Acerca de dois meses logo ao início da campanha eleitoral disse aqui que não entraria em debates sobre a política em Moçambique sob riscos de ser julgado ou associado a um dado partido ou outro, mas que no entanto, me pronunciaria apenas e apenas há questões do tipo incoerências de qualquer que fosse o candidato (PR ou Partido). Ora, hoje quero aqui discutir e opinar sobre os resultados, e disso levantar as possíveis causas desses resultados.
Mais um, ou menos um deputado agora não vem ao acaso e nem alteraria muito a ordem dos acontecimentos. Vou começar analisando os dados sempre pela FRELIMO como principal termo de comparação por dois motivos, primeiro é que esta no poder, segundo é a maquina operativa mais ativa na vida política em Moçambique. A confirma-se que a FRELIMO terá 144 deputados, e a oposição junta 106 (88 Renamo e 16 MDM) significaria que a FRELIMO de modo geral perde entre 24 à 30% a favor da oposição que, respectivamente, a renamo tem um aumento entre 80% à 85% do seu eleitorado em relação a seu eleitorado passado e o MDM tem um aumento entre 85 à 93% em relação ao seu eleitorado passado (aqui abrimos aspas, na medida que precisa considerar que nas eleições passadas o MDM apenas teve acesso a 4 províncias, o que de alguma forma influência a possibilidade de discutir particularidades deste crescimento ou estagnação deste movimento).
Ora, palavras como vitórias retumbantes, asfixiantes, goleada passam a ter uma relativa compreensão e elas podem-se compreender em dois parâmetros, nomeadamente no parâmetro generalista por um lado, o que significa que é goleada, retumbante, asfixiante, etc só e somente só se considerarmos que, na AR (ainda não vou para o caso das Presidencias) a FRELIMO continuará podendo aprovar “algumas leis” perdendo, em demasia o seu controlo sobre a Constituição da Republica de Moçambique e por outro lado, no parâmetro particularista, que se relaciona com o fato de ter eleito o seu presidente. No entanto, se olharmos para essas palavras no seu significado denotativo, não se pode falar nelas nesta vitoria na medida em que o partido no geral perde sua capacidade de influência no seu maior instrumento das ultimas eleições, a (CRM).
Os Problemas: Sentidos contrários dos ideiais
Vi e pude ler todos os manifestos eleitorais e acompanhei os discursos. Em relação aos manifestos eleitorais o da FRELIMO pautou por um discurso que salientava, de forma geral, que se estava num bom rumo e que se devia necessariamente continuar. Seriament que olhando para os dados macro-economicos do país, aqui os economistas podem melhor do que eu analisar o país esta nesse rumo com um crescimento anual único na África Austral de cerca de 8,9% anos (IDH, 2010, 2011, 2012), mas como isso se reflete no povo? (aqui o pecado da FRELIMO, retomaremos isso a seguir). O manifesto do MDM apresenta-se muito evasivo, no entanto trouxe algo que a RENAMO trouxe em dois momentos, nomeadamente ao nível do manifesto (definido claramente o que compreendia por cada categoria que usou (despartidarização, separação de poderes, pobreza, etc) e do discurso popular, a esperança ou utopia.
Creio que a FRELIMO errou ao não ser capaz de criar utopias para o povo e isso resulta de um afastamento deste movimento com parte do partido que refletia o partido. O slogan “sou mais NHussy” induz a uma empatia com a pessoa e não com a capacidade desta pessoa em dar destinos a quem confia em Nhussy ou é mais NHussy. Diferentemente de “Moçambique para todos” que traz a esperança, o sonho e ainda a possibilidade ou seja o acesso e ainda igual discurso de Dhlakhama que apelava a um país unido cheio de infortúnios e que era necessário mudar a FRELIMO não foi capaz disso. O simples “Yes, we can” não é mais nada senão uma utopia.
A FRELIMO pecou por ter sido incapaz de passar esse “Yes, we can” ao seu eleitorado. Não esta aqui em causa a não visibilidade das obras, dos resultados de um ou outro governo mas, na capacidade de justificar esse fim. A FRELIMO deixou por terra um detalhe que a política alimenta e sustenta-se de opiniões e decisões. Portanto, a FRELIMO não foi capaz de fazer o que sempre fez, manter-se me sintonia na sua direção com a população. Este fato é tão mais importante na medida em que em Moçambique nos últimos anos houve um crescimento de Instituições de ensino superior, o que obriga ou leva mais pessoas a pensarem discutir com mais profundidade, não me refiro aqui a qualidade destas, mas a possibilidade que estas dão para abertura de visões e conseqüentes relações de implicação em uma cadeia de relações e influências. Por outro lado, a oposição conseguiu acertar essa direção.
A pergunta que fica é: isto quererá dizer que a FRELIMO perdeu as eleições? Não, se entendermos que continuará com maior numero de assentos parlamentares e com a PR. No entanto, se entendermos, que a oposição teve um crescimento na ordem acima mostrada então ela também não perdeu, assumiu sim, Robert Mitchell (poder relativo) o que torna o nosso pais numa democracia com tendência a partido dominante.
Iriam, perguntar e a fraude ou supostas fraudes? Esta resposta fica para semana, quando analisar o que julgo sobre a percepção do poder em Moçambique.
Convido: Livre Pensador, Elisio Macamo, Miguel OM De Brito, Ismael Mussa, Padil Salimo, Dino Foi, Filimao Suaze, Mablinga Shikhani, Cléo Mafu, Josina Malique, Eusébio A. P. Gwembe, Tony Ciprix, Lissungu Mazula, Lazaro Mabunda, Egidio Vaz, Bayano Valy, Gito Katawala, Nrd Macata, Olivio Mutaquiha, Tshuvunga Bembele, Joao Cabrita, Gabriel Muthisse, Américo Matavele, José Jaime Macuane, e mais amigos
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