Militar, que assumiu o comando das Forças Armadas bolivianas em dezembro, foi aluno da famosa escola de Fort Benning, mais conhecida como Escola das Américas, nos Estados Unidos em 2004, enviado pelo então presidente Carlos Mesa, que foi derrotado por Evo nas eleições de outubro e pôs em marcha o golpe na Bolívia
Poucos dias depois daquele domingo (10) em que entrou para a história do seu país como mais um militar golpista, entre tantos outros que a Bolívia já teve, o general Williams Kaliman deixou de ser militar.
A notícia chegou à grande imprensa de outra forma, como se fosse uma demonstração de força da presidenta autoproclamada (sem quórum mínimo da Assembleia Nacional) Jeanine Áñez, que substituiu na quarta-feira (13) todo o alto mando das Forças Armadas. A verdade, no entanto, é que naquele momento Kaliman já havia formalizado seu pedido de aposentadoria e preparava sua saída do país.
Sim, o agora ex-militar está em processo de mudança para os Estados Unidos, onde passará a viver, em cidade ainda desconhecida, segundo o site Resumen Latinoamericano.
A passagem de Kaliman pelo comando das Forças Armadas bolivianas não foi muito longa: ele assumiu o cargo em dezembro de 2018, chamando o presidente Evo Morales de “irmão”, e agradecendo porque “o maior privilégio que já recebi na vida é o que você está me concedendo hoje”.
Na mesma cerimônia, ele se definiu como “um soldado do processo de mudança”, supostamente em referência às transformações realizadas pela gestão de Evo – hoje, talvez podemos supor que falava em outro tipo de mudança.
Em agosto, durante a celebração do Dia das Forças Armadas, evento no qual estava novamente acompanhado do presidente Evo Morales, Kaliman declarou que: “nós (os militares como ele) nascemos durante a luta contra a colônia e morreremos anticolonialistas, porque é a nossa missão, nosso orgulho e nossa razão de viver”.
Também afirmou que “as Forças Armadas são do povo e trabalham para o povo e por isso apoiamos a nacionalização do petróleo e do gás e as políticas de Estado que favorecem os mais necessitados”.
No verão passado
As palavras recentes de Kaliman podem tornar sua traição surpreendente, mas uma análise em seu currículo revela que havia indícios para desconfiança.
As palavras recentes de Kaliman podem tornar sua traição surpreendente, mas uma análise em seu currículo revela que havia indícios para desconfiança.
O agora ex-general realizou diversos cursos no exterior, sobretudo relacionados à inteligência militar. E ao menos um desses estudos se destaca sobre os demais: sim ele foi aluno da famosa escola de Fort Benning, mais conhecida como Escola das Américas, durante o ano de 2004, segundo confirma um relatório da ONG Observatório da Escola das Americas (School of Americas Watch).
Outro dado curiosidade desse informe é que Kaliman passou por esse treinamento nos Estados Unidos no ano de 2004. Por que é curioso? Adivinhem quem era o presidente da Bolívia naquele então? A resposta é: Carlos Mesa.
Sim, o mesmo candidato que perdeu as eleições de 20 de outubro contra Evo Morales, desconheceu o resultado e iniciou, a partir desse gesto, a campanha golpista, que culminou com Kaliman exigindo a renúncia do presidente.
Sem comentários:
Enviar um comentário
MTQ