Manifestações em Moçambique: a nova versão da demagogia dos tsongas (Venâncio Mondlane, um guerreiro vátua, em missão tribal para impedir o CENTRO governar o país) Trabalhei em Moçambique como cooperante durante trezes anos, passando por províncias de Maputo, Gaza, Sofala, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado. Convivi, em cada parcela do país em que estive afecto, com pessoas oriundas de todas as províncias de Moçambique. Uma coisa retenho em mente, até hoje: o poder político, intelectual, religioso, económico, simbólico e os demais giram à volta da etnia changana, em que pertenceram Eduardo Mondlane, o propalado pai da Unidade Nacional do movimento de libertação nacional, que viria a ser cognominado FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique); Samora Machel (o primeiro Presidente da República Popular de Moçambique); Joaquim Alberto Chissano, o presidente de transição, entre o mono e o multipartidarismo; Armando Guebuza, o presidente pragmático para o desenvolvimento de Moçambique), entre outros dirigentes militares, académicos, artísticos, culturais, civis, religiosos. Como diria Fanuel Guidion Mahluza, um dos elementos presente nos primórdios momentos da fundação da FRELIMO: “Dizem que Eduardo Mondlane é que uniu os três movimentos antes da fundação da FRELIMO, o que é mentira. Eduardo Mondlane foi convidado por nós para vir a Dar-esSalaam testemunhar a integração dos três movimentos de libertação, pois já tínhamos fundado a FRELIMO. Eduardo Mondlane não é o fundador da FRELIMO, ele é o primeiro presidente da FRELIMO. Diz ainda que Urias Simango nunca foi reaccionário, apenas foi vítima da “demagogia dos tsongas” que nunca aceitaram que um ndau os governasse por causa de contradições históricas existentes entre esses dois grupos filhos de Soshangane.(....) os dois filhos de Soshangane, Ndawe e Tsonga, se conflituaram até criar um complexo histórico entre tsongas e ndaus, que perdura até hoje”(in Salomao Moyana - “A mentira não faz História de uma Nação” Fanuel Guidion Mahluza, o homem que deu o nome “FRELIMO” ao movimento de libertação de Moçambique”). Há historietas sombrias da luta armada, que terminaram com a morte injustificada de muitos combatentes por pura e simplesmente não pertencerem a etnia changana ou a zona sul de Moçambique. Um dos casos gritantes é a morte de Filipe Magaia, de mãe chuabo e pai changana. As histórias dos corredores dizem que foi Samora Machel quem planeou a sua morte, mas a verdade que me foi contada por um velho do sul, depois de muitas confidências, foi: “Tivemos que tirar Filipe Magaia do caminho, que não era changana puro e ele não obedecia aos nossos ideais do poder secular. Nós, os machanganas, somos, na verdade, os escolhidos pelos portugueses para os substituir depois da independência, e jovem Magaia não entendeu essa filosofia. Há quem diga que a sua morte foi planeada e mandada executar pelo Samora Machel – não, não é verdade. Samora Machel não era esse sanguinário que as pessoas pensam. Os verdadeiros mandantes foram os Muthembas, o tio e o pai da Josina Machel, que eles queriam Samora Machel como seu genro. Pondo Samora no comando da guerra, eles iriam beneficiar-se da sua bravura e jogarem à-vontade nos meandros do PODER políticomilitar em formação. Assim, a figura de Mateus Sansão Muthemba é muito importante para entender o poderio changana. Esse senhor foi nascido a 25 de Junho de 1907, em Chicumbane, Xai-Xai, província de Gaza. Ele viria a falecer a 6 de Junho de 1968, vítima de agressão física protagonizada por descontentes, tidos por reaccionários, uma linguagem da altura para os que não se alinhavam com a elite Changana, nos escritórios da Frelimo, em Dar-Es-Salaam. Afinal, ao longo de leituras e conversas sobre a morte do Senhor Mateus Sansão Muthemba, são unânimes as vozes que afirmam que a morte do tido como o mais velho dos pertencentes ao Império de Gaza era uma demonstração evidente da eliminação física dos fomentadores do tribalismo que se vivia na organização. E o seu desaparecimento foi, no entanto, nessas circunstâncias e viria a ser atribuido ao padre Mateus Pinho Gwenjere e o seu grupo, esse tido por crítico acérrimo do tribalismo dos camaradas do sul e lutador implacável a favor de uma representatividade regional nos escritórios da então Frente de Libertação de Moçambique, na Tanzania. É importante sublinhar aqui que Mateus Sansão Muthemba era irmão de Abiatar Muthemba, pai de Josina Machel. Ele começou a sua carreira estudantil na Missão Suíça de Chicumbane, onde fez a 1ª classe. Na mesma instituição frequentaram o ensino primário dois primos, nomeadamente Milagre 2 Mabote e Sebastião Marcos Mabote que se tornaram destacados combatentes da luta de libertação nacional. Mateus Sansão Muthemba e seus correligionários viriam a fazer um trabalho muito importante para a afirmação de Eduardo Mondlane, aproveitando-se da sua formação académica para liderar o movimento em formação. Embora tenha estudado nos Estados Unidos, a sua proeminência política é mais de atribuição que de exercício e conquista. Eduardo Mondlane, Doutor, era muito mais religioso que político, e o controle efectivo do movimento de libertação nacional estava nas mãos dos marxistasleninistas e maoistas, representados por Marcelino dos Santos (mulato) e o seu grupo de mulatos e brancos, e de Samora Machel e os seus compatriotas do sul. Os homens do centro e norte e alguns poucos do sul eram os soldados na frente do combate. Os oriundos do sul, para o seu domínio total e completo, planificaram mortes e desaparecimentos fisicos de todos aqueles camaradas do norte que se destacavam em várias frentes, e que ameaçavam o poder do império de Gaza. Viriam nesta senda, a serem sacrificados, por motivos meramente étnicos, muitos combatentes, entre eles, os seguintes: Uria Simango, Padre Mateus Pinho Gwenjere, Casal Ribeiro – Vice-Chefe do departamento deseguranca e defesa, Francisco Manyanga - envenenado no Hospital Muhimbiri (Secretário da Defesa P. Tete), Lazaro Kavandame – Secretário da Defesa - Cabo Delgado; Alberto Mkutumula - 1º Comissário Politico – Zambézia; António Silva – 1º Comandante e Defesa P. Zambézia e Niassa; António Mpindula – Adjunto Comandante e Defesa P. Zambézia; António Jahova – 1º Comandante e Defesa – Mutarara, Tete; Alberto Sande – Chefe do 1º Campo de Treino Kongwa – Tanzânia; Luís Arrancatudo – Instrutor Campo Bagamoyo – Tanzânia; José Alves -1º Secretário Provincial – Zambézia; Alexandre Magno – 2º Secretário Provincial – Zambézia; Alves Couviua – Combatente; Luís Njanji – Comandante – Tete; Armando Malata – Responsável de Material Bélico – Tete; António Machado – Comandante (natural da Zambézia); António Mazuze – Comandante em Marupa – Niassa (Natural de Gaza); Frackson Banda – Comandante Destacamento Tete; Manuel Mumba – Comissário Politico (Natural Tete); Lino Ibrahimo – Comandante FRELIMO fuzilado em Cabo Delgado; José Mandindi – Comissário Politico (Natural Niassa); José Rivas – Comandante Base Furancungo – Tete; Dr. Cambeue – Um dos Dirigentes da COREMO (Natural de Murumbala – Zambézia); Basílio Banda – Líder MONIPAMO e opositor da FRELIMO (Natural do Niassa); Dra Joana Simeão – Vice-Presidente da GUMO, queimada viva em Metelela; José Nicodêmo – Dissidente da FRELIMO (Natural da Zambézia); Félix Mendes - Combatente da FRELIMO (Natural de Tete); António Ferrão – Comandante da FRELIMO (Natural de Tete); Francisco Cúfa – Um dos Lideres da FRELIMO (Natural da Zambézia); Augusto Nababele – Combatente (Natural da Zambézia); Sara Tomás – (Natural de Tete); Silvério Nungo – Dirigente da FRELIMO, Fuzilado em CABO DELGADO (Natural de Manica e Sofala); Joaquim Matias – Comandante de Bagamoyo (Natural de Cabo Delgado); Fernando Napulula – Comandante de Cabo Delgado (Natural de Cabo Delgado); Raimundo Dalepa – Comandante (Natural de Cabo Delgado); Dunía Nkunda – Comandante (Natural de Cabo delgado); Carlos Nunes - Comandante (Natural da Zambézia); António Fabião - Combatente (Natural da Zambézia); António Quembo - Combatente (Natural de Tete); Francisco Mutamanga - Chefe das Operações de Manica e Sofala (Natural de Manica e Sofala); Damião Piri – Comandante (Natural de Tete); Celina Simango; Júlio Razão. Entre muitos, muito e muitos outros. Como se pode ver, nesse grupo de reaccionários ou heróis sacrificados, a maior parte deles são do centro e norte do país, espelho claro de que o sul sempre teve o cuidado de tirar a vida a todo aquele que atrapalhou o exercício do seu Poder. Afinal, a guerra entre o sul e o norte não é de hoje. O machangana sempre quis estar no comando e a ditar as suas regras de jogo. E depois da independência, esse poder consolidou-se, com as nomeações de pessoas oriundas do sul para postos de administrador, chefes de localidades e de postos ao longo de todo o Moçambique. Depois da consolidação do Poder Popular, o poder étnico do sul, em concluio com a IGREJA, nomeaou a maior parte de Arcebispos oriundos do Sul para todas as Dioceses de Moçambique, com a excepção de Sofala, um baluarte a não se mexer de qualquer maneira, e uns poucos, muito poucos ao nível do país. 3 Em cada província de Moçambique, os lugares cimeiros estão com a gente do sul. Houve alturas, em que a maioria dos governadores provinciais, embaixadores, PCAs, Ministros e outros eram do sul. Houve alturas em que todos os Directores provinciais de Finanças, de Admnistração e Pessoal, de Saúde, eram do sul. Houve alturas em que todos os projectos estatais ou privados, nas províncias, eram administrados pela gentre do sul. Houve alturas em que os motoristas dos chefes, as secretárias dos chefes eram do sul, ficando a única tarefa reservada aos do norte, os ajudantes de campo, vulgo guarda costas. Houve alturas em que a Hidroeléctrica de Cahora Bassa era dos meninos do sul e até se podiam realizar reuniões do Conselho de Administração em changana e traduzir-se para os outros que não entendiam a língua do novo colono. O mesmo acontecia com os conselhos consultivos dos ministérios do estado, em que mais de setenta por cento dos directores nacionais e mesmo directores provinciais eram seleccionados entre quadros nascidos no sul do país ou de familiares sulinos ou ainda quadros selecionados a dedo para servirem interesses do império de Gaza. Os tais agraciados pelo poder eram recomendados a casarem-se com as mulheres oriundas de famílias do sul. Um caso evidente de casamentos entre o norte e o sul é do camarada Feliciano Gundana. O camarada Feliciano Gundana é da etnia ndau e foi amigo do falecido Filipe Samuel Magaia. Só por ser ndau e da etnia do Dhklama, já sofria desconfianças no seio da Frelimo, mas o matrimonio contraido com a Senhora Eulalia Muthemba, prima da Josina Machel, permitiu-lhe a intocabilidade dentro do sistema. Ademais, a sua personalidade de uma pessoa de poucas palavras, fazendo de conta que não sabe de nada, ajudou-lhe muito a não ser seviciado pelos cunhados. Quando chegamos a Moçambique, a primeira palavra que aprendemos foi KANIMAMBO. Como traziamos dicionários alemão-português, vasculhamos a palavra kanimambo, canimambo, canimambu, kanimabu e outras relacionadas, mas nenhuma constava no dicionário. Perguntamos alguns amigos o significado da palavra e nos disseram que significava OBRIGADO, na língua changana, falada no sul do paìs e pela maioria dos dirigentes. Essa palavra popularizou-se ao nível de Moçambique, fazendo parte do vocabulário corrente em todas as línguas do país. Isso recordou-nos a “colonização russa” aos nossos países, onde todas as repúblicas socialistas soviéticas e os países de orientação socialista eram obrigados a aprender a língua russa. As atitudes de supremacia da etnia changana em relação ao resto das etnias do país semeouse também dentro das próprias províncias. Assim, em Sofala, o Ndau achava-se superior ao Sena. Na Zambézia, o Chuabo considerava-se superior aos Lomwes. Em Niassa, os Njanjas achavam-se acima daos Yaos. Em Tete, os angonis achavam-se superiores aos Nyungwes, Chewas e Senas. Essa supremacia era visível e reflectia-se nas nomeações, dentro das províncias, a vários níveis de governação. A ascendência de algumas pessoas do norte para o ciclo do poder tinha a ver com: (1) proveniência dos pais. Se o pai ou a mãe fossem do sul, mesmo tendo nascido numa província do norte, a pessoa era elegível para os cargos que se queriam de representação; (2) se a esposa fosse do sul, a pessoa também tinha pontos para ser agraciada com algum cargo governamental; (3) ou a militância comprovada do indivíduo fazia com que não houvesse espaço para exclusões do visado. O Senhor Armando Guebuza nasceu na província de Nampula, de pais do sul. E durante a luta armada e pós-independência, ele sempre foi tratado como o do sul. Mas aquando da sua vontade de concorrer para as presidenciais, ensaiou-se dizendo que ele era de Nampula. Essa foi apenas uma forma que as elites do sul tinham encontrado para justificar que o poder iria para o norte, enquanto, na realidade, era apenas uma canção para fazer dormir os bois. E Guebuza, na sua governação nunca agiu como um do norte e pelo contrário, humilhou o General Nihia, natural de Nampula, que se supunha ser seu conterrâneo, pondo-o no grupo de avanço das suas visitas internas, como um simples soldado de segurança, aquele que adianta para inspeccionar os lugares onde o chefe iria passar. Guebuza nunca faria isso com General Fumo, General Hama Thai ou outro qualquer do sul. Sofala teve um governador chamado Francisco de Assis Masquil, que governou a província durante nove anos. Ele era um exímio praticante de hóquei-em-patins, pelo clube ferroviário da Beira, donde fora capitão e jogador da selecção nacional. Masquil, sem ter militado em Dar-es-Salaam, nem 4 nos campos de Nachingwea ou na escola de Bagamoyo, granjeou, devido a sua postura de rectidão e integridade patriótica, a confiança e estima do Presidente Samora Machel. Depois da morte do seu protector, Masquil sentiu-se orfão e devido a sua frontalidade, foi expulso do Comité Central e hostilizado até à sua morte. Se ele fosse do sul, isso não iria acontecer com um quadro como ele, de mais valia, inteligente e competente. Mas há um dado interessante: Masquil estava casado com uma senhora oriunda so sul, e pode ser que a sua visibilidade deveu-se a esse matrimónio. Ainda falando das atitudes de supremacia da etnia changana, a própria independência de Moçambique, proclamada no dia 25 de Junho de 1975, foi em memória do mais velho do Império de Gaza, Mateus Sansão Muthemba, nascido a 25 de Junho de 1906. O próprio Marcelino dos Santos, um dos pesos pesados da FRELIMO, teve que fazer vista grossa a essa realidade e a muitas outras, temendo pela sua própria vida. Os homens do sul do país estão tão bem organizados e em sintonia e fazem de conta que estão com os outros intelectuais do país, na discussão disfarçada dos problemas da nação. E isso foi sempre assim durante e depois da luta armada. Gente de gabarito do norte foi silenciada ao longo dos tempos e é prova disso, até 1968, a soma dos intelectuais das três provincias do sul não chegavam ao número dos intelectuais da Zambézia. E para evitar esse desiquilíbrio, um por um foram decepados por qualquer que fosse o motivo. Há um exemplo vivo de um quadro de gabarito, nascido na Zambézia, Dr Eduardo Jose Bacião Koloma, embaixador de carreira e muito tarde Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. Dr Koloma foi dos poucos, da sua geração, dentro do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que teve uma formação consolidada, senão vejamos: licenciado, mestrado e doutorado em direito internacional pela universidade karl marx, em Leipzig, República Democrática Alemã. Ele notabilizou-se como jurista e fez parte de um grupo selecto de quadros moçambicanos que deram forma ao Ministério dos Negócios Estrangeiros desde a sua fundação, mas o seu papel como diplomata e político foi sempre secundarizado, por ser nortenho, servindo apenas de apoiante dos seus ministros oriundos do sul, casos de Chissano, Mucumbi e Leonardo Simão. Conheci-o pessoalmente na Alemanha e era daqueles quadros que eu achava que poderia vir a ser Ministro dos Negócios Estrangeiros, mas a arquitectura político-diplomática do seu país não lhe permitiu sê-lo. Como Dr Koloma, exitem muitos outros quadros, que lhes foi negado a possibilidade de chegar aos píncaros das suas carreiras por não pertencerem as etnias escolhidas para dirigir o país. Hoje fala-se de um jovem de nome Venâncio Bila Mondlane, candidato presidencial independente, sob as asas de uma nova formação política PODEMOS. Esse jovem carrega dois apelidos fortes: BILA e MONDLANE, que são nomes típicos do sul. Uma das perguntas que se faz, em voz baixa, é: se Venâncio Bila Mondlane, com o calibre político, religioso e social que ostenta de momento, fosse do norte ou do centro, teria toda a aderência popular que está tendo?! Qual seria a sua real inserção no cenário político moçambicano? Moçambique já teve homens fortes do norte, começando pelo próprio Afonso Dhlakama, Raul Domingos, Davis Simango, Wehia Ripua, Yaqub Sibindy, Carlos Reis, Manuel de Araújo, entre outros, mas o fenómeno Venâncio Mondlane está a surpreender a todos os estudiosos da ciência política. Todos os supracitados são do norte e o Venâncio Mondlane é do sul. Haverá algum paralelismo nisso tudo?! Antes do fenómeno Venâncio Mondlane, existiu o senhor António Muchanga, um crítico acérrimo da FRELIMO. Há quem especula que se ele não fosse do sul, não estaria vivo até aos dias de hoje, que bem podia ter o destino do Elvino Dias, que não media, igualmente, as suas palavras contra a FRELIMO. Elvino Dias era ingénuo político, apoiando cegamente ao Venâncio Mondlane, pensando que estavam na mesma luta. Pena que é tarde para lhe fazer compreender que ele e o Venâncio eram como dois carris de ferro, onde anda o comboio, mas que os dois nunca se encontram, embora servindo as mesmas carruagens. PODEMOS. Este Partido politico foi da criacao de alguns membros do Partido Frelimo, da ala do sul, que era para acomodar os anseios da camarada Graça Machel, servindo-se do seu enteado Samora Machel Junior como a imagem da familia Machel. E para dar voz a esse partido, pegou-se em alguém, anónimo, para ser a cara da nova formação e com ordens expressas para cobrir, como uma 5 manta, o menino Venâncio, que fora recusado na RENAMO, onde queria concorrer para ser presidente do partido, sem respeitar as regras da casa. Venâncio Bila Mondlane anunciou manifestações para o dia 7 de Novembro de 2024. Esse dia coincide com a batalha de Coolela, em 1895, em que houve um confronto entre as forças portuguesas, comandadas pelo coronel Eduarado Galhardo e forças do Império de Gaza, comandadas pelo imperador Gungunhana. Essa batalha foi nas imediações do pantano de Coolela, no distrito de Manjacaze, província de Gaza. A batalha de Coolela foi de curta duração, mas trágica com enormes consequências para Gungunhana, que dela saiu derrotrado. No dia 11 de Novembro, os portugueses incendiaram Manjacaze, o lugar sagrado dos vátuas. Desmoralizado pela derrota, Ngungunhana retirou-se para Chaimite, onde em Dezembro do mesmo ano seria aprisionado e deportado para Açores, onde passou os últimos dias da sua vida. Sete de Novembro de 2024. Sete Novembro de 1895. As manifestações de 7 de Novembro de 2024 planificadas pelo Venâncio Mondlane seriam a recuperação da imagem do grande Gungunhana, esse que foi derrotado pelos portugueses, em 1895, e por coincidência, na mesma semana, apareceram estudiosos em relações internacionais a glorificar a diplomacia do Imerador de Gaza. Estudos encomendados ou coincidência? Venâncio Mondlane e a sua ala deverão saber... Venâncio Bila Mondlane, o pequeno guerreiro dos vátuas, conseguiu ludibriar uma nação inteira e fez coincidir as suas manifestaçõess com as datas históricas do Império de Gaza. E os académicos oriundos do sul apoairam o seu pequeno herói nessa encruzilhada e agora estão num grupo de reflexão para o resart de Moçambique, com claro intuito de quererem recuperar o status quo sulino nos lugares de governação. Se se prestar atenção aos componentes do Grupo de Reflexão, nele estão inegavelmente intelectuais que não se podem duvidar das suas valências, mas todos eles são da mesma zona, e numa fachada representativa, constam alguns nomes de origem caucasoide, que são permitidos a falar do que querem e quando querem e que facilmente atrãem investimentos, ajudas e patrocínios dos europeus para as causas que lhes dá vantagens. À semelhança do Gungunhana, que funcionou como um trofèu para o governo português no seu domínio em África, ao ser capturado, é também Venâncio Mondlane um troféu do Império de Gaza, que as elites do sul usam para reclamar o seu direito de governar Moçambique sem concorrência com outras etnias. Quando Venâncio Mondlane diz “Povo no Poder”, quer significar “Machanganas no Poder”. E como prova disso, a maior violência faz-se sentir no sul de Moçambique que no norte. E os casos esporrâdicos do norte são financiados por gente bem colocada no poder, da etnia changana, que é para se pensar que as manifestações estão a ocorrer em todo o país. A unidade nacional não pode ser uma simples letra para uns e um princípio patriótico para outros. Há que se redefinir o conceito UNIDADE NACIONAL. Há que, antes de se fazer qualquer estudo, repensar-se no real significado da Unidade Nacional. Fala-se da Unidade Nacional. Mas como é que ela é operacionalizada? Olhe-se para o país. Banco de Moçambique é um feudo dos naturais de Inhambane (Sul). Ministério das Finanças é uma aldeia do domínio sul. A imprensa, toda ela, está nas maos do sul, tirando um ou dois orgãos. No processo de selecção dos jornalistas, privilegia-se mais os do sul que a meritocracia do norte. E como prova disso, muitas delegações provinciais dos orgãos de informação são ocupadas pela gente do sul. E quando há debates televisivos, independentemente das posições públicas que se assumem, a maior parte dos convidados têm sido os intelectuais do sul. E alguns se valem pelas repetidas aparências que pelas contribuições inteligentes. Fala-se de esquadrões de morte. Não foi Nyusi que as inventou. Os esquadrões da morte, segundo Mariano Matsinha, outro peso pesado da luta armada, sempre existiram deste que a FRELIMO é FRELIMO, eliminando-se todos os reaccionários do sistema, e com mais incidência nos pensadores do norte. A morte do advogado Elvino Dias, natural da Zambezia, foi engendrada pelos esquadrões do sul, com apoio do próprio Venâncio e seus aliados da Frelimo sulista, como forma de manchar a liderança do Nyusi e dar aso às manifestações, que, com ou sem morte do advogado, sempre existiriam, para 6 contestar não os resultados, mas a victória do Daniel Chapo, um jovem honesto, íntegro e vertical do centro do país. A morte do Elvino Dias é um sacrifício necessário que muitos movimentos nacionalistas tiveram de fazer para, em volta do herói morto, incendiar-se corações das massas. Foi assim com Eduardo Mondlane, em Moçambique; Hoji-ya-Henda, em Angola; Amílcar Cabral, na Guiné-Bissau e Cabo Verde; Che Guevara, em Cuba; Josiah Tongogara, no Zimbabwe; Martin Luther King, nos Estados Unidos. A morte de Elvino Dias é de uma dimensão muito superior, em que as forças externas ocidentais participaram em apoio à luta do Venâncio Mondlane, mas para os seus próprios intentos para desacreditar a Frelimo que querem fora do poder desde há muito tempo. Filipe Jacinto Nyusi governou o país durante dez anos. Trouxe outra filosofia ao xadrez político moçambicano. Nyusi nomeou para a sua equipa governamental não os Bilas, Cossas, Mataveles, Matlombes, Matusses. E se os nomeou, não foram os que desiquilibravam a balança política e isso enfureceu o sul, que sempre se acostumou a ter tudo sob o seu controle. Nyusi foi longe ao entrar em pormenores que o sul nunca pensou que ele iria: nomeando administradores distritais, PCAs, Secretários de Estado, Governadores provinciais, Embaixadores, Reitores das Universidades públicas e outros quadros da sua inteira confiança, sem olhar para a estrutura sulina. Chegaria mais longe quando ele influenciou na composição dos deputados da assembleia da república, comissão política, comité central, entre outros orgãos que lhe valeram para a sobrevivência, muito mais nos últimos cinco anos da sua governação. Dizendo a verdade, Nyusi descalçou-se dos sapatos de Guebuza e do sul e calçou os seus próprios para o exercício da sua governação, apoiado pelo seu tio Alberto Chipande e pela força, nos últimos anos, de Ruanda, do seu aliado Paul Kagame. Olhando para esse panorama, em que Nyusi destruturou o que era considerado sagrado pela elite política do sul, o mesmo sul não está com vontade de ter mais dez anos de um xingondo e ter que obedecer a um novo patrão xingondo. A disciplina partidária da Frelimo não permite falar disso em público, mas os laços étnicos falaram mais alto e, sem dar a entender aos demais, os do sul lançaram, às escondidas, o seu filho changana. Assim, a razão da ascendência do Venâncio ondlane está nesta filosofia de que o sul não pode suportar mais dez anos da governação de um filho vindo do norte. Os gurus sulinos da própria FRELIMO estão a trabalhar nisso e acobertam e apoiam o jovem, bastando para isso prestar atenção a todas as narrativas que são veiculadas pela Imprensa, que é controlada pela elite do sul. As organizações da Sociedade Civil são o prolongamento do soft power do Império de Gaza. Fazendo uma análise cuidadosa das organizações em referência que actuam em Moçambique, a maior parte delas são dirigidas pelos elementos oriundos do sul, e são exemplos evidentes os seguintes OSC: CESC - Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil; ASCHA- Associação Sócio-Cultural Horizonte Azul; MEPT- Movimento de Educação para Todos; Fórum Mulher; PROMURA- Associação de protecção à mulher e rapariga; ROSC - Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança; ASSCODECHA - Associação Comunitária para o Desenvolvimento Humano; OPHENTA- Associação Moçambicana da Mulher e Apoio à Rapariga; Observatório das Mulheres; ICEF Associação; ActionAid Mozambique; Associação UKHAVIHERA; Associação LAMBDA; Cooperativa de Educação Ambiental Repensar; Associação Progresso; CDD- Centro para a Democracia e Desenvolvimento; CIP- Centro de Inegridade Pública; Associação Coalizão da Juventude Moçambicana; FAMOD- Fórum das Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência; FORCOM- Fórum Nacional das Rádios Comunitárias; MASC- Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil; Global Youth Parliament Mozambique; Hikone Moçambique- Associação para o Empoderamento da Mulher; ADC Género; Rede HOPEM; GCR-Girl Child Rights; FDC - Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade; Movimento Kuhluka; Observatório do Cidadão para Saúde; UNICEF; Save the Children; Helps Education; AMODEFA; MiMoAssociação Missão Moçambique; Associação Voz da Rapariga; AADIS - Associação Africana do Desenvolvimento Inclusivo Sustentável; Associação Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo. É uma situação dolorosa, mas é real. Para os casos daquelas organizações com sede em Maputo, as suas representações nas capitais provinciais, muitas delas são confiadas às pessoas do sul, que é para o controle efectivo das questões financeiras. Quando Daniel Chapo foi coroado candidato presidencial da Frelimo, houve uma tentativa de sulinização do mesmo, propalando-se que ele tinha, de facto, nascido em Inhaminga, mas com pais 7 originários de Inhambane. Essa artimanha viria a cair por terra quando se fez um trabalho sério e descobriu-se que ele era de Sofala de gema e não havia maneiras de o nacionalizar ou sulinizar. Os amigos da infância do pai do Daniel Chapo ainda estão vivos e não há nenhum registro em como os seus antepassados tenham vindo de Inhambane ou do Sul, seja em que época das migrações. E a falar das migrações, a guerra entre Zulus e Ngunis obrigou a muita gente a emigrar para longe, à procura de refúgio. E os njanyas de Niassa, bem como os Ngonis, de Angónia, filhos de Soshangane, são resultado de MFECANE. Nisso, quando outro dia ouvi o Dr Eduardo Mulembwe a falar sobre o processo eleitoral e a dar nota negativa a Frelimo, recordei-me das suas origens sulinas, ainda que de há muito tempo. E ele, para dar razão a ala sul, nunca teria outra voz senão fazer coro ao pensamento sulino, refugiando-se nas artimanhas intelectuais. Filho de peixe sempre será de peixe. Dr Eduardo Mulembwe sabe como chegou ao poder e tem a obrigação de obedecer aos comandos dos seus ancestrais, os do Império de Gaza. E o mesmo aconteceu com o Dr Mazula, uma personalidade de grande respeito, mas com um discurso que lhe põe entre a espada e a parede. Ele participou na arquitectura da estrutura actual que rege as eleições e nada tem a declarar em tom negativo em relação ao governo da Frelimo. Esta estrutura actual, da composição partidária da CNE, foi imposta pelo Dhlakama e apoiado pelo Ocidente. Esta estrutura actual é a melhor que pode funcionar para Moçambique, depois dos conflictos sangrentos no país. Imagine-se que se mude para uma estrutura nao-partridária. Qual é a pessoa da sociedade civil que está isenta das inclinações partidárias? Quem é o advogado é que não tem inclinações partidárias? Quem é o religioso é que não tem tendências partidárias? Quem é o académico é que está imune ao pensamento político e inclinações partidárias?! Há uma comparação excessiva das eleições de Moçambique com os outros países africanos, como são os casos de Botswana. É uma comparação infeliz. Botswana tem aproximadamente três milhões de habitantes e o país nunca teve uma guerra, pondo irmãos do mesmo pai desavindos. Botswana tem outros problemas que nunca podem ser comparados com Moçambique, mas quanto a taxa de desemprego juvenil, ela ronda aos 43%. Afinal, o problema do desemprego é mundial. Os Estados Unidos têm uma população de aproximadamente 350 milhões de habitantes e com uma taxa oficial de desemprego de 4.1%. Imagina o que significa 4% de 350 milhões.... Voltemos ao candidato Daniel Chapo. Qual teria sido a razão de se pensar que Daniel Chapo fosse de Inhambane? Houve um ano, na governação do Presidente Filipe Nyusi, em que todos os governadores, com a excepção do Daniel Chapo, eram originários das províncias onde exerciam as suas funções. Usando essa lógica, muitas pessoas concluiram que Daniel Chapo não podia ser doutra província, senão de onde estava a exercer as funções. Presidente Filipe Nyusi foi um grande estratega, tendo confundindo muitas mentes. E mesmo na votação de Daniel Chapo, no Comité Central de 2024, para ser o candidato da Frelimo, alguns tribalistas sulinos pensavam que estavam a depositar confiança ao seu filho da terra dos vátuas, tsongas, Gungunhana. A candidatura do Venâncio Mondlane. Na verdade, Venâncio é da Frelimo, mas com o papel de anti-Frelimo. Mas é importante sublinhar aqui que é da Frelimo, sim, mas da Frelimo da ala do sul. Os intelectuais do sul organizaram-se para defender o seu candidato, usando evidências e linguagem intelectual de acusação ao Partido FRELIMO. Por exemplo, no capítulo de enchimento de urnas: eu soube de fontes fidedignas que foi uma acção deliberada dos FRELIMISTAS sulistas que apoiam Venâncio Mondlane, que encheram propositadamente as urnas, que era para prejudicar o seu próprio Partido de pertença e ao candidato Chapo, que é do centro do país. E é na mesma linha de pensamento, que muitos académicos e intelectuais do sul têm discursos dúbios em relação ao processo, chegando a sugerir mudanças, como que despertos de um sonho. Foi divertido ouvir, por exemplo, o primeiro Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, a falar pessimamente da FRELIMO e de todo o processo eleitoral, esquecendo-se de que ele foi um dos grandes beneficiados desta FRELIMO que hoje critica. Mas para o benefício da sua própria etnia, ele ignorou toda a ética política e intelectual. Como ele, há muitos outros que não se importam de apontar imperfeições do sistema que lhes serviu a ponto de chegar onde chegaram. No lugar de serem autores positivos de mudanças, eles preferem ser 8 conotados como traidores, mas como os do sul nunca podem ser traidores de nada, eles estão recompensados pelo lugar de suas origens. Nas minhas análises e conversas com gente diversa, depreendo-me com vozes do norte que advertem: “Querem falar dos pecados da FRELIMO, entanto que um todo? Nós falaremos dos PECADOS do SUL sobre o NORTE. Nós faremos com que se celebre o 5 de Maio, o dia em que o Daniel Chapo foi eleito candidato da Frelimo, como o Dia da Consciência do Xingondo. Querem isso? Querem que as elites do norte trabalhem as mentes dos oprimidos do norte para se rebelarem contra o sul opressor, o sul abocalhador das riquezas do norte?! Samora Machel Junior é o Presidente da Montepuez Ruby Mining, um dos maiores exportadores de rubis do mundo. E em Montepuez não tem gente com consciência da sua própria riqueza? Os pupilos de Venâncio Mondlane falam de oportunidades, de espaços, e quem dá espaço aos nortenhos que estão sob mordaças da elite política do sul?” Mas muitos intelectuais do NORTE, educados no medo, mesmo sabendo dessas cabalas, preferem calar-se para assitir ao espectáculo gratuito que só está a danificar o país e, ao mesmo tempo, a criar grandes fissuras na dita UNIDADE NACIONAL. A RENAMO era contra o poder do SUL. A RENAMO de Dhlakama não estava contra a FRELIMO, entanto que uma organização, senão contra a FRELIMO comandada pela filsofia do sul. Contaram-me, os do círculo do Presidente Nysusi, que Dhlakama teve o humanismo de advertir ao seu adverário político para tirar um certo médico, oriundo do sul, da sua equipa, que corria o risco, a mando dos compatriotas étnicos, de ser envenenado. A ser isso verdade, embora existissem diferenças politicas entre eles, há que acreditar que os dois se admiravam muito e se ajudavam, como seres humanos. Dhlakama tratava o presidente Chissano por irmão. E eram, de facto, irmãos; essa irmandade entre ndaus e tsongas, filhos de Soshangane. Mas como sempre, o tsonga traiu o ndau. Dhlakama estava contra a imposição do sul sobre o norte. Olhando para o panorama moçambicano e do silêncio dos que deviam falar a verdade, há que amainar as loucuras do Venâncio Bila Mondlane, que elas poderão despertar o sofrimento do NORTE inflingido pelo SUL. Os apoiantes do Venâncio Mondlane que se preparem para sentir, um dia, a fúria dos nortenhos, que esperam por uma oportunidade para também enfrentarem o colono sulista, que lhes oprimiu desde....Beira já acordou há muito tempo. Quelimane ainda está sonolento com a tendência de despertar. Se Tete e Manica forem despertos, como estão sendo, ninguém há-de aguentar parar com os movimentos que poderão provocar a ruptura do Moçambique indivisível. Qualquer cidadão do norte, ao se aperceber que o Venâncio Mondlane chamou as manifestações para o dia 7 de Novembro, para coincidir com a batalha de Coolela vai ter a certeza de que a sua causa é para o sul e não para todos os moçambicanos. Qualquer cidadão do norte, ao se aperceber que, enquanto se pensava que o candidato presidencial seria do centro, a camarada Graça Machel andava pelas províncias do norte a promover o Samora Machel Júnior, há-de ser obrigado a fazer um exame de consciência e repensar sobre o verdadeiro significado do conceito da unidade nacional que se defende. Há quem diga que Venâncio ganhou. Mas ganhou em que Moçambique? Olhe-se para o país: Moçambique tem 154 distritos. Em quantos deles é que Venâncio é conhecido pela população? Em quantos deles é que os apoaintes do Venâncio acham que ele ganhou mesmo? Em quantos deles é que ele fez campanha e conseguiu convencer o povo com o seu pensamento político? Moçambique tem 444 postos administrativos. Será que ele conhece os postos administrativos do país real? Moçambique tem 1164 localidades. Ele tem ideia do que são localidades do norte ao sul do seu país!? Moçambique tem 53 Municípios. Venâncio e seus apoiantes conhecem e muito bem os municípios de todo o país. Nesses, até pode reclamar alguns votos. 9 Mas há uma coisa que os apoaintes, de todos os ângulos, de Venâncio Mondlane, se esquecem: a população rural de Moçambiques é muito fiel a RENAMO e a FRELIMO. Que não se brinque com os sentimentos das populações rurais, que têm a Frelimo e Renamo como suas religiões! Na minha qualidade de estrangeiro, e tendo trabalhando em Moçambique por vários anos, criei simpatias e antipatias. Há coisas boas que o governo da FRELIMO conseguiu fazer bem nesse tempo em que estava no Governo. Há coisas que deviam melhorar. E há muitas coisas para se melhorar, tendo em conta o mundo globalizado e a informação que é apropriada pelos jovens. Hoje em dia, os jovens têm sonhos que ultrapassam as próprias expectativas. Há que saber geri-las. MEDO. As pessoas têm medo de Daniel Chapo, por ter anunciado que iria combater a corrupção. E eles sabem que essa promessa é mesmo válida e será cumprida. E a pergunta é: quem é o corrupto? São, evidentemente, os próprios camaradas. E são esses que estão com medo de serem combatidos e, nisso, preferem o filho eetnico (Venâncio Mondlane), que em nome da etnia, saberão falar com ele. Daniel Chapo, ao longo das suas viagens de campanhas eleitorais, fez questão de pensar em voz alta sobre uma capital política ou económica diferente de Maputo. Isso mete medo aos sulinos, que não lhes convem a dispersão do poder que estão acustumados a controlar. Saídas e soluções. A Frelimo terá que se reinventar. E a primeira reinvenção é a atitude que o Partido tomou em indicar um jovem - Daniel Chapo, para a presidência da república. Possui experiência de governação de base ao topo e a sua idade etária permite-lhe entender melhor a juventude que Roque Silva, por exemplo, que já estava embuido do poder supremo até à médula. E Roque Silva é dos primeiros da fila que não está feliz com a victória do Daniel Chapo, preferindo, no entanto, o seu “subordinado” irmão de sangue, Venâncio Mondlane. Mas a primeiríssima saída do caos instalado é a tomada de consciência dos camaradas do sul em assumirem Moçambique como um país para todos e que a unidade nacional deve funcionar nem sempre sob a perspectiva do império de Gaza. Se eu pudesse falar com os gurus da etnia changana, iria os aconselhar a serem eles próprios a falarem com o Venâncio Mondlane, por forma a alertarem ao jovem impectuoso que a sua ambição desmedida poderá despertar a dor dos oprimidos do norte pelos abusos do sul. Há muitas injutiças que o sul inflingiu ao norte e as manifestações do Venâncio Mondlane podem atiçar essas dores recalcadas e dificeis de sarar. A RENAMO era um movimento do centro do país. Foi nacionalizado pelo norte, com consentimento do sul e de Cabo Delgado, e como resultado, a RENAMO está, hoje, numa agonia. Os do centro sabem que a morte aparente da RENAMO é obra do sul e isso terá sua factura, um dia. No entanto, a dita reflexão dos intelectuais do sul deverá cingir-se ao seu comportamento maquiavélico e manipulador em relação às outras etnias do próprio país. Recordo-me do general Alberto Chipande, aquando do julgamento das dívidas ocultas, mostrarse escandalizado e indignado quando viu na tenda (onde foram julgados os implicados) marongas, manhambanes, machangas de Gaza e uns poucos do norte. Na sua verificação, dos vinte réus arrolados no processo, a maior era do sul e os restantes, três eram de zambézia (curiosamente todos eram altos quadros do SISE) e um de Sofala. Para ele, isso era a demonstração viva de que o sul queria comer, como sempre, sozinho, excluindo os outros nesse bolo grande das dívidas ocultas. E é o mesmo sul que reclama que Nyusi, desde que assumiu o poder, colocou gente do norte em todas as instituições do Estado, como poder judiciário, representativo e até lesgilativo. Mas o mesmo sul se esqueceu de que antes do Nyusi, tudo o que era Poder verdadeiro em Moçambique estava nas mãos do sul, casos da banca, das finanças, dos negócios estrangeiros, só para citar alguns. O problema do sul é que quer, porque quer, TODOS os poderes legislativo, representativo, judiciário, partidário, religioso, intelectual, artístico e todos os orgãos sociais e cargos relevantes. Olhando para as empresas público-privadas que produzem dinheiro, tais como a Aeroportos de Moçambique, Linhas Aéras de Moçambique, Caminhos de Ferro de Moçambique, Hidroeléctrica de Cahora Bassa, Petromoc, Porto de Maputo, Electricidade de Moçambique, entre outras, todas elas estão nas mãos da elite do sul. E muitas delas, sofrem de uma 10 gestão muito danosa, como é o caso de HCB, parecendo que o Presidente do Conselho de Administracao foi enviado pelos seus protectores, para deliberadamente sabotar a empresa. E por cima dessa gestão, a decisão do Presidente Filipe Nyusi de nomear Roque Silva, para HCB, como administrador não executivo, com um salário que pode pagar a mais de 15 professores, dos que recebem abaixo de trinta mil meticais, foi uma autêntica aberração política. Há que acalmar os filhos do império de Gaza a saberem viver em comunidade e a respeitar a Unidade Nacional. Há que ensinar aos filhos do Império de Gaza que na vida há alternâncias e que desta vez é o Centro do país a comandar. Há que convencer os intelectuais do Gaza que o resart não é para se começar de novo com Mondlane, Samora, Chissano, Guebuza. Há que encontrar, sim, outras equações para a cidadania e não ao etnicismo camuflado. Conversando com um amigo de longa data, natural de Gaza, que nos conhecemos na Alemanha, no tempo em que havia a troca de mão-de-obra entre Moçambique (operários) e RDA (qualificados), disse-me: “As coisas correram mal. Atrasamos a preparar a alternância e nem era esse jovem Venâncio a nossa aposta, mas devido a sua garra, o seu egoismo, o seu comprometimento, acabamos por lhe acobertar. Tentamos tudo por tudo para lhe pormos como candidado na RENAMO. Queríamos que a RENAMO ganhasse as eleições de 2024, com com a condição de Venâncio ou Muchanga serem candidatos. O velho António Muchanga quis entrar nesse barulho. Caso isso acontecesse, não haveria muita confusão, sabido que a RENAMO tem expressão credível ao nível do país. A nossa operação foi descoberta. Mas antes disso, tentamos pôr o jovem na MDM, chegando a ser membro da Comissão Política do MDM. Houve precipitação da parte dele e fomos descobertos. No entanto, a Frelimo está preparada para a alternância, mas essa mudança de regime deve ser de um sulino no governo para um sulino na oposição.” “E agora”- Perguntei. “Daniel Chapo vai governar. Temos medo da sublevação do centro. E pelos vistos, o Centro não comprou o movimento encabeçado pelo Venâncio Mondlane e isso nos mete medo, muito medo. Se os beirenses tivessem aderido a esse Movimento, diriamos que a nossa estrégia foi bem concebida. Mas o centro se excluiu, por razões óbvias. O centro tem muitos intelectuais de calibre e não se metem no bláblá-blás dos meus comparsas. E não podemos esticar a corda para muito longe, senão vamos provocar a ira de um povo sofrido. Zambézia foi sempre volátil. Trabalhamos bem, nos tempos, com Gruveta e os outros. Nampula, como diria o próprio General Nihia, que é natural de lá, os macuas são falsos. E dentro dessa falsidade, eles estão muito mais preocupados em combater os seus próprios representantes (Nihia, Talapa, Mucanheia – por, segundo eles, não lhes representar condignamente), que perceber os motivos da dita própria revolução interna. Mas não deixaremos Daniel Chapo por dez anos no comando. Encontraremos outra pessoa, diferente do Venâncio Mondlane, que a sua estratégia não foi das melhores.” “E Samito?” “Esse é o dossier da mamã Graça e não da nossa Frelimo. Mas vamos gerir. Vamos recomendar ao Daniel Chapo para dar um posto ministerial ao Samito, que é para acalmar a mamã...” “E Manuel de Araujo, um político brilhante e diplomata por excelencia?” “É xingondo. É maquilimane. Não funciona para o que queremos.” Moçambique é um mosaico étnico. Para o bem do país, o primeiro passo é fazer-se um trabalho árduo e consciente por forma a desmantelar a psicose de superioridade do povo que outrora pertenceu ao império de Gaza. O segundo passo é fazer ver aos intelectuais orgâninos e inorgânicos da etnia xangana que eles são importantes para a construção da nação moçambicana, mas não são os únicos pensadores. Alguns deles sonham até em organizar conferências, sem nenhum mandato, para discutir e propor mudanças do forum político e institucional, ignorando todos os processos politico-jurídicos com que se regem os países. Esses intelectuais fazem do país uma extensão das universidades onde leccionam e querem transformar os políticos em seus estudantes. Quando um Reitor se expõe a discutir publicamente ideias e com favoretismo para um lado, há qualquer coisa de errado na academia desse país. Reitores, pastores e outras figuras proeminentes de um país são pessoas que se sentam com a 11 elite política e dão a sua contribuição à nação, mas quando os mesmos se juntam a turma dos manifestantes ou de barulhentos, os mesmos põem em causa o seu brilho intelectual. E há antigos jornalistas, que outrora foram imprescendíveis, mas que o tempo lhes pos no lugar certo, exigem a discussão de ideias nos jornais e nos paineis, ignorando que a política tem as suas nuances. O terceiro passo tem a ver com a Imprensa. Muitos jornalistas são muito mais promotores de confusões que propriamente jornalistas. Muitos dos jornalistas são da etnia xangana ou do sul e eles, a mando de alguém, imitem suas próprias opiniões ou procuram amigos para em nome deles o fazer e isso está a danificar cada vez mais a nobre profissão de informar e a empurrar a juventude para o caos. Seria bom sensibilizar essa classe por forma a saberem o que é informação útil para o público e o que é sua própria opinião para um tempo como esse em que Moçambique está a viver. O quarto passo seria o presidente Chissano e todos os outros da etnia xangana entenderem que o mundo está a olhar para o Venâncio Mondlane como filho deles, e nisso, eles precisam de fazer algo para parar com o monstro que criaram. O quinto passo tem a ver com a Frelimo e o próximo presidente: deverá enverendar pelas mudanças verdadeiras e dar um carinho especial aos jovens. E na formação do novo governo, deverá ter-se atenção às várias sensibilidades etárias, étnicas, entre outras, mas sempre em função da meritocracia. A luta contra a burocracia e corrupção devem ser a primeira bandeira do novo Presidente. A luta contra a má gestão, que seja a segunda bandeira. As lutas contra as exclusões, sejam políticas, étnicas, sociais, devem ser o mote de toda a governação a começar em Janeiro de 2025. Hans Manfred (Amigo de Moçambique. Kanimambo por lerem as minhas
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