terça-feira, 1 de outubro de 2019

Perguntas a Filipe Nyusi!

Perguntas a Filipe Nyusi!
Sua excelência Filipe Jacinto Nyusi: Nós, o povo, somos ou não accionistas do Estado moçambicano? Se somos, por que o Presidente da República, não nos informa sobre determinados procedimentos ligados ao Estado? É que nos parece que o senhor Presidente está equivocado. Considera o Estado como propriedade da Frelimo. Isto é mau. Aliás, as más políticas do seu Governo derivam desta salada russa, desta confusão propositada.
O Aparelho do Estado, senhor Presidente, é uma esfera pública e quem ganha as eleições deve geri-lo de forma pública. Não é isto que está acontecer. O Aparelho do estado virou um órgão ideológico. Trata dos problemas da Frelimo e seus membros.
Por exemplo, o Estado vai encaixar 880 milhões de dólares norte-americanos, dinheiro proveniente das mais-valias. E o Presidente, sem nos consultar, já determinou o destino desse dinheiro. Diz que vai para eleições e servirá para cobrir prejuízos com os ciclones do início do ano.
No que tange ao financiamento a eleições, o Presidente refere-se, também, ao dar dinheiro à família Sidat, fruto de um concurso que ganhou de forma pouco clara? E consta-nos, que desse bolo, a família Sidat é que ficará com a maior fatia. Há ainda qualquer coisa como 45 milhões de meticais que destinar-se-ão ao pagamento de lanches para agentes do STAE em Cabo Delgado, fruto de um concurso também pouco claro, que beneficiou um tal de “Macomia Take Away”. É assim que o Presidente gere o nosso dinheiro?
Fizemos as contas. Depois de canalizar o dinheiro, para o que lhe interessa, só restará qualquer coisa como 234 milhões de dólares. Valor que o Presidente diz que vai ser canalizado para uma reserva orçamental.
Isto não é nada bom. No ano passado, Moçambique recebeu, quando a Eni vendeu parte da sua participação na Área 4 à Exxon Mobil, 352 milhões de dólares em impostos de mais-valias. O Presidente diz que parte desse valor foi usado na reabilitação de troços da Estrada Nacional 1, em obras nalguns hospitais provinciais, escolas profissionais e redes de abastecimento de água. A pergunta é: quanto é que foi gasto no total?
E depois diz que os restantes 100 milhões de dólares ficaram em reserva. Muito bem: ainda lá estão? Com que dinheiro o Estado pagou a firma Mabunda, contratada para trazer Manuel Chang a Moçambique? É dinheiro dos membros e simpatizantes da Frelimo ou é o nosso dinheiro? Precisamos de esclarecimentos. Não é o Presidente que defende a transparência na gestão da coisa pública? Afinal é conversa para boi dormir?
O que custa ao senhor Presidente consultar o povo, o verdadeiro dono desse dinheiro? Quer dizer, o dinheiro do povo é usado segundo ditames da Frelimo? Não é isto que resulta em roubos sistemáticos dos dinheiros públicos? O dono nunca sabe em que é que o seu dinheiro está a ser usado. Banqueteiam-se. Distribuem-se entre si. Dão aos Macomias e Sidates desta vida, enquanto o povo só vê navios. Quando a exploração do gás atingir o seu pico, aí é que o Mapiko será institucionalizado. Os rapazes rechonchudos arrastar-se-ão, ofegantes, às estradas de Maputo.
E o povo? Vai continuar a votar!
(Justiça Nacional, siga-nos no Facebook)
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