quinta-feira, 9 de julho de 2020

O Conflito por Tradição – VII


Joao Cabrita
Dün, 11:46 ·



O Conflito por Tradição – VII

As circunstâncias em que se deu o assassinato de Eduardo Mondlane apenas serão conhecidas na sua totalidade quando a Tanzânia optar pela divulgação dos resultados das investigações. Embora seja ponto assente que a PIDE foi responsável pelo assassinato de Mondlane, a postura da Tanzânia explica-se pela relutância deste país em pôr a descoberto a dimensão da dissidência no seio da Frelimo e as cumplicidades tanzanianas a vários níveis. Uma postura que permitiu à Frelimo explicar a ocorrência à sua maneira, inclusivamente justificar as medidas tomadas por altura da independência contra conhecidas figuras da oposição, sendo Uria Simango o alvo principal.

Os factos apurados pela Polícia de Investigação Criminal (CID) tanzaniana revelaram que para além do livro armadilhado que vitimou Mondlane, houve outros dois: um, expedido de Dar es Salam, tal como o anterior, mas endereçado a Marcelino dos Santos e que chegou aos escritórios da Frelimo a 13 de Fevereiro; outro, expedido de Nachingwea tendo Uria Simango como destinatário.

Para grande surpresa da CID, o Departamento de Segurança da Frelimo não tomou quaisquer medidas para prevenir o atentado contra Mondlane, não obstante o seu chefe ter sido avisado de que estava em curso uma conspiração contra o presidente da Frente de Libertação de Moçambique

À medida que a CID passou a ter uma ideia mais clara da situação conflituosa na Frelimo, as investigações passaram a centrar-se na facção makonde do movimento de libertação. Todavia, as investigações depararam com obstáculos por parte da polícia da Tanzânia e da representação da TANU em Mtwara. Um membro da Liga Juvenil fiel a Kavandame, suspeito de envolvimento na morte de Paulo Kankhomba, terá sido alertado de que a CID pretendia interrogá-lo, deixando de ser visto uma semana depois do atentado contra o presidente da Frelimo. No mês seguinte, quando a CID se preparava para deter Kavandame, já este havia atravessado a fronteira com Moçambique, acompanhado de numeroso grupo, em busca de protecção das autoridades portuguesas.

Na versão oficial da história de Moçambique, Kavandame é o símbolo da corrupção e da ambição, dos que aspiram a ser os novos exploradores. Lê-se na narrativa da facção vitoriosa que Kavandame desviava a produção agrícola vinda das áreas libertadas, comercializando-a em território tanzaniano em proveito próprio. Em suma, um senhor feudal, um traidor, regionalista e tribalista. O que não condiz com os factos apurados pelos investigadores da CID.

Kavandame era proprietário de várias fazendas na região de Mtwara. Em Março de 1969, a conta bancária de Kavandame tinha um saldo de 20 000 xelins tanzanianos. Uma das fazendas servia de base para treinos militares da Liga Juvenil. Segundo apurou a CID, os membros da Liga estavam melhor equipados e alimentados do que os guerrilheiros da Frelimo. Depois de ter rompido com Mondlane, o Baraza la Waze, ou Concelho dos Anciãos, passara a actuar sob a jurisdição efectiva de Kavandame,

Kavandame nunca conseguiu obter das autoridades coloniais portuguesa o apoio para o projecto de autonomia makonde. Os «Capitães de Abril» viriam a dar o golpe de misericórdia às aspirações do velho activista.

Mas a «tribo primitiva» não dá sinais de esmorecer: menos de 6 meses após a proclamação da independência de Moçambique guerrilheiros makondes tentaram derrubar Samora Machel. O presidente estava ausente da capital. Sitiado no antigo QG das tropas portuguesas, Machel deu ordens às FPLM em Sofala para avançarem sobre Lourenço Marques, pois a capital "está a ser alvo de um ataque dos racistas sul-africanos".

Sucederam-se outras sublevações dos «javalis». O apartheid serviria também de capa para explicar mais uma tentativa de golpe de Estado em 1986. Um acidente de aviação no mesmo ano actuaria como vávula de escape. (continua)

Foto: Lázaro Kavandame em Metelela: a «recuperação ideológica» impossível.




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Edio Matola Professor Joao Cabrita. Quando, onde e em que circunstância Kavandame foi capturado pela Frelimo? Ha alguma obra, que me recomendaria para entender esse ponto, assim como a dos demais proeminentes "reacionários"?
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F.T. Amaral Quem ganha a guerra é quem faz a história
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Edio Matola F.T. Amaral disso eu sei! Mas há gente que nem o Joao Cabrita, Newitt, Pilissier e por ai que escreveram e escrevem sobre Moçambique, mas que não fazem parte do grupo dos vencedores. Então suponho que exista algo minimamente isento escrito sobre esse assunto..
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Joao Cabrita Edio Matola, Kavandame foi capturado durante o governo de transição, nos termos dos Acordos de Lusaka (ver Acordo de Cessar-Fogo entre o Estado Português e a Frelimo). A operação, que abrangeu antigos
membros da Frelimo (guerrilheiros, dissidentes, estudantes bolseiros, entre outros) e dirigentes de movimentos e partidos (Coremo, PCN) foi coordenada pelo Departamento de Segurança (DS) da Frelimo e pelo Copcon (Comando Operacional do Continente) que era a nova polícia política portuguesa dirigida por Otelo Saraiva de Carvalho. Kavandame e outros presos políticos (Adelino Gwambe, Uria Simango, Joana Simeão, Gumane, etc. ) foram transportados de Lourenço Marques em aviões NordAtlas da Força Aérea Portuguesa (FAP) para Pemba e daqui para a Base Moçambique da Frelimo em Cabo Delgado. Houve voos da FAP para Nachingwea que no regresso transportavam material de guerra e dirigentes da Frelimo, via Dar es Salam e Mtwara.

Em Lourenço Marques, Jacinto Veloso foi o elo de ligação entre o DS e o Copcon. O DS utilizou fotografias obtidas dos arquivos fotográficos do Notícias e da revista Tempo para identificar as pessoas que estavam concentradas junto à Rádio Moçambique nos dias 7 a 9 de Setembro de 1974 e que eram depois presas.

Em Lisboa, o Copcon utilizou as mesmas fotografias quando interrogava pessoas vindas de Moçambique e que eram detidas à chegada.

Os aviões da FAP também efectuaram voos para Lusaka. O governo da Zâmbia prendeu membros do Coremo que depois foram transportados para Nachingwea para os "julgamentos populares" presididos por Samora Machel e Marcelino dos Santos.
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Edio Matola Joao Cabrita aterrador! Em analogia, me parece que Ossufo Momade assinou um acordo semelhante.
Já agora, tratando-se de um acordo, a troco de quê os novos governantes Portugueses, que acabavam de levar abaixo uma ditadura, dai entender-se que deviam te…Daha Fazlasını Gör
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Joao Cabrita Edio Matola, é preciso ter em conta que os Capitães de 25 de Abril no dia 24 do mesmo mês eram o suporte do colonial - fascismo. Fundamentalmente , o golpe de 25 de Abril decorre de uma disputa salarial entre oficias do quadro e oficias milicianos.
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Edio Matola Joao Cabrita obrigado pelo esclarecimento. Foi um desentendimento do mesmo grupo. Dai a elite ter se mantido, para além de agora entender que também tinham muitos interesses em Moçambique por defender a qualquer preço.
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David Mussa Edio Matola continue lendo e fazendo aproximação de ideias ao invés de confrontar e indagar o professor para melhor perceberes o que os demais não estão a perceber
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Machala Paz Lázaro Kavandame, não foi nenhum traidor, aliás, ele profetizou o que está acontecendo em Mociboa da Praia, Palma e outros distritos sentetrional de Moçambique. A história verdadeira um dia virá a tona.
Ass: Macondinho de Mueda
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Paulo Soares Joao Cabrita não só salarial. Capitães milicianos, graduados pelos seus feitos em combate, estavam a ter um Curso de Oficiais Superiores, em Portugal.
Eles, essencialmente é que congeminaram o 25 de Abril.
Já tinham chegado á conclusão, com o exemplo dos americanos ne Vietnam, que a solução era política, não militar.
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Andre Jorge Chifeche Aos poucos o véu vai caindo. Estudamos que Mondlane morreu no gabinete e agora passamos a saber que morreu em casa da Bety. Uma história que distorceram propositadamente
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MisterDavid Chifeche Andre Jorge Chifeche, lembras que em Unguana, Muvamba, Xivakwene ate Mucuacua cantavamos nas Makwayelas que quem matou o Mondlane era a Khavandame? ''Khavandame wa loya Khavandame a nga daya Mondlane''!
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Andre Jorge Chifeche MisterDavid Chifeche isso mesmo irmão. História ocultada com objectivos obscuros.
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Joao Cabrita MisterDavid Chifeche, a PIDE foi quem preparou os livros armadilhados. Não disponho de quaisquer elementos que possam envolver Kavandame na operação. Nem Kavandame, nem Simango ou Silvério Nhungo e Samuel Dhlakama - pessoas mencionados na versão oficial da história de Moçambique como estando envolvidas na morte de Mondlane.

A CID tanzaniana apurou que URIA Simango rasgou o papel que envolvia a encomenda endereçada a Mondlane. Por se tratar de um livro em francês (Obras Escolhidas se Georgi Plekhanov), idioma que não entendia, Simango não abriu a encomenda.

A família de Mondlane nunca foi informada dos resultados das investigações - da Tanzânia (e de entidades abordadas pelo governo tanzaniano) e da Frelimo.

A Sra. Nyeleti Mondlane, pese embora o facto de ter sido a mãe, Janet Mondlane, a revelar que nunca foi informada pelos governos da Tanzânia e da Frelimo dos resultados das investigações, optou por seguir a versão oficial da história, implicando Uria Simango.
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MisterDavid Chifeche Joao Cabrita, eu em 1984 era ainda muito pequenino e frequenta a minha 1a classe e nas cancoes e canticos revolucionarios e ou da mentalizacao revolucionaria, eramos ensinados a cantar que quem matara o Mondlane foi o Khavandame, dai que trouxe um pequeno trecho do que cantavamos so para perceberes que eu e mais alguns meus colegas daquela altura captamos isso e quando a realidade vem aos bocados, ficamos todos boquiabertos!
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Joao Cabrita MisterDavid Chifeche, no dia 10 do corrente mês da 15h00 às 16h00 (hora de Maputo) há um debate via Internet organizado pela Chatham House, Londres. O evento é sobre Eduardo Mondlane. Uma das participantes é Nyeleti Mondlane.

Sugiro que o MisterDavid Chifeche participe no debate e aproveite para esclarecer dúvidas. Teria de efectuar o registo.

Ver informações aqui :

https://www.chathamhouse.org/.../webinar-african...
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CHATHAMHOUSE.ORG
Webinar: African Liberation – The Historical and Contemporary…Webinar: African Liberation – The Historical and Contemporary Significance of Re-discovered Nationalist Speeches at Chatham House of Dr Eduardo Mondlane and Oliver Tambo

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MisterDavid Chifeche Joao Cabrita, agradeco antecipadamente e esterei ligado a este debate muito interessante. Quero encorajar-lhe para que continue nos actualizado dos factos reais-ocultos que andam de cabeca em cabeca dos homens que viveram intensamente a historia de Mocambique-real antes, durante e depois da independencia, pois sem estas obras soltas nao conheceriamos este lado da historia. Bem haja, Joao Cabrita!
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Paulo Soares Joao Cabrita mas Chissano era o Chefe da Segurança e sabia que o atentado estava a ser preparado.
Ainda foi preso e interrogado pela polícia tanzaniana.
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Rogério Murjji Neves Porquê sera que Afrelimo ofereçeo a tanzanía uma grande porção de terra? 2 distritos da outra margem do rio Rovuma ?
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Marcos Pakhonde Rogério Murjji Neves houve isto? Se pegarmos o mapa usado na conferência de Berlim teremos delimitação diferente da actual? Curiosidades.
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José Maria Antas E quem era o chefe da Segurança na altura em que Mondlane foi morto?
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Joao Cabrita José Maria Antas, era Joaquim Chissano. Ver, a propósito, https://www.youtube.com/watch?v=2G4IJLq-8V0
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YOUTUBE.COM
Três jovens alertaram a Frelimo sobre a segurança de Mondlane…Três jovens alertaram a Frelimo sobre a segurança de Mondlane pouco antes da sua morte



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José Maria Antas Joao Cabrita , obgd, tanta história, quem devia ter inspeccionado era o dito cujo, teorias de conspiração????
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Nemane Selemane Qual foi a linha que usaram para culpar Lázaro Kavandame e Urias Simango no assassinato de Eduardo Mondlane?
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Jabulane Nhonguane Historia de mocambique cheia de historias para distorcer a realidade.
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Ernesto Franque Jonas Muita máfia
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