quinta-feira, 25 de julho de 2013

O conforto da opinião da maioria


Elisio Macamo escureceu um brilhante artigo no qual, basicamente, defende que, no nosso ambiente intelectual, o conforto da opinião da maioria, que se confirma pela emoção, parece ser a rota mais segura do conhecimento. Apoiando-se na filosofa Hannan Arendt, ele sugere que o que podemos saber sobre o mundo nao se pode confirmar apenas pelos sentidos, mas sobretudo pela razão.

Elisio afirma no seu... texto que tem mais medo dos "novos democratas" do que daqueles que nos governam mal hoje (aqui inclui-me, suponho). Sao vários os factores que ele alinha para justificar este grande medo que sente: queimar autocarros, mutilar pessoas e matar indiscriminadamente em nome da luta pela democracia; aplaudir a morte de agentes da lei e ordem em nome do combate á arrogância do governo; a intolerância que hoje se infere nos posts e artigos e que, se apoiada pelo acesso ao poder, pode vir a recair sobre todos os que pensam diferentemente, com implicações trágicas para o país. Com efeito, quem aplaude o assassinato de policias, só porque isso embaraça o Governo, pode nao ter pejo de serviciar dissidentes, se vier a ter possibilidades para tal.

O foco de Elisio era o ambiente intelectual, embora se tenha referido também a esta intolerância (dos diferentes activistas, desejosos de "mudanças"). Trata-se de uma intolerância que acompanha a defesa e proteção de zonas de conforto ideológico.

O que o sociólogo foi fazer!!! Foi violentamente atacado em posts e comentários subseqüentes, prenhes das adjetivações e insultos de que ele tanto deplora no seu texto. Ataques protagonizados nao por intelectuais, que esses entenderam a sua salutar "provocação". Foi-o sim por uns pretensos activistas, conhecidos pela sua intolerância ao pensar diferente. Trata-se de um ataque tão vil que, inclusivamente imiscui-se na vida pessoal deste intelectual moçambicano. A produção intelectual de Elisio Macamo ee reduzida ás sovinas proporções de um expediente para aceder a cargos públicos, na esfera governativa mocambicana.

Conheço Elisio desde os fins da primeira metade da década 70 do século passado. Fomos contemporâneos no ciclo preparatório, na então pequena vila de Xai-Xai. Posso testemunhar sobre o grande apego que ele tem pela vida acadêmica, sobretudo nas condicoes excepcionais em que ele a exerce, primeiro na Alemanha e, agora, na Suíça. Estou convencido de que nada o faria mudar essa escolha da sua vida. Nem tachos, nem sinecuras, nem dinheiro distribuído, ao gosto de alguns activistas. E nao ee que propostas tentadoras nao lhe tenham sido feitas. Recusou-as todas.
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  • Taisse Sigaúque "Experimenta ficar do lado do meu inimigo e tudo que disseres ou escreveres será e tomado por inimigo..."

    É a intolerância no seu limite.
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  • Elisio Macamo caro Gabriel, é por isso que gosto do pessoal da frelimo. pelo menos entendem o que se escreve e discutem isso. não fico indiferente a essas discussões e até porque gostaria de participar. só que se para participar numa discussão de algo que escrevi tenho que começar por dizer o que não disse, o que está a ser mal interpretado, o que não se percebe, etc. a discussão nunca mais começaria. não escrevo assim tão mal ao ponto de não ser entendido por pessoas minimamente formadas. o efeito salutar que aquelas discussões têm, contudo, é de confirmar justamente o que critico. aposto que mais da metade das pessoas que comentam, e nos moldes em que comentam, me se deu ao trabalho de ler o texto original, ou se o tiver feito, de verificar se o entendeu. mas se calhar era preciso ser da frelimo para perceber... um dia, quando tiverem ganho mais rodagem nos meandos da discussão intelectual, vão se envergonhar de algumas coisas que escreveram. ou talvez não. mas que tenho medo deles, lá isso é verdade. muito medo. abraços
  • Egidio Canuma Eu ja convoquei o Professor para opinar sobre algo que havia escrito, maquele dia disse que a idea era ouvir os outros, hoje percebo o seu receio. Ha uns dias escrevi um pequenissimo post sobre a vergonha de se ser honesto sobretudo sempre tal honestidade favorece a posicao e nao a oposicao.
    E nao vi ninguem negar o facto, mas procurava-se justifica-lo de todas as formas. Haja agenda!
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  • Edgar Kamikaze Barroso Palmadinhas nas costas. Enfim... cada um, cada um.See Translation
  • Taisse Sigaúque Eh eh eh eh eh
    Ta mal isto, não ver e não acreditar k não vê...
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  • Zenaida Machado "... é por isso que gosto do pessoal da frelimo. Pelo menos entendem o que se escreve e discutem isso..." - Elisio Macamo - Honestly??? Logo o senhor que escreve tanto sobre generalizacoes e associacoes... Apesar dessa sua frase nao corresponder a verdade - conheco muitos frelimistas que nao concordam e nem entendem o que escreve....assim como conheco nao frelimistas que leem o que o senhor escrever e concordam consigo... Sinceramente, eu se fosse o senhor, como academico, ficaria preocupado se os meus artigos SO fossem entendidos pelo pessoal da Frelimo...See Translation
  • Edson Ussaca Caro Elisio Macamo, os teus artigos sao muito bem lidos bem entendidos. Acontece que muitos procuram uma brecha pra ataca los e quando isso nao acontece frustram se na escurridao por nao encontrarem algo que lhes agrade. Experimente escrever dois pelo monos dois posts, um criticando e outro parabenizando o governo de que o Gabriel Muthisse é membro por exemplo por mais um distrito contar com energia eletrica com disse Antonio Grispos num dos seus posts. Veras que as pessoas entendem o que querem entender e interpetratam conforme o seu interesse. O importante é a importancia que dás ao respeito pelo sua própria cosnciencia e dizes sem receio nem vergonha.See Translation
  • Leonel Sarmento O Elísio Macamo, deveria é ficar preocupado, se todos quem leem os seus posts concordassem totalmente com ele. Afinal de contas o que é um debate!?See Translation
  • Gabriel Muthisse Um dos problemas mais grave ee a tergiversação do pensamento do sociólogo, para mais fácil o poder atacar e ridicularizar. Vi o resumo de um dos posts que o atacou. Um deplorável exercício "intelectual". As idéias de Elisio foram tão mutiladas que ee difícil reconhece-las. O outro problema ee a ausência de senso de humor. As pessoas nao estão preparadas para a ironia, por exemplo. Tomaram ao pé de letra a sua afirmação de que ficaria satisfeito se os seus artigos fossem pagos por uma nomeação como governador de Gaza!! Esta ausência de sentido de humor ee visível mesmo em alguns dos comentários a este post. Elisio afirmou que gosta "do pessoal da frelimo. pelo menos entendem o que se escreve e discutem isso". Há gente que tomou ao pé de letra essa afirmação, como se ele preferisse apenas ser entendido por gente da FRELIMO!! Meus caros amigos, Elisio Macamo ee um mestre da escrita. Dos melhores que Moçambique tem. Quando se lhe lê ee preciso um certo sentido estético. Ele usa muito a linguagem figurativa. Ee um esteticista da palavra. Quem nao perceber estas coisas elementares pode nao estar preparado para interpelar este sociólogo. Muitas vezes o entendo quando evita responder a algumas interpelações. Ee que os seus autores nao o entenderam no mais mínimo!See Translation
  • Aulate De Almeida Dino hehehehehe...com o fim do recenseamento eleitoral, ja estamos em fase de pre campanha, rumo as autarquicas d 2013!!!hehehSee Translation
  • Eurico Nelson Mavie podemos ser humildes ate certo ponto, mas nao podemos permitir que certos teoricos escangalhem toda actividade governativa. Sinceramente fico triste quando ouco um catedratico como o Pof Gilles Cistac a dizer que o CNE é ILEGAL, depois usa argumentos infundados, tenta trazer um manancial de Conhecimentos de Administrativo para descreditar a cosntituicao do CNE, com que interesses nao sei. Espero que o Prof Cistac nao esteja a ser afectado com as consequencias da promocao 3 100.See Translation
  • Elisio Macamo caro Gabriel, o país está mal, este não é o momento para se gracejar. debater ideias é guerra séria, é preciso fazer isso de sobrolho franzido e com ar grave para se estar à altura da gravidade da situação. mas deste-me mais uma razão para eu preferir o vosso pessoal. não só entendem o que se escreve como também têm sentido de humor. obrigado. caro Leonel Sarmento, tem muita razão. e espero nunca ter dado a impressão de exigir a concordância total. há vias mais fáceis para conseguir isso, uma das quais é de me juntar ao côro de vozes que criticam o governo. por acaso, nunca me senti bem na companhia dos que gritam mais alto, quer nas discussões no país, quer no meu trabalho académico. sempre que formulo uma opinião que é do agrado da maioria fico com a sensação de não estar a raciocinar bem. a minha participação em qualquer debate serve a mim próprio. é um teste à minha capacidade de reflectir e melhorar, por isso até não encorajo ninguém a concordar comigo, pois posso ter mudado de opinião... o problema, Egidio Canuma (acho que desta vez acertei!) e Edson Ussaca, é também o da confusão entre neutralidade e objectividade. não acontece só em moçambique, nem apenas entre os não-académicos. ninguém é, em questões políticas, neutro, mesmo que não tenha um pensamento político suficientemente coerente. mas para o bem da discussão pública podemos todos tentar ser mais objectivos, pois a objectividade faz a ponte entre os nossos valores morais e éticos que podem ser incomensuráveis. se determinar que hoje faz bom tempo dependesse apenas de eu ser ou não da frelimo (que é um pouco o estilo de actividade intelectual que algumas pessoas promovem) não vejo como poderíamos discutir o nosso país com utilidade. há certas coisas que levam o seu tempo. acho salutar que haja este tipo de discussões, pois elas vão encorajar os mais sensatos entre todos nós, e acima de tudo os jovens, a cultivarem outras maneiras de se relacionarem com o país. eu tenho muito medo da cultura que algumas pessoas estão a promover, mas não vai ser por isso que vou deixar de me pronunciar. e só espero mesmo ser recompensado para não sofrer de borla. pelo menos isso! a minha preferência é ser governador de gaza, como tenho dito, mas também posso assumir qualquer ministério já que lambe-bota não precisa de nenhuma qualificação especial. prometo a todos que fizerem o esforço de entender o que eu escrevi um tacho qualquer à altura da importância que eles próprios se atribuem. abraços

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