origem. “Caso contrário, eu estaria aqui com vocês, não precisaria residir em Maputo. Mas porque é a capital e aqueles que roubam o voto estão lá.”
Explicando, usou como exemplo, os jornalistas presentes que reportariam o seu discurso na essência, de forma completa mas que as chefias em Maputo finalizariam a informação com censuras, então “aqueles que decidem fazer os cortes jornalísticos estão lá, não estão aqui. Esses são bons, hoje vão transmitir, vão pôr no computador mas quem vai diminuir um bocadinho, e que estava cheio, estão lá! Por isso, se eu ficar aqui com esses pequenos, tudo vai-se estragar. Quero ficar com os chefes, lá, e lhes dizer para não cortar tudo.”
AS RAZÕES DA VISITA
Justificou a sua primeira visita às províncias após o pleito eleitoral de Outubro último para agradecer o voto de confiança deposito nele e no seu partido pelas populações da região.
“O meu muito obrigado por aquilo que vocês fizeram por mim, porque votaram em mim” e, aproveitando, também agradeceu todas as mensagens recebidas, “tenho quase meia tonelada de papeis.”
CORRER NÃO É CHEGAR
Apelou calma à população, para dizer que a “porrada” não é solução dos problemas. Pelo contrário, tira a razão, garantindo que os tempos são outros pois que, 2014 não é 1994 ou 2014 seja igual a outras eleições dos anos anteriores.
“2014 é friamente 2014. Perceberam bem? Não é preciso apanhar nervos, não é preciso andar aí a bater na Frelimo, não é preciso! Todo o mundo sabe o que é que aconteceu... não é preciso ir à escola para saber interpretar. Mais uma vez a Frelimo roubou os votos do Dhlakama, da Renamo... e nós não precisamos falar da fraude e muito menos vim aqui falar que a Frelimo aqui, ali e naquela mesa foi apanhada a introduzir boletins de voto a favor de ‘Nyusu’ da Frelimo, ...quem é que não viu isso? Estes que estão aqui (indicando aos jornalistas) não têm coragem de escrever com medo de perder o pão. Quem é que não viu? Era preciso ir há escola agora ou arranjar investigador americano para andar de mesa em mesa para poder ensinar as pessoas...? ...que até cegos, apalpando, via logo que este está a roubar!"
CONTROVERSO ESTATUTO DE LÍDER DA OPOSIÇÃO
“Não se preocupem com isso, estão a ouvir? O Estatuto de Líder da Oposição em Moçambique não é para o Afonso Dhlakama. Vamos ouvir bem, ...e jornalistas, gravar bem! Todos os países do mundo têm o estatuto de líder da oposição... Se é que é assim, se a Frelimo pensa que é uma medida para corromper Dhlakama, não é por aí porque eu sou líder da oposição desde 1994 e porquê só hoje, 2014, me querem dar esse estatuto?”,
Desta forma, tranquilizando a população concluiu dizendo que este estatuto já vem tarde, garantindo que não estaria negociando o mesmo com o presidente Armando Guebuza. Ademais, clarificou que disso não precisava, “sou mais do que isso.”
REVOLUÇÃO A COMEÇAR PELO 'CC' FANTOCHE
“O Conselho Constitucional, aquela fantochada, temos que acabar com ela. Estou a propor agora acabarmos com aquela fantochada. Se não acabam com aquilo, vamos fazer a revolução."
"Vamos estudar uma outra instituição, embora tenha sido a Renamo a propor a criação desse Conselho Constitucional há anos atrás através da Assembleia da República. Até que queríamos o Tribunal Eleitoral mas a Frelimo rejeitou. Então inventamos esse nome, o Conselho Constitucional, que não passa duma secção do partido Frelimo, mais nada!,,,"
"(...) o Gamito, nomeado por Guebuza na base da confiança partidária... será que vai envergonhar o Guebuza? Será que o Gamito vai envergonhar o Comité Central? Será que o Gamito quer apanhar AK47? (indicando a sua testa) Será que o Gamito quer ser raptado?"
"Então eu, Afonso Dhlakama, em nome de Moçambique, peço que os intelectuais, académicos, juristas e a sociedade no geral se juntem a mim, a esse homem corajoso, lutador pela democracia. Nós queremos instituições do Estado credíveis, isentas de interesses partidários... não vale a pena criarmos uma instituição que é do Estado quando é uma parte do Comité Central da Frelimo..."
"...Estamos a brincar! Não estamos em 1975... nós lutamos pela democracia, eu assinei com esta mão... forçamos a Frelimo a introduzir a nova Constituição da República em 1990, escrita na base da vitoria da Renamo nas matas. Muitos não sabem e dizem que a Frelmo aceitou... alguma vez a Frelimo aceita sem levar porrada?"
A SOLUÇÃO
“Eu vou dizer, a Felimo jamais, jamais formará o Governo com base nos resultados por roubo nas eleições. Repito, repito, repito, a Frelimo jamais formá o seu Governo com base nos resultados das eleições roubadas... agora, 2014, acabou!..."
"...e juro pela alma da minha mãe, nada de disparar mas também depende da capacidade da Frelimo. Eu tenho essa capacidade, já demonstrei. Sou moçambicano, não tenho receios ou razões (maquiavelista), não sou ladrão, estou abertamente... (...)."
"...Cabe a Frelimo. Será que os lideres da Frelimo estarão em condições e compreender que a situação mudou? (...) Eu aqui, olhando a minha volta, só os jovens presentes de 20 a 25 anos, esses jovens não viram a guerra da Renamo contra a Frelimo (...) mas estão aqui para dizer Dhlakama somos a sua força politica, e é isso que me ajuda, encoraja.”
VERIFICAÇÃO DOS EDITAIS, A NOVA PROPOSTA
“Como a Frelimo quer dizer que o Nyusi ganhou, que todo mundo sabe que Nyusi não ganhou, se na verdade, na verdade Nyusi ganhou, não à problema. Ninguém vai bater alguém que ganhou. Mas a verdade é que estamos cansados de chamarmos Suas Excelências ladrões, corruptos... por isso, se na verdade o Nyusi ganhou, a Frelimo ganhou, tem mais percentagem do que a Renamo, do que o Dhlakama, então proporia o seguinte: que já amanhã o presidente da CNE começa-se a fazer um apuramento mesa por mesa para verificarmos os Editais de mesa por mesa e depois apresentar o apuramento do distrito por distrito e assim o apuramento da província por província... E isso é uma proposta até simples porque nesses editais, os pré-votados (enchimento das urnas) a favor do candidato Frelimo, isso quero descontar, (...) isso deixo como “matabicho" para o meu amigo Nyusi."
"Este é o desafio de um político forte, um político que conhece o país, sei o que se passou... não sou um politico de meia-tigela. (...) quem é esse candidato que tentou comparar com Dhlakama... andavam aí a envenenar com músicos (a dançar)... Dhlakama arrasava aquilo do Rovuma ao Maputo (...) Por isso estou a dizer que 2014 é outra coisa."
O "DESENHO" PARA O PAÍS
"(,,,) portanto, eu não posso esconder aquilo que já estou a desenhar... eu estou com vocês... por isso, quando cheguei ontem no aeroporto eu disse não havia de decepcionar a população nem aos membros da Renamo. Não à razão para isso... (...) ...não há montante em dinheiro capaz de comprar Afonso Dhlakama, não preciso ser comprado, não preciso! Aliás, teria sido comprado há anos já. Vocês me conhecem? Acreditam em mim? Nunca iria abandonar a vocês, por isso vim aqui... mas neste momento o que estou a desenhar, a própria Frelimo já sabe, não oficialmente, mas já sabe. Já falei isso para alguns Orgãos de Comunicação..."
"...nós estamos a dizer já que Dhlakama ficou com 36 ou com 35% ao nível do país nas presidenciais, (de) voto verdadeiro, percentagem legítima (depois de ter roubado sobrou 35% para o Dhalakma) e o meu amigo candidato da Frelmo, o pai ‘Nyusu’, apanhou 57%. ..."
"Em condições normais se fosse numas eleições transparentes justas sem fraude já o teríamos felicitado. Mas como nós sabemos e ele próprio sabe, o partido dele sabe, que não apanhou nada... e eu não sei se o Nyusi verdadeiramente tem 3 ou 4%... acho eu que o Daviz meu irmão aqui se calhar teve mais que o Nyusi..."
"...então, o Nyusi não pode formar o Governo porque 50% não são de votos verdadeiros, são de enchimento, de falsificação de editais, de actas e tudo aquilo para chegar a 57%..."
"... Por isso tenho pena dele, porque pelo menos saber se apanhou um porcento ou três! ...eu, depois de me roubar, como homem forte, fiquei com 35%!!!..."
"...Eu, com 35% não posso formar Governo, segundo a constituição de Moçambique é preciso 50+1 (...) e ele com 57% falsos também não pode formar o Governo... nem pensar... estou a dizer, se alguns aqui pensavam que a Frelimo vai formar o Governo, não vai!..."
"...Agora, o que é que vai acontecer? Vamos Governar juntos. Esta notícia se calhar seja publicamente importante... os jornalistas por favor... vamos governar juntos, quer os ministérios, quer os governadores, quer os distritos, nos gabinetes, vamos governar juntos! ...assim é evitarmos problemas, assim é evitarmos confusões..."
"...Então, quem vai ser o presidente desse governo de transição ou de gestão? vamos sentar, a Renamo e a Frelimo, para discutirmos... mas eu já adiantei que sendo um governo destes, eu não gostaria de ser presidente... por isso, que fique claro. Ficaria a fiscalizar a governação. (...)"
"Assim, ninguém vai sair a perder, nem a Renamo nem a Frelimo. E atenção, esse Governo não é de Unidade Nacional nem de Reconciliação. Esse governo de Gestão de 5 anos, seria um governo profissional, ...isso vai funcionar como se trata-se de um acordo técnico-profissional...(...) Não será a Frelimo, não será o Nyusi que vai formar o seu Governo. Nem será o Dhlakama, não é isso. É uma negociação, um acordo e esse acordo vai permitir que as duas forças de facto coloquem os seus talentos recomendados para cumprirem na integra até 2019. Depois daí, quem ganhar vai governar com o seu programa. (...) Agora cabe a Frelimo - não aceitando - apresentar a solução e eu comunicar-vos (o povo)." (M. Hanif Mussa)
Like
Like ·  · 

Sem comentários:

Enviar um comentário

MTQ