quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Santana Lopes diz que foi “muito difícil” convencer Portas a voltar atrás

Santana Lopes diz que foi “muito difícil” convencer Portas a voltar atrás
Por PÚBLICO
14/08/2013 - 10:24

O social-democrata elogia a forma como Passos Coelho geriu a crise política e aplaude a solução encontrada. Sobre a possibilidade de se candidatar a Presidente da República, diz que está em aberto.


Santana Lopes elogia a solução encontrada para sanar a crise política Daniel Rocha/Arquivo
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Paulo Portas
Vítor Gaspar
Santana LopesFoi pela "pátria” que Paulo Portas recuou na decisão, que ele próprio disse ser “irrevogável”, de sair do Governo. Quem o diz é Pedro Santana Lopes, amigo de longa data do actual vice-primeiro-ministro, que confessa ter sido uma das pessoas que o tentou convencer a voltar atrás. E foi “muito difícil”.

O actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa afirma nesta quarta-feira, em entrevista ao Diário Económico, que a crise política espoletada pelo pedido de demissão de Vítor Gaspar foi o culminar de um período de “muita tensão”. “Estava tanta tensão acumulada, foi como uma panela de pressão.”

Foi um Portas “esgotado” e a sentir-se “desconsiderado” que apresentou a demissão, e foi “muito, mas muito difícil” convencê-lo a voltar atrás. Recuou pela pátria e não por querer mais poder, garante Santana Lopes. “Se não voltasse era muito mau para Portugal”, considera, elogiando ainda o “sangue frio” de Passos Coelho para gerir a crise.

Critica, por outro lado, Vítor Gaspar e a sua carta de despedida, que era “evitável”. “Ele não tinha nada que a escrever, não tinha nada de dizer que errou, porque acho que ele falhou numa data de previsões, mas todos falham”, afirma.

Santana Lopes elogia a solução encontrada para sanar a crise política. “É evidente que o CDS ganhou uma força considerável”, reconhece, acrescentando que acredita que a elaboração do Orçamento do Estado do próximo ano vai ser pacífica.

Nesta entrevista de cinco páginas, o ex-primeiro-ministro não exclui a possibilidade de ser candidato à Presidência da República. “Se achar que é útil ser candidato nessa altura, procurarei fazer tudo para que isso aconteça”, admite.

Deixa também críticas ao actual sistema presidencial, que considera propício a criar instabilidade ao deixar nas mãos de uma só pessoa a possibilidade de tirar do Governo uma maioria eleita pelos portugueses. E argumenta que quando um Presidente convoca eleições a meio de uma legislatura ganha sempre a oposição. “Eu sou exemplo: com uma dissolução surpresa no meio da legislatura, ganha sempre quem está na oposição.”

Sobre a interrupção do seu mandato em 2004, o social-democrata considera que só foi possível porque o sistema é “batoteiro”, e admite que não esperava esse desfecho. “Nada o fazia indicar. Mesmo na véspera de ter acontecido, [Jorge Sampaio] disse-me que não aconteceria”, diz.

Questionado sobre as autárquicas de Lisboa, Santana Lopes afirma que o PSD “não geriu bem” a candidatura de Fernando Seara à capital e que esta está atrasada. “Não gosto de ver o PSD a não fazer campanha nesta altura em Lisboa.” E remata: “O dr. António Costa [actual presidente da Câmara] não tem adversário. Mas a culpa não é dele, nem da esquerda. É culpa do PSD.”

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