Quem é Umaro Sissoco Embaló, o Presidente eleito da Guiné-Bissau?
O Presidente eleito da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, queria ser chefe de Estado desde os 12 anos e acha que a política é como o futebol, "um jogo com vencedores e perdedores".
Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), foi declarado vencedor nesta quarta-feira (01.01) da segunda volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau, com 53,55% dos votos, segundo resultados provisórios divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). O seu opositor, Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), obteve 46,45% dos votos.
Aos 47 anos, feitos em 23 de setembro, o "general do povo", como é conhecido entre os seus apoiantes, candidatou-se às presidenciais apoiado pelo MADEM-G15, uma formação política criada por um grupo de dissidentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Os amigos dizem que Sissoco já queria ser Presidente da Guiné-Bissau desde os 12 anos de idade, e consideram-no como um "humanista" que pode levar o país ao desenvolvimento. Os adversários políticos criticam-no por assumir um discurso étnico e religioso, ligado ao extremismo islâmico, principalmente depois de a sua "imagem de marca" na campanha eleitoral para as presidenciais ter ficado associada ao lenço vermelho e branco que usa na cabeça, tal como a maioria dos seus apoiantes.
Às acusações dos adversários, ele responde que é um muçulmano casado com uma católica e um homem de paz e que usa o lenço porque gosta e para se proteger do calor. "Para mim a política é um exercício, como futebol e outros. Não é uma questão de vida e morte. Eu já vivia antes de ser político e no dia que sair da vida política vou continuar a viver", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
Antigo primeiro-ministro
Ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, exerceu o cargo entre novembro de 2016 e janeiro de 2018
O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, que exerceu o cargo entre novembro de 2016 e janeiro de 2018, viveu a infância entre Gabu, no norte do país. Estudou Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.
Umaro Sissoco Embaló tem várias especializações na área da Defesa e Segurança e foi conselheiro e colaborador de vários líderes africanos, incluindo o histórico líder líbio, Muammar Kadhafi.
Em outubro foi acusado pelo primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, de tentativa de golpe de Estado. "É calúnia, é mentira. Não estou no ativo", disse à agência de notícias Lusa Umaro Sissoco Embaló.
O major-general na reserva sempre disse que passava à segunda volta das presidenciais para derrotar Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, partido que Umaro Sissoco Embaló considera ser um "grande cancro" e o "eixo do mal no país".
Campanha eleitoral
Na campanha eleitoral para a primeira volta prometeu que, sendo eleito Presidente da Guiné-Bissau, acumularia a pasta da chefia dos Negócios Estrangeiros e sugeriria que os traficantes de droga fossem condenados à morte.
"Os bandidos? Tenho lugar para eles na cadeia. Os marginais? Tenho lugar para eles na cadeia. Droga? Eu vou mesmo sugerir a pena de morte para os traficantes se for eleito. Para mim é intolerante, não podemos estar aqui a banalizar uma sociedade a traficar drogas. Aqui não é a Colômbia e a gente conhece as pessoas que traficam droga, e os que utilizam a Guiné-Bissau como passagem de droga. Haverá pena de morte para essas pessoas", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
O antigo primeiro-ministro garantiu também que vai expulsar do país a força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Ecomib, destacada no país desde 2012.
"Nós temos de ganhar estas eleições e não há mais oportunidade para confusões na Guiné. Nós, guineenses, temos de encontrar uma solução entre nós. Sou um homem de paz e não vou excluir nenhum guineense, mas uma coisa é certa: sou alguém que vai respeitar a Constituição e fazer respeitar a Constituição", salientou.
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