Segundo o jornal da Noite de ontem da STV (26.04.013), o Governo propôs que o encontro com a Renamo decorresse no Centro de Conferências Joaquim Chissano, depois desta (Renamo) ter de repente decidido que já não queria Indy Village e também de ter preterido o Ministério da Agricultura.
O que quero mostrar aqui é a incoerência da Renamo perante si própria e perante a ordem social, política e legal estabelecida no país, e que constitue o principal pilar rumo à uma estabilidade duradoira.
As pretensões da Renamo são uma arma de arremesso, que visa testar a capacidade de posicionamento da sociedade e dos partidos políticos perante a sua arrogante incoerência.
Sim, porque sinceramente falando, a própria sociedade devia se sublevar por estar a ser, step by step, excluída do país; e os partidos políticos deviam elevar a voz por estarem a ser excluídos da arena política nacional através de pontos em bullets.
Vou levar somente um exemplo da incoerência da Renamo: A paridade nos efectivos das Forças Armadas!
A pertença ao exército de qualquer país é baseada na nacionalidade, sendo este o principal vector que guia os efectivos e as suas acções e missões, não havendo outra lealdade extra DENTRO do exército a não ser ao país, traduzido em obediência às estruturas oficiais de comando.
Se um exército for formado por mais de um comando, esse exército é logo de princípio um poço de desentedimentos, de indiciplina, que em primeira análise são os grandes inimigos de um exército organizado e que se queira vitorioso.
Por outro lado, se por acaso a Renamo e a Frelimo disponibilizassem seus membros para constituirem o exército, os outros cidadãos como é que se arranjavam? Contentavam-se em serem milicianos e seguranças? O que faríamos ao patriotismo? Trocávamo-no pelo partidarismo? Onde está a sociedade no meio disto? Calada?
Moçambique caminha inequivocamente para uma construção que se solidifica pela unidade nacional, para não dizer pelo patriotismo, e esta tentativa de regressão à partidarização das instituições é inconcebível em pleno Sec XXI, onde os valores democráticos assentam na própria sociedade!
A pretensão da Renamo não passa de uma clara criação de um impasse, pois nem o próprio Governo tem mandato para partidarizar o exército, e muito menos os próprios partidos políticos tem esse mandato.
Existem mecanismos para o ingresso ao Exército; desde o SMO, as Escolas Práticas de Furrieis e Sargentos de Boane ou a Academia Samora Machel em Nampula, só para citar alguns, e que me lembre, os principais riquisitos são: sanidade física e mental, habilitações académicas, altura e peso, idade, dentre outros.
Não me lembro de se exigir ou de haver algures nas fichas que se preenchem para a candidatura, um multichoice com nomes dos partidos políticos, onde os candidatos marcam com um X o nome do seu partido de coração.
Por outro lado, e sinceramente, não vejo como é que se pode operacionalizar essa de “paridade” no exército. Recrutava-se os filhos de reconhecidos Renamistas e Frelimistas? Ou criava-se o espaço de multichoice nas fichas, e a malta que não é Renamo e nem da Frelimo era automaticamente eliminada?
Enquanto isso algures em Moçambique a sociedade e os partidos políticos estão a assistir e tomar partido baseando em sentimentos pessoais de momento, sem pensar nas consequências que isso po de trazer para eles e para o país a médio e longo prazos.
A sociedade que lutou para a despartidarização das instituições, fica queda e muda quando aparecem propostas insultuosas a esse esforço titânico cujos resultados estão dando frutos rumo à consolidação de uma sociedade da linha da frente nos destinos do país?
Vamos pensar e olhar para este país com uma visão que ultrapassa o reducionismo e a assumpção da capacidade de poder influenciar qualquer coisa que seja. Moçambique é mais que partidos políticos. Antes dos partidos políticos existe Moçambique como umbrella de tudo.
A cegueira que nos entra cérebro adentro, e que nos faz defender coisas sem analisá-las, regride-nos à idade de pedra, onde já passamos, e temos em mente os resultados e as experiências dessa parte da história, e repetir isso seria o mesmo sermos mamparras.
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