Magude (Canalmoz) – Quanto mais nos afastamos dos grandes centros urbanos a atrocidade do Governo torna-se mais evidente. No distrito de Magude, província de Maputo, três enfermeiros foram detidos na passada quarta-feira pela Polícia, alegadamente por se recusarem a trabalhar.
A Reportagem do Canalmoz deslocou-se a Magude esta quinta-feira e a detenção dos enfermeiros foi confirmada pela própria Polícia.
O comandante distrital da Polícia em Magude, Armando Mude, confirmou a confrontação entre a Polícia e os grevistas. Justificou que a Polícia queria repor a ordem, supostamente perturbada por enfermeiros e serventes.
“Confirmo que houve contradição com os enfermeiros e serventes. Temos a tarefa de manter a ordem e tranquilidade quando forem postas em causa. Houve um grupo de enfermeiros de medicina e serventes em número de 16 que não queria trabalhar com doentes a rebolar com dores. Advertimos para tirar farda e se retirou do recinto hospitalar. Os grevistas desobedeceram, e nós actuamos. Prendemos os três cabecilhas que depois libertamos ainda ontem”, disse.
Disse que pela informação que teve do seu agente que está a operar à paisana no hospital, uma parte dos 16 grevistas retomou ao serviço, mas só atendem questões de urgências, e outra parte continua a manifestar fora do hospital, mas sem fardamento hospitalar.
“Pelo crime de desobediência que cometeram, devia se elaborar um auto-crime. Quando fui com eles, estava fardado e havia autoridade. Mandei prender, mas depois das negociações com o Governo distrital, o partido Frelimo e a Organização da Mulher Moçambicana, demos o processo por encerrado”, disse Mude.
Greve continua
Enquanto isso um total de 16 enfermeiros de medicina e serviços continua em greve desde esta terça-feira, no hospital distrital de Magude, província de Maputo. Este facto foi testemunhado pela Reportagem do Canalmoz no terreno. Logo à entrada do hospital, deparamo-nos com um grupo de funcionários a conversar. Ninguém aceitou prestar declarações, mas os semblantes denunciavam algum descontentamento.
Situação idêntica, vimos dentro do hospital onde no banco de socorros estavam sentadas seis pessoas sem serem atendidas. Em frente da Secretaria do Centro de Saúde, um outro grupo de enfermeiros estava aglomerado. Na Enfermaria e Maternidade, vimos agentes de saúde a trabalhar.
Director distrital minimiza
O director distrital de saúde em Magude, Hélio Mandlate, minimizou a greve. Disse que na terça-feira houve distribuição de sms por telemóveis que criou uma agitação. Mas disse que a situação está controlada desde quinta-feira.
“As reivindicações continuam, mas sem influenciar nos nossos trabalhos. Na terça e quarta-feira houve paralisação e colocaram em causa o funcionamento dos serviços mínimos. Não solicitamos apoios externos internamento, tivemos saída”, disse. (Cláudio Saúte, em Magude)
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