sexta-feira, 27 de março de 2020

A indiferença tem método

Cabo Delgado arde e, com ela, uma parte importante do que nós somos. O Presidente cala-se, o Primeiro Ministro cala-se, os Ministros calam-se, a Comissão Política cala-se, a oposição cala-se e só uns gatinhos pingados pelas redes sociais é que vão dizendo uma e outra coisa. Melhor demonstração da indiferença das nossas elites políticas pelo País não poderia haver. Comunicar, nem que seja para dizer que estamos perante um inimigo invisível e ainda não sabemos o que vamos fazer, é essencial numa democracia. A obrigação de comunicar constitui um estímulo à reflexão. O mais tardar, é quando você tem que comunicar que vai ter mesmo que pensar sobre o que está a acontecer. O silêncio pode ser indicação clara de que as pessoas de direito não querem mesmo se dar ao trabalho de pensar.
A indiferença tem método. O método não é só não comunicar. É também concentrar toda a energia no supérfluo. O discurso do chefe da bancada parlamentar da Frelimo ontem na Assembleia da República é uma triste, mas bela demonstração disso. 14 páginas sobre nada, mas tudo escrito de forma bonita, o que significa que alguém se sentou para reflectir sobre o que ia dizer, como e com que objectivo. Pelo resultado, tudo feito à revelia do que seria de esperar de alguém que tem como trabalho representar quem o elegeu para cuidar do País. O foco no supérfluo implica (1) falar do óbvio, (2) idolatração e (3) confundir papéis. Reproduzo excertos desse discurso e, entre parênteses, vou mapear a indiferença.
“No meio à catástrofe que se abate sobre muitos países e, alguns com economias desenvolvidas cujos sistemas de saúde de primeira linha desmoronam como cartas de baralho, queremos saudar as medidas de saúde pública preventivas anunciadas por Sua Excelência o Presidente da República FILIPE JACINTO NYUSI, à Nação moçambicana” [aqui temos o 1 e o 2. As medidas anunciadas pelo Presidente são do governo, portanto, é completamente desnecessário fazer referência ao Presidente; a referência ao desmoronamento (que nem é verdade) de sistemas de saúde é infeliz porque parece sugerir que Moz tomou medidas que vão evitar isso melhor do que o que as economias desenvolvidas fizeram].
“Saudamos, igualmente, a direcção do Partido FRELIMO que, cumprindo as orientações do Governo, adiou a Sessão Ordinária do Comité Central marcada para os dias 20 a 22 de Março, um evento que quando reúne junta centenas de pessoas para debater matérias importantes do País” [é o 2 com a agravante de que pela construção frásica dá a impressão de que debater matérias importantes do País aumenta o risco de infecções].
“Numa corrida eleitoral testemunhada por várias entidades nacionais e estrangeiras jamais vistas, no nosso País, a vitória expressiva da FRELIMO e do seu candidato presidencial FILIPE JACINTO NYUSI foi a prova inequívoca da confiança dos moçambicanos na FRELIMO e na liderança firme e serena do Presidente FILIPE JACINTO NYUSI que, no meio dos constrangimentos da conjuntura económica, conduz Moçambique e os moçambicanos para o desenvolvimento. Nestas eleições, o Presidente FILIPE JACINTO NYUSI foi reeleito com 73% dos votos e o Partido FRELIMO obteve 70,78% dos assentos, na Assembleia da República, um total de 184 Deputados, enquanto que nas Assembleias Provinciais a FRELIMO venceu em todas as Províncias, com 72, 27%” [1, 2 e 3; quem é que não sabe isto naquela sala? O deputado virou repórter?].
“Testemunhamos no dia 15 de Janeiro de 2020 a investidura do Presidente FILIPE JACINTO NYUSI, como o Mais Alto Magistrado da Nação e registamos o seu juramento de continuar a "Ser o Presidente de todos os moçambicanos e a sua promessa de trabalhar pelo Moçambique que todos sonhamos” (...) “Tal como demonstrou ao longo dos últimos cinco anos, o Presidente FILIPE JACINTO NYUSI, vai liderar os moçambicanos com a máxima energia, entrega e dedicação, para reduzir os índices de pobreza com a construção de mais escolas, mais emprego para jovens, hospitais, estradas e pontes, fontes de abastecimento de águas, energia, turismo e catapultando a agricultura como a base do desenvolvimento do nosso País. Saudamos à Sua Excelência o Presidente FILIPE JACINTO NYUSI pela aposta na juventude e na mulher neste novo ciclo de Governação onde notamos no governo central, nos governos provinciais, na administração pública e nas assembleias representativas, a presença de jovens na dianteira da produção e até na liderança, sobretudo nos distritos. Esta é uma demonstração clara e inequívoca da materialização do compromisso assumido por Sua Excelência o Presidente da República, no sentido de continuar a promover a inclusão de jovens e mulheres na governação do País, a todos níveis. Ao Presidente FILIPE JACINTO NYUSI e ao seu Governo, auguramos os maiores êxitos no cumprimento da missão e na condução de um Governo comprometido com o bem-estar do nosso Povo” [2 e 3; o Presidente foi eleito com base num programa elaborado pelo partido Frelimo; como presidente desse partido ele liderou a discussão e aprovação desse programa, mas o programa não é dele, tanto mais que a Frelimo não funciona assim. Você não é indicado para dirigir o partido porque você tem ideias melhores e mais consensuais do que a de outros candidatos. Você é indicado porque a Frelimo precisa de alguém para falar em seu nome. Insisto sobre este ponto porque é um dos maiores câncros da Frelimo, o seu maior déficit democrático].
“Como disse Sua Excelência o Presidente FILIPE JACINTO NYUSI, e nós citamos “A Paz foi e será sempre a nossa prioridade absoluta. No mandato que agora começa continuaremos a apostar na preservação da Paz como condição indispensável do desenvolvimento. Continuaremos, nem que isso nos custe a vida, a defender e a promover a Paz”. Acreditamos que "Moçambique tem tudo para dar certo" como nos tem ensinado o nosso Presidente. Para além de uma população jovem e trabalhadora, o nosso País tem imensos recursos que poderão desenvolver a médio e longo prazo a nossa economia” [2 e 1; sem comentários; coloquei isto por causa do que vem a seguir; estamos na página 7 dum discurso de 14 páginas].
“Mas, para que tudo dê certo, repito, é fundamental que o País viva sem as acções bárbaras de malfeitores, verdadeiros inimigos da Paz, do desenvolvimento e do bem-estar dos moçambicanos que, usando o que lhes resta do saber e inteligência matam e estão a criar terror nas populações indefesas, em alguns pontos das Províncias de Cabo Delgado, Manica e Sofala.
Como Bancada, expressando a dor e repúdio dos moçambicanos e sobretudo das populações indefesas, directamente afectadas, condenamos de forma veemente estas acções criminosas.
Porque a PAZ é um bem precioso e maior para qualquer Povo, exortamos a todos os moçambicanos, a contribuírem na defesa e promoção da Paz e do diálogo, factores fundamentais para o desenvolvimento político, económico, social e cultural do País. Como Bancada, acreditamos que o diálogo é o nosso único e principal recurso para ultrapassar as diferenças e contribuir na construção do bem-estar comum, acima de interesses individuais ou de grupo. Ainda na busca pela Paz, saudamos os esforços do Presidente FILIPE JACINTO NYUSI e encorajamos que continue a tudo fazer para acelerar o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração dos homens da Renamo como parte do roteiro para a busca da Paz. Instamos, igualmente, a liderança da Renamo também a se empenhar de forma sincera, honesta e corajosa para a implementação dos entendimentos do ano passado [1, 2 e 3; “o que lhes resta do saber e inteligência” não mata, mas sim revela a fragilidade do País e, por isso, convida o deputado a concentrar a sua atenção no tipo de desafios políticos que isso coloca a si próprio, ao partido que ele representa e ao governo que ele apoia; prefere empolgar-se com lugares-comum que em nada ajudam a concentrar a atenção no que realmente conta; a gravidade do que está a acontecer em Cabo Delgado exige um outro discurso, mais sério, que traz conforto à população de Cabo Delgado; a gravidade dessa situação obriga também a separar os assuntos, pois Cabo Delgado não é Manica e Sofala, nestas últimas províncias o assunto é outro e resulta, parcialmente, do que o idolatrado logrou com a paz definitiva provisória].
“Saudamos a valentia e prontidão das Forças de Defesa e Segurança que, pese embora também se ressintam das medidas de austeridade que o País vive, continuam a garantir a defesa da soberania, da ordem e tranquilidade públicas, assegurando o pleno funcionamento das instituições democráticas e protecção da vida das nossas populações, das empresas e outras” [1, 2 e 3; que medidas de austeridade? O deputado acompanha as notícias? Para ele também é “normal” que sejam ocupadas sedes distritais? Que fique claro: o problema não são as FDS; o problema é quem tem a obrigação política de garantir que elas façam o seu trabalho].
Então, quando digo que a indiferença tem método refiro-me a isto. A nossa classe política abandonou-nos.
Yorumlar
  • Alexandre Pomar Conservaram (ou recuperaram) os vícios de raciocínio e linguagem das antigas autoridades coloniais ou das burocracias autoritárias de toda a parte. Se se fala na mesma contagiam-se todas as cabeças
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  • João Agante Batista Ideias e discursos fora da realidade. O mundo mudou. Depois pode ser tarde.
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  • Constantino Pedro Marrengula O abandono da classe política tem barba rija, prof. Pelo discurso parece claro quem é o soberano na visao do deputado e de muitos. O soberano de facto é o presidente, para ele todas as honras. Deve haver alguma razão para esta tendência de inflaccionar os méritos do chefe. Parece me uma estratégia de legitimação.
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  • Anna Maria Gentili E molto tempo che ha cessato di esistere se non per la gestione dei propri affari!
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  • Luís Nhazilo É muito triste o que está a acontecer.

    Professor, pode soltar para a partilha?
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  • Soshangane Wa Ka Macúacua Mpoyombooo,humula bava hapswoo!?
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  • Raposo Andrade Muito profundo, Professor! Parabéns pela coragem,,frontalidade e sensatez. O país, de facto, clama.
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  • Isabel Maria Casimiro Que horror! Parole parole completamente vazias. Repetem-se em elogios supérfluos. Todxs caladxs. Só mesmo alguns de nós apóstolos da desgraça para agitar essa paz podre dxs vitoriosxs fraudulentxs!!!!! .... tristeza
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  • Carlos Jaime Uate Parece ser um texto lido numa cerimônia de homenagem ao líder e não numa assembleia da República reunida em plenária para iniciar um quinquênio.
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  • Eugénio Gujamo Um post profundo e pertinente, Prof. Elisio Macamo. A nossa classe política vive de perplexidade em perplexidade. A indiferença pode ser uma etapa transitória para uma outra perplexidade. Mesmo com tudo para dar certo, ainda estamos à nossa sorte.
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    • Rildo Rafael Eugénio Gujamo a forma como a classe política chega ao poder é que reproduz uma "cultura de indiferença" que tem o seu pico nos períodos pós-eleitorais e se prorroga até ao próximo surto eleitoral onde voltam a fingir dar ouvidos aos eleitores...É um ciclo vicioso que esta enraizado na maneira como nos "construímos" como moçambicanos, onde prestar conta não faz parte do nosso dicionário político. O fuher é sempre clarividente, excepcional, ou seja, não humano
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    • Rildo Rafael Eugénio Gujamo o problema vem de longe e tem barbas brancas e engana-se aquele que pensar que o mesmo afecta apenas os partidos que estão no poder ou o governo do dia, pois é também extensivo as diversas formações políticas no país. E a coisa vai descendo como efeito dominó do topo as bases....
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    • Eugénio Gujamo Pois é RR, "o Fuher é sempre clarividente, excepcional, não humano" até que deixe o poleiro. A questão é bem mais complexa na medida em que os da 'oposição' reproduzem fielmente os vícios e defeitos da 'posição', por vezes de modo grosseiro. Dá a impressão de existir uma configuração qualquer em que a 'classe política' produz e reproduz um certo tipo de indiferença (pois há uma certa crença na força desta) para enfrentar os desafios que o País tem.
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    • Rildo Rafael Eugénio Gujamo é da nossa cultura política...Ate eu estenderia a nossa sociabilidade, veja como os Reitores são tratados como fuher....cultura de chefe ou do patrão que sempre tem razão....precisamos estudar isso...Assusta-me como os chefes são idolatrados na função pública, por vezes, até é proibido respirar aos subalternos....
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    • Eugénio Gujamo De facto Rildo Rafael, as manifestações e efeitos de uma 'cultura da indiferença' não se restringem ao campo e agentes políticos, há 'evidências' disso em outros domínios, porém, por hipótese, a matriz é fornecida pelas 'configurações' do campo político
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    • Rildo Rafael Eugénio Gujamo uma cultura de indiferença que faz parte da lógica de dominação
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  • Marta Jéssica Madeira Método e, pelo visto, não tem cura!
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  • Ricardo Xavier Eishy !!! Professor isso é maldade . Que radiografia. Na verdade os elogios supérfluos são a tônica da nossa "fauna" política. Deus nos acuda...
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  • Alcídes André de Amaral "Ode ao chefe"... parece que i supérfluo e a confusão de papel partem somente da necessidade de "exaltação dos feitos do chefe". É triste!
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  • Paula Martins Discursos balofos.....falam e não dizem nada
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  • Armistício Mulande Quando os libertadores deixaram o poder para a nova geração eu acalentei a esperança de que as "hossanas" iriam acabar. Debalde! Pode-se entender que se tenha alguma reverência por esses cidadãos que sacrificaram a sua juventude para libertar o país. Mas um cidadão comum como Nyusi merece tanta reverência assim só porque é PR?
    Olha, eu nunca achei que ele tivesse alguma capacidade para dirigir o país; em 2015 até fiz algumas apostas em como certas pessoas, que as considerava muito esclarecidas, não iam aceitar fazer parte de um governo por ele liderado. Mas enganei-me. Há toda uma antropologia/ sociologia/ psicologia/ psiquiatria/ economia política que precisa ser bem entendida para saber explicar o porquê de tanto seguidismo e veneração a um cidadão só porque é chefe.
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  • Elsa Hunguana Já se ultrapassou a fase de serem instrumentalizados, agora estão na auto-instrumentalização em nome de interesses ocultos e vão colocando o país numa situação da qual será difícil sair. Haja bajulação, até num momento de tribulação para o país? Haaaaa nunca pensei que fosse doer tanto ser moçambicano 😭
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  • Calbe Jaime Realmente Cabo Delgado precisa muito mais do que foi dito nesse discurso
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  • Jemusse Abel Infelizmente não ha interesse em ouvir estas lições, pelo que entendo em todas as abordagens não se trata da necessidade de reinvenção mas retrazer as melhores praticas que já caracterizaram a organização em que até os congressos era para resolver e pensar em moz, uma prática completamente abandonada e substituída pelo endeusamento consensual! Sad!
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  • Luis Baptista São efeitos da quarentena, não se pode sair ao público dizer alguma coisa hahahahaha
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  • Jorge Gulambondo Verdade, mas vamos rezar para que os gatinhos pingados continuem a dizer alguma coisa para nós informar.
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  • Lazaro Mabunda O problema é que ainda não somos uma democracia, nduwena. Quando formos democracia saberemos o valor do cidadão que nos vota, saberemos que somos eleitos para servirmos a quem nos elege e não nos servirmos a nós mesmos, aos nossos familiares, amigos, a matilha que ladra em nosso nome, e companhia.
    Quando formos democracia teremos consciência do que somos no país. Agora, só sabemos que somos presidentes, ministros, oposição e companhia, mas não sabemos o que significa sermos presidentes, ministros, deputados, Comissão Politica, oposição e outras xikangalafulas.
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  • Lenine Daniel É consequência do facto de que aparentemente ou é real, o PR é mais importante que o Partido. Então, melhor mesmo é "hossanar" o PR até porque os cargos estão sendo distribuídos por amizade e não por competência...
    Outra coisa - os deputados falam como se estivessem a fazer campanhas, nem parecem estar na AR.
    Haja paciência.
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  • Raul Junior Deve ser difícil pensar. Às vezes quando se nos dá a oportunidade de vermos os nossos dirigentes pela imprensa há sempre uma sensação de ser um sonho profundo. Sobre Cabo Delgado juro que se for aquilo que o comandante geral e o porta voz da Polícia disseram naquela 2a feira é preferível esperarmos por fake news. Os discursos antes de estarem no ar devem fazer sentido dentro do sector. O camarada chefe Pantie deve ter lido o discurso pessoal no parlamento e não do Partido como um Todo. Será que os 184 deputados tiveram acesso ao texto antes? Não há pessoas pensantes dentro do partido?

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