Quantos Morreram em Mueda? (Repetição)
Por GUILHERME ALMOR DE ALPOÍM CALVÃO*
Domingo, 16 de Junho de 2002
No livro "Guerra Colonial", publicado no "Diário de Notícias" e de autoria de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, a páginas 106 afirma-se que "no dia 16 de Junho de 1960 (....) reuniram-se em Mueda milhares de agricultores da região para exigirem do Governador, presente no local, a melhoria das condições de vida e a possibilidade de criação de cooperativas. Depois de mais de quatro horas de reunião sem qualquer acordo, as autoridades acabaram por dispersar a multidão com recurso às armas, o que se traduziu por verdadeiro massacre, julgando-se que possam ter morrido cerca de meio milhar de pessoas".
Quatro anos mais tarde, o segundo dos autores acima referido reescreveu no livro "Nó Górdio" que morreram na região de Mueda cerca de uma vintena de manifestantes. A grande discrepância entre os números apresentados revela falta de rigor histórico, cuja causa deixo ao julgamento de cada um. Pela minha parte, resolvi consultar os boletins semestrais do Arquivo Histórico de Moçambique da Universidade Eduardo Mondlane, organismo que tem sistematizado os inúmeros arquivos documentais deixados pela administração portuguesa de Moçambique, num trabalho que é de louvar e que tem permitido a numerosos investigadores moçambicanos apresentar teses de mestrado e doutoramento em História, de proveitosa leitura para que se interessa pelo passado recente do grande Estado da África Oriental.
O número 14, de Outubro de 1993, dedicado á província de Cabo Delgado (anterior à publicação de "Guerra Colonial"), apresenta importantes esclarecimentos sobre o assunto: " Exemplo disso é a contradição entre as 600 vítimas do massacre, na versão do movimento nacionalista (número a que se chega pela contagem eventual das bicicletas deixadas no terreno?) ou os 17 mortos segundo algumas testemunhas oculares (ver entrevista de Daniel Muilundo)". O relatório militar português fala em 14 mortos e alguns feridos, o que é perfeitamente consistente com o número referido pelas testemunhas moçambicanas deste lamentável incidente.
Domingo, 16 de Junho de 2002
No livro "Guerra Colonial", publicado no "Diário de Notícias" e de autoria de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, a páginas 106 afirma-se que "no dia 16 de Junho de 1960 (....) reuniram-se em Mueda milhares de agricultores da região para exigirem do Governador, presente no local, a melhoria das condições de vida e a possibilidade de criação de cooperativas. Depois de mais de quatro horas de reunião sem qualquer acordo, as autoridades acabaram por dispersar a multidão com recurso às armas, o que se traduziu por verdadeiro massacre, julgando-se que possam ter morrido cerca de meio milhar de pessoas".
Quatro anos mais tarde, o segundo dos autores acima referido reescreveu no livro "Nó Górdio" que morreram na região de Mueda cerca de uma vintena de manifestantes. A grande discrepância entre os números apresentados revela falta de rigor histórico, cuja causa deixo ao julgamento de cada um. Pela minha parte, resolvi consultar os boletins semestrais do Arquivo Histórico de Moçambique da Universidade Eduardo Mondlane, organismo que tem sistematizado os inúmeros arquivos documentais deixados pela administração portuguesa de Moçambique, num trabalho que é de louvar e que tem permitido a numerosos investigadores moçambicanos apresentar teses de mestrado e doutoramento em História, de proveitosa leitura para que se interessa pelo passado recente do grande Estado da África Oriental.
O número 14, de Outubro de 1993, dedicado á província de Cabo Delgado (anterior à publicação de "Guerra Colonial"), apresenta importantes esclarecimentos sobre o assunto: " Exemplo disso é a contradição entre as 600 vítimas do massacre, na versão do movimento nacionalista (número a que se chega pela contagem eventual das bicicletas deixadas no terreno?) ou os 17 mortos segundo algumas testemunhas oculares (ver entrevista de Daniel Muilundo)". O relatório militar português fala em 14 mortos e alguns feridos, o que é perfeitamente consistente com o número referido pelas testemunhas moçambicanas deste lamentável incidente.
Quanto às causas avançadas para a "banja" com o Governador e citadas pelos mencionados autores, convém esclarecer que as chamadas cooperativas (em maconde liguilanilu, que significa, compreendemo-nos todos) - aliás, sem nenhuma actividade colectivizada - foram fundadas em 1957 (Sociedade Algodoeira Voluntária de Moçambique) e em 1960 (Machamba 25) pelo que não constituiam motivo de reclamação.
A minuciosa informação número 269/B/11, de 24 de Novembro de 1960, enviada pelo inspector administrativo Pinto da Fonseca ao Secretário Provincial do Governo de Moçambique, descreve pormenorizadamente os acontecimentos, realçando os protestos que os porta-vozes dos populares levantaram contra a exigência feita pela administração da circunscrição de serem obrigados a vender galinhas e cabritos a preços extorsionários.
Na reunião estiveram presentes cerca de 5 mil elementos da população cujos ânimos se exaltaram e donde resultaram agressões ao Governador do Distrito e a outros funcionários. A secção de cipaios da circunscrição abriu então fogo sobre a multidão, tendo entretanto chegado um pelotão de infantaria que secundou a acção dos cipaios e a dispersou, deixando alguns mortos (14?17?) e feridos no terreno.
As fontes moçambicanas dizem ainda que os dois porta-vozes da população, membros da MANU (Maconde African National Union), além das reclamações atrás referidas, pediram a independência para o planalto maconde afim de o integrar na região confinante e de similaridade étnica da Tanzânia.
Segundo duas testemunhas moçambicanas ouvidas pela equipa do Arquivo Histórico de Moçambique em 7/7/81 "Quando a MANU apareceu nós confiámos nela porque era o movimento que vinha para nos libertar, mas no decorrer do processo verificámos que não havia indivíduos capazes de dirigir o movimento. Os elementos que existiam eram ladrões porque enganavam as populações e comiam o dinheiro, tal como descobrimos depois. A preocupação desses líderes era de roubar o dinheiro das pessoas. O massacre de Mueda não teria ocorrido se os líderes tivessem tido a calma necessária".
A informação nº 269/B/11 que já mencionámos, deu origem a processos disciplinares contra o Administrador da circunscrição e outros funcionários, que foram punidos pelos códigos então em vigor. É possível que depois da independência de Moçambique, alguns deles se tenham transformado em ardentes apoiantes da Frelimo...
Esperamos que numa próxima edição sejam introduzidas as correções que se impôem nas páginas da "Guerra Colonial", a bem de uma perspectiva histórica mais equilibrada e menos distorcida.
*Comandante da Marinha reformado e ex-combatente na Guerra Colonial
Jornal Público (16.06.2002)
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Do livro de Eduardo Mondlane – Lutar por Moçambique
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O outro acontecimento, também ligado às cooperativas, foi um aumento da agitação espontânea, que culminou numa grande manifestação em Mueda em 1960. Esta manifestação, embora passasse despercebida no resto do Mundo, actuou como catalisador sobre a região. Mais de 500 pessoas foram abatidas pelos Portugueses, e muitos daqueles que até então não tinham encarado bem o uso da violência denunciavam agora a resistência pacifica como fútil. A experiência de Teresinha Mblale, agora militante da FRELIMO, mostra porquê: "Eu vi como os colonialistas massacraram o povo em Mueda. Foi quando eu perdi o meu tio. A nossa gente estava desarmada quando eles começaram a disparar." Ela foi uma de entre os milhares que decidiram nunca mais estarem desarmados, em frente da violência portuguesa.
Alberto Joaquim Chipande, então com a idade de 22 anos, e agora um dos chefes em Cabo Delgado, dá-nos um relato mais completo:
"Certos chefes trabalhavam no meio de nós. Alguns deles foram levados pelos Portugueses -Tiago Muller, Faustino Vanomba, Kibiriti Diwane - no massacre de Mueda em 16 de Junho de 1960. Como é que aquilo aconteceu? Bem, alguns dos homens puseram-se em contacto com a autoridade e pediram mais liberdade e mais salário... Depois, estando o povo a dar apoio a estes chefes, os Portugueses mandaram polícia pelas aldeias, convidando as populações para uma reunião em Mueda.
Vários milhares vieram ouvir os Portugueses. Como depois se verificou, o administrador tinha pedido ao governador da província de Cabo Delgado que viesse de Porto Amélia e trouxesse uma companhia do exército. Mas estas tropas esconderam-se ao chegarem a Mueda. Ao princípio não as vimos. Então o governador convidou os nossos chefes a entrarem no edifício da Administração. Eu estava à espera do lado de fora. Ali estiveram durante quatro horas. Quando saíram para a varanda, o governador perguntou à multidão quem queria falar. Muitos queriam falar, e o governador disse-lhes que se colocassem à parte.
Depois, sem mais uma palavra, mandou a policia amarrar as mãos daqueles que estavam à parte, e a polícia começou a bater-lhes. Eu estava ao pé. Vi tudo. Quando o povo viu o que estava a acontecer, começou a manifestar-se contra os portugueses, e os portugueses limitaram-se a mandar avançar os camiões da polícia para lá meter os presos. Contra isto continuaram as manifestações. Nesse momento a tropa ainda estava escondida e o povo avançou para a polícia, tentando impedir que os presos fossem levados dali. Então o governador chamou a tropa, e, quando os soldados apareceram, mandou-os abrir fogo. Mataram à volta de 600 pessoas. Agora, os Portugueses dizem que castigaram este governador, mas claro que se limitaram a mudá-lo de lugar. Eu próprio escapei porque estava perto dum cemitério onde me consegui esconder, e depois fugi,"
Depois deste massacre, nunca mais o Norte podia voltar à normalidade. Em toda a região tinha-se levantado o mais amargo ódio contra os portugueses e era evidente, uma vez por todas, que a resistência pacífica era fútil. ...
DESCRIÇÃO DOS ACONTECIMENTOS DE MUEDA EM 16.06.1960, POR UM DOS INTERVENIENTES, ENTÃO FUNCIONÁRIO ADMINISTRATIVO:
MUEDA 11 DE JUNHO DE 1960.
SEIS HORAS E MEIA DA MANHÃ O CIPAIO ERNESTO BATE Á PORTA DE MINHA RESIDÊNCIA PARA ME INFORMAR QUE O FAUSTINO VANOMBE, QUE SEMANAS ANTES, CUMPRINDO ORDENS TINHAMOS POSTO NA FRONTEIRA COM A TANZÂNIA, SE ENCONTRAVA Á PORTA DA SECRETARIA DA ADMINISTRACÃO JUNTAMENTE COM OUTROS MACONDES E PRETENDIAM FALAR COM O ADMINISTRADOR. COMO TODOS NOS TÍNHAMOS DEITADO TARDE POIS TÍNHAMOS IDO COM A EQUIPE DE FUTEBOL COMPARTICIPAR NAS FESTAS DO 10 DE JUNHO, A MOCÍMBOA DA PRAIA DEI ORDENS AO ERNESTO PARA IR BUSCAR OS CIPAIOS ANTÓNIO E PAULO E IR PARA A SECRETARIA QUE EU JÁ LA IRIA TER.
FARDEI-ME E DIRIGI-ME A SECRETARIA PARA OBSERVAR AO CERTO O QUE SE PASSAVA. CONSTATADA A VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES DIRIGI-ME PARA CASA DO ADMINISTRADOR ONDE LHE DEI CONTA DOS FACTOS. TOMEI O PEQUENO ALMOÇO COM A FAMÍLIA DO SENHOR ADMINISTRADOR E CADA UM NO SEU CARRO E COM UM INTERVALO PEQUENO DIRIGIMO-NOS AO LOCAL ONDE, COMO HABITUALMENTE, FUNCIONAVAM AS BANJAS. JUNTO À SECRETARIA ONDE DE FACTO ESTAVAM CONCENTRADOS CERCA DE TRINTA MACONDES ENTRE OS QUAIS SE ENCONTRAVAM O CHIBRITO E O FAUSTINO. APRESENTADOS OS BONS DIAS A TODOS PERGUNTOU O SENHOR ADMINISTRADOR A QUE SE DEVIA AQUELA REUNIÃO, POIS COMO ELES SABIAM NÃO ESTAVA MARCADA QUALQUER BANJA PARA AQUELA DATA. TOMOU A PALAVRA O CHIBRITO QUE RESPONDEU VIR SABER A RESPOSTA QUE HAVIAM SOLICITADO AO GOVERNADOR DO DISTRITO TEMPOS ANTES E QUE CONSISTIA NA AUTORIZAÇÃO PARA OS MACONDES QUE SE ENCONTRAVAM NA TANZÂNIA QUE PRETENDESSEM REGRESSAR A MOÇAMBIQUE O PODERIAM FAZER. RESPONDEU O SENHOR ADMINISTRADOR QUE AINDA NÃO TINHA CONHECIMENTO DE QUALQUER RESPOSTA.
MAS, COMO O SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO IA NO DIA SEGUINTE A MOCÍMBOA DA PRAIA ELE IRIA LÁ POR-LHE O ASSUNTO E QUE NA PRÓXIMA QUARTA FEIRA ELES PODIAM VIR À SEDE POIS ELE ADMINISTRADOR PROMETIA QUE LHES DARIA A RESPOSTA QUE O SENHOR GOVERNADOR LHE DISSESSE…
RETIRARAM-SE ENTÃO EM BOA ORDEM OS MACONDES PRESENTES PROMETENDO VOLTAR, NA QUARTA FEIRA PARA SABER A RESPOSTA. DEPOIS DELES SE TEREM IDO EMBORA REUNIMO-NOS NA SECRETARIA COM O SECRETÁRIO, FARIA DE CARVALHO, CHEFE DE POSTO FRIAS, REPRESENTANTE DOS SERVIÇOS DE COORDENAÇÃO DE INFORMAÇÕES DE MOÇAMBIQUE, E O ASPIRANTE REBELO QUE NAQUELA ADMINISTRAÇÃO PRESTAVAM SERVIÇO. FOI ENTÃO COMBINADO QUE EU NÃO ME AUSENTARIA PARA MUITO LONGE DA SECRETARIA AO MESMO TEMPO QUE VIGIARIA MOVIMENTOS SUSPEITOS QUE OCORRESSEM.
TERÇA FEIRA, COMO TINHA DITO NA VÉSPERA O SENHOR ADMINISTRADOR DIRIGIU-SE A MOCIMBOA DA PRAIA ONDE SE IRIA ENCONTRAR COM O SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO DONDE REGRESSOU JÁ DE NOITE. REUNIDOS EM SUA CASA TODOS OS FUNCIONÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO FOI NOS COMUNICADO PELO SENHOR ADMINISTRADOR QUE O SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO VIRIA NA PRÓXIMA QUINTA FEIRA A MUEDA ONDE FALARIA COM OS INTERESSADOS.
NA QUARTA FEIRA UM GRUPO FORMADO POR CERCA DE CENTO E CINQUENTA CICLISTAS, TRANSPORTANDO NO QUADRO DE DUAS BICICLETAS O CHIBRITO E O FAUSTINO VANOMBE, VIERAM À SECRETARIA SABER QUAL A RESPOSTA QUE O SENHOR GOVERNADOR LHES TINHA MANDADO. FOI-LHES DITO PELO SENHOR ADMINISTRADOR QUE O SENHOR GOVERNADOR VIRIA NO DIA SEGUINTE, QUINTA FEIRA A MUEDA PARA LHES DAR PESSOALMENTE A RESPOSTA.
PARTIRAM ELES MUITO CONTENTES FAZENDO SOAR AS CAMPAINHAS DAS BICICLETAS E COM MUITO JUBILO, TENDO RESPONDIDO AO PEDIDO DO SENHOR ADMINISTRADOR PARA QUE FIZESSEM CIRCULAR A NOTICIA E PEDISSEM A POPULAÇÃO PARA ESTAR NO MAIOR NUMERO POSSÍVEL NESSA BANJA, POIS ESSE ERA O DESEJO DO SENHOR GOVERNADOR. NAS MINHAS DESLOCAÇÕES PELAS TERRAS DO REGEDOR CAPOCA E NA POVOAÇÃO COMERCIAL DE MITEDA CHEGA AO MEU CONHECIMENTO E AO DOS CIPAIOS QUE ME ACOMPANHAVAM EM SERVIÇO DE TOPOGRAFIA QUE NESSA MESMA NOITE DE QUARTA FEIRA SE REALIZARIA UMA BANJA EM CASA DO REGEDOR NAENGO QUE TINHA SIDO AMPLAMENTE DIFUNDIDA ENTRE TODA A POPULAÇÃO PRINCIPALMENTE AS POPULAÇÕES E CHEFES DE POVOAÇÃO DOS REGEDORES CAPOCA E NAENGO QUE ERAM ALEM DAS MAIS POPULOSAS AS QUE SE ENCONTRAVAM MAIS PERTO DO LOCAL INDICADO. DEVIDAMENTE AUTORIZADO PELO ADMINISTRADOR E DISFARÇADOS, EU E OS CIPAIOS ERNESTO E PAULO FOMOS ASSISTIR À BANJA, TENDO PARA ISSO DEIXADO A VIATURA EM QUE NOS DESLOCÁMOS BASTANTE LONGE DO LOCAL E EMBRULHADOS EM COBERTORES FICÁMOS NUMA DAS EXTREMIDADES DA MULTIDÃO E ONDE, TRADUZIDAS PELOS DOIS CIPAIOS, EU FUI FICANDO INTEIRADO DAS DECLARAÇÕES QUER DO CHIBRITO QUER DO FAUSTINO. ÚNICOS ORADORES DESSA NOITE POIS COMO A CABANGA CORRIA A JORROS JÁ MAIORIA DOS PRESENTES ESTAVA EMBRIAGADA. REGRESSÁMOS A SEDE E RELATEI AO SENHOR ADMINISTRADOR O QUE TÍNHAMOS OUVIDOS E QUE NO ESSENCIAL ERA DE QUE OS PORTUGUESES SE ESTAVAM A PREPARAR PARA IR EMBORA POIS ATÉ JÁ IÇAVAM TODOS OS DIAS DUAS BANDEIRAS, O CHIBRITO A DADA ALTURA DO SEU DISCURSO LEVANTOU A BENGALA DE QUE ERA PORTADOR E DISSE QUE SE HOUVESSE QUALQUER PROBLEMA COM AS FORÇAS PORTUGUESAS ELE, COM AQUELA BENGALA, TORNÁ-LOS-IA INVISÍVEIS AOS SOLDADOS NÃO HAVENDO. POR ISSO QUALQUER PERIGO PARA ELES NUM POSSÍVEL CONFRONTO.
DIA 15 DE JUNHO
CERCA DAS QUATRO HORAS E MEIA DA MANHA SOU ACORDADO PELO CIPAIO ERNESTO COM A INFORMAÇÃO QUE O SENHOR ADMINISTRADOR ESTAVA LA FORA E PRETENDIA FALAR COMIGO ANTES DE PARTIR PARA OS LIMITES DA CIRCUNSCRIÇÃO ONDE IA ESPERAR O SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO. LEVANTEI-ME E PUI ATENDER O SENHOR ADMINISTRADOR QUE ME INFORMOU IR AOS LIMITES DA CIRCUNSCRIÇÃO NO POSTO ADMINISTRATIVO DO NAIROTO MAS QUE PRETENDIA QUE EU ME LEVANTASSE MAIS CEDO E FOSSE VIGIANDO O MOVIMENTO DE PESSOAS NA VILA. ASSIM FIZ E PEGANDO NO JEEP QUE ME ESTAVA DISTRIBUÍDO FUI ATÉ A CANTINA DO "CHINA. COMERCIANTE INDIANO QUE TINHA UMA CANTINA NO PRINCIPIO DA RUA PRINCIPAL DA VILA E QUE DEVIDO A SUA LOCALIZAÇÃO ME PERMITIA CONTROLAR AS ENTRADAS DA VILA QUER DAS POPULAÇÕES QUE VIESSEM DO REGEDOR NAENGO QUER DO REGEDOR CAPOCA OS DOIS REGEDORES QUE MAIS PERTO SE ENCONTRAVAM E QUE POR ISSO DEVERIAM SER AS QUE MAIS ACORRERIAM A BANJA DO SENHOR GOVERNADOR. DAS SETE HORAS EM DIANTE NOTEI QUE O MOVIMENTO ERA MUITO GRANDE QUER DE PESSOAS. A PÉ INCLUINDO MULHERES E CRIANÇAS QUER DE PESSOAS DE BICICLETA, CERCA DAS NOVE HORAS SURGIU UM GRUPO VINDO DE TERRAS DO REGEDOR NAENGO QUE SE FAZIA TRANSPORTAR EM BICICLETAS, EM QUATRO DAS QUAIS VINHAM.TRANSPORTADOS NOS QUADROS OS REGEDORES NAENGO E CAPOCA. O FAUSTINO VANOMBE E O CHIBRITO OS QUAIS MANIFESTAVAM A SUA ALEGRIA PELO MODO COMO FAZIAM SOAR AS CAMPAINHAS DAS SUAS BICICLETAS, ESSAS PESSOAS FORAM-SE INSTALANDO NO LARGO FRONTEIRO A SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO AGUARDANDO A CHEGADA DO SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO QUE CHEGOU POR VOLTAS DAS DEZ HORAS E MEIA E SE DIRIGIU A RESIDÊNCIA DO SENHOR ADMINISTRADOR ONDE SE FOI PREPARAR PARA A BANJA E ONDE TEVE LUGAR UMA PEQUENA REUNIÃO COM TODOS OS FUNCIONÁRIOS ADMINISTRATIVOS QUE NAQUELE MOMENTO SE ENCONTRAVAM NA SEDE DA CIRCUNSCRIÇÃO INCLUINDO O CHEFE DE POSTO DE MOCIMBÕA DO ROVUMA CHAMADO A SEDE NESSE DIA.
POSTO AO CORRENTE DOS MOVIMENTOS QUE SE ESTAVAM A PASSAR E AO FACTO DE A QUANDO A SUA PASSAGEM PELA FRENTE DA SECRETARIA POUCAS PESSOAS SE TEREM LEVANTADO PARA O CUMPRIMENTAR. EMBORA O SEU JEEP TROUXESSE A SUA INSÍGNIA. ELE.SENHOR GOVERNADOR NÃO DANDO IMPORTÂNCIA A TAL FACTO ARGUMENTOU QUE O SEU PRESTIGIO ACALMARIA QUALQUER IMPULSO DE REBELIÃO QUE POR VENTURA ESTIVESSE A NASCER. FINDO ESTA REUNIÃO DIRIGI-ME PARA A SECRETARIA E PROCEDI Á FORMATURA DOS CIPAIS PARA PRESTAR A RESPECTIVA GUARDA DE HONRA QUANDO SE HASTEASSE A BANDEIRA NACIONAL.QUE AINDA NÃO TINHA 6IDO IÇADA PARA SE APROVEITAR A ESTADIA DO SENHOR GOVERNADOR NAQUELA CIRCUNSCRIÇÃO. JÁ COM A PRESENÇA DO SENHOR GOVERNADOR E AO PROCEDER SE AO HASTEAR DA BANDEIRA NACIONAL VERIFICOU-SE QUE POUCAS PESSOAS SE LEVANTAVAM OU TIRAVAM O CHAPÉU O QUE MOTIVOU O SEU ARREAR E DEPOIS DE EU ME TER COLOCADO À FRENTE DA FORÇA DE CIPAIOS E DADO ORDEM AO CIPAIO CACHIMUCA, PARA, COM O CORNETIM, IR TRANSMITINDO AS ORDENS QUE EU LHE DESSE. DESDE A POSIÇÃO 06 SENTIDO ATÉ A APRESENTAÇÃO DAS ARMAS QUANDO A BANDEIRA NACIONAL ESTIVESSE A SER IÇADA ATÉ AO FIM OU SEJA ATÉ OS MANDAR REGRESSAR EM PARADA PERANTE O SENHOR GOVERNADOR. TENDO ENTÃO TODAS AS PESSOAS SE LEVANTADO SEM QUALQUER INCIDENTE. FAÇO NOTAR QUE QUER O VANOMBE QUER O CHIBRITO BEM COMO OS REGEDORES ESTAVAM SENTADOS EM BANCOS DISPOSTOS PARA TAL FIM. OS PRIMEIROS NO LADO DIREITO DA SECRETARIA E OS REGEDORES EM FRENTE DA MESA ONDE PRESIDIA O SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO. ABERTA A BANJA OS RÉGULOS COMEÇARAM A FALAR SOBRE O CUSTO DOS PRODUTOS LOCAIS OS QUAIS DIZIAM ESTAR MUITO BARATOS EM RELAÇÃO AOS PREÇOS QUE ELES SABIAM ESTAR A SER PRATICADOS NA TANZÂNIA TOMANDO A PALAVRA O SENHOR GOVERNADOR RESPONDEU COM DIVERSOS ARGUMENTOS., DANDO COMO EXEMPLO O CUSTO POR PARTE DOS MACONDES DE PRODUTOS IGUAIS COMPRADOS NAS CANTINAS DA TANZÁNIA QUE ERAM MUITO MAIS CAROS QUE OS MESMOS EM MOÇAMBIQUE TUDO ISTO PARECIA ESTAR ENSAIADO PARA A INTERVENÇÃO QUER DO FAUSTINO QUER DO CHIBRITO. COMEÇOU A CHOVER O QUE FEZ COM QUE AS PESSOAS FOSSEM TOMANDO COMO ABRIGO AS ARVORES QUE CIRCUNDAVAM A SECRETARIA. PASSADA A CHUVA E AO PRETENDEREM RETOMAR OS SEUS LUGARES FOI ENTÃO POSSÍVEL POR AS MULHERES E CRIANÇAS QUE ATÉ AÍ ESTAVAM Á FRENTE PASSASSEM PARA TRAZ DOS HOMENS, POIS COMO O SENHOR GOVERNADOR DISSE SE IRIAM FALAR DE COISAS MAIS SÉRIAS. MANDOU O SENHOR GOVERNADOR QUE SE CHAMASSE O FAUSTINO Á SECRETARIA POIS ELE QUERIA TER UMA CONVERSA EM PARTICULAR O QUE ACONTECEU. NÃO ASSISTI A ESSA CONVERSA MAS, SEGUNDO O SENHOR ADMINISTRADOR NOS DISSE DEPOIS, ELE TENTOU QUE O FAUSTINO QUANDO FOSSE POSTO EM FRENTE DAS DECLARAÇÕES DO CHIBRITO AS CONTRADISSESSE DE MODO A QUE ESTE ENTRASSE EM DESCRÉDITO PERANTE TODOS OS QUE ALI ESTAVAM, TERMINADA ESSA CONVERSA, O FAUSTINO FICOU DENTRO DA SECRETARIA E FOI CHAMADO O CHIBRITO AO GABINETE ONDE CONVERSOU COM O SENHOR GOVERNADOR.COMO JÁ TINHA ACONTECIDO COM O FAUSTINO TAMBÉM NÃO ASSISTI A ESSA CONVERSA MAS, SEGUNDO O SENHOR ADMINISTRADOR, DESTA VEZ FOI AO CONTRÁRIO OU SEJA O SENHOR GOVERNADOR QUERIA QUE CHIBRITO CONTRARIASSE O FAUSTINO FAZENDO ASSIM COM QUE OS DOIS ENTRASSEM EM DESCRÉDITO PERANTE AQUELAS MILHARES DE PESSOAS QUE ESTAVAM A ASSISTIR. COMO NÃO CONSEGUIU OS SEUS INTENTOS MANDOU QUE FOSSEMOS AO MEIO DA MULTIDÃO E TROUXÉSSEMOS AQUELES QUE ESTAVAM REFERENCIADOS COMO AGITADORES O QUE FOI FEITO. POSTOS NA VARANDA OS CINCO ELEMENTOS SUSPEITOS, MANDOU ELE, SENHOR GOVERNADOR, QUE FOSSEM ALGEMADOS POIS SEGUIRIAM NA SUA COMPANHIA PARA MOCMBOA DA PRAIA DONDE DE AVIÃO PARTIRIAM PARA PORTO AMÉLIA. A MULTIDÃO AO VER QUE TAIS ELEMENTOS ESTAVAM PRESOS COMEÇOU A ARRANCAR OS TIJOLOS QUE LIMITAVAM OS CANTEIROS DE FLORES QUE CIRCUNDAVAM A ADMINISTRAÇÃO E A ATIRÁ-LOS PARA CIMA DAS PESSOAS QUE ESTAVAM NA VARANDA DA SECRETARIA. VENDO ISSO O SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO DESCEU AS ESCADAS QUE DAVAM ACESSO AO LARGO ONDE A MULTIDÃO SE ENCONTRAVA E PONDE-SE NO MEIO DOS DOIS PILARES QUE LIMITAVAM O RECINTO GRITOU QUE TIVESSEM CALMA POIS QUE SE NENHUM DAQUELES ELEMENTOS ESTIVESSE CULPADO BREVEMENTE REGRESSARIA A SUA CASA. FOI ENTÃO QUE UM DOS MACONDES QUE SE ENCONTRAVA NA PRIMEIRA FILA CRESCEU PARA O SENHOR GOVERNADOR E ERGUENDO UMA FACA TENTOU AGREDI-LO SÓ NÃO O TENDO CONSEGUIDO PORQUE EU EMPURREI PARA TRAZ O SENHOR GOVERNADOR EXPONDO-ME A LEVAR A FACADA QUE LHE ERA DIRIGIDA E PUXANDO DO REVOLVER QUE TINHA NO BOLSO DAS CALÇAS LHE DEI UM TIRO, FAZENDO-O DE IMEDIATO CAIR SENDO DEPOIS ATROPELADO PELA MULTIDÃO ENFURECIDA. OS CIPAIOS QUE ESTAVAM AVISADOS PARA NÃO ABRIREM FOGO SENÃO DEPOIS DE EU DAR A ORDEM VENDO A MULTIDÃO A QUERER INVADIR A SECRETARIA COMEÇARAM A FAZER FOGO COM AS ARMAS QUE TINHAM DISTRIBUIDAS. ENTRETANTO O CHEFE DE POSTO FRIAS PEGOU NUMA VIATURA E FOI BUSCAR O PELOTÃO QUE, SEGUNDO O SENHOR GOVERNADOR SE ENCONTRAVA A UNS TRÊS QUILÓMETROS DAQUELE LOCAL, MAS ASSIM QUE COMEÇOU A DESCER A RAMPA QUE LHE DAVA ACESSO VOLTOU PARA TRAZ POIS O COMANDANTE DO PELOTÃO AO OUVIR O SOM DOS TIROS TINHA MANDADO AVANÇAR OS SEUS HOMENS PARA AJUDAR NALGUM PROBLEMA QUE HOUVESSE. MAL OS JEEPS COM OS SOLDADOS SAÍRAM DA CURVA DA ESTRADA A FÚRIA DA MULTIDÃO VIROU SE CONTRA ELES.
AO MESMO TEMPO QUE AS MULHERES E CRIANÇAS COMEÇAVAM A FUGIR EM DIRECÇÃO ÁS ARVORES Á PROCURA DE PROTECÇÃO SEGUIU-SE UMA ESCARAMUÇA ENTRE A MULTIDÃO E OS MILITARES. A MULTIDÃO DEBANDOU NÃO TENDO SIDO PERSEGUIDA PELOS MILITARES. RESTABELECIDA A ORDEM JUNTO DA SECRETARIA FUI COM OS DOIS CIPAIOS, ERNESTO E PAULO, VER SE POR VENTURA NA SUA DEBANDADA A MULTIDÃO TERIA FEITO ALGUM MAL ÀS SENHORAS E CRIANÇAS QUE SE ENCONTRAVAM EM CASA DO ADMINISTRADOR O QUE FELIZMENTE NÃO ACONTECEU. RECOLHIDOS OS FERIDOS E OS MORTOS – NO TOTAL DE TRINTA PESSOAS – ALGUMAS DAS QUAIS FERIDAS OU MORTAS POR TEREM SIDO DERRUBADAS PELAS PESSOAS EM FUGA. O SENHOR GOVERNADOR DE DISTRITO ORDENOU QUE UMA SECÇÃO DO PELOTÃO SE MANTIVESSE EM MUEDA E A OUTRA O ACOMPANHASSE ATÉ MOCIMBOA DA PRAIA ONDE TOMARIAM O AVIÃO PARA PORTO AMÉLIA A FIM DE FAZER A ENTREGA DOS PRESOS ÁS AUTORIDADES COMPETENTES. DECIDIU-SE QUE A SECÇÃO MILITAR FICASSE NA RESIDÊNCIA DO ADMINISTRADOR PARA ONDE DEVERIAM SEGUIR ALEM DOS EUROPEUS E INDIANOS TODAS AS PESSOAS QUE O PRETENDESSEM FAZER E EU FICARIA NA SECRETARIA COMANDANDO OS CIPAIOS E TOMANDO CONTA DAS COMUNICAÇÕES VIA RADIO PARA O EXTERIOR DE MUEDA. PELA RADIO TENTEI ENTRAR EM CONTACTO COM OS POSTOS DE NEGOMANO, NANGADE E MUIDUMBE A FIM DE OS AVISAR DO QUE TINHA OCORRIDO EM MUEDA E PARA QUE SE HOUVESSE ALGUMA ALTERAÇÃO DA ORDEM PUBLICA NOS AVISASSEM PARA PODERMOS AUXILIAR. NÃO FOI POSSÍVEL COMUNICAR COM QUALQUER DESTES POSTOS O QUE NOS FEZ PENSAR NO PIOR TENDO-SE ENTÃO SOLICITADO AO ASPIRANTE REBELO QUE SEGUISSE PARA O POSTO DE MUIDUMBE ENQUANTO EU SEGUIRIA PARA NANGADE PARA VER O QUE SE PASSAVA. PARTINDO CADA UM NA SUA VIATURA O ERNESTO IRIA COMIGO E O PAULO COM O REBELO. REGRESSAMOS SENSIVELMENTE AO MESMO TEMPO POIS O ASPIRANTE REBELO ENCONTROU NO CAMINHO TUDO CALMO INCLUSIVE A POVOAÇÃO COMERCIAL DE MITEDA ONDE OS COMERCIANTES O INFORMARAM ESTAR TUDO CALMO POR AQUELAS BANDAS E EU NÃO ENCONTRAR O CHEFE DE POSTO DE NANGADE POR ESTE TER IDO PARA PALMA SEGUNDO INFORMAÇÃO DOS CIPAIOS DAQUELE POSTO. CHEGADO A MUEDA FUI POSTO PERANTE MAIS UM PROBLEMA E QUE CONSISTIA EM TER SIDO RECEBIDO UM AVISO DE MOCIMBOA DA PRAIA ONDE O SENHOR GOVERNADOR JÁ TINHA CHEGADO AVISANDO-NOS QUE A VIATURA MILITAR QUE SERVIA DE ESCOLTA AQUELE SENHOR TINHA TIDO UM ACIDENTE NA CURVA DA MORTE NA ESTRADA QUE LIGAVA MUEDA A MOCÍMBOA DA PRAIA E ERA NECESSÁRIO SOCORRE-LA MAIS UMA VEZ ACOMPANHADO DOS CIPAIOS HABITUAIS ME DESLOQUEI NA VIATURA QUE ME ESTAVA DISTRIBUÍDA.
E PASSANDO PELA SAGAL, OU SEJA ESPOSENDE, ONDE TUDO ESTAVA CALMO NÃO TENDO OS RESIDENTES NAQUELA LOCALIDADE DADO PELOS ACONTECIMENTOS DE MUEDA NEM NOTAREM QUALQUER AGITAÇÃO NO MEIO DOS TRABALHADORES DAQUELA EMPRESA. RECOLHIDOS OS MILITARES VOLTEI A MUEDA ONDE OS INSTALEI EM CASA DO SENHOR ADMINISTRADOR. FUI FINALMENTE PARA A SECRETARIA ONDE ANTES DE TER PARTIDO TINHA DITO PARA QUE SE ACOLHESSEM AS FAMÍLIAS DOS CIPAIOS POR TEMER QUE SOBRE AS MESMAS FOSSEM EXERCIDAS REPRESÁLIAS. ASSIM ACONTECEU E AS FAMÍLIAS QUE QUISERAM FICARAM NAQUELA NOITE ABRIGADAS NAS INSTALAÇÕES DA SECRETARIA ONDE SE ENCONTRAVAM OS MARIDOS E EU. NO DIA SEGUINTE FOI DETERMINADO PELO SENHOR ADMINISTRADOR QUE TODAS AS PESSOAS E FORÇAS SE CONCENTRASSEM EM SUA CASA, TENDO SE ENCERRADO A SECRETARIA E LEVADO O POSTO RADIO. FOI DADA A NOTICIA VIA PORTO AMÉLIA QUE ESTAVAM A ATRAVESSAR O RIO ROVUMA NA DIRECÇÃO DE MOCIMBOA DO ROVUMA UNS MILHARES DE PESSOAS O QUE NOS LEVOU A SAIR PARA MONTAR POSTOS DE VIGIA QUE NOS FOSSEM PONDO AO CORRENTE DA SITUAÇÃO A FIM DE NOS PODERMOS DEFENDER DA EVENTUALIDADE DE UM ASSALTO A MUEDA QUE ERA NECESSÁRIO DEFENDER A TODO O CUSTO. FELIZMENTE ESTA NOTICIA NÃO SE CONFIRMOU E À TARDE RECEBEMOS O PRIMEIRO AVIÃO LIGEIRO QUE NOS DEU MAIOR TRANQUILIDADE POIS TENDO SOBREVOADO TODO O PLANALTO E AS MARGENS DO ROVUMA NADA DE SUSPEITO DETECTOU. NO DIA SEGUINTE LEVANDO COMIGO O CIPAIO ERNESTO DESLOQUEI-ME ÀS POVOAÇÕES DO REGEDOR CAPOCA E NAENGO NÃO TENDO CONSTATADO SENÃO QUE ESTAVAM DESERTAS DE HOMENS SÓ LA ENCONTRANDO MULHERES, CRIANÇAS E VELHOS. PASSEI PELAS POVOAÇÕES DE MITEDA E SAGAL NÃO TENDO TIDO CONHECIMENTO DE QUE TIVESSE OCORRIDO ALGUM FACTO ANORMAL. NO DIA SEGUINTE VEIO O SENHOR GOVERNADOR DO … …
NOTA: ESCRITO POR PESSOA IDENTIFICADA E AINDA VIVA E RESIDENTE EM PORTUGAL
(Actualizando: Como poderão ver no vídeo abaixo, trata-se de Manuel Godinho, falecido há poucos meses)
Retirado da série de Joaquim Furtado A GUERRA para a RTP (2007) vejam igualmente:
http://www.macua1.org/blog/guerrajfmueda1960.wmv
http://www.macua1.org/blog/guerrajfmueda1960.wmv
NOTA:
Conhecendo Alberto Chipande como ninguém Cabo Delgado, porque ainda não conseguiu mostrar a “vala comum” onde estarão as ossadas das cerca de 600 pessoas que diz terem sido ali mortas? Ou será que a FRELIMO ainda não teve tempo ou não se lembrou de trazer as de M’Telela e de outros campos similares para Mueda? Aqui fica a sugestão...
E, por aqui me fico, recomendando uma visita ao Arquivo Histórico de Moçambique.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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