Escrito por Rui Lamarques |
Quinta, 29 Novembro 2012 12:52 |
A verdade porém é que em cinco anos da sua existência, a “Chama” virou uma máquina de fabrico de dinheiro, pois o Gabinete da Maria da Luz Guebuza faz uma espécie de “chantagem económica” às empresas públicas e privadas, “pedindo” patrocínio e inserção de publicidade através de cartas dirigidas aos dirigentes de topo. Quem é o dirigente da empresa pública que ousaria não patrocinar a revista da esposa do Presidente da República? A revista que serve de instrumento de propaganda do Gabinete da Primeira-Dama tem como responsável Flávia Cuereneia, directora da publicação e esposa de Aiuba Cuereneia, ministro de Planificação e Desenvolvimento. Através de uma mão amiga, o @Verdade teve acesso a uma carta de pedido de apoio dirigida ao Presidente do Conselho de Administração da HCB. A HCB é uma empresa pública detida maioritariamente pelo Estado moçambicano. A carta vem acompanhada de um anexo com a tabela de preços de publicidade. Ficar na capa custa a módica quantia de 120 mil meticais, muito mais alto do que cobram as publicações da praça. O preço mais baixo é 30 mil meticais e chega apenas para meia página de publicidade. Refira-se, contudo, que estes preços ainda carecem de IVA. Sobre a “Chama” A revista é trimestral e tem uma tiragem de 2500 exemplares. O seu raio de cobertura é restrito e não chega ao grande público. Em termos de conteúdos, a revista é alimentada por “colaboradores”, a maioria jornalistas de diversos órgãos de informação baseados em Maputo. O que, de qualquer forma, não justifica a corrida desenfreada protagonizada por empresas públicas e privadas. Só de empresas públicas que publicitam e patrocinam a revista, contam-se as seguintes: Petromoc, EDM, Mcel, TDM, FUNAE (Fundo Nacional da Energia), HCB, FIPAG. Nesse leque de benfeitores é preciso acrescentar empresas privadas que também lutam para fazer constar a sua imagem na revista da mulher mais importante do país. Afinal é importante publicitar na “Chama”, não para chamar potenciais clientes, mas para ser visto como empresa comprometida com as causas do Gabinete da Primeira-Dama. Recorde-se que em meados de 2012 foi realizado um evento da comemoração dos cinco anos da publicação, fundada em 2007. Centenas de empresas perfilaram como premiadas pelo dinheiro que drenaram (e continuam a drenar) ao Gabinete da Maria da Luz, por via de uma revista pouco conhecida. A vontade de figurar nos anais da história dos patrocinadores da revista levou empresários sonantes da praça a abrir os cordões à bolsa. Alguns receberam três estatuetas por causa do seu espírito filantrópico. Momade Kayum Bachir, director do grupo MBS, recebeu três estatuetas por causa do espírito benevolente que sempre caracterizou os membros da sua família em relação aos membros do poder. Foram, ao todo, duas de ouro e uma de prata. Salimo Abdula, empresário apontado na praça como testa de ferro de Armando Guebuza, também saiu com três estatuetas. Duas de bronze e uma de ouro. Empresas como BCI, Millenium Bim e HCB foram galardoadas com estatuetas de diamante pelo patrocínio. Refira-se, contudo, que a quantidade de estatuetas é proporcionalmente igual ao número de empresas que patrocinam a revista, enquanto a qualidade (Bronze, Prata, Ouro, Diamante) é equivalente ao valor do patrocínio. No final do dia, há quem não gosta de estar a desbaratar dinheiro com patrocínio a uma revista trimestral e elitista, mas não pode dizer não a um pedido feito em nome da esposa do homem que lidera o destino da nação. Para dizer basta, as empresas usaram a imprensa. |
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Revista Chama
Revista Chama: uma máquina de fazer dinheiro
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