Província de Tete
Maputo (Canalmoz) – A movimentação de contingentes da Força de Intervenção Rápida (FIR), no distrito de Moatize, província de Tete, está a semear pânico entre a população. É que depois das sucessivas manifestações populares o Governo anda desnorteado sem saber o que pode acontecer a qualquer momento naquele ponto do País.
Vicente Adriano, natural do bairro 25 de Setembro em Moatize e funcionário da União Nacional de Camponeses, disse que tem vindo a receber muitos casos da população de Moatize que diz estar a ser perseguido pela Polícia ali estacionada. Adriano falava na semana passada na Conferência Internacional sobre a governação da economia Extractiva.
Disse que há cinco anos, Moatize tinha um comando da Polícia, mas neste momento existem cinco comandos e a população está fugir das suas casas por ter medo.
“Moatize está inundado pela FIR. Não sabemos que mal fizemos. Há buscas e opressões. Algumas pessoas já estão a abandonar o bairro 25 de Setembro por medo da Polícia. Nós, os naturais de Moatize, sentimos que os recursos naturais são maldição e não bênção ”, disse
Afirmou que a situação socioeconómica está afectada. As pessoas que antes produziam em Moatize, agora nada fazem em Cateme.
Testemunho de um activista
O jornalista e activista da Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU), Jeremias Vunjane, disse que o que acontece em Moatize, repete-se por outros distritos da província de Tete.
Disse que os megaprojectos fazem tudo a seu bel-prazer. Determinam o que querem e devem fazer. Vunjane também foi um dos oradores na conferência. Apresentou um tema sobre a situação das comunidades onde estão em curso projectos de empresas como a Jindal África, Minas de Revubue, Minas de Moatize, Vale, Rio Tinto, Ncondedzi Coal Company e Euroasian Natural Resources Corporation na província de Tete.
“Nasceu um novo mapa em Tete com megaprojectos. Nota-se uma fraqueza das instituições do Estado. Há ligações com figuras importantes no país. É um projecto de conflito com exclusão social, económico e prisão aberta. Os oleiros já reivindicaram mas ninguém se move devido a influências com governo. Há interferências na tomada de decisões. As pessoas são levadas ao tribunal por exercer direitos constitucionais”, disse.
Oleiros absolvidos
Num outro desenvolvimento, o Tribunal Judicial do distrito de Moatize absolveu na semana passada três oleiros detidos no passado dia 14 de Maio corrente, indiciados de serem cabecilhas das barricadas que impediram o acesso à mina da empresa brasileira Vale, em Moatize.
Trata-se de Agostinho Refo, Isac Champanha e Charibo Charifo que, no entender do comando da Polícia em Moatize, resistiram às ordens da Polícia que visava a dispersão dos oleiros.
Refira-se que os oleiros foram retirados nos últimos anos da área onde a Vale extrai carvão. Contestam o valor de 60 mil meticais que a brasileira pagou a cada produtor de tijolos em 2009, como contrapartida pela sua retirada da concessão de carvão, onde desenvolviam a actividade. Em protesto, bloquearam o acesso à mina e cortaram a linha de comboio. (Cláudio Saúte)
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