Editorial - Curtíssimo intervalo
Salvo melhor interpretação, tudo parece indicar que os principais líderes políticos moçambicanos continuam determinados a, ciclicamente, repetir os mesmos erros, quando podiam, querendo, experimentar novos e diferentes.
Tudo indica, por assim dizer, que desta vez o intervalo das hostilidades armadas será curto, aliás curtíssimo, comparado com aquele que durou perto de 21 anos, se nada de sério e rápido for feito.
Alguns dirão que sou pessimista, mas como em momentos anteriores, alertas destes não faltaram, porém foram ignorados e deu no que deu. Pena que depois de centenas de cadáveres plantados na terra os responsáveis dos grupos dinamizadores da guerra se sentam, conversam, assinam pactos de paz (podre) e convivem, enquanto os “pobres coitados” já perderam os seus entes queridos e bens materiais e nem são tidos nem achados.
Nos últimos tempos renovados sinais dão a entender que Moçambique parece caminhar, de novo, a passos largos PARA mais uma confrontação militar, senão vejamos:
- fala-se de agrupamentos e reforços de contingentes militares do Governo em diversas regiões do país, com maior enfoque PARA o Centro (dirão alguns que é legítimo exercício governamental).
- há dias multiplicou-se um “bate-boca” por causa da VISITA do vice-ministro do Interior, José Mandra, ao acampamento de onde em 21 de Outubro de 2013, depois de lá viver exactamente um ano, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, foi afugentado, a tiros, por uma coligação das Forças de Defesa e Segurança (FDS), em Sadjundjira. De novo, os legalistas dirão que se trata de um exercício legítimo do Governo.
- foi noticiado que os “homens armados residuais da Renamo” impedem a circulação de pessoas e bens nas zonas sob sua influência/controlo (eles alegam que desconfiam das reais intensões de algumas delas).
- inevitavelmente, de seguida surgiram acusações de parte a parte (Governo/Renamo) de violação do pacto de cessação das hostilidades celebrado a 5 de Setembro deste 2014 pelo ACTUAL Chefe de Estado, Armando Guebuza, e o líder da Renamo (seguido de uma animada patuscada de ambos e outros convivas na Presidência da República).
- ... e quando alguns políticos tanto da Renamo como do Governo/Frelimo (mesmo os que se acreditava serem “RESERVASmorais” sociais) cada vez que abrem a boca, na media, falam apenas babozeiras que só atiçam o ódio e animam a violência que causará vítimas e mártires apenas a filhos dos que (quase) em nada se beneficiam das riquezas deste Moçambique.
- Esta quarta-feira Dhlakama orientou um comício na Beira, CAPITALda sua sempre fiel província de Sofala, PARA repudiar os resultados das eleições de 15 de Outubro passado publicados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) que o dão como derrotado, pela quinta vez consecutiva, desta frente a Nyusi, o Filipe, do partido Frelimo, que deverão ser homologados nos próximos dias pelo Conselho Constitucional (CC).
- Dhlakama diz que o comício da Beira foi o “pontapé de saída” de outros que tenciona orientar pelo país fora, PARA “agradecer o voto em si depositado pelo povo” no escrutínio de Outubro.
E MAIS, o líder da Renamo vem agora dizer que rejeita o estatuto de “Líder da Oposição”, por se tratar de uma artimanha da Frelimo/Governo para acomodá-lo e fazê-lo resignar de “lutar pelo povo”.
“Esse estatuto de líder da oposição não é para mim. Pode ser até para Nyusi”, diz Dhlakama que se afirma vencedor das eleições e farto de ser “empurrado” sempre que se prepara para se sentar na poltrona de Chefe de Estado de Moçambique, depois de assim ter sido eleito pelo povo.
“Com assessores, gabinete e carro pensam que posso esquecer o meu povo e ficar em Maputo acomodado, não é esse o Dhlakama, porque aqui na Beira e lá no norte pensam que ‘o nosso irmão (Afonso Dhlakama) vai ser comprado, vai ser líder da oposição’, isto não é o Dhlakama”, extremou o líder da Renamo.
- Dhlakama vai mais longe e promete formar Governo em Janeiro e diz que jamais baixará os braços, e avisa: “sei lutar. Sei lutar”.
Vale recordar que em 5 de Setembro de 2015, em plena sala magna do novel edifício da Presidência da República de Moçambique, Dhlakama avisou, alto e bom som, não estar disponível para negociar e/ou assinar um terceiro acordo de paz...
Posto isso, parecem estar mais que reunidos todos os ingredientes necessários PARA uma nova carnificina em Moçambique, porque o Nyusi, segundo a CNE e o STAE, eleito futuro PR de Moçambique com 57,03%, também, de facto, estará já a esboçar (senão mesmo já a fazer CONSULTAS) PARA formar o seu Gabinete, e não vejo coabitação alguma de dois executivos antagónicos nesta chamada Pérola do Índico.
Porque a mim não interessa um cenário de guerra, muito pelo contrário, como sempre digo quando faço este tipo de ALERTAS, termino fazendo votos sinceros de estar flagrantemente equivocado.
PS
- Para completar o quadro temos os sucessivos raptos e sequestros nas grandes cidades de Moçambique, com destaque para as de Maputo e Matola;
- Temos a multiplicação crescente de casos de roubos de viaturas e propriedades, não raras vezes “apimentados” com agressões físicas e violações sexuais;
- E, por enquanto, o conflito diplomático (que pode resvalar para outras modalidades) por causa da disputa fronteiriça (marítima) com a vizinha República da África do Sul, hoje governada pelos “camaradas” do ANC, a fé dos comentários feitos semana passada em público na cidade da Beira pelo embaixador da França, Serge Segura, segundo os quais o assunto já corre os seus trâmites na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque..
CORREIO DA MANHÃ – 27.11.2014
Salvo melhor interpretação, tudo parece indicar que os principais líderes políticos moçambicanos continuam determinados a, ciclicamente, repetir os mesmos erros, quando podiam, querendo, experimentar novos e diferentes.
Tudo indica, por assim dizer, que desta vez o intervalo das hostilidades armadas será curto, aliás curtíssimo, comparado com aquele que durou perto de 21 anos, se nada de sério e rápido for feito.
Alguns dirão que sou pessimista, mas como em momentos anteriores, alertas destes não faltaram, porém foram ignorados e deu no que deu. Pena que depois de centenas de cadáveres plantados na terra os responsáveis dos grupos dinamizadores da guerra se sentam, conversam, assinam pactos de paz (podre) e convivem, enquanto os “pobres coitados” já perderam os seus entes queridos e bens materiais e nem são tidos nem achados.
Nos últimos tempos renovados sinais dão a entender que Moçambique parece caminhar, de novo, a passos largos PARA mais uma confrontação militar, senão vejamos:
- fala-se de agrupamentos e reforços de contingentes militares do Governo em diversas regiões do país, com maior enfoque PARA o Centro (dirão alguns que é legítimo exercício governamental).
- há dias multiplicou-se um “bate-boca” por causa da VISITA do vice-ministro do Interior, José Mandra, ao acampamento de onde em 21 de Outubro de 2013, depois de lá viver exactamente um ano, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, foi afugentado, a tiros, por uma coligação das Forças de Defesa e Segurança (FDS), em Sadjundjira. De novo, os legalistas dirão que se trata de um exercício legítimo do Governo.
- foi noticiado que os “homens armados residuais da Renamo” impedem a circulação de pessoas e bens nas zonas sob sua influência/controlo (eles alegam que desconfiam das reais intensões de algumas delas).
- inevitavelmente, de seguida surgiram acusações de parte a parte (Governo/Renamo) de violação do pacto de cessação das hostilidades celebrado a 5 de Setembro deste 2014 pelo ACTUAL Chefe de Estado, Armando Guebuza, e o líder da Renamo (seguido de uma animada patuscada de ambos e outros convivas na Presidência da República).
- ... e quando alguns políticos tanto da Renamo como do Governo/Frelimo (mesmo os que se acreditava serem “RESERVASmorais” sociais) cada vez que abrem a boca, na media, falam apenas babozeiras que só atiçam o ódio e animam a violência que causará vítimas e mártires apenas a filhos dos que (quase) em nada se beneficiam das riquezas deste Moçambique.
- Esta quarta-feira Dhlakama orientou um comício na Beira, CAPITALda sua sempre fiel província de Sofala, PARA repudiar os resultados das eleições de 15 de Outubro passado publicados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) que o dão como derrotado, pela quinta vez consecutiva, desta frente a Nyusi, o Filipe, do partido Frelimo, que deverão ser homologados nos próximos dias pelo Conselho Constitucional (CC).
- Dhlakama diz que o comício da Beira foi o “pontapé de saída” de outros que tenciona orientar pelo país fora, PARA “agradecer o voto em si depositado pelo povo” no escrutínio de Outubro.
E MAIS, o líder da Renamo vem agora dizer que rejeita o estatuto de “Líder da Oposição”, por se tratar de uma artimanha da Frelimo/Governo para acomodá-lo e fazê-lo resignar de “lutar pelo povo”.
“Esse estatuto de líder da oposição não é para mim. Pode ser até para Nyusi”, diz Dhlakama que se afirma vencedor das eleições e farto de ser “empurrado” sempre que se prepara para se sentar na poltrona de Chefe de Estado de Moçambique, depois de assim ter sido eleito pelo povo.
“Com assessores, gabinete e carro pensam que posso esquecer o meu povo e ficar em Maputo acomodado, não é esse o Dhlakama, porque aqui na Beira e lá no norte pensam que ‘o nosso irmão (Afonso Dhlakama) vai ser comprado, vai ser líder da oposição’, isto não é o Dhlakama”, extremou o líder da Renamo.
- Dhlakama vai mais longe e promete formar Governo em Janeiro e diz que jamais baixará os braços, e avisa: “sei lutar. Sei lutar”.
Vale recordar que em 5 de Setembro de 2015, em plena sala magna do novel edifício da Presidência da República de Moçambique, Dhlakama avisou, alto e bom som, não estar disponível para negociar e/ou assinar um terceiro acordo de paz...
Posto isso, parecem estar mais que reunidos todos os ingredientes necessários PARA uma nova carnificina em Moçambique, porque o Nyusi, segundo a CNE e o STAE, eleito futuro PR de Moçambique com 57,03%, também, de facto, estará já a esboçar (senão mesmo já a fazer CONSULTAS) PARA formar o seu Gabinete, e não vejo coabitação alguma de dois executivos antagónicos nesta chamada Pérola do Índico.
Porque a mim não interessa um cenário de guerra, muito pelo contrário, como sempre digo quando faço este tipo de ALERTAS, termino fazendo votos sinceros de estar flagrantemente equivocado.
PS
- Para completar o quadro temos os sucessivos raptos e sequestros nas grandes cidades de Moçambique, com destaque para as de Maputo e Matola;
- Temos a multiplicação crescente de casos de roubos de viaturas e propriedades, não raras vezes “apimentados” com agressões físicas e violações sexuais;
- E, por enquanto, o conflito diplomático (que pode resvalar para outras modalidades) por causa da disputa fronteiriça (marítima) com a vizinha República da África do Sul, hoje governada pelos “camaradas” do ANC, a fé dos comentários feitos semana passada em público na cidade da Beira pelo embaixador da França, Serge Segura, segundo os quais o assunto já corre os seus trâmites na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque..
CORREIO DA MANHÃ – 27.11.2014
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