Testemunhas de Jeová – Perseguidas no Malawi, Reprimidas em Moçambique
Durante o período colonial, registou-se a entrada em Moçambique de numeroso grupo de crentes da confissão religiosa Testemunhas de Jeová. Em 1967, fugidas à perseguição do regime de Kamuzu Banda do Malawi, as Testemunhas de Jeová procuraram refúgio em regiões da Zambézia, Tete e Niassa junto à fronteira com o Malawi.
Com o advento da independência de Moçambique em 1975, a situação das Testemunhas de Jeová, quer refugiadas no nosso país ou daqui oriundas mudaria drasticamente. Cerca de dois meses depois da independência, o Comissário Político Nacional da Frelimo, Armando Guebuza, começa por criar condições para justificar o que se seguiria. Na província do Niassa, acusa as Testemunhas de agirem a soldo da CIA.
O pendor anticlerical do regime sob de tom. Nos inícios de Outubro, visivelmente irritado em virtude das Testemunhas de Jeová se recusarem a aderir à ‘socialização do campo’ ou de repetir em uníssono os Vivas e os Abaixos, Machel vai a Gaza anunciar o ‘destino final’ a dar às Testemunhas de Jeová por se negarem a viver em aldeias comunais. No mesmo mês, o Comissário Político Nacional publica na imprensa tutelada pelo regime uma extensa ‘circular’, na qual volta a admoestar as Testemunhas de Jeová e demais confissões religiosas, acusando-as de serem ‘estandartes do imperialismo’, ao mesmo tempo que agradece ao «povo» por ter ‘detectado e neutralizado as manobras reaccionárias’ das igrejas. E avisa o mesmo povo: 'aqueles que vão à missa ou que obedecem às pregações de missionários estão a agir contra Moçambique e a servir as potências imperialistas’.
O pendor anticlerical do regime sob de tom. Nos inícios de Outubro, visivelmente irritado em virtude das Testemunhas de Jeová se recusarem a aderir à ‘socialização do campo’ ou de repetir em uníssono os Vivas e os Abaixos, Machel vai a Gaza anunciar o ‘destino final’ a dar às Testemunhas de Jeová por se negarem a viver em aldeias comunais. No mesmo mês, o Comissário Político Nacional publica na imprensa tutelada pelo regime uma extensa ‘circular’, na qual volta a admoestar as Testemunhas de Jeová e demais confissões religiosas, acusando-as de serem ‘estandartes do imperialismo’, ao mesmo tempo que agradece ao «povo» por ter ‘detectado e neutralizado as manobras reaccionárias’ das igrejas. E avisa o mesmo povo: 'aqueles que vão à missa ou que obedecem às pregações de missionários estão a agir contra Moçambique e a servir as potências imperialistas’.
Criadas estão as condições para o regime da Frelimo passar à fase seguinte. Iniciam-se prisões em massa. As estruturas de base da Frelimo (GVP e FDS) vão caçando famílias nas suas residências. Kalashes em riste. Os GD actuam a nível de locais de trabalha aí prendendo membros da confissão religiosa que nem direito têm de ir a casa alertar as famílias. Em cadeias superlotadas de Maputo, morreram mais de 60 crianças. Na Beira, as cadeias herdadas do colonialismo não chegam para acomodar os que vão sendo arbitrariamente presos, levando o regime a utilizar as caves do Grande Hotel para alojar os presos. A revista «Awake!» refere que só em Outubro foram presas 7,000 Testemunhas de Jeová. Na vila de Magude, refere a revista, 13 Testemunhas foram presas, espancadas e depois forçadas a escavar árvores com os dedos. Com as pernas e os braços amarrados.
A repressão contra as Testemunhas de Jeová coincide com uma rusga de grandes proporções lançada na noite de 30 de Outubro, terminando no dia seguintes. São presas cerca de 3,000 pessoas, conforme revela comunicado do Ministério do Interior.
A deportação de Testemunhas de Jeová de Maputo para campos de concentração inicia-se a 13 de Novembro. Uma frota de 14 autocarros deixa a capital moçambicana em direcção a Milange, na província da Zambézia. De Milange, as Testemunhas de Jeová são transferidas para Carico, a mais de 30 km dessa vila. É em Carico que as Testemunhas de Jeová expulsas pelo Life Presidente recebem e auxiliam as Testemunhas de Jeová deslocadas internamente pelo Incontestável Presidente. A linha de fronteira próxima a separar dois regimes totalitários.
Para além do episódio de Naisseko, houve outros em Mswaíze, como o da filha do dirigente-máximo-da-revolução-moçambicana amparada pelas Testemunhas de Jeová que o pai também para aí havia enviado. Coisas do processo.
Comunistas -- radicais e não radicais -- analisam o processo, ou o fenómeno, como outros lhe chamam. Procuram justificativo em experiência idêntica conhecida por «Ano Zero» lá para os confins da Ásia dos companheiros Khmers que em festival vermelho esvaziam Phnom Penh, os residentes enviados para os «killing fields». Coincidentemente, em 1975.
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