sábado, 27 de abril de 2013

A CONSTRUÇÃO DA NOSSA INTOLERÂNCIA POLÍTICA





Juma Aiuba



Quem ler o título deste post pode pensar que está perante um estudo científico que se pretende publicar (ou já publicado) sob chancela de uma patente famosa. Infelizmente, não é nada disso! Peço desculpa pela burla! Na verdade, quero tentar perceber, com a tua ajuda, de onde vem a intolerância política que eu, pessoalmente, comecei a vê-la/sentí-la/notá-la nos últimos anos em Moçambique. Quero debater contigo por que é que somos politicamente intolerantes uns com os outros, embora sejamos religiosa, racial e desportivamente tolerantes.

A Wikipédia diz que a “intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Num sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes.” Ela se baseia na emoção gerada pelo preconceito, que pode levar a discriminação, enquanto que a discordância pacífica se sustenta na RAZÃO.

Diferentemente de alguns povos africanos e do mundo, os moçambicanos são tolerantes quanto a religião, diga-se de passagem. Nunca ouvi que algum dirigente foi nomeado ou desnomeado pela sua crença religiosa. Pelo menos aqui não se destroem templos, túmulos e não se impedem manifestações religiosas como acontece noutros cantos. Aliás, parece que os nossos governantes não têm religião (o que não deixa de me preocupar). Nunca ouvi também, pelo menos até agora, que a pigmentação da pele já foi motivo de descrédito de alguem. Há quem diga que existe certa discriminação contra cidadãos albinos, mas não se pode equiparar a países como Tanzânia, por exemplo. Hoje temos (e sempre tivemos) governos multiraciais. O mesmo digo em relação a clubes desportivos. Temos até ministros e PCA´s que são (ou já foram) figuras de direcção de certas equipas. Podemos ajuntar a isso o homosexualismo e seropositivismo.

Pergunta: Porquê não acontece o mesmo quando o assunto é cor partidária? Aqui no Facebook somos todos tolerantes em tudo, excepto em escolhas partidárias. Imagina só se fossemos politicamente tão solidários quanto somos desportivamente no grupo Futebol Moçambicano!?! Moçambola, Primeira Liga, La Liga, Bundesliga, Serie A, Premier League, Champions League, Ligue 1, Gira Bola, etecetera, nos unem desportivamente apesar das nossas diferenças clubístas individuais e/ou colectivas. Agora, todos estamos a apoiar a Liga Muçulmana nas Afrotaças. Quando o Vilanculos F.C. abanou todos fomos solidários. Mas, quando o assunto é ALIMO, CDU, FDU, FRELIMO, MDM, PACODE, PALMO, PAMOMO, PANAOC, PARTONAMO, PDD, PIMO, PT, RENAMO, UNAMO e quejandos, a coisa muda de figura.

Posso simplesmente concluir que nós, povo moçambicano, somos tolerantes e solidários de nascença. O problema é que somos politicamente quadrados. A nossa socialização política é inexistente, assim como a cultura política. Estamos desprovidos de qualquer argumento político convincente a todos os niveis. Os partidos que seguimos só nos ensinam a bajular, ao invés de raciocinar. O nosso debate político não é racional. Os próprios partidos foram criados sem nenhuma base de filosofia política ou, então, os seus dirigentes não entendem de ética patavina. O que sabemos dos nossos partidos é uma História forjada. SIM: A nossa intolerância política é construida/criada pelos próprios partidos políticos que construímos/criamos.

Em fim, somos politicamente mal paridos! Somos um aborto político! Eu sou um aborto político e este artigo também!Like · · Follow Post · 3 hours ago



Edgar Kamikaze Barroso, Antonio A. S. Kawaria, José de Matos and 4 others like this.


Germano Milagre Dinheiro e poder ( que por sua vez traduz-se em diheiro ) ! E essa a resposta do porque da intolerancia ... no fim e ganancia .


Mario Albano Albano Concordo com a sua apreciacao, mais penso muita parte da intolerencia politica dos Moz e premeditado, por varios factores como, tribais, regionais, religiosas ate finaceira. Ja desde da unificacao ods tres movimentos isto e notorio. Acredito numa boa educacao pra sanar este assunto, claro sem filosofias politicas.


Antonio A. S. Kawaria Excelente questão. De facto, o problema vem desde à luta armada com todas as consequências que conhecemos. Depois da proclamacão da independência houve as perseguicões políticas, também com consequências que conhecemos. Se bem que nos primeiros anos da introducão do multipartidarismo iamos melhorando neste aspecto, nos últimos nove anos, a situacão deteriou ao culminar com exclusão de quem não faz parte ao partido no poder algo que pessoas como Manuel Tomé e Filipe Paúnde dizem com orgulho. A Frelimo precisa de espírito tolerante como o do veterano Raimundo Pachinuapa. Na medida que o partido no poder se apercebe que vai perdendo o campo, alguns dos seus membros tornam-se mais agressivos.



Antonio A. S. Kawaria Por outro lado, alcancamos a democracia multipartidária, mas esta não é reflectida no nosso sistema de educacão, lá por onde se deve cultivar a tolerância.


Edgar Kamikaze Barroso Heheheh... Texto muito extremista, este.


Macutana Macuta Macuta Nós vivemos uma ditadura democratica. Apos a independencia vivemos o socialismo regido por ditadura,veio a guerra,apos a guerra vivemos uma democracia forjada e forçada,actualmente vivemos uma instabilidade politica causada pela intolerancia que vinha crescendo ao longo dos anos. Enfim...

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