quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Violência diabólica

Director: Ângelo Munguambe l Editor: Egídio Plácido l Maputo, 12 de Setembro de 2019 l Ano XIV l nº 892 50,00 z E mt Sai às quintas amb Onde a nação se reenc e ontra z Comercial TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2020 MAIS INFORMAÇÕES Cell: 82 45 76 070 | 84 26 98 181 Email: esmelifania2002@gmail.com ZAMBEZE 2.300,00mt 2.900,00mt 4.450,00mt período trimestral semestral ANUal África do Sul e campanha eleitoral em Moçambique Violência diabólica 2 | zambeze Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | destaques | Sangue mancha primeira semana da campanha eleitoral Esta é a realidade que se vive, um pouco por todo o país, desde que, a 31 de Agosto, iniciou a campanha eleitoral, no entanto, tudo indicava que as coisas seriam, desta vez, finalmente, diferentes. É que o ambiente que caracterizou a pré- -campanha eleitoral foi, de longe, o melhor que se registou desde que, em 1994, Moçambique começou a realizar eleições para a escolha de deputados da Assembleia da República e Presidente da República. Um recuo ao passado: Em 1994, o ambiente foi marcado pelo retorno à violência, na verdade, o retorno à Marrínguè, por parte do então líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Esta ameaça carregava o sentido de retorno à guerra, num contexto em que, apesar do relativo sucesso do desarmamento e desmobilização de significativos efectivos da Renamo, a sociedade ainda estava militarizada, com muitos pontos do país ainda cheios de minas terrestres. Regressamos ao passado Em 1999, o ambiente foi marcado por grandes disputas em torno da legislação eleitoral que esteve na origem do fiasco eleitoral que caracterizou as eleições autárquicas de 1998, as primeiras em Moçambique. O espectro de retorno à guerra também foi nota dominante que, para além do então líder da Renamo, tinha adeptos como o saudoso deputado David Aloni; Manuel Pereira; Jeremias Pondeca, entre outros. Em 2004, o ambiente pré- -eleitoral foi marcado, entre outros, por: emergência de Armando Guebuza que, espevitado pelo susto eleitoral da Frelimo em 1999, percorreu o país para reanimar as bases do partido, dando forma daquilo que, mais tarde, ficou conhecido como o Guebuzismo; pelo efeito Montepuez e Manuel Pereira, ambos do lado da Renamo; e pela disputa em torno da integridade dos cadernos eleitorais entre o STAE e as missões internacionais de observação eleitoral, com particular destaque para a missão da União Europeia. Em 2009, o ponto mais alto do Guebuzismo – o ambiente pré-eleitoral foi marcado, entre outros, por: “...se baterem, batam também...” que, em círculos eleitorais como Gaza, essa aparente directiva Guebuzista se manifestou em forma dos famigerados grupos de choque – grupos de jovens instrumentalizados para a prática de violência contra a oposição, particularmente contra o emergente MDM, mas menos contra a Renamo; e a exclusão do MDM que, na altura, estava associado a uma ideia de partido que representava a juventude, promoveu tensão político-eleitoral, particularmente em torno da Renamo que, perante, na altura, o enfraquecimento momentâneo do seu líder, receava perder o estatuto de oposição oficial. Lembrar que a face visível da exclusão do MDM foi António Chipanga, veterano vogal da CNE, ligado ao partido Frelimo, com a sua célebre frase “o vento tudo levou”: argumentando que era um vento maligno que fizera desaparecer partes dos processos dos candidatos do MDM na Assembleia da República. Em 2014, o ambiente de pré-campanha foi marcado, entre outros, pela violência militar que só veio a terminar através do Segundo Acordo de Paz, assinado entre o então Presidente da República, Armando Guebuza, e o então líder da Renamo, Afonso Dlhakama, a 5 de Setembro de 2014; a realização de campanha eleitoral fora do período eleitoral, por parte do candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, enquanto o líder da Renamo estava nas matas, aguardando pela assinatura do Acordo de Paz para a sua saída; a radicalização da linguagem por parte do líder da Renamo irritado pela possibilidade de perder a eleição para um candidato a quem chamava de miúdo, em referência à Filipe Nyusi. Na verdade, foi nesta eleição em que Afonso Dlhakama mais mostrou a sua irritação por não estar a conseguir transformar, em poder político, a sua popularidade e carisma. Compreendeu que, apesar de ter eleitorado, lhe faltava a máquina para converter o eleitorado em poder. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | destaques | zambeze | 3 Tudo podia ser diferente Em 2019, as coisas aconteceram de forma diferente, com o ambiente a ser mais favorável para uma campanha eleitoral pacífica. Todos os partidos comprometeram-se, através do código de conduta aprovado pela CNE em 2013 (Deliberação n.º 61/ CNE/2013), em trabalhar no sentido de evitar e prevenir a violência política no decurso da campanha eleitoral, quer ela venha dos adversários, quer venha dos próprios partidos políticos (alínea a) do artigo 2). No dia anterior ao arranque da campanha, o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Dr. Abdul Carimo, fez uma exortação aos concorrentes no sentido destes se absterem de comportamentos de má conduta e violência eleitoral, considerando este como momento de festa. A assinatura do recente Acordo de Paz e Reconciliação entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, ocorreu num ambiente de reconciliação nacional, apesar de, quase ao mesmo tempo, ter nascido a Junta Militar, liderada por Mariano Nhongo, que contesta a liderança de Ossufo Momade e a legitimidade do III Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo. Porém, apesar deste ambiente de mais cordialidade entre os principais líderes políticos, a violência tem sido a nota dominante da primeira semana da campanha eleitoral. Os mais de 600 observadores do CDD e da Comissão Episcopal de Justiça e paz da Igreja Católica (CEJP), posicionados estrategicamente nas partes mais recônditas dos distritos de todo o país, relatam incidentes de intolerância política, particularmente contra funcionários públicos, destacadamente professores que participam de campanha eleitoral da Renamo. Isto não é novo: no passado, os professores que, por um lado, tenham resistido às retenções forçadas de contribuições para o partido Frelimo, na fonte, através das estruturas locais das Finanças e que tenham aparecido nas actividades político eleitorais da Renamo, por outro lado, foram transferidos, contra a sua vontade e em clara violação da lei, para localidades longínquas das suas casas. Alguns casos paradigmáticos de violência Desconhecidos incendiaram entre 31 de Agosto e 03 de Setembro três residências, sendo todas pertencentes aos delegados distritais do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), nas províncias de Tete e Manica. O primeiro caso aconteceu no distrito de Changara (Tete), onde, no primeiro dia da campanha eleitoral, os malfeitores atearam fogo a uma residência e um celeiro de milho. Os dois casos subsequentes ocorreram no distrito de Macossa (Manica), concretamente no posto Administrativo de Nhamangua, entre os dias 02 e 03 do corrente mês, tendo ocorrido o segundo incêndio na região de Dunda, a escassos quilómetros da sede daquele Posto Administrativo. Três residências foram incendiadas e um reservatório de água destruído, todos pertencentes a membros da Renamo no posto Administrativo de Maniamba, distrito de Lichinga, província de Niassa. Até ao presente momento, de acordo com a informação de observadores, o caso já foi denunciado à polícia, mas ainda não houve nenhum detido em conexão com o caso. Agressão Física A agressão ao professor de História, ensino primário, Aristides Assuba Domingos da Conceição, junto com a sua esposa, Raina Feliciano Leão, no distrito de Derre, província da Zambézia, na noite do dia 05 de Setembro, depois de o casal ter recebido uma delegação da Renamo junto com o seu Cabeça- -de-Lista naquela província, o Manuel de Araujo, trouxe ao conhecimento público a barbaridade da violência eleitoral em Moçambique. As vítimas se encontravam na sua residência, quando na calada da noite foram atacados por um grupo composto por três indivíduos que desferiram golpes de catana sobre a cabeça do professor Aristides Assuba Domingos da Conceição. Isto é claramente uma mensagem aos professores de todo o país para se absterem de apoiar os partidos da oposição, particularmente a Renamo. Isto é contra a lei. É contra a democracia e vai no sentido contrário da paz e reconciliação nacional. Envolvimento de menores na campanha Os partidos políticos têm estado a envolver menores nas suas actividades de campanha eleitoral. Tal é o caso das províncias de Tete e Inhambane, concretamente nos distritos de Mágoè e Mabote respectivamente, onde menores de idade têm participado de forma activa nas campanhas eleitorais em pleno período lectivo. A legislação eleitoral moçambicana é omissa sobre o envolvimento de crianças nas actividades de campanha e propaganda eleitoral. Duas crianças atropeladas Uma menina que aparenta 4 anos de idade, segundo os observadores, foi atingida por uma carinha, caixa aberta, que servia a caravana da Frelimo, no distrito de Metarica, província de Niassa, no dia 5 de Setembro. Os correspondentes dizem que a viatura ia em alta velocidade e ao descrever uma curva, de uma estrada estreita, descontrolou-se e foi atingir a criança. O carro carregava pessoas trajadas de camisetas do partido Frelimo. No distrito de Mutarara, vila sede de Nhamayabwe, província de Tete, uma menina aparentando 11 anos de idade que acompanhava a caravana do partido Frelimo foi atropelada por uma viatura que fazia transporte de passageiros do posto administrativo de Charre para a vila sede de Nhamayabwe, segundo relatam observadores. Depois do atropelamento, o motorista da viatura tentou fugir e foi interpelado pela polícia de trânsito, com ajuda dos motociclistas. Ainda em Tete, no distrito de Doa, os observadores registaram imagens de crianças acompanhando a caravana da Frelimo. (CDD/redacção) 4 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Sala da Paz preocupada com aumento dos casos de violência A Plataforma de Observação Eleitoral Conjunta, Sala da Paz, alertou que, pelo menos no Distrito do Dondo, Província de Sofala, foram registados dois casos onde um membro do partido Frelimo e outro do partido Renamo foram espancados até a morte. Esta informação foi tornada pública durante uma Conferência de Imprensa que aquela plataforma da sociedade civil convocou para apresentar as constatações da sociedades civil em relação aos primeiros dez dias da Campanha eleitoral, para as eleições de 15 de Outubro próximo, tendo salientado que, ao longo dos primeiros dias, foram registados dois casos de assassinato na Província de Sofala, de Dondo. “A vandalização, destruição de cartazes e confrontos entre caravanas tem sido um dos factores impulsionadores da violência e intolerância política que já levou à detenção de pelo menos 33 apoiantes e simpatizantes dos partidos Frelimo, Renamo e MDM”, disse na ocasião, Fernanda Lobato, Porta-voz da Sala da Paz, para quem outra nota dominante da campanha eleitoral, que constitui ilícito, é de os partidos, com destaque aos com representação Frelimo, Renamo e MDM, estarem a afixar panfletos eleitorais em lugares inapropriados nomeadamente em instituições públicas como tribunais, escolas, postos de saúde e serviços distritais e em locais de culto, sinais de trânsito, incluindo monumentos, “numa clara e flagrante violação do artigo 33 da lei eleitoral”. No entender da Sala da Paz, este aspecto pode ser resultante da fraca sensibilização por parte dos partidos políticos aos seus membros e simpatizantes sobre os locais onde se pode afixar os panfletos e material de propaganda. Outro aspecto que inquieta a Sala da Paz, neste processo, eleitoral prende-se com a presença de menores de idade nas marchas de caravanas de quase todos os partidos políticos portando material propagandístico e nalguns casos a destruírem material de propaganda de partidos políticos. “Face as evidências de intolerância política, a Sala da Paz tem estado a interagir com os partidos e com a política para que estes actos não se multipliquem e não tenham carácter retaliatório”, disse Lobato, ajuntando que, paralelamente, a estes casos evidentes de violência também constatou-se que há partidos políticos que tendem a se vitimizar, propalando informações de suposta violência mas que, no entanto, não mostram evidências factuais. No que tange à segurança nas zonas de conflito armado, a Sala diz ter registado com preocupação, no dia 2 de Setembro, um ataque bárbaro, protagonizado por insurgentes militares no distrito de Muidumbe, onde um cidadão foi surpreendido, atacado e esquartejado por insurgentes em Chitunda. Outro caso registou-se no distrito de Mocímboa da Praia, onde cinco indivíduos tentaram atacar um cidadão que, defensivamente, terá atingido mortalmente, um dos insurgentes, com recurso a uma flecha. Outra questão problemática e preocupante prende-se com as constantes ameaças à paz, protagonizadas pela Junta Militar da Renamo, num contexto em que decorre a campanha eleitoral, sendo que no dia 4 de Setembro, quatro viaturas foram atacadas por um grupo armado na região do Púnguè, limite entre os distritos de Gorongosa e Nhamatanda (província de Sofala). A Sala da Paz receia que estas acções venham a inibir a realização plena e ordeira da campanha eleitoral, e venham a afectar o dia de votação, caso não haja uma solução. A Sala da Paz mostra-se ainda preocupada com a qualidade dos manifestos eleitorais difundidos ao longo da campanha por os considerar aquém daquilo que era de se esperar nos tempos actuais. “Analisados os manifestos e as promessas feitas pelos partidos políticos fica a percepção de que os mesmos abordam as promessas eleitorais de forma ampla e vaga, carecendo de uma explicação clara do plano da sua operacionalização. Percebe-se um défice de conhecimento sobre a importância de manifestos eleitorais”, lamentou Lobato, durante a apresentação do informe da Sala da Paz e acrescenta que “os partidos primam mais por oferecer camisetas, capulanas e panfletos atendo-se apenas a explicação da melhoria de qualidade de educação, saúde, agricultura, infra-estruturas, criação de empregos e consolidação da paz”. Outro aspecto que inquieta a Sala da Paz é a instrumentalização da paz para fins eleitoralistas. Segundo esta Plataforma da Observação Eleitoral Conjunta, não há necessidade de os partidos políticos condicionarem a paz ao vencer ou não as eleições, “uma vez que os moçambicanos almejam a Paz independentemente de quem ganha ou não eleições”. Para que o processo eleitoral seja íntegro, em que todos se revejam e sintam-se integrados no processo democrático e, por conseguinte, contribuírem para a consolidação do Estado de Direito Democrático, a Sala da Paz recomenda aos diversos actores políticos com enfoque para a Frelimo, Renamo e MDM para orientarem os seus simpatizantes e membros a pautarem por uma postura de Lei, removendo aos panfletos afixados em locais proibidos; a adopção de uma postura de tolerância políticas nas províncias de Gaza, Manica, Tete, e Nampula; a imparcialidade para a actuação da PRM, redobrando esforços para a redução de número de casos de violência, que têm tendência a atingir níveis alarmantes nos últimos dias, e a necessidade de se discutir a possibilidade de proibição, por Lei, do envolvimento de crianças nas actividades de campanha eleitoral, na próxima revisão da Legislação Eleitoral. ANUNCIE NO ZAMBEZE Departamento Comercial Contactos: (+258) 823073450 | (+258) 824576070 | (+258) 842698181 E-mail: zambeze.novomedia@hotmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Comercial Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | Destaque | zambeze | 5 Filipe Nyusi alerta a juventude na Zambézia A época de mão estendida acabou O candidato da Frelimo à Presidência da República, Filipe Nyusi, revelou, na província de Zambézia, que, caso vença as próximas eleições, vai criar mais postos de empregos para a juventude moçambicana. Para tal, Nyusi anunciou que o seu governo estará orientado para criar emprego através da criação de incentivos fiscais para o sector privado, também prometeu um Fundo para o primeiro emprego e ainda alocar 10% do Orçamento Geral do Estado para o sector da agricultura, onde disse que prevê empregar cerca de três mil jovens no Projecto Sustenta. Depois de trabalhar na província de Sofala, o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi fez campanha eleitoral na província de Zambézia, onde escalou os distritos de Quelimane, Nicoadala, Murrupula, Milange, Gurué e Alto Molócuè. No distrito de Quelimane, Filipe Nyusi orientou um showmício no campo primeiro de Maio, onde uma enorme moldura humana se fez presente. Nyusi disse aos zambezianos que depois do dossier da paz, assinado com a Renamo, o seu foco e do seu próximo governo será de criar mais postos de empregos para jovens e trabalho para todos os moçambicanos. Aliás, Nyusi disse que os seus críticos questionam como ele vai criar emprego para os jovens moçambicanos nos próximos cinco anos da sua governação caso seja eleito, tendo explicado que os mesmos deviam perguntar como ele e o seu governo conseguiram pagar salários num contexto de crise económica, de ciclones, secas e de guerra que fustigaram o país, não esquecendo o corte de ajuda externa ao Orçamento Geral do Estado. “Está a chegar a hora exacta da juventude, estamos a montar agora o projecto do primeiro emprego, porque quando vocês vão pedir emprego vos exigiam três anos de experiência, agora pedem cinco anos. Mas quando reuni com os enfermeiros em Chimoio e, com professores em Inhambane, mais de 85% eram jovens e não tinham tido o primeiro emprego, então nas empresas (privadas) vamos instituir um fundo para o primeiro emprego”, prometeu Filipe Nyusi. Paralelamente, Nyusi justificou que também vai dar incentivos as empresas privadas que vão recrutar jovens que nunca trabalharam. “As empresas que vão nascer e onde privilegiarem a jovens, vamos deixar isso bem claro, essa empresa deve ter vantagens, porque estará a absorver jovens que estão a ter o primeiro emprego, é preciso incentivar isso”, disse Nyusi. Para Nyusi as suas promessas de criação de emprego para a juventude moçambicana, no geral, e zambeziana, em particular, são exequíveis e não são meras falácias, tendo dito que “é melhor prometer e fazer, porque prometer cada um pode e é muito fácil”. Projecto Sustenta para Zambézia “Agarrem a palavra, o governo será orientado para o resultado, nesse caso, orientado para o emprego, tudo que vamos fazer, para todos os sectores será para garantir o emprego”, explicou Nyusi. Conforme ajuntou ainda Filipe Nyusi, o referido projecto não vai falhar, caso não haja perturbação da paz social, onde prevê que cerca de “três milhões de jovens terão que entrar em emprego com essas condições que estamos a criar”. “Aqui na província da Zambézia, dissemos vamos dinamizar o Projecto Sustenta que foi uma boa experiência para alguns distritos de Nampula, a ideia é replicar por todas províncias, porque é um projecto sustentável e viável”, defendeu Nyusi. “Queremos meter mais de três milhões de moçambicanos ou de famílias no projecto sustenta e isso vai aumentar o trabalho, porque quando estive em Caia expliquei a diferença entre emprego e trabalho. O trabalho podemos criar com facilidade nós próprios, cada um de nós, por isso, o projecto sustenta vai ocupar grande parte de jovens”, justificou Nyusi. Filipe Nyusi explicou ainda que o dinheiro para abrir novos postos de empregos para a juventude virá dos investimentos directos que estão a ser celebrados, aliás garantiu que durante os cinco anos do seu mandato esteve a mobilizar investimentos. “Investimos tempo para mobilizar recursos para agricultura, para energia, para infra-estruturas, há investimentos, vocês assistiram a assinarmos alguns e ainda assinaremos outros neste ano. Esses investimentos vem também pela confiança e seriedade que eles vêem, ninguém aposta numa pessoa ou num sistema que não é sério”, defendeu Nyusi. Para agricultura, Nyusi prometeu que 10% do nosso Orçamento de Estado será alocado para agricultura. “O próximo governo que vamos criar estará orientado a criar emprego, como agora estamos orientados para paz e mobilização de investimentos, todos os dias só se assina acordos de investimento e são investimentos privados e directos, não é aquele modelo que estávamos habituados de investir na caixa geral do Estado, onde muitas vezes havia pouca transparência.Vamos trabalhar com o sector privado, porque o privado é que emprega mais, a este privado vamos dar facilidades para ele continuar a investir mais, porque vai empregar a minha juventude e depois vamos cobrar imposto para podermos investir nas escolas e nos hospitais em todo o país”, acrescentou Filipe Nyusi. Nyusi disse, ainda durante o seu showmício, que a época de estender a mão para pedir ajuda externa acabou alegadamente, porque quem “dá dinheiro as vezes, dá quando quer e as vezes exige algo em troca que não temos”. DÁVIO DAVID Está a chegar a hora exacta da juventude, estamos a montar agora o projecto do primeiro emprego, porque quando vocês vão pedir emprego vos exigiam três anos de experiência, agora pedem cinco anos 6 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad A moderação no luxo Algumas reticências quanto à paz O Mundo sempre teve, em todas as eras e locais, gente relativamente mais abastada. Sempre houve gente rica e também gente pobre. Vivemos actualmente um período em que a distinção entre ricos e pobres, portanto, o fosso entre estas duas classes, se está tornando cada vez maior por cada dia que passa. Sem dúvidas que é de todo impossível, aliás nem pode ser natural, que se tente criar uma sociedade com uma única classe, como no passado se tentou com a implantação de regimes que se pretendiam igualitários, designados socialistas ou comunistas, o que falhou redondamente, pois tal nunca poderia acontecer. Segundo o Al-Qur’án, alguns de entre nós os humanos foram elevados acima dos outros na subsistência e na capacidade financeira. Todavia, a situação da pobreza à nossa volta exige de nós alguma moderação nos nossos gastos no luxo, por forma a que as poupanças resultantes dessa moderação sejam partilhadas com os desfavorecidos. Para ilustrar, tomemos um exemplo como o que se segue: Suponhamos que alguém, usando dinheiro seu, ganho de forma honesta e lícita, pretende adquirir um carro luxuoso. Primeiro, ele escolhe a marca e o modelo da viatura pretendida. Escolhido o carro de sua preferência, tem por exemplo duas opções: na primeira ele tem pela frente um modelo equipado com um motor de alta potência, para além de outros equipamentos extra de que raramente fará uso. Na segunda opção tem um modelo com alguns equipamentos extra, semelhantes aos que apetrecham a viatura da primeira opção, mas com algumas funções a menos, e um motor de média potência, portanto, de menor performance, mas que, com toda a segurança e comodidade desenvolve velocidades que atingem os 200 kms/ hora, uma velocidade perigosa e que contraria a Lei, diga-se em abono da verdade. A diferença de preços nas duas opções é de quase USD 5.000,00. A moderação exige de nós, que nos contentemos neste mundo temporário. Se se adquirir o carro menos luxuoso, os USD 5.000,00 que se poupam podem ser usados para se erguer, por exemplo, casas para os pobres, ou mesmo para se adquirir alimentos para centenas de pessoas esfomeadas. E aliás, se prestarmos atenção à nossa volta, veremos que existem milhares de pessoas esfomeadas, cujo futuro é incerto. Pessoas que não sabem onde ir buscar algo para matar a fome. O exemplo atrás descrito é aplicável a outro tipo de gastos, como nos acabamentos das moradias que erguemos, nos cortinados que nelas aplicamos, nos mobiliários e outros artigos de uso pessoal que decoram os seus interiores. Se se pautar pela sobriedade não se vai de alguma forma privar do luxo, mas mesmo assim poupar-se-ão milhares de meticais que podem ser colocados à disposição daqueles que não sabem quando é que terão a sua próxima refeição condigna. Hoje as pessoas estão mais preocupadas em adquirir os prazeres mundanos. É recomendável que se evite a extravagância em cerimónias de casamento, ou gastos em coisas proibidas, pois as consequências dos excessos durante o casamento podem provocar outros problemas sociais. O ser-se comedido nos gastos pode permitir grandes poupanças, que podem ser partilhadas com os desfavorecidos. Poderá alguém imaginar quanto poderia ser partilhado com os desfavorecidos se toda a riqueza gasta no ilícito, ou a que é desperdiçada em casamentos faustosos fosse poupada? Enquanto o rico poderia continuar a viver no luxo e conforto, grandes somas de dinheiro estariam disponíveis para aliviar o sofrimento dos necessitados, e também para projectos sociais. Perante estas realidades, será que por vivermos abastados as nossas consciências não nos pesam quando despendemos milhares de dólares em coisas fúteis? Estas avultadas quantias gastas em coisas desnecessárias, se fossem doadas à gente esfomeada para adquirir comida, ou a algum doente sem posses para se submeter ao tratamento médico de que desesperadamente necessita, não seria melhor? Devemos olhar para além do nosso horizonte de conforto. Existem pessoas que estão vendendo a sua fé devido à fome, crianças em idade escolar, que por vezes não conseguem ir à escola, de tão fracas que estão devido à fome, pois muitas delas acabam chafurdando em contentores de lixo à procura de algo com o que matar a fome. O luxo material pode trazer algum conforto ao corpo, mas alimentar um esfomeado, proporcionar abrigo à uma família desprovida de tecto, vestir uma criança que só tem andrajos a cobrir-lhe o corpo ou praticar quaisquer outros actos de generosidade, trará imensa tranquilidade e paz aos nossos corações, e um conforto inimaginável na nossa Vida do Além. Hoje, as crises sucedem- -se, envolvendo a nossa gente. Temos que responder a essas situações. Afinal, qual é a nossa obrigação moral e social? A riqueza que possuímos é uma dádiva divina, e os ricos têm que gastá-la de forma a que Deus fique satisfeito com eles. Para além disso, os ricos têm de cumprir com a sua obrigação de pagar a esmola e a caridade. Se cada um de nós pensar desta forma positiva e evitar o egoísmo e a ganância, muito do sofrimento social poder-se- -á aliviar. De contrário, a sociedade será assolada por uma constante intranquilidade. Emanuel Banze A paz é um produto universal, o bem mais procurado em todos os cantos do mundo. Para obtê-la, o homem só precisa nascer e viver em um ambiente livre de todas as formas de violência, onde o amor, o respeito e a empatia sejam fenómenos abundantes nas relações inter- -pessoais. Paz significa certeza do equilíbrio social, do compromisso com o cumprimento dos direitos e deveres do homem. Paz é paz, é uma bandeira branca sem manchas, um país sem corruptos, sem armas e sem ameaças de guerra. Com esse breve intróito, quero dizer que a tranquilidade não se resume apenas ao calar das armas, é preciso desfazer- -se delas e abraçar o objectivo comum de lutar por um Moçambique uno e indivisível. Ou seja, enquanto houver armas nas mãos de pessoas revoltadas, estaremos andando às voltas no deserto buscando a paz prometida e não a encontraremos. O Governo e a Renamo arranharam as jubas, suaram os casacos e chamaram os vizinhos e amigos para, mais uma vez, testemunhar a volta do sossego, mas este revela-se como uma pura utopia. Pois, continuamos na corda bamba, na incerteza do que vai acontecer amanhã, uma vez que as armas se calaram, mas não foram arrumadas. Discursos ameaçadores vão sendo ecoados nas Midias por cidadãos nacionais. Isto não é paz. Nunca há-de vir a ser. Hoje é Mariano Nhongo, amanhã será o fulano, depois o beltrano. Por fim, resolver problemas partidários usando armas vai virar moda. E quem sai prejudicado nisso é a própria Renamo que, numa altura pré- -eleitoral, mostra sinais claros da falta de união entre os seus simpatizantes e quer devolver o país a um clima de tensão. A este ritmo, corremos o risco de assistir à assinatura dos quartos (por que não quintos?) acordos de paz, sempre definitivos, e cheirando à pólvora, situação que aumenta a profundidade do buraco no qual o país está a afundar. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | opinião | zambeze | 7 A importância de uma formação contínua TINFANELO TAVUMHUNU (Direitos Humanos) O fenómeno da globalização mundial é um facto incontornável que já se vive há bastante tempo. Em qualquer actividade, seja ela financeira, comercial, cultural, ambiental, legislativa ou educacional, exige que as pessoas estejam integradas num mercado global onde a competição e a concorrência estejam fortemente marcadas. Os legisladores das normas rodoviárias, os formadores do ensino da condução automóvel e os motoristas não podem, de igual modo, fugir ou alhear-se destas realidades cada vez mais exigentes da universalização. Actualmente, aquele que detém o conhecimento consegue sempre obter vantagens. No entanto, convém considerar que este tipo de exigência não é de hoje, foi assim desde há centenas de anos e, nos tempos que correm, apenas é imprescindível possuir um maior conhecimento para qualquer um poder afirmar a sua diferença e, consequentemente, vencer. É por esta razão que não basta conseguir uma profissão ou formação técnica inicial, a especialização profissional tornou-se extremamente importante. O enorme desenvolvimento tecnológico a que se tem assistido nos últimos anos tem sido acompanhado, ao nível das escolas, pela criação de novas áreas de conhecimento e de formação profissional, nomeadamente, em institutos e universidades. Veja-se, por exemplo, o caso da Engenharia (e não só) em que, actualmente, existem mais especialidades do que havia há uns vinte anos atrás. O mesmo se verifica no ensino da condução automóvel que corresponde à nossa actividade. Noutros países, o ensino de especialização na profissão de motorista diversificou bastante, seja para transportar cargas perigosas, crianças e passageiros, conduzir ambulâncias, ser motorista protocolar, conduzir defensivamente, entre outras especializações. Embora ainda estejamos de certo modo atrasados a este nível, a globalização vai-nos exigir um esforço redobrado para recuperarmos o retardamento em que nos encontramos. Há uns anos atrás, quase que todas as pessoas que faziam a sua formação técnica e enveredavam por uma dada profissão, viviam até ao final da sua vida profissional sem sentirem a necessidade de se actualizarem, no que concerne à sua instrução de base. Por exemplo, para se ser instrutor de condução automóvel por toda a vida, bastava ter dois anos de experiência de condução. Actualmente, o candidato a instrutor tem de possuir conhecimentos na área da pedagogia, psicologia, mecânica, electricidade, saúde, direito civil, penal e contravencional, entre outros. Por outro lado, sempre que surgir um nova legislação rodoviária, aos instrutores de condução automóvel devia-lhes ser exigido efectuar uma especialização ou actualização. Nos países mais avançados, após o início de uma certa actividade profissional, ocasional ou periodicamente, são estabelecidos estágios, reciclagens ou actualizações, para melhorar o seu desempenho profissional, tendo em vista dotá-lo de uma permanente capacidade para ser cada vez mais eficaz e competitivo. Por estas razões, a situação actual exige que um candidato a motorista saiba escolher uma instituição de ensino exigente e capacitada, de modo a obter uma formação especializada e de elevado nível nos diversos cursos profissionais disponíveis. Só assim é que poderá existir a possibilidade de enfrentar com sucesso as exigências de qualificação solicitadas, aquando da contratação por parte dos empregadores. Para muitas empresas internacionais que operam em Moçambique, não basta que os candidatos ao emprego apresentem o seu diploma para serem admitidos. Estes são submetidos a testes de avaliação rigorosos para avaliar o seu nível de competências perante os requisitos exigidos, uma vez que sabem que no nosso país ainda temos de melhorar a qualidade de ensino e combater a corrupção que existe na obtenção de diplomas ou certificados. A qualidade de formação apresenta-se hoje, mais do que nunca, como um factor fundamental para a produtividade e competitividade. De igual modo, esta realidade remete-nos, a nós que exercemos a actividade de formação, para a crescente importância da ligação que deve existir entre a qualidade do ensino ministrado e as exigências das empresas empregadoras. Quando o país não nos possibilita estas actualizações ou especializações, devemos ir em sua busca no exterior, se não quisermos ser preteridos com a afirmação ou convicção, que se começa a generalizar, de que o país não dispõe de profissionais qualificados. Esta crença de que os moçambicanos não estão preparados, em muitos casos, é injusta. O pior é que são os próprios cidadãos e empresas nacionais que, sem se informarem das capacidades existentes no país, acreditam que só o que vem do exterior é que é bom. Em alguns casos, chegam a suportar custos triplicados ficando, por vezes mal servidos, porque os formadores estrangeiros para além de não dominarem na plenitude a nossa língua, não possuírem um conhecimento amplo das nossas realidades, culturas e comportamentos, transmitem conhecimentos decalcados e adaptados aos seus países que são impraticáveis ou inadequados no nosso. Por tudo o que abordamos neste texto, é fácil entender que uma formação contínua e especializada é de importância vital, quer para os formadores, quer para os formandos, uma vez que as tecnologias e as respectivas legislações não param de evoluir. *DIRECTOR DA ESCOLA DE CONDUÇÃO INTERNACIONAL Moçambique é país dos extremos, raramente tem as coisas na medida certa! Mesmo a natureza, numas vezes traz-nos secas severas e noutras cheias devastadoras! Mas nós próprios também fazemos as coisas com excessos! 1.Quem não se lembra dos tempos em que o lobolo era crime! De pulmões cheios, os frelimistas bradavam: “Abaixo o lobolo!”, mas porque é da tradição, não se podia e nem se pode erradicar administrativamente, continuava a ser feito, mas em segredo, porque até se corria o risco de se ser preso! Mesmo a mudança de nome de lobolo para gratificação não rebateu o princípio revolucionário, segundo o qual, o lobolo coarctava a emancipação da mulher! Estávamos num extremo! Hoje estamos noutro, em que o lobolo já é mais caro e feito com as notas que têm efígie do próprio Samora, paradoxalmente, o revolucionário que mais combateu o lobolo! Já é feito publicamente com direito a fotografias, presentes e até a uma transcrição no registo civil! Ou seja, o lobolo ontem deveras combatido, hoje virou casamento tradicional reconhecido oficialmente! Extremos! 2. Na efervescência da Revolução, jurava-se que Moçambique seria túmulo da burguesia, mas hoje se se chega numa reunião da Frely e gritasse: “Abaixo a burguesia!”, se quisessem me responder sem hipocrisias, muitos redarguiriam: “Fusseki!”(Vai-te embora!), o camarada Mano Guebas seria o primeiro, não?! A ostentação de riqueza ontem era crime, mas hoje ser rico não é pecado! Não são dois extremos opostos? 3. Ainda na efervescência da Revolução, era contra-indicado rezar! Os seminaristas da igreja católica foram incorporados na tropa, os locais de culto transformados em salões de actividades culturais, as escolas de formação de padres nacionalizadas, os padres e outros ministros, servidores de Deus, ridicularizados; o dia de natal foi vulgarizado, no princípio até era dia normal de trabalho para todos! Era um extremo! Depois passou a haver tolerância de ponto só para os cristãos, mas porque neste dia as pessoas faltavam quase todas ao serviço, a Frelimo rendeu-se e, nos princípios da década 80, passou a considerar o 25 de Dezembro um feriado do dia da família, mas noutro extremo, já aceita que sim, 25 de Dezembro é feriado nacional do dia de Natal e da família! Por aquelas alturas em que se dançava xingomana nas salas de culto, era impensável que o Papa da Igreja Católica, que a Frelimo de Samora a hostilizava muito, pudesse ser recebido com honras de Estado e a sua visita ao país pudesse merecer referência exaustiva em todos os órgãos de informação do Estado, 3 meses antes, durante e depois da sua chegada! Já eram quase enfadonhos os programas “Sumo pontífice” transmitidos diária e repetidamente na Rádio Pública, às vezes sem conteúdo meritório, era só apresentar para agradar, para “alguém” merecer promoção no próximo mandato! Quem diria que a nossa Frelimo podia admitir que o Papa pudesse abençoar Moçambique! Samora dizia que “deus” era ele mesmo que libertou Moçambique! Aquele todo tempo que durou a missa papal, Samora o teria abocanhado para dar um comício e nos prometer que brevemente liquidaria os bandidos armados e erradicaria o subdesenvolvimento! Uma ova! Utopia para o carraças pá! Pronto! Ontem, estávamos num extremo, hoje estamos noutro em que a missa duma igreja, outrora muito hostilizada, já dá direito a um feriado nacional e transmissão em directo na Rádio e TV públicas, num Estado laico! Fazer o quê? Moçambique é país dos extremos, quando não é 5 é 500,se fosse de vidro já se teria partido por conter água ora muito quente, ora muito fria! Sobre o Ambiente Rodoviário Cassamo Lalá* Se Moçambique fosse recipiente de vidro já se teria partido por conter água ora muito quente, ora muito fria! Ontem hoje e amanhã Marcelino Silva – marcelinosilva57@gmail.com Veja-se, por exemplo, a dissonância entre os discursos do Presidente da Renamo Ossufo Momade, do porta-voz Manteigas e da Chefe da Bancada do partido na Assembleia da República sobre o caso Nhongo. Estamos perante mais um espectáculo deprimente a juntar-se a muitos outros já assistidos num passado muito distante. 8 | zambeze Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Como é do domínio público, o Conselho Constitucional (CC) anunciou recentemente o chumbo do recurso a si submetido pela Renamo na sequência da reprovação pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) da exigência da desqualificação dos candidatos da Frelimo a governadores para as províncias de Manica, Niassa, Maputo e Nampula. Os candidatos que a Renamo não quer ver a concorrerem são Francisca Tomás que é candidata a governadora da província de Manica. Ela foi recenseada em Niassa onde exerce actualmente a função de governadora. Júlio Parruque é, actualmente, governador de Cabo Delgado e é nesta província onde foi recenseado. É candidato para a mesma função, mas para a província de Maputo. Manuel Rodrigues pretende ser eleito governador de Nampula, apesar de ter sido recenseado em Manica onde é actualmente governador. Por último, está Judite Massange que quer ser eleita governadora de Niassa. O seu registo como eleitoral foi efectuado em Nampula. O pedido da Renamo baseava-se no facto de anterior Lei Eleitoral, aprovada em 2013, indicar que todo o candidato a ser eleito para exercer funções públicas (deputado, membro da assembleia provincial e de assembleia da cidade, entre outras funções resultantes de eleição) só podia exercer o acto de votar e de ser eleito, se estivesse recenseado e residisse na província onde tal acto iria ocorrer. Entretanto, a referida lei foi revogada em 2015. Especialmente o capítulo referente a obrigatoriedade de residência para quem requerer ser eleito para aqueles cargos se, neste caso, para o cargo de governador de província. Assim sendo, os candidatos atrás referidos, podem sim, concorrer. Caberá, depois, aos eleitores decidirem pela sua sorte. Foi no cumprimento das suas obrigações de fiscalizadores finais dos processos eleitorais que CC “pegou”no recurso da Renamo. Após minuciosa verificação, não encontrou razões para decidir de acordo com a pretensão do partido de Afonso Dhlakama. Chumbou a petição tendo a decisão sido vertida em acórdão de 28 de Agosto último. Sublinhe-se, em jeito de contextualização, que a Renamo havia recorrido da decisão da CNE de 17 de Agosto, socorrendo-se do artigo 165 da Lei Eleitoral. Como acima foi referido, o referido instrumento está “fora de uso”. Até porque para se estar nessa situação, os deputados da Renamo contribuíram para isso ao terem se juntado aos seus colegas da Frelimo e do MDM na aprovação da nova redacção da nova Lei. Foi assim que numa das passagens do acórdão do CC, pôde-se ler que “esta é a solução legal e corresponde à nova, expressa e inequívoca vontade do legislador moçambicano, aprovada por consenso e aclamação no dia 4 de Abril de 2019”. Repare-se neste “aprovada por consenso e aclamação”. Quer isto dizer que os deputados da Renamo, no dia 4 de Abril de 2019, juntaram-se aos seus colegas da Frelimo e MDM e em uníssono disseram “aprovada”. Perante esta inequívoca verdade, ocorre-me colocar algumas perguntas aos meus concidadãos, deputados da Renamo: conheciam, caros irmãos, o verdadeiro significado e as consequências futuras da lei que estavam a aprovar? Entre vocês existe alguém com capacidade e conhecimentos técnicos para interpretar correctamente o espírito e a letra das leis que aprovam? Os vossos porta- -vozes (por exemplo o Manteigas e o activíssimo Venâncio Mondlane), preparam-se (entenda-se compulsam os instrumentos que orientam as matérias aprovadas em sede do parlamento) antes de irem aos órgãos de comunicação social reclamar “isto e aquilo? Já muitos falaram da falta de preparo da Renamo, principalmente, quando se trata de casos sérios. Já muitos falaram de incoerências monumentais, recorrentemente patenteadas nas abordagens sobre os mais variados assuntos, quer internos, assim como extra-muros. Veja-se, por exemplo, a dissonância entre os discursos do Presidente da Renamo Ossufo Momade, do porta-voz Manteigas e da Chefe da Bancada do partido na Assembleia da República sobre o caso Nhongo. Estamos perante mais um espectáculo deprimente a juntar-se a muitos outros já assistidos num passado muito distante. FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA z E FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA amb Onde a nação se reenc eontra z FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA Grafismo: NOVOmedia, SARL Fotografia: José Matlhombe Revisão: AM Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 82-578 0802 (PBX) 82-307 3450 Publicidade: Esmeralda do Amaral Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 | 82-307 3450 (PBX) esmelifania2002@yahoo.com.br Impressão: Sociedade do Notícias S.A Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584 (E-mail. egidioplacidocossa@gmail.com) Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido e Luís Cumbe Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo e Samuel Matusse Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544 (E-mail: munguambe2 @hotmail.com Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002 Propriedade da NOVOmedia, SARL Gestora Administrativa Esmeralda do Amaral, Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 esmelifania2002@gmail.com D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o : Av. 25 de Setembro, N. 1676, 1o Andar, Portas 5 e 6 Cell: 82-307 3450 (PBX) zambeze.novomedia@hotmail.com | opinião | Depois da CNE agora foi o Conselho Constitucional a chumbar a Renamo em mais um espectáculo deprimente Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 zambeze | 9 Estamos actualmente num momento muito relevante para o nosso futuro próximo: há poucos dias teve início a campanha eleitoral e a 15 de Outubro, com os resultados eleitorais, começa, certamente, uma nova etapa da nossa história. Esta campanha começou com uma nova situação, que todos desejavam: o acordo de paz. Após vários acontecimentos imprevistos, como a morte do líder Afonso Dhlakama e a nomeação, num congresso, do novo líder da Renamo, Ossufo Momade, não havia a certeza de que se pudesse alcançar. Mais uma vez, agradecemos aos dois artífices do acordo, o Presidente Nyusi e o líder da oposição Ossufo Momade, por podermos realizar eleições em paz entre todos os cidadãos, e este seria um grande reconhecimento ao trabalho e ao diálogo dedicados, durante anos, por todos os participantes neste acordo. Da mesma forma, deveríamos prestar um reconhecimento especial a todos os cidadãos que perderam a vida neste conflito inútil e realizar estas eleições num clima de amizade e boa vontade, sem incidentes, sem confrontação, em suma, sem violência. Não podemos ver os partidos que defendem posições políticas diferentes das nossas como inimigos, eles são apenas adversários na disputa política e obviamente devemos considerá-los nossos irmãos, pois somos todos moçambicanos. Muitas vezes falamos de democracia, queremos e pedimos mais avanços democráticos. No entanto, quando algo afecta os nossos interesses, como a concorrência política entre partidos, entre outras coisas, nós preferimos pôr de lado a democracia conseguida e que nos permite eleger os nossos Governantes, através de meios pouco democráticos para obter as vantagens que queremos. Quaisquer que sejam os resultados destas eleições, temos de demonstrar a nós próprios e à comunidade internacional que somos um povo de paz, de coexistência e de colaboração com aqueles que dela necessitam, como ficou patente na terrível situação após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth. A violência não nos ajudará a crescer como sociedade, nem a criar um ambiente positivo, económico ou social para todos nós e para as gerações futuras. Seremos capazes de desfrutar de uma campanha eleitoral e de eleições sem qualquer tipo de violência e em paz entre todos nós? A primeira semana tem mostrado o contrário. A violência parece ter tomado conta de alguns integrantes das caravanas de campanha eleitoral. Ao nosso entender, este não é e nunca foi o caminho que se deva percorrer. Ao agir de forma violenta em processos que deviam ser pacíficos estão a tentar deitar por terra o processo de paz irreversível que todos nós estamos a saborear. As eleições não devem mais constituir foco de guerrinhas desnecessárias. Devem, sim, constituir um ponto central da construção da nossa jovem democracia. Portanto, aqui fica o repto. Podemos honrar o nosso país, Moçambique? Devemos todos, sim, todos. Editorial Moçambique recebeu na semana finda, com pompa e circunstância, o dirigente máximo da Igreja Católica e ao mesmo tempo Chefe de Estado do Vaticano, o senhor Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, um dos homens mais influentes do planeta. Embora seja a quarta vez que se desloca ao continente Africano, é a primeira vez que o Sumo Pontífice visita um país da Região Austral de África, pelo que foi confirmada a presença de vários crentes vindos de países limítrofes de Moçambique. Longe de toda a euforia do momento, caracterizada pelas movimentações corriqueiras de um país que recebeu o líder religioso mais poderoso da terra, das missas, apelos, conselhos ou admoestações, há necessidade de efectivamente fazermos uma análise profunda do quão foi importante, partindo dos ganhos que Moçambique teve. Para iniciar, no campo da exaltação da nossa moçambicanidade, temos de reconhecer a vital importância do trabalho realizado pelo Presidente da República Filipe Nyusi para permitir a vinda de Francisco à nação moçambicana. Foi exactamente no mês de Setembro de 2018 que, durante uma visita ao Estado do Vaticano, Filipe Nyusi convidou o Papa Francisco a visitar Moçambique, um gesto bastante comum de centenas de líderes que passam por aquele lugar, mas que só poucos conseguem que os seus pedidos sejam aceites, tal como foi o caso do nosso Presidente da República. Ao conseguir trazer Francisco à Moçambique, Nyusi comprovou à todos que duvida(va)m da sua capacidade governativa, que é homem de falar pouco e trabalhar muito. Aliás, a questão do dossier da Paz, que a Igreja Católica tem apoiado há décadas, teve um desfecho favorável longe da mediatização comum. E são estas as cartas jogadas por Nyusi, quando trata de assuntos de grande dimensão: Silêncio, trabalho, dedicação. Quando todo mundo menos espera, os resultados começam a aparecer. Para o caso da visita do Papa Francisco à Moçambique, não há outra explicação para a sua materialização que não seja, para além da vontade e disponibilidade do Sumo Pontífice, a capacidade de transformar situações complexas em soluções simples, que é a característica peculiar de Nyusi. O desfecho que teve o assunto das hostilidades militares, com a assinatura do respectivo acordo, não foi ignorado, decerto, no momento do balanceamento de Francisco sobre viajar ou não. Ele, franciscano que é, valoriza os esforços dos que abrem a sua mão para os outros que merecem mais do que tem. A visita do santo Padre revela-se oportuna, pois coroa de forma magistral os esforços para a consolidação da paz em Moçambique, levados à cabo pelo Presidente da República em coordenação com o líder da Renamo. Há que dar mérito ao trabalho incrível que Nyusi tem mostrado na componente da diplomacia dos corredores, garantindo à todos os moçambicanos, independentemente das suas convicções políticas, sociais, ideológicas, que é possível sonhar um Moçambique que pega em suas dificuldades e as transforma em oportunidades. Os ensinamentos transmitidos pelo Papa Francisco não poderiam ter sido dados em melhor momento. Passa pouco mais de um mês que Nyusi deu aulas de como se produz a paz e reconciliação, sem necessidade de grandes alaridos. Bastando ter vontade de dizer ao outro irmão que somos todos moçambicanos e podemos construir o nosso país da melhor forma possível. Foi esta lição de grande valor humanista que foi ressalvada pelo Papa no Zimpeto. Reconheço, por via desta a grandeza da liderança, que temos no país e tenho orgulho desta nação estar a trilhar por caminhos que finalmente nos motivam a acordar e levantar a cabeça para quaisquer desafios, cientes de que como país demos certo! Da ressaca da visita do Papa ao reconhecimento de Nyusi | opinião | Honrar Moçambique é respeitar os resultados eleitorais! Fabião Carapau Osvaldo Gonçalves O propósito desta crónica (que esperamos tenha alguma graça) é, antes de mais, convidar o leitor para uma reflexão sobre um tema que toca a todos: a escrita da Língua Portuguesa. Quando nos rimos porque alguém comete um erro grave de ortografia, somos tentados a culpar tudo e todos, em particular o sistema de ensino, sem nos darmos conta, muitas vezes, das falhas que cometemos ao fazer tais críticas. As redes sociais são terreno fértil para o cometimento desse tipo de falhas e para as respectivas capicuas. A moça, posta uma fotografia em que está acompanhada da colega na festa de formatura do ensino superior com a seguinte legenda: “Mição comprida”. Foi mais dura a tarefa de percebermos o que a rapariga queria dizer. Porém, mais grave ainda foi lermos o comentário de um dos críticos de plantão: “So deus nó comando”. Em tempos, noutra postagem, um rapaz congratulava-se por ter terminado o ensino médio e acrescentava: “Faculdade Agustinhu Netu mim aguarde”. Num dos comentários, um internauta escreveu: “Conheço bem o... Isso é feiki news”. Já lemos coisas bem piores, mas, como é óbvio, não vamos aqui reproduzi-las, afinal, este é um jornal para a família. Discordamos por completo daqueles que dizem ter os erros de ortografia a ver com o facto de escreverem em português, o que se torna mais difícil por não ser a sua língua materna. O problema é que não podem fazê-lo de outro modo, simplesmente por não pescarem nada nalguma língua nacional. Nem falar, quanto mais escrever... Reproduzir em texto o linguajar das pessoas não é tarefa fácil. Alfredina Nery, graduada em Letras, mestre em Psicologia da Educação e assessora pedagógica de duas prefeituras no Brasil, num artigo intitulado “Língua escrita e oral - Não se fala como se escreve” (https:// educacao.uol.com.br), usa um comentário do escritor e humorista Jô Soares para a revista “Veja”, na introdução do tema, que diz assim: “Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestá tenção. U alemão purexemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê.” A professora refere que “em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro”. Longe de nós defendermos uma “ditadura da língua”, mas, partindo do princípio de que “A grafia é uma tecnologia de comunicação, historicamente criada e desenvolvida na sociedade humana, e basicamente consiste em registar marcas num suporte” (https://pt.wikipedia. org), julgamos ser de bom tom cada um cuidar-se ao máximo para não sair por aí a dar pontapés na gramática e na ortografia. Notamos que muitas vezes, quando alguém se refere ao calão e à gíria angolanos, inclui expressões linguísticas que, a nosso ver, vão muito além de simples erros de português para expressarem sentimentos reais, profundos, tão reais e profundos que o domínio que se tem da língua não permite alcançar. Colocar num mesmo pote termos como piteu, kikuaxi, tungo, kibua, ou mesmo formas mais complexas, como caular, gamar, galar e frases completas (e até complexas), como “se dar encontro” com alguém ou ter ido a casa deste e “lhe encontrar não estava lá” não nos perece curial. O pensamento cresce com o domínio da língua, mas esta, sobretudo se nos for imposta, nem sempre é capaz de reflectir por palavras o pensamento na sua plenitude. “No dia dos acontecimentos, você viu o acusado?” – interroga o juiz. “Ver só, eu não lhe vi. Se dei mesmo encontro com ele!” – responde a testemunha. Num cenário hipotético, a expressão tanto pode servir à defesa, para confirmar que fulano estava noutro sítio que não o local do crime, como à acusação, que é mesmo essa a pessoa de quem se fala. Entretanto, é-nos difícil aceitar que se atribuam as culpas da deficiente formação em Língua Portuguesa apenas aos estudantes. Quando um licenciado escreve com gritantes erros de ortografia, as pessoas deviam perguntar não apenas como conseguiram atingir esse patamar, mas quem permitiu que tal acontecesse. In Jornal de Angola Erros de ortografia 10 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Odia 4 de Setembro de 2019 será escrito com letras de ouro na vida de povo moçambicano, pois foi neste dia que recebemos umas das visitas mais importantes, com a chegada do Papa Francisco a Maputo, capital da República de Moçambique. Eram quase 19 horas, quando o Papa Francisco passou de um dos locais mais privilegiados onde o Chefe da Igreja Católica iria passar. Estivemos na esquina da Av. Eduardo Mondlane e Av. Julyus Nyerere, para acenar juntamente com os residentes da Polana e da Sommershield, quando iria cruzar para a Av. Kwame Nkrumah, onde fica a Nunciatura Apostólica, ao lado da Igreja de Santo António da Polana. Foi uma sensação inolvidável, aquelas que sentíamos, ao corresponder ao aceno do Santo Padre, no “seu” Papa-Móvel, aquele carro que fora recebido no dia anterior em Maputo. Nesta deslocação o Sumo Pontífice, sem papas na língua, chamou a atenção – diria – orientou para que a Igreja Católica em Moçambique, fizesse parte da solução dos problemas e não “inclinar-se” – para uma das partes. Quantas vezes nós escrevemos que as “Cartas Pastorais” da Igreja Católica não podem ser publicadas na véspera das Eleições e, mais grave ainda, com referências como “tem de haver ALTERNÂNCIA de Poder em Moçambique.” Explicamos sempre que quem deve fazer a “ALTERNÂNCIA” é o povo moçambicano e não orientar através da Igreja Católica, para que não se vote neste ou naquele: “fazer parte do problema” é ajudar a resolver os problemas e não atiçar os ódios, como amiúde temos verificado. Esperemos que a mensagem do Santo Padre tenha calado bem fundo nos prelados moçambicanos, quando diz que o padre tem de ser humilde. Também cai por terra, aquela de que a visita devia ser adiada, porque estamos no ano eleitoral para que não haja “aproveitamento político”. Mas depois da Recepção as diversas reuniões que o Sumo Pontífice orientou, no dia 5 de Setembro de 2019, na “Ponta Vermelha”, com o Presidente da República, com os diversos dirigentes dos órgãos do Estado e de Soberania, do Corpo Diplomático, etc., com a Juventude no “Pavilhão de Maxaquene”, na Sé Catedral de Maputo, bem como na missa no Estádio de Zimpeto, com os diversos dirigentes da Igreja Católica, as mensagens por ele proferidas deveriam, em nosso modesto entender, ser reproduzidas em livros (livros de bolso) e postos à venda nas livrarias, nas igrejas, nas entradas dos Museus por toda esta bela “Pátria Amada”, como uma forma de perpetuar o ensinamento para as presentes e futuras gerações. Da mesma maneira ser reproduzida em CD’s para ser posto à venda e o valor possa ser canalizado às obras de caridade. Estes ensinamentos vão virar a “cabeça” dos nossos jovens rumo ao trabalho e a luta pelo bem-estar. “Perseverar”, “persistir”… Os exemplos sobre a luta que a juventude deve empreender dados pelo Papa Francisco no “Pavilhão de Maxaquene”, de Eusébio da Silva Ferreira, que não obstante as diversas adversidades pelas quais passou pela morte prematura do seu pai, vivendo com a mãe, nem com isso deixou de ver o mote, “persistindo”, “perseverando” e, assim, ser um dos melhores jogadores do mundo, assim como a Maria de Lurdes Mutola (Maria Mutola) que “persistindo” atingiu os picos da fama com a conquista de “Ouro” no Mundial de Atletismo, na corrida dos 800 metros. Proximamente voltaremos ao assunto, desta inolvidável visita, do Papa Francisco. • Fazer livrinhos de bolso das diversas mensagens do Sumo Pontífice em Moçambique e pô-las à venda nas Livrarias, nas Igrejas, nos Museus, etc.. PAPA FRANCISCO: Igreja que se insira nas aspirações do povo moçambicano… Ma p u ta d as Francisco Rodolfo Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 11 Vaticina Nova Democracia: O passado chegou ao fim A Nova Democracia (ND), movimento de cidadãos para mudar Moçambique, escalou, último sábado, alguns bairros da cidade da Matola, com destaque para o mercado Santos e o bairro de Intaka, para namorar o eleitorado, expondo a intensão de resgatar o parlamento como espaço sensível às necessidades do povo. Privilegiando o contacto interpessoal, a ND foi aclarando seu objectivo em concorrer nas legislativas, nas próximas eleições, visando assaltar a Assembleia da República, que “há muito deixou de discutir assuntos próprios do povo”. “O passado chegou ao fim”, acentuou Salomão Muchanga, líder daquela formação política, dirigindo-se aos vendedores do mercado Santos, município da Matola, preocupado com a neutralidade com que caracteriza o parlamento, infestado das disciplinas partidárias, regalias, em detrimento dos problemas que enfermam a nação. Muchanga defendeu, durante sua interacção interpessoal, que o seu manifesto se baseia em políticas de empregabilidade, incidindo sobre a camada juvenil, políticas que tragam soluções do transporte, acesso à educação, entre outras áreas de desenvolvimento social. Para Muchanga, chegou o tempo de os moçambicanos fazerem uma “nova história”, um “novo Moçambique”, um país de inclusão social, de progresso e de justiça social. O Estado, argumentou para os vendedores daquele mercado, deve ser compatível com as preocupações do cidadão, não um Estado ausente. “O que nos faz concorrer as eleições é querer transformar o parlamento num espaço que discute, aprova leis, políticas públicas que favoreçam o cidadão comum nas várias vertentes, desde o emprego, passando pela habitação, transporte, vias de acesso, água, energia” No entanto, sublinhou, durante a interacção, ser fundamental que os moçambicanos afluam em massa e votem na mudança, na ND, um partido determinado a lutar como verdadeiro agente da democracia, incluindo o combate cerrado à corrupção, o que, segundo a Nova Democracia, poderá alavancar o país e a vida dos moçambicanos. “Vemos um grupinho de pessoas que abocanhou todas as riquezas, portanto, é preciso lutarmos, e não é só uma questão de esperança, mas sim de confiança, que o futuro é agora, e vamos fazer as coisas acontecerem. Não será fácil, mas nós decidimos fazer, porque o que é bom para o povo é bom para Moçambique”, defendeu Muchanga. “Nova Democracia pede voto do movimento rastafári” Já no bairro de Intaka, a ND dirigiu-se ao movimento dos rastafáris, sob pretexto de defender políticas de inclusão social. Ao grupo aquela formação política esclareceu haver necessidade de se reagir perante o governo actual de exclusão. “Valorizarmos aquilo que é a nossa cultura, por isso decidimos aproximar a este movimento, porque sabemos que tem questões específicas que mereçam a nossa solidariedade como movimento, merece a nossa compreensão para que, no nosso combate diário, façamos parte de um mesmo ideal. Isto é que nos mobiliza a virmos e ouvirmos da comunidade o que nos pode dizer neste momento de avanço e de mudança. Temos dito que a esperança não pode morrer e a confiança que temos é que o futuro é agora, temos de transformar a vida da nossa sociedade. Estamos a falar da nossa luta por um país de inclusão”, arrematou Muchanga. LUÍS CUMBE 12 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Nyusi apela a não retaliação de alvos sul-africanos O diabo regressa a África do Sul A África do Sul vive, desde o domingo passado, uma verdadeira personificação do diabo na terra. Matar tornou-se regra desde que seja contra um estrangeiro, de preferência negro. A xenofobia regressou e com mesma tónica: matar todo cidadão trabalhador estrangeiro. Matar todo cidadão estrangeiro que mantém em pé a melhor economia africana. Ac o n d e n a ç ã o vem de todos os lados. Todos condenam mas ninguém, efectivamente, toma alguma medida drástica para com a nação sul-africana. Todos falam mas ninguém age. A humanidade está inerte contra um dos maiores crimes contra a humanidade que o mundo uma vez experimentou. Marcos Abílio, transportador internacional, diz que o governo sul-africano nada faz para reverter a situação, se não apontar a imigração ilegal como factor para o ressurgimento da onda de violência contra estrangeiros. A nossa fonte lamenta as imagens exibidas nas redes sociais que mostram carros incendiados, lojas a serem arrombadas e, o mais curioso, um cidadão estrangeiro a ser queimado sob olhar impávido da polícia. “Afinal, que país é esse cuja polícia não defende a população independentemente de este ter ou não um vinculo de nacionalidade?”, questiona. Aponta o nosso entrevistado que é preciso intervenção da União Africana e Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC), aplicando sanções severas a este país, pois a África do Sul sem outros países não é absolutamente nada. Marcos Abílio explicou ainda que a violência na África do sul está a prejudicar não apenas o negócio dos estrangeiros naquele país, como também destrói o património que pertence aos sul-africanos. ”O estrangeiro, ainda que abandone a terra do rand, não vai carregar consigo a loja de volta ao seu país”, salientou a fonte. Marcos Abílio disse ainda que muitos países anglófonos, sobretudo a Nigéria, Zâmbia e Zimbabwe, estão a retaliar a esta violência através da destruição de alguns estabelecimentos sul-africanos, todavia, questiona a pacificidade de Moçambique e associa ao facto do consumo de remédio de lua que obrigatoriamente somos dados quando crianças. ”Ou é pelo facto de termos sido por Portugal ou deve-se ao remédio da panelinha. Somos muito pacíficos ” disse. A culpa é dos Nigerianos, Somalis e Etíopes……. Nelson Paulo é transportador na rota Maputo-Nelspruit e não lhe falta opinião para descrever a onda de violência na África do Sul. Para o nosso entrevistado a violência não está a atingir moçambicanos. As vítimas, segundo ele, são nigerianos e etíopes. “Estes irmãos africanos estão a destruir a juventude através da venda de substâncias psicotrópicas”, disse. Os vídeos exibidos nas redes sociais, ainda segundo a fonte, são antigos, daí que há um aproveitamento para poder sujar imagem daquele país. “Não estão a lutar contra os moçambicanos, há pessoas já identificadas o que acontece é que os moçambicanos estão com medo” disse. Os nigerianos, etíopes e somalis estão na África do Sul, mas ao invés de comercializarem produtos legais, disse, usam as lojas para o contrabando de drogas ilícitas e a polícia quando os cidadãos denunciam nada faz, o que levou a população a ter que recorrer aos seus métodos para responsabilizar os infractores. Nelson Paulo acrescenta que a violência não se resolve com violência. O problema prende-se ao facto de não haver responsabilização dos contrabandistas de drogas. “As leis devem ser rígidas e acabar com a corrupção nas fronteiras que dão entrada à África do Sul”, sugeriu Sem negócio! Na praça internacional da baixa, vulgo Mozdalta, é notória a presença de viaturas sem passageiros nas rotas com destino a Joanesburgo, Pretoria e Gauteng. Fonte daquele local revelou que nenhum motorista aceita sair até as províncias em alusão por temer violência. Américo Balate entende que como transportador o seu negócio está afectado. Não há passageiros que pretendam ir a estes lugares cada vez violentos, as rotas preferidas do momento são as de Nelspruit. “Penso que se esta violência continuar, os preços de produtos vindo da África do Sul poderão disparar, atendendo ao facto de que Moçambique depende muito da África do sul, ninguém quer ver sua viatura incendiada”, sublinhou. Como transportador o meu negócio está sendo afectado dado que não há passageiro e, se não houver uma intervenção, os preços poderão disparar dado que dependemos da África do Sul para importações. Em Durban e Joanesburgo, os nigerianos são inúmeros. A presença destes incomodam os sul-africanos de que são vítimas desta violência. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 13 Cerca de quinhentos moçambicanos em fuga O ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação apontou, na terça-feira, que há cerca de 500 moçambicanos afectados pela nova onda de ataques contra estrangeiros na África do Sul. As autoridades prepararam um centro para receber os que pretendam voltar ao país. Centenas de migrantes continuam a fugir da nova onda de violência xenófoba na África do Sul, que começou há mais de uma semana. Há cerca de 500 moçambicanos afectados e um primeiro grupo deveria ser acolhido na segunda-feira. Geraldo Saranga, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, apelou aos moçambicanos para não retaliarem e para privilegiarem o diálogo. “Isto é uma política que privilegia uma gestão pacífica dos conflitos. O governo está preocupado, está a fazer o que deve fazer para acolher os seus filhos que estão numa situação de grande dificuldade neste momento”, disse, acrescentando que a violência xenófoba na África do Sul não fere as relações dos dois países. Brito Samora, do Sindicato Nacional de Trabalhadores OTM, lançou um veemente apelo ao envolvimento das diplomacias africanas para ajudar a estancar a onda de ataques. “O que neste momento estamos vivendo atenta contra os princípios africanos, contra os tratados africanos, contra a Carta Africana”, afirmou. As autoridades moçambicanas prepararam um centro de trânsito para acomodar os que pretendem voltar ao país, no distrito de Moamba, na província de Maputo, com infra-estruturas, água e produtos de higiene. O mais recente balanço das autoridades sul-africanas indica que 12 pessoas morreram vítimas de xenofobia naquele país, incluindo um estrangeiro, cuja nacionalidade não foi divulgada. O governador provincial de Maputo, Raimundo Diomba, reconhece a gravidade da situação que envolve moçambicanos na África do Sul, mas diz que “não deve haver retaliação contra cidadãos sul- -africanos e seus bens em Moçambique”. Por seu turno, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) alerta que os empresários moçambicanos perdem diariamente, em média, cerca de três milhões de dólares, devido à paralisação das suas actividades, na sequência da violência na África do Sul. Entretanto, a antiga primeira-ministra e actual presidente da Mesa da Assembleia da Câmara de Comércio de Moçambique, Luísa Diogo, diz que as autoridades sul-africanas devem acabar com esta onda de xenofobia, “que viola os protocolos regionais, para além de que vivemos num mundo global”. Elton da Graça Nyusi apela a não retaliação de alvos sul-africanos O Presidente da República, Filipe Nyusi, apelou aos cidadãos moçambicanos a não retaliar contra alvos de interesse sul-africanos no território moçambicano. Nyusi garantiu que o seu governo já tomou medidas necessárias para permitir o repatriamento voluntário de cidadãos moçambicanos da vizinha África do sul. Filipe Nyusi interrompeu a sua campanha eleitoral, nesta terça-feira, para falar à nação. Na sua locução, o chefe de Estado garantiu, no distrito de Alto Molócuè, província da Zambézia que o seu governo vai acompanhar permanentemente a responsabilização criminal dos autores da xenofobia na vizinha África do sul. Filipe Nyusi disse ainda que o governo moçambicano tem acompanhado com muita tristeza e preocupação o recrudescimento da onda de xenofobia e violência que assola a vizinha África do Sul. perpetrada contra cidadãos estrangeiros, maioritariamente do continente africano, incluindo do nosso país. “Tomamos conhecimento de que a 5 de Setembro de 2019 em um dos bairros de Joanesburgo, cerca de 500 nossos concidadãos moçambicanos foram despojados dos seus bens precisando de abrigo e alimento na sequência de actos de violência. Esta onda de xenofobia está a chocar milhões de pessoas em todo o mundo e surgem pronunciamentos de repúdio de todos os quadrantes”, garantiu Filipe Nyusi. De acordo com Presidente Filipe Nyusi, mesmo conscientes de que esta acção não representa maneira de estar do povo e do governo sul- -africano: “queremos de forma veemente condenar estes actos xenófobos e em fase dos acontecimentos, o governo da República de Moçambique está a seguir permanentemente a situação”. Nyusi disse a primeira medida foi de manter contacto permanente com as autoridades competentes da África do sul para compreender e assegurar apoio aos cidadãos moçambicanos em risco. “Instrução ao Alto Comissariado de Moçambique e rede de missões consulares para fazer o levantamento exaustivo da situação e prestar apoio necessário. Criação de condições para o repatriamento voluntário e imediato aos cidadãos moçambicanos directamente afectados pela onda de violência”, assegurou Filipe Nyusi. De igual modo, o governo de Moçambique confirma que há contactos com Organização Internacional para as Migrações que já se prontificou a colaborar no processo de repatriamento voluntário de cidadãos moçambicanos. “Instrução ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades através do Comité Técnico Operativo de Emergência com vista a desencadear acções para prestar assistência aos moçambicanos em situação de vulnerabilidade para que sejam repatriados. Operacionalização do Centro de Macuanza do distrito de Moamba para acolher provisoriamente a todos moçambicanos repatriados voluntariamente da África do Sul, antes de serem encaminhados às suas zonas de origem nas províncias de Maputo, Gaza. Inhambane, Manica e outras”, disse Filipe Nyusi. Por fim, o chefe de Estado exortou ao povo moçambicano a manter a “serenidade” e se abster de retaliação contra alvos de interesses da África do sul, Alegadamente, porque “ somos um povo com valores próprios, com sentido de solidariedade, tradicionalmente e internacionalmente respeitadores e, desta forma, estaremos a promover uma África integrada e solidária com seus próprios cidadãos e com os de outros continentes em paz em prosperidade através do trabalho árduo de todos os seus filhos”. Dávio David 14 | zambeze Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 José Matlhombe Zoom | NACIONAL | Caso Barloworld Equipamentos Moçambique Director geral usava documentos falsos para exercer actividade profissional No âmbito do controlo da legalidade laboral, a Inspecção Geral do Trabalho realizou uma actividade inspectiva no dia 17 de Julho de 2019 à Empresa Barloworld Equipamentos Moçambique, Limitada, sita na Avenida da Namaacha/EN2, na Matola, Província de Maputo, em cumprimento das suas atribuições nos termos dos nºs 1 e 2 do artigo 259 da lei nº 23/2007, de 1 de Agosto, no final da qual apurou como resultado, entre outras infracções, a admissão ilegal de 1 trabalhador de nacionalidade estrangeira, exercendo as funções de Director Geral, de nome Mark Gavin Meyer Kruger. De acordo com a Nota/Ref. nº 640/024/DNIC/2019, de 8 de Agosto, da Direcção Nacional de Identificação Civil, o Bilhete de Identidade pertencente ao cidadão Mark Gavin Meyer Kruger, de nacionalidade sul- -africana, foi obtido de forma fraudulenta usando Assento de Nascimento falso, o que constitui crime previsto e punido pelos artigos 535 e 542 do Código Penal aprovado pela Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro. Este cidadão estrangeiro foi integrado nesta empresa sem a devida comunicação ao Ministro que superintende a área do trabalho ou a quem este delegar, o que constitui violação ao disposto no artigo 8 do Regulamento dos Mecanismos e Procedimentos para Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira aprovado pelo Decreto nº 37/2016, de 31 de Agosto. Nos termos do nº 1 do artigo 27 do Regulamento já mencionado, a Inspecção Geral do Trabalho suspendeu o cidadão estrangeiro mencionado do seu exercício da actividade laboral naquela empresa, em virtude da sua admissão não estar em conformidade com a lei e com os procedimentos aplicáveis, violando os princípios plasmados na legislação laboral e demais leis vigentes no país. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 |Publicidade| zambeze | 15 Zambeze.info disponível Caro leitor, o leito do Zambeze está cada vez mais navegável. Acompanhe, diariamente, as últimas notícias on line no seguinte endereço: www.zambeze.info 16 | zambeze | centrais | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Segundo Papa Francisco Não se pode pensar o futuro numa sociedade violenta • “ Não posso seguir Jesus, se a ordem que promovo e vivo é «olho por olho, dente por dente” – Papa Francisco na sua homilia no Estádio Nacional do Zimpeto Nem a chuva e muito menos a temperatura baixa que se registou na manhã da passada sexta-feira, 06 de Setembro, foram suficientes para demover os cerca de 60 mil fiéis que encheram por completo o estádio nacional do Zimpeto para participar da missa conduzida pelo Sumo pontífice Papa Francisco. Desde as primeiras horas da sexta-feira, a região do grande Maputo registava um movimento não habitual. Afinal, vários fiéis, de várias confissões religiosas, provenientes não só de todo o país, mas também de alguns países da região, queriam ouvir a palavra de Deus eivada de esperança, paz e reconciliação. A missa do Papa Francisco foi um acto de fé cristã plena, de adoração do Senhor, de acção de graças, de exaltação e pedido oratório de bênção divina. Ninguém desmaiou, não saíram espíritos malignos de ninguém, não foram pedidos envelopes de dinheiro e nem ofertas castas para cura de doenças, milagre financeiro, quebra de espíritos de morte, pobreza, desemprego, solteirice, harmonia conjugal e familiar, de divórcio, de bebedeira, roubo, corrupção, demónios e nem outras coisas parecidas. O Papa não se entronou de profeta e nem de espírito de cura e eliminação de maldades da vida. Ele agiu como homem e servo de Deus, encomendando a Deus os pedidos, os doentes, as vontades, desejos e a esperança de paz e progresso de Moçambique. Pediu para não se praticar a injustiça política, económica, social, cultural e ecuménica, o que é paz plena. Pediu a Deus e a Cristo para darem amor, paz e progresso ao país. “Queremos que reine a paz nos nossos corações e no palpitar do nosso povo. Queremos um futuro de paz. Queremos que «reine em vossos corações a paz de Cristo» (Col 3, 15), como justamente dizia a carta de São Paulo. Ele usa um verbo que vem do mundo do desporto e faz referência ao árbitro que decide as coisas discutíveis”, considerou Francisco na sua homilia. Acompanhe na integra o texto da homilia do Santo Padre “Amados irmãos e irmãs! Ouvimos no Evangelho de Lucas uma passagem do Sermão da Planície. Depois de escolher os seus discípulos e ter proclamado as Bem-aventuranças, Jesus acrescenta: «Digo-vos a vós que me escutais: “Amai os vossos inimigos”» (Lc 6, 27). Uma palavra dirigida hoje também a nós, que O escutamos neste Estádio. Di-lo com clareza, simplicidade e firmeza, traçando uma senda, um caminho estreito que requer algumas virtudes. Porque Jesus não é um idealista, que ignora a realidade; está a falar do inimigo concreto, do inimigo real, que descrevera na bem-aventurança anterior (6, 22): aquele que nos odeia, expulsa, insulta e rejeita como infame. Muitos de vós podem ainda contar, em primeira pessoa, histórias de violência, ódio e discórdias; alguns, em sua própria carne; outros, de alguém conhecido que já não está; e outros ainda pelo temor de que feridas do passado se repitam e tentem apagar o caminho de paz já percorrido, como em Cabo Delgado. Jesus não nos convida a um amor abstracto, etéreo ou teórico, redigido em escrivaninhas para discursos. O caminho que nos propõe é o que Ele percorreu primeiro, o caminho que O fez amar aqueles que O traíram, julgaram injustamente, aqueles que O mataram. É difícil falar de reconciliação, quando ainda estão vivas as feridas causadas durante tantos anos de discórdia, ou convidar a dar um passo de perdão que não signifique ignorar o sofrimento nem pedir que se cancele a memória ou os ideais (cf. Exort. ap. Evangelii Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | centrais | zambeze | 17 Segundo Papa Francisco Não se pode pensar o futuro numa sociedade violenta gaudium, 100). Mesmo assim, Jesus convida a amar e a fazer o bem. E isto é muito mais do que ignorar a pessoa que nos prejudicou ou esforçar-se por que não se cruzem as nossas vidas: é um mandato que visa uma benevolência activa, desinteressada   e extraordinária para com aqueles que nos feriram. Mas Jesus não fica por aí; pede- -nos também que os abençoemos e rezemos por eles; isto é, que o nosso falar deles seja um bendizer, gerador de vida e não de morte, que pronunciemos os seus nomes não para insulto ou vingança, mas para inaugurar um novo vínculo que leve à paz. Alta é a medida que o Mestre nos propõe! Com tal convite, Jesus - longe de ser um obstinado masoquista – quer encerrar para sempre a prática tão usual – ontem como hoje – de ser cristão e viver sob a lei de talião. Não se pode pensar o futuro, construir uma nação, uma sociedade sustentada na «equidade» da violência. Não posso seguir Jesus, se a ordem que promovo e vivo é «olho por olho, dente por dente». Nenhuma família, nenhum grupo de vizinhos ou uma etnia e menos ainda um país tem futuro, se o motor que os une, congrega e cobre as diferenças é a vingança e o ódio. Não podemos pôr-nos de acordo e unir-nos para nos vingarmos, para fazermos àquele que foi violento o mesmo que ele nos fez, para planearmos ocasiões de retaliação sob formatos aparentemente legais. «As armas e a repressão violenta, mais do que dar solução, criam novos e piores conflitos» (Ibid.,  60). A «equidade» da violência é sempre uma espiral sem saída; e o seu custo, muito alto. Há outro caminho possível, porque é crucial não esquecer que os nossos povos têm direito à paz. Vós tendes direito à paz. Para tornar o seu convite mais concreto e aplicável no dia-a-dia, Jesus propõe uma primeira regra de ouro ao alcance de todos – «como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também» (Lc 6, 31) – e ajuda-nos a descobrir o que é mais importante nesta reciprocidade de trato: amar-nos, ajudar-nos e emprestar sem esperar nada em troca. «Amar-nos»: diz-nos Jesus. E Paulo traduz isso como «revestir- -nos de sentimentos de misericórdia e de bondade» (Col 3, 12). O mundo desconhecia – e continua sem conhecer – a virtude da misericórdia, da compaixão, matando ou abandonando ou deficientes e idosos, eliminando feridos e enfermos, ou divertindo-se com os sofrimentos dos animais. Também não praticava a bondade, a amabilidade, que nos move a considerar o bem do próximo tão querido como o próprio. Superar os tempos da divisão e violência supõe não só um acto de reconciliação ou a paz entendida como ausência de conflito, supõe  o compromisso diário de cada um de nós ter um olhar atento e activo que nos leva a tratar os outros com aquela misericórdia e bondade com que queremos ser tratados; misericórdia e bondade sobretudo com aqueles que, pela sua condição, rapidamente acabam rejeitados e excluídos. Trata-se de uma atitude, não de débeis, mas de fortes, uma atitude de homens e mulheres que descobrem que não é necessário maltratar, denegrir ou esmagar para se sentirem importantes; antes pelo contrário... E esta atitude é a força profética que o próprio Jesus Cristo nos ensinou ao querer identificar-se com eles (cf. Mt 25, 35-45) e ao mostrar-nos que o serviço é o caminho. Moçambique possui um território cheio de riquezas naturais e culturais, mas paradoxalmente com uma quantidade enorme da sua população abaixo do nível de pobreza. E por vezes parece que aqueles que se aproximam com o suposto desejo de ajudar, têm outros interesses. E é triste quando isto se verifica entre irmãos da mesma terra, que se deixam corromper; é muito perigoso aceitar que a corrupção seja o preço que temos de pagar pela ajuda externa. «Não seja assim entre vós» (Mt 20, 26; cf. vv. 26-28). Com as suas palavras, Jesus impele-nos a ser protagonistas de outro trato: o do seu Reino. Aqui e agora, sementes de alegria e esperança, paz e reconciliação. O que o Espírito vem a impelir não é um activismo transbordante, mas, antes de tudo, uma atenção prestada ao outro, reconhecendo-o e valorizando-o como irmão até sentir a sua vida e a sua dor como a nossa vida e a nossa dor. Este é o melhor termómetro para descobrir as ideologias de todo e qualquer tipo que tentam manipular os pobres e as situações de injustiça ao serviço de interesses políticos ou pessoais (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 199). Só assim poderemos ser, no lugar onde nos encontrarmos, sementes e instrumentos de paz e reconciliação. Queremos que reine a paz nos nossos corações e no palpitar do nosso povo. Queremos um futuro de paz. Queremos que «reine em vossos corações a paz de Cristo» (Col 3, 15), como justamente dizia a carta de São Paulo. Ele usa um verbo que vem do mundo do desporto e faz referência ao árbitro que decide as coisas discutíveis: E disse: «que a paz de Cristo seja o árbitro em vossos corações». Se a paz de Cristo é o árbitro nos nossos corações, então quando os sentimentos estão em conflito e nos achamos indecisos entre dois sentidos opostos, «façamos o jogo» de Cristo. A decisão de Cristo manter-nos-á no caminho do amor, na senda da misericórdia, na opção pelos mais pobres, na salvaguarda da natureza. No caminho da paz. Se Jesus for o árbitro entre as emoções em conflito do nosso coração, entre as decisões complexas do nosso país, então Moçambique tem garantido um futuro de esperança; então o vosso país cantará «a Deus, com gratidão e de todo o coração, salmos, hinos e cânticos inspirados» (Col 3, 16)”. 18 | zambeze | nacional | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Mais um projecto de certificação das PME’s Sector produtivo exige certificação efectiva para indústria extractiva A Confederação das Associações Económicas (CTA) e a Fundação para Melhoria do Ambiente de Negócios (FAN) lançaram, esta semana, o Programa Nacional de Certificação de Empresas (PRONACER-2019/2024), visando, essencialmente, assegurar a participação efectiva e sustentável das PME’s, nos grandes projectos em Moçambique, com destaque para a indústria de carvão, petróleo e gás natural. Entretanto, alguns sectores empresariais questionam a viabilidade do projecto, uma vez que as PME’s, já ostentam identidade nacional com o selo Made in Mozambique, no entanto, continuam aquém dos padrões de qualidade exigidos por estes grandes projectos. Afragilidade das PME’s em poder fornecer bens e serviços de qualidade exigida ao nível das muilti- -nacionais no país limita a sua participação efectiva na exploração de oportunidades, com destaque para o sector da indústria de carvão, petróleo e gás natural. A obtenção de certificação tornou-se fundamental para que empresas locais participem na cadeia de provisão de diversos produtos. No entanto, alguns representantes das PME’s questionaram, durante o encontro de lançamento do programa, a relevância do selo Made in Mozambique, visto que não agrega credibilidade a padrões internacionais. O Governo criou o selo com o objectivo de dar visibilidade, distinguir, acrescentar valor e tornar os produtos e serviços nacionais, os preferidos do consumidor, tornando cada empresa como identidade nacional. No entanto, o sector produtivo questiona as valências do INNOQ, uma instituição que também não reúne competências para uma certificação que garanta conteúdos alinhados às exigências particularmente de projectos da indústria extractiva, desde o ramo petrolífero, gás e de outros grandes projectos em Moçambique. “Governo acusa sector privado de violar padrões do selo Made in Mozambique” Respondendo as perguntas do sector privado, Ragendra de Sousa, Ministro da Indústria e Comércio, organismo autor do selo, diz que a marca continua digna de excelência, no entanto, o governante acusa o sector privado de ter corrompido o selo, violando uma série de exigências a se observar. O governo diz que o selo Made in Mozambique apenas atesta que o produto foi produzido em Moçambiquee e não clarifica sobre a qualidade do produto, diferente da certificação de qualidade que actua em função de uma norma específica. “A Made in Mozambique é uma ideia esplêndida, mas nós próprios corrompemos e não vamos culpar a ninguém, somos nós que começamos a dar Made in Mozambique às toneladas. No entanto, se ao INNOQ faltar certificação, havendo cooperação, por exemplo, com a Alemanha, então o alemão virá certificar e vai embora, porque queremos uma cooperação institucional, para que cada falha que o INNOQ tiver, tenha uma instituição que venha e suporta, e nesse suportar o “Know-how” vai ficar”. “É preciso desenvolver valores que agreguem credibilidade” Vale De acordo com Márcio Godoy, director-geral da Vale, é preciso que as empresas nacionais desenvolvam ferramentas que agreguem credibilidade, no sentido a demonstrar que os produtos ou serviços a prestar atendam padrões internacionais, sem mínimo de riscos. Trata-se de um desafios que, segundo Gody, remete à necessidade de acções de capacitação de empresas nacionais, uma boa gestão interna, qualidade e boa governação, para além da certificação das PME’s locais. “Este processo de certificação é parte fundamental para todo o empresário que quer ter uma empresa saudável, porque vai abordar aspectos de uma maneira geral e vai ter uma nova visão no sentido de ser competitivo, eficiente, e mais ainda lucrativa, porque estas empresas poderão prestar serviços não só a uma empresa, mas a várias outras. A partir do momento que se presta um serviço de qualidade, certificado, o mercado desta empresa é o mundo, não é a Vale, Anadarko, mas estará aberta para o mundo”, argumentou. “É preciso capitalizar oportunidades” Munir Sacoor Em entrevista ao Zambeze, Munir Sacoor, que opera no ramo de electrificação, indicou que a actual conjectura do sector industrial, urge capacitar as PME’s, com vista a desenvolverem potencialidades face às oportunidades alinhadas às fases de desenvolvimento de projectos da indústria nacional. No entanto, Sacoor, entende seja fundamental que as PME’s saibam identificar e capitalizar estas oportunidades, a exemplo da implementação do PRONASCER, uma janela visando essencialmente habilitar as PME’s, no sentido de agregar credibilidade nos produtos e serviços a fornecer o sector industrial. Falando particularmente do ramo de energia, a nossa fonte diz que este, nos últimos anos, tem registado resultados estimulantes, ao notar-se aposta qualidade de energia, o que não era possível há anos atras. “Porque antes se verificava deficiência no sector de energia eléctrica, não havia muita qualidade, portanto, o projecto PRONASCER, é mais um passo indicativo de que as PME’s poderão prover mais qualidade na prestação de serviços e bens a grandes projectos em Moçambique”, argumentou Sacoor.O projecto PRONASCER – 2019/2024 deverá ser implementado num período de seis anos, abrangendo empresas de diversos sectores e, com foco na indústria de carvão, petróleo e gás natural, nesta fase de piloto. Pelo menos 200 empresas serão capacitadas em diferentes áreas de actividade, em todo o país, sendo a certificação feita com a comparticipação das empresas beneficiárias em 50% do valor total da mesma, através de um processo competitivo. Finda a fase piloto, uma avaliação do programa será feita no sentido de tirar lições apreendidas das boas práticas. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 zambeze | 19 Comercial | nacional | ESPECIALISTA EM MEDICINA TRADICIONAL DOUTOR SOFRIMENTO NINGORE VOCÊ QUE SOFRE DE: * Impotência sexual * Esterilidade * Corrimento * Borbulhas no pénis * Sífilis * Doenças venéreas crónicas * Dores de útero * Diabetes * Comichão * Aumento o sexo e aumenta e potência * Ser apertado por espíritos á noite * Sonhar a fazer sexo * Deixar de fumar * Dar sorte no serviço * Recuperação de amor perdido * Asma * Período prolongado * Hemorróides * Dores de coração As crianças com menos de cinco anos recebem tratamento gratuito Dirija se ao consultório médico Ningore, no bairro da Malhangalene, Rua do Alba nº 56, perto da Delta Segurança. Consultas das 08:00 ás 12:00 horas e das 14:00 ás 18:00 horas Contacto: 82- 8050930 | 848050930 | 878050930 O Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC) alerta que Moçambique se tornou num corredor de grandes volumes de substâncias ilícitas, principalmente, heroína, defendendo uma maior cooperação internacional para a prevenção desse mal. “Após melhoria das capacidades de aplicação da lei marítima pela vizinha Tanzânia e no Quénia, apreensões recentes sugerem que um grande volume de produtos ilícitos está a ser agora traficado por Moçambique”, declarou César Guedes, representante do UNODC no país. César Guedes manifestou preocupação em relação ao tráfico de substâncias ilícitas em Moçambique, quando falava durante o “Seminário sobre formulação de um plano estratégico contra o crime organizado transnacional, droga e terrorismo”. A costa moçambicana, prosseguiu, é cada vez mais usada como um corredor importante para a heroína proveniente do Afeganistão e em trânsito para outras regiões do mundo. “O trânsito da heroína pelo país é identificado como um grande desafio e tem potencial para promover o mercado local”, frisou César Guedes. Para estancar a utilização do território moçambicano como corredor de produtos ilícitos, o país deve apostar na intensificação da cooperação regional e internacional. Nesse sentido, o representante da UNODC elogiou a parceria recentemente firmada entre Moçambique, Tanzânia e África do Sul para o combate ao tráfico de drogas como um passo em frente. César Guedes manifestou a disponibilidade da sua organização na formação, assistência técnica e aconselhamento para a formulação de políticas de combate à criminalidade transnacional organizada. Combate ao terrorismo O Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC) exortou ainda Moçambique a adoptar políticas de prevenção contra o terrorismo e outras formas de crime transnacional, proporcionando oportunidades aos jovens para não aderirem à violência. “É preciso pensar em formas de Segundo a ONU Moçambique é corredor de grandes volumes de droga ajudar Moçambique a desenvolver políticas de prevenção como resposta primária contra estas ameaças”, afirmou Masood Harimipour, responsável pelo Departamento de Prevenção do Terrorismo do UNODC. Masood Harimipour assinalou a necessidade de se atacarem as causas que favorecem o terrorismo e outras formas de terrorismo internacional, quando falava durante um “Seminário sobre formulação de um plano estratégico contra o crime organizado transnacional, droga e terrorismo”. “Quando a prevenção é praticada e não apenas apregoada é solução mais eficaz do que a reacção, vários estudos já demonstram que essa abordagem é mais eficaz”, declarou. O terrorismo e a criminalidade transnacional, prosseguiu, já demonstraram que nenhum país está imune à sua acção e devem ser adoptadas políticas que desincentivem os jovens de aderirem a acções de violência contra o estado, continuou. “O terrorismo é um fenómeno internacional, uma ameaça que nenhum país sozinho pode combater”, frisou Masood Harimipour. Nesse sentido, a organização promoveu recentemente uma acção de formação de magistrados, agentes da polícia e fiscais de fauna bravia e florestas das províncias do norte de Moçambique, região a braços com uma onda de violência já descrita como terrorismo, nomeadamente na província de Cabo Delgado. 20 | zambeze |desporto | Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Proibição dos jogos de azar no Uganda e Quénia Um sinal do que está por vir? Este jovem mercado africano de jogos de azar tem sido liderado por um número de países nos últimos anos, com a África do Sul, Nigéria, Quénia, Uganda e Tanzânia, largamente reconhecidos como os mercados-líder do continente. Graças a uma mistura de florescentes pólos tecnológicos, aumentando o acesso online e o rácio de penetração de mercado digital, assim como a existência de métodos de pagamento viáveis para uma população “sem-banco”, as condições para promoção de um mercado online têm estado propícias. No Quénia, as operadoras móveis cobrem quase 90% da população, com mais de 46 milhões de pessoas a ter acesso ao espaço digital. Estas condições, aliadas a uma jovem e crescente classe média com enorme paixão por desportos, fez do segundo continente mais povoado no planeta uma oportunidade atractiva para os operadores do sector dos jogos de azar, que visam a expansão para além dos mercados tradicionais e, muitas vezes, saturados. Contudo, depois de um consistente crescimento, ano após ano, num certo número de mercados na região Subsaariana, os problemas que afectam os seus homólogos europeus surgiram no mercado promissor. Com a actividade em apostas assolando o continente e a África Oriental em particular, o Uganda foi a primeira nação a agir em 2019. De acordo com os mídia locais, David Bahati, o Ministro de Estado das Finanças, “recebeu uma directiva do presidente Yoweri Museveni para findar a licença dada às empresas de apostas desportivas e jogos de azar.” Além disso, para aqueles já registados, “não haverá renovação das licenças quando estas expirarem”. Além de querer desviar a atenção dos jovens das apostas desportivas e seu nefasto impacto social, o Presidente Museveni referiu especificamente a repatriação de lucros pelas empresas estrangeiras, em vez do seu reinvestimento no Uganda como o motivo para a proibição – uma causa com a qual jurisdições vizinhas se identificam. O Quénia, país de grande sucesso dos jogos de azar, foi o seguinte mercado significativo a tomar medidas, no entanto, não tão severas quanto a proibição de novas e futuras licenças. Em vez disso, a Comissão de Regulação de Apostas e Atribuição de Licenças do Quénia (BCLB) imitou medidas tomadas na Europa, em especial, na Itália, focando-se na extensa variedade de publicidade. De acordo com declarações prestadas pelo BCLB, “a publicidade em exteriores relativa às apostas, publicidade às mesmas via qualquer rede social, publicidade a apostas entre as 6h da manhã e 10h da noite, assim como o patrocínio de actividade em apostas por parte de celebridades” será banida. Enquanto a proibição no Quénia foi provisoriamente interrompida, os legisladores estão de momento a considerar emendas à regulamentação que reformulariam as leis estatais modernas relativas às apostas impondo custos significativamente maiores aos operadores dotados de licença. Ademais, a decisão do Uganda continua em vigor. Através destas acções, ambas as jurisdições abriram um precedente que ameaça espalhar-se e paralisar os promissores sinais demonstrados pela indústria dos jogos de azar do continente. Porém, as medidas por parte de dois dos relevantes mercados Subsaarianos levaram muitos elementos dessa indústria a questionar tanto o grau de severidade como, e mais importante ainda, a eficácia das decisões legislativas. Com a proibição dos jogos de azar regulamentados, existe um risco ainda maior que mercados com legislação clara sejam substituídos por jurisdições de legislação cinza ou preta, ameaçando o consumidor com perigos ainda maiores. Ainda que esta seja uma moda com potencial para pegar, com o aumento da procura por parte dos jogadores e com mercados regulados a oferecerem benefícios económicos significativos para as economias locais, podem os países perder para o mercado negro um tão elevado potencial de receitas? Enquanto isto permanece incerto, uma coisa é certa: de forma a ser desenvolvido em África um ecossistema de jogos de azar sustentável e atractivo para investidores, a indústria deve aprender as duras lições que mercados europeus mais maduros e o resto do mundo já tiveram. Entre as outras questões que necessitam de solução, o vício nos jogos de azar e o excesso de publicidade têm de se tornar numa real prioridade. Verificações mais eficazes com o programa “Conheça O Seu Cliente”, medidas de restrição de idade e educação devem estar em curso de forma a prevenir os jovens consumidores de perseguirem irreais apostas cumulativas de elevado retorno. E, por último, os enquadramentos legais e fiscais devem ser mais claros, modernos e consistentes para beneficiar tanto as economias locais como as empresas estrangeiras que operam em jurisdições africanas. Com a empresa ICE já tendo deixado a sua marca na África em 2018, Outubro de 2019 verá o regresso do único evento B2B pan-africano de jogos de azar, num momento crítico para esta indústria. Com questões relativas à regulamentação, operação e percepção dos jogos de azar o ICE Africa 2019 trará novamente um fórum para que a indústria enfrente estes desafios e defina um caminho para a estabilidade futura e sucesso capaz de realizar o gigantesco potencial deste empolgante mercado. *Produtor de Conferências na ICE Africa Daniel Tyler* Qualificação para o Mundial de 2022 Mambas garantem vaga na fase de grupos A selecção moçambicana de futebol venceu, esta terça- -feira, as Maurícias por 2-0, qualificando-se para a fase africana de grupos da qualificação para o Mundial de 2022, que se realiza no Qatar. O ‘delírio’ dos poucos adeptos dos ‘Mambas’, que compareceram no Estádio Nacional do Zimpeto em dia de trabalho, veio logo aos cinco minutos, num cruzamento em que a bola sobrou para Clésio, que empurra para a baliza sem muitas dificuldades. O domínio de Moçambique prevaleceu, com um meio campo dominante, obrigando as Maurícias a jogar na defensiva, o que culminou com um único remate contra a baliza dos ‘mambas’. Apesar do apoio dos adeptos da selecção moçambicana, na segunda parte, a selecção moçambicana baixou as linhas nos primeiros 10 minutos, permitindo uma maior pressão das Maurícias. Mas, nem por isso as Maurícias marcaram e, aos 60 minutos, foram os anfitriões que quase marcaram o segundo, num livre cruzado em que Ratifo cabeceou para fora, a poucos metros do travessão. Com algumas alterações no meio campo, Moçambique reassumiu o comando do jogo e, com um remate enquadrado de Witti, o guarda-redes dos forasteiros foi obrigado a ir buscar a bola bem colocada junto no poste esquerdo. Já perto do final, o árbitro marcou uma grande penalidade a favor de Moçambique e Gene, dos sub-23 do Sporting, não falhou, marcando, em jogo de estreia na selecção, o segundo golo dos ‘Mambas’, aos 81 minutos, para o ‘delírio’ dos moçambicanos. A equipa da casa assumiu o comando do encontro por completo e esteve perto do terceiro, por Ratifo, enquanto as Maurícias não conseguiram mais do que um remate enquadrado. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 |desporto | zambeze | 21 “Corrida Azul” em 2020 Organização pondera subir fasquia para três mil participantes A “Corrida Azul” registou, na sua terceira edição, ocorrida recentemente em Maputo, um recorde de participação, com perto de dois mil atletas, entre nacionais e estrangeiros. P oucas semanas após o início das inscrições, já haviam aderido cerca de duas mil pessoas, cifra que chegou a atingir 2.600 na véspera da realização. Deste universo, participaram, efectivamente, na Corrida Azul, perto de duas mil pessoas, nas categorias de federados, populares, veteranos e portadores de deficiência física. De acordo com o director da prova, Azarias Samuel, concorreu para esta proeza, a introdução, pela primeira vez em Moçambique, do registo de participantes através de um aplicativo para telemóveis, disponibilizado no Play Store e Apple Store. “Este aplicativo facilitou e flexibilizou o processo de inscrição de participantes nacionais e estrangeiros, pois podiam fazê-lo em qualquer lugar e a qualquer hora”, sustentou Azarias Samuel, acrescentando que se trata de uma inovação que colocou a “Corrida Azul” nos patamares organizacionais das corridas realizadas noutros cantos do mundo. Em termos técnicos, segundo indicou o director da prova, tudo decorreu conforme tinha sido programado: “Não houve registo de acidentes, cumprimos com o horário e, sobretudo, tivemos maior participação de atletas, daí que vamos propor ao promotor da iniciativa um aumento no número de participantes, para três mil pessoas, na próxima edição”, frisou. Num outro desenvolvimento, Azarias Samuel considerou a Corrida Azul, promovida pelo Standard Bank, em parceria com a Associação Moçambicana de Atletismo”, como sendo a maior corrida da cidade nos últimos anos. O nosso interlocutor enalteceu, por um lado, o facto de o primeiro classificado ter feito o percurso de 21 quilómetros com a marca de uma hora e três minutos, o que se deveu, em parte, à boa temperatura que se fez sentir na altura. “Apesar de residir na África do Sul, o vencedor da corrida em masculinos é moçambicano, sinal de que existem bons atletas entre nós nesta categoria. O maior problema em Moçambique é que não se têm realizado frequentemente provas desta distância no País”, referiu. Jacinto Muthombene, vencedor na categoria de veteranos masculinos, comentou que a prova foi muito competitiva e requereu esforço e coragem: “Corri contra adversários muito bem preparados e consegui ocupar um lugar no pódio”, disse. A terceira edição da Corrida Azul, segundo indicou, introduziu um percurso de 21 quilómetros, contra 15 da segunda edição, “daí que me preparei afincadamente para superar essa distância”. “Parabéns ao Standard Bank pela competição, sobretudo pela inovação tecnológica adoptada para a inscrição de atletas, pois sai a ganhar o banco e particularmente o atletismo nacional”, concluiu. Jovem estrela de apenas 21 anos diz que nem todas as pessoas aguentariam ouvir e ler o que ele tem de aguentar. O racismo tem sido um dos temas mais quentes a gravitar em torno do futebol inglês. Os incidentes repetem-se e, esta semana, em declarações à CNN, Tammy Abraham confessou mesmo que teve dificuldade em gerir todo o assédio racial que tem sido levado a cabo sobre si. Segundo o explicado pelo jogador, a situação tornou-se tão tensa que o jovem jogador, ao contar à sua mãe, se assustou com a reacção desta. “Lembro-me que falei no caso [ameaças após falhar uma grande penalidade] com a minha mãe, ela estava muito sensível, estava a chorar. Obviamente, não é agradável ver estas mensagens, especialmente quando o teu filho é o alvo”, começou por referir o jovem jogador de 21 anos. “Pessoalmente, tenho um carácter forte, não me afecta muito. Mas acaba por afectar pessoas que não têm a minha personalidade. Foi um momento difícil, passei por muitas emoções”, comentou, falando depois sobre o dia em que falhou a referida penalidade, frente ao Liverpool, na Supertaça Europeia. “Logo a seguir recebi o apoio dos rapazes, do treinador e de toda a gente no Chelsea. Logo no dia seguinte, [Lampard] chamou-me para saber como estava. É bom poder contar com um apoio assim quando estás numa situação destas”, finalizou. Jovem estrela do Chelsea confessa perseguição racial nas redes sociais 22 | zambeze | Internacional| Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Mugabe sepultado ao lado dos heróis nacionais em Harare Os restos mortais de Robert Mugabe vão ser sepultados no Heroes Acre, monumento reservado aos heróis nacionais e à elite política, anunciou o governo do Zimbabwe, no início de vários dias de luto pelo antigo Chefe de Estado. Segundo a Associated Press, Mugabe, que morreu na sexta-feira, aos 95 anos, em Singapura, será sepultado no National Heroes Acre, em Harare, local reservado aos que fizeram grandes sacrifícios durante a guerra contra a minoria branca, que governava o país, e que dedicaram a vida ao desenvolvimento do Zimbabwe, antiga Rodésia. Leo Mugabe, sobrinho do ex-Presidente e porta-voz da família, citado pela agência Associated Press, adiantou que as datas do funeral e da chegada do corpo ao Zimbabwe ainda não são conhecidas. “Os preparativos ainda não estão fechados”, disse, através de uma mensagem de texto. Localizado numa colina e projectado com o apoio de arquitectos da Coreia do Norte, o local tem uma ampla vista sobre Harare, é construído em mármore e granito e ostenta uma estátua de bronze de três guerrilheiros combatentes pela independência. O ex-Presidente, que esteve no poder durante 37 anos, é considerado por muitos como um herói nacional, apesar de décadas de governação que mergulharam o país em grandes dificuldades económicas e com informações de abusos de poder e violações dos direitos humanos. Mugabe foi forçado a deixar o poder pelos militares, em Novembro de 2017. A bandeira nacional está a meia haste em todo o país, mas não houve cerimónias públicas a assinalar a morte de Robert Mugabe, que recebeu elogios, sobretudo de membros do seu partido e dos militares. O jornal “Herald”, crítico de Mugabe quando ele foi forçado a renunciar e que expressou apoio à oposição, lançou uma edição comemorativa, elogiando, num editorial, a “sua postura intransigente em relação aos direitos dos africanos”. Menos elogiosa foi a cobertura do jornal privado “Newsday”, que escreveu em título “95 e fora”. “Apesar das suas proezas intelectuais, o fracasso de Mugabe em deixar o poder, quando era hora, foi a sua grande ruína. Em resumo, ele foi um libertador que virou vilão. Os líderes precisam de saber quando traçar a linha”, escreveu o jornal num editorial. O ex-Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, morreu aos 95 anos, num hospital em Singapura, onde estava a receber tratamento médico há cinco meses, cerca de dois anos após renunciar ao cargo que ocupou durante 37 anos. Cabo-Verde facilita repatriamento de estrangeiros O governo cabo-verdiano acaba de regulamentar, em reunião de conselho de ministros, a lei de retorno voluntário aos países de origem dos cidadãos estrangeiros em condições de precariedade no arquipélago. O projecto, que funciona desde 2015, já beneficiou até agora, cerca de 64 imigrantes, sendo a maioria originária da Guiné- -Bissau, 27 pessoas, seguido de São Tomé e Príncipe com 21. Segundo apurou a VOA, junto da direcção geral da Imigração, o projecto que conta com o apoio do alto comissariado para as migrações abrange apenas os imigrantes com mais de um ano a viver em Cabo Verde, e que estejam a atravessar situações difíceis e de alguma precariedade. A mesma fonte avançou que, desde a entrada em funcionamento do programa, os homens são os que mais beneficiaram com o total de 26 imigrantes, contra 20 mulheres e 18 crianças. Na lista, a Nigéria surge com 14, Guiné Conacri e Brasil com quatro cada. Costa do Marfim, Cuba e Venezuela também viram os seus cidadãos contemplados. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | Internacional | zambeze | 23 No passado sábado, através do seu habitual meio de comunicação – o Twitter – o presidente Donald Trump anunciou que a cimeira até aqui secreta entre os líderes da guerrilha Talibã e o Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, prevista para o fim-de-semana de 7-8 de Setembro em Camp David, não teria lugar. I sto porque os Talibã, num ataque suicida com um carro armadilhado, em Kahul, mataram 11 pessoas, entre elas um soldado americano e feriram várias dezenas. “Depois do ataque, cancelei imediatamente o encontro e parei as negociações de paz. Que tipo de gente é que mata tantas pessoas para fortalecer a sua posição nas negociações?” – escreveu Trump. Há mais de um ano que o representante americano, o general Zalmay Khalizad, vem negociando, em Doha, capital do Qatar, com os representantes dos talibãs. Foram, até agora, nove rondas intensas de negociações. Estas conversações, em que o governo de Ghani nunca participou, destinavam- -se a criar condições para uma retirada progressiva dos 14.000 militares americanos do país, pondo termo a uma das mais longas guerras em que os Estados-Unidos participaram. Segundo o roadmap em discussão, cinco mil homens do contingente norte-americano retirariam nos 135 dias imediatos ao Acordo. Os restantes 9.500, mais os 8.500 de tropas de países da NATO, fariam uma retirada faseada nos meses seguintes. Deste modo, a Administração Trump esperava acabar com uma guerra longa, que já custou aos Estados Unidos mais de 2.400 mortos militares e que custa por ano 30 biliões de dólares. Do lado dos talibãs, esperava-se a garantia de que não dariam asilo ou cobertura aos movimentos extremistas do Estado Islâmico e da Al Qaeda e que avançariam para conversações directas com o governo de Kabul, possivelmente em Oslo. Não esqueçamos que a intervenção americana no Afeganistão deu-se depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, quando os Estados Unidos retaliaram contra o que consideravam ser a base de Osama Bin Laden e da Al Qaeda e apoiaram a chamada “Aliança do Norte”, que em poucas semanas expulsou os talibãs do poder e ocupou Kabul. Os acordos agora frustrados, aparentemente com grande alívio do governo de Kabul (que se via como vítima do negócio bilateral Washington- -talibã) tinham gerado bastante oposição em Washington, entre políticos democráticos e republicanos. Na verdade, recordavam eles, já antes do 11 de Setembro os talibãs tinham prometido controlar os terroristas da Al Qaeda e o seu líder Osama Bin Laden. A equação afegã é extremamente complexa. O país nunca foi um Estado nacional, é mais um conglomerado de tribos, algumas guerreiras, que no século XIX e no século XX deram que fazer aos impérios britânico e russo e mais tarde aos soviéticos. E, depois, pelos vistos, aos americanos. Neste complexo de tribos, os talibãs têm forte ligação à famosa ISI – (Inter Services Intelligence), a agência da intelligence paquistanesa que, desde os anos oitenta, teve um papel decisivo no conflito interno afegão. Diz- -se que os negociadores talibãs no Qatar iam recebendo indicações do QG do ISI em Islamabad. A questão também é a própria fragmentação do Afeganistão e o consequente problema da representação e legitimidade. Os talibãs, essencialmente, são Pashtun, uma tribo sunita que representa 40% da população e que defende uma linha de islamismo puro e duro, rejeitada por outras etnias e também pela parte da população mais educada e urbanizada – especialmente pelas mulheres, que não querem ser governadas pela Sharia. Para além deste problema, há as consequências do princípio aberto pelas negociações agora canceladas por Trump. Se se negoceia com os talibãs, porque não negociar, também, com o Al-Shabab, a filial da Al-Qaeda na Somália? Não seria abrir o precedente para os grupos armados de que quanto mais aterrorizarem mais terão a ganhar? Um precedente perigoso também para a África subsaariana, onde vários países, incluindo Moçambique, são vítimas de operações violentas de grupos armados radicais. Outro problema muito sério é a droga. Para o Word DrugReport de 2018, o Afeganistão é o maior produtor de opióides do globo. O que irá acontecer às negociações? Depois do cancelamento do encontro de Camp David, o Secretário de Estado Mike Pompeo veio deixar uma mensagem subtil de que, apesar da suspensão do encontro, as portas poderão reabrir-se. Tudo isto se dá nas vésperas das eleições, marcadas para 28 de Setembro, que os Talibã têm procurado evitar. A oposição ao encontro era também significativa entre os republicanos, com vários políticos do Partido Republicano repetindo que não se devia confiar nos talibã nem fechar acordos com quem não renunciasse à violência, lembrando as inúmerasvezes em que os talibãs já tinham garantido não dar abrigo aos terroristas da Al Qaeda – como quando eram governo, antes do 11 de Setembro de 2001. A Paz adiada de Donald Trump Comercial ANUNCIE NO ZAMBEZE Departamento Comercial Contactos: (+258) 823073450 | (+258) 824576070 | (+258) 842698181 E-mail: zambeze.novomedia@hotmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Jaime Nogueira Pinto 24 | zambeze | CIÊNCIA E TECNOLOGIA| Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Arqueólogos teriam achado selo de Adonias O objecto tem cerca de 2.600 anos e era usado para selar cartas. O selo tem a escrita “pertence a Adonias, o mordomo real” e seu comprimento é de apenas um centímetro. A relíquia foi encontrada durante escavações feitas nas fundações do Muro das Lamentações, ponto importante para os judeus por se tratar da única parte ainda em pé do chamado Terceiro Templo, mais conhecido como Templo de Herodes. O selo seria de Adonias. Acredita-se que este seria o mesmo Adonias descrito no livro bíblico de I Crónicas, onde ele é referido como filho do rei Davi, o mais proeminente monarca judeu na Bíblia. De acordo com a Fundação Cidade de Davi, existem três pessoas com o nome Adonias na Bíblia, sendo o mais famoso um dos filhos do rei Davi. No selo, Adonias é descrito como um mordomo real, em hebraico “Asher al Habayit”. Este posto seria de extrema importância nos assuntos reais. É com essa mesma designação que José, filho de Jacó, foi referido ao se tornar governador do Egipto, conforme o livro bíblico de Gêneses descreve. Importância arqueológica O achado surpreendeu os pesquisadores israelitas. Eli Shukron, um dos arqueólogos da equipe, falou da importância do selo em entrevista ao The Times of Israel. “Depois de 2.600 anos, você pega este selo que era usado para selar cartas escritas há 2.600 anos pelo maior ministro do reino. Isso é uma coisa incrível [...] Isso faz meu coração parar de tanta emoção”, disse Shukron. Segundo Shukron, o selo poderá resolver outros mistérios da história de Israel. Em 1870, uma sepultura com os dizeres “mordomo real” foi achada no país. Arqueólogos querem agora saber se esta seria a sepultura de Adonias. Russos encontram ‘iPhone’ de 2.100 anos O estranho objecto foi achado ao lado do esqueleto de uma mulher em uma tumba na área de escavação de Ala-Tey, que se localiza na República de Tuva (Rússia) – local também chamado de “Atlântida russa”, por ficar coberta por água a maior parte do ano. O grupo de pesquisadores apelidou a mulher do popular nome russo de Natasha, enquanto seu acessório foi chamado de “iPhone”, relata The Siberian Times. O “dispositivo” tem aproximadamente o mesmo tamanho que o telefone popular da Apple e até tem buracos na parte superior e inferior, assim como o famoso smartphone. Os arqueólogos ficaram admirados com a fivela de cinto parecida com iPhone de 2.100 anos de idade desenterrada de uma sepultura da “Atlântida”, na República de Tuva, mulher antiga, da era Xiongnu, levou um acessório elegante para a vida após a morte. O vídeo foi gravado por Pavel Leus, um dos arqueólogos envolvidos nas escavações, cujas expedições ao cemitério Wing-Tey vem sendo feitas há anos. “O túmulo de ‘Natasha’ com um ‘iPhone’ da era Xiongnu ainda é um dos mais interessantes neste cemitério”, disse Leus. Trata-se, no entanto, de uma fivela de cinto de 2.100 anos com 18 por 9 centímetros de tamanho. A antiga peça é incrustada com pedras turquesa, cornalina e madrepérola, e é decorada com moedas chinesas Wu Zhu. Estas moedas ajudaram os cientistas a datar o objecto em 2.137 anos, ano em que foram cunhadas. O arqueólogo informou que a descoberta foi feita em 2016, mas só agora decidiram torná-la pública. OVNI ou humanóide? Misterioso objecto é visto sobrevoando cidade suíça O misterioso objecto “humanóide” agitou os conspiracionistas que assistiram ao vídeo publicado pelo canal Mavi 777 no YouTube, no qual mostra o misterioso objecto sobrevoando a cidade de Soleura, na Suíça. Nas imagens é possível notar o objecto cinza, composto por um cilindro vertical e um ponto no topo que seria a cabeça do humanóide, segundo o tabloide Daily Star. Entretanto, alguns dos entusiastas acreditam que o objecto seja um OVNI vertical dotado de uma cauda. “Sensacional! Um objecto como um humanoide ou OVNI está pendurado no ar!”, escreveu um entusiasta, que não escondeu a euforia. Apesar dos diversos comentários e grandes expectativas criadas pelos conspiracionistas, os internautas acreditam que o objecto tenha sido apenas um balão de ar quente. Ninguém sabe ao certo o que seria o misterioso objecto, entretanto, sabe-se que será um bom motivo para discutir a suposta presença de seres extraterrestres na terra. Não estamos sozinhos Alienígenas poderiam ter visitado a terra no passado O físico italiano e construtor do primeiro reactor nuclear, Enrico Fermi, colocou pela primeira vez esse paradoxo, que depois recebeu o nome dele, perguntando: “Onde estão todos?” Desde então, os astrofísicos têm ponderado a questão, discutindo que os alienígenas tiveram muito tempo para aparecer, mas nós ainda não ouvimos nada deles. Segundo a pesquisa liderada por Jonathan Carroll-Nellenback, cientista computacional no Centro de Computação de Pesquisas Integradas da Universidade de Rochester, nos EUA, a vida alienígena inteligente poderia estar demorando seu tempo para explorar a galáxia e dominar o movimento de sistemas estelares. O estudo apresenta uma abordagem diferente da questão chamada de Paradoxo de Fermi, que é a contradição entre as altas estimativas da probabilidade de existência de vida e civilizações extraterrestres e a falta de evidências disso. A questão é por que nós ainda não encontramos sinais de outra vida? Os autores do novo estudo afirmam que os alienígenas poderiam estar demorando seu tempo por razões estratégicas. “[…] uma das duas soluções. Ou ninguém sai do seu planeta, ou nós somos na verdade a única civilização tecnológica na galáxia”, declarou Jonathan Carroll-Nellenback em uma entrevista ao Business Insider. Segundo ele, as estrelas orbitam o centro da galáxia com trajectórias e velocidades diferentes. As civilizações alienígenas poderiam estar esperando que seu objectivo se aproximasse. Outro argumento é que se a visita passada tivesse ocorrido há milhões anos, agora os rastros disso poderiam já ter desaparecido. É mesmo possível que os alienígenas tenham passado perto da Terra desde que nós estamos aqui, mas decidiram não visitar o planeta, mas isso são só hipóteses. Em todo o caso, cientistas afirmam que nós não devemos ficar desencorajados. Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 zambeze | 25 CONTACTOS: 823073450/ 847714280 ZAMBEZE Comercial | NACIONAL| ZAMBEZE ANUNCIE NO Departamento Comercial Contactos: (+258) 82 307 3450 (+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181 E-mail: esmelifania2002@gmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br A NOVOMÉDIA, SARL, PROCURA AGENTES PARA VENDER O JORNAL EM TODAS AS PROVÍNCIAS DO PAÍS Segunda semana da campanha Frelimo, Renamo e MDM sensibilizam eleitorado sobre processo de votação Os três principais partidos, Frelimo, Renamo e MDM, iniciaram a segunda semana da campanha, rumo às eleições gerais de Outubro próximo, escalando a província de Maputo, mais concretamente nos distritos de Marracuane, Manhiça e posto administrativo de 3 de Fevereiro, priorizando a sensibilização do eleitorado sobre o processo de votação. Luís Munguambe, delegado distrital e também presidente daquele município, é quem conduziu a caravana, sensibilizando o eleitorado a votar em Filipe Nyusi, como candidato certo para comandar destinos do país, uma vez ter demonstrado, durante o primeiro mandato, vontade de trabalhar para a melhoria de vida dos moçambicanos. Privilegiando contacto interpessoal, entre alguns pontos de maior aglomeração populacional, Luís Munguambe, foi ostentando linhas gerais do manifesto da Frelimo para o próximo quinquénio, indicando que o seu partido e seu candidato inspiram confiança a um futuro melhor e urge continuar com projectos de desenvolvimento social. Dirigindo-se aos vendedores do mercado municipal da Manhiça e arredores, disse que, caso a Frelimo ganhe nas eleições presidenciais, devera melhorar mais ainda políticas da actividade comercial, no sentido de sanar o que continua constituir inquietação àqueles vendedores. O delegado realçou alguns avanços que aquele distrito conheceu como parte das políticas do partido no poder que incidem sobre os problemas da população, destacando a melhoria de vias de acesso, pavimentando principais acessos para dar maior mobilidade, água e energia. “Tencionamos ainda pavimentar mais vias de acesso, a Frelimo tem orientado a criação de mais condições para os mercados, como podem testemunhar, isto é parte daquilo que é trabalho da Frelimo”, argumentou Munguambe. “MDM promete governação intolerante a corrupção” O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) escalou o posto administrativo 3 de Fevereiro, mais concretamente a zona da Palmeira, província de Maputo, onde, para além de contacto interpessoal, realizou pequenos comícios e colagem de panfletos. O MDM apontou Daviz Simango, que concorre a presidência da República como candidato certo para dirigir Moçambique, através de uma governação transparente orientada no combate a actos de corrupção. De acordo com o MDM, o seu manifesto eleitoral inclui planos de construção de estradas melhoradas, promovendo escoação de pessoas e bens, um pouco pelo país, para além de políticas de melhoramento da vida das populações daquela região do país, com ainda graves problemas no que refere a provisão de serviços básico. Renamo pede voto em Marracuene A Renamo escalou no nono dia da campanha alguns bairros da vila sede do distrito de Marracuane para vender o seu manifesto eleitoral as próximas eleições gerais. A Renamo destacou-se pela sensibilização porta a porta, pedindo ao voto do eleitorado. Durante o comício do seu candidato a presidente da Republica, Ossufo Momade, apontou como o que vai merecer atenção do partido, o sistema de educação acessível aos moçambicanos. Segundo a Renamo, tudo fará para que o seu candidato chegue a ponta “Azul” e dirigir os destinos dos moçambicanos. LUÍS CUMBE 26 | zambeze |ECONOMIA| Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 PIB com variação positiva no II Trimestre O Produto Interno Bruto, a preços de mercado, apresentou uma variação positiva de 2.3% no II Trimestre de 2019, comparado ao mesmo período do ano anterior. Esta informação foi tornada pública esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O desempenho da actividade económica, no período em referência, é atribuído, em primeiro lugar, ao sector terceário que cresceu em 3.5%, com maior destaque para os ramos de Transportes, Armazenagem, Actividades auxiliares dos transportes, Informação e Comunicações, com um crescimento na ordem de 6.7%, seguido dos ramos de Aluguer de Imóveis e Serviços Prestados às empresas com 4.7%. Em segundo lugar, posiciona-se o sector secundário com um crescimento de 2.1%, induzido pelo ramo da indústria manufactureira com 3.7% e o ramo de construção que teve um crescimento de cerca de 3.0%. Enquanto os ramos de Electricidade, Gás e Distribuição de água situava com menos 2.9%. O sector primário registou um descréscimo na ordem de menos 0.6%, sendo que contribuiram para tal, os ramos da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração florestal e Actividades relacionadas com -0.05% e Indústria Extractiva e Mineira com -3.5%. Entretanto, o ramo da pesca registou um crescimento na ordem de 2.1%. Peso de alguns sectores na economia O ramo da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração florestal, Actividades relacionadas e Pesca, tiveram maior participação na economia, com um peso no PIB de 24.7%, seguidos dos ramos Transportes, Armazenagem e Actividades auxiliares dos transportes, e Informação e Comunicações, que tiveram uma contribuição conjunta de 10.0%. Ocupa o terceiro lugar o ramo do Comércio e Serviços de Reparação com 9.0%, seguido do ramo da indústria transformadora, com um peso de 7.5%. O ramo da Indústria de extracção mineira com um peso de 6.5%, Administração Pública, Educação, Aluguer de Imóveis e Serviços prestados as empresas, e Pesca e Aquacultura com pesos de 7.8%, 5.6%, 4.7% e 1.6%, respectivamente. Os restantes ramos de actividade tiveram em conjunto um peso de 22.7%. (M. Silva) Grafite no Norte Desvalorização obriga mina a reduzir produção Uma das principais minas de grafite no norte de Moçambique vai reduzir a produção devido à desvalorização da moeda chinesa e ao impacto da guerra comercial entre China e EUA. “Embora seja uma decisão difícil, acreditamos que esta acção é do melhor interesse dos accionistas para preservar o valor a longo prazo”, salientou Shaun Verner, director executivo da Syrah Resources, empresa australiana que explora a mina de Balama, em Cabo Delgado. A firma vai rever os planos de actividade em Moçambique para que a operação continue sustentável, acrescenta. A produção e venda de grafite moçambicana no terceiro trimestre foi de aproximadamente 45.000 toneladas e a Syrah anuncia agora uma redução na produção para 15.000 toneladas por trimestre, devido à queda do preço de venda de grafite à China (principal cliente) de 457 para 400 dólares por toneladas. Esta queda no preço deve- -se sobretudo à desvalorização do yuan, moeda chinesa, mas também às “tensões e tarifas do comércio internacional, que continuam a pesar no sentimento do consumidor”, lê-se no comunicado. A procura por grafite está em alta a nível mundial por ser um componente usado em baterias, numa altura em que os mercados de automóveis movidos a electricidade e de outros produtos eléctricos, como as aeronaves autónomas (popularizadas através da palavra inglesa ‘drone’), estão em expansão. A China é o maior consumidor e produtor mundial de grafite natural, assim como importador relevante: no primeiro semestre deste ano importou 105.000 toneladas de grafite, 75% das quais fornecido pela Syrah, referiu a empresa. A Syrah produziu mais de 100.000 toneladas de grafite natural em 2018 e a mina de Balama é apresentada como a maior exploração de grafite natural fora da China, direccionada para fornecer os mercados tradicionais de grafite industrial e os mercados emergentes de tecnologia. (Lusa) Trata-se de uma parte das chamadas “dívidas ocultas” do Estado. “A proposta foi aprovada por meio de uma deliberação escrita dos obrigacionistas detentores de 99,5% do valor agregado do capital das notas existentes em dívida”, lê-se em comunicado do Ministério da Economia e Finanças. O voto favorável “inclui o Grupo Global de Obrigacionistas de Moçambique”, que representa 68% dos títulos e que já tinha declarado apoio à proposta, restando chegar aos 75% de votos favoráveis para a reestruturação ter efeito – fasquia que foi superada. “A resolução escrita entrará em vigor após a satisfação das condições de liquidação e espera-se que a distribuição inicial dos direitos ocorra no dia 30 de Setembro de 2019”, acrescenta o comunicado. Um acordo entre o executivo e o Grupo Global de Obrigacionistas de Moçambique já tinha sido anunciado a 31 de Maio, mas, quatro dias depois, uma decisão do Conselho Constitucional moçambicano a anular a dívida e garantias do Estado emitidas a favor da Ematum, em 2013, travou o processo. O Governo considera agora que a decisão judicial não colide com a sua obrigação perante os mercados internacionais – apesar da contestação de associações da sociedade civil e de algumas figuras públicas. Em causa estão títulos (‘eurobonds’) no valor de cerca de 726 milhões de dólares à taxa de 10,5% com maturidade em 2023 que Moçambique deixou cair em incumprimento. O valor da nova emissão é de 900 milhões de dólares (814 milhões de euros), com maturidade a 15 de Setembro de 2031 e remuneração de 5% nos primeiro cinco anos e 9% posteriormente. A Ematum nunca chegou a fazer a projectada pesca de atum, actividade a cobro da qual se endividou: é uma das empresas públicas sob investigação nos EUA e em Moçambique por indícios de corrupção no processo das dívidas ocultas do Estado no valor de 2,2 mil milhões de dólares (quase dois mil milhões de euros). Novas revelações têm surgido e como forma de se proteger face ao que possa vir a ser conhecido, o Governo moçambicano vai exigir uma declaração de “boa fé” aos portadores de novos títulos na atual reestruturação. Portadores de títulos soberanos aprovam reestruturação da dívida Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 zambeze | 27 ZAMBEZE ANUNCIE NO Departamento Comercial Contactos: (+258) 82 307 3450 (+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181 E-mail: esmelifania2002@gmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Comercial E se ao seu lado no avião se sentasse um cavalo? Chama-se Flirty e é um pequeno cavalo de assistência que se juntou à dona durante um voo da American Airlines, que partiu do aeroporto internacional de Chicago. Abrea Hensley não quis deixar o seu companheiro para trás e resolveu comprar um bilhete para Flirty, que teve direito a viajar pela primeira vez num avião. O cavalo chamou a atenção dos passageiros, que ficaram surpreendidos ao ver um animal daquele tamanho na fila do check-in e, depois, num lugar do avião. “Havia um pequeno cavalo na fila no dia 3 de Setembro corrente no aeroporto e estou curiosa”, escreveu a passageira Amberley Babbage no Twitter, com uma foto de Flirty ao lado de Abrea no balcão do check- -in. Mais tarde, a dona do cavalo publicou no Instagram “flirty.the.mini.service.horse”, as fotos que tirou durante o voo, incluindo uma de Flirty com um grupo de tripulantes de bordo. “Foram fantásticos, gentis e muito animados por ver Flirty no avião! Até os pilotos tiveram que sair para dizer ‘olá’”. Abrea Hensley, de Bellevue, no estado de Nebraska, EUA, disse à emissora de notícias local KMTV 3, em Fevereiro, que a maioria das empresas na cidade natal dá as boas-vindas ao Flirty, que a acompanha ao cinema, às compras e até a consultas médicas. Flirty, que tem uma página popular no Instagram e uma conta no Twitter, é descrito pela dona como um “cavalo de assistência psicológica e de mobilidade” e, de acordo com a American Airlines, é de facto um animal de serviço treinado. Abrea sofre de várias doenças, incluindo depressão, transtornos de ansiedade, pânico e stress pós-traumático. No entanto, nem sempre o Flirty é bem recebido. Abrea disse à KMTV 3 que já foi expulsa de lojas duas vezes e que foi “tratada muito mal” pelos gerentes. Acrescentou ainda que está a preparar acções legais contra os estabelecimentos. Além de cães, os cavalos de porte pequeno que são “treinados individualmente para trabalhar ou executar tarefas para pessoas com deficiência” são os únicos animais de assistência que o Departamento de Justiça considera protegidos pela Lei dos Americanos com Deficiência. Assim como com qualquer outro animal de assistência, as empresas de atendimento ao público devem permitir que Flirty acompanhe a dona. Um porta-voz da American Airlines disse durante o programa de televisão Today Show que estava feliz por ter o Flirty a bordo. “Reconhecemos o importante papel que cães de assistência treinados, gatos e cavalos de porte pequeno podem desempenhar na vida de pessoas com deficiência”. Abrea revelou no Twitter que, embora o voo com Flirty tenha corrido bem, tentará fazer as viagens de carro, porque é mais cómodo para o cavalo e para os outros passageiros. A doença misteriosa que está a matar cães na Noruega Uma doença desconhecida dos veterinários é responsável pela morte de vários cães nas últimas semanas por toda a Noruega. As autoridades norueguesas afirmam que 40 animais começaram a apresentar sinais de instabilidade, vómitos, diarreia, sendo que alguns acabaram mesmo por morrer. Segundo a BBC, até ao momento há a confirmação de pelo menos 25 mortes. Os médicos veterinários que estão a acompanhar a situação identificaram sangue nos intestinos de alguns dos animais, um elemento comum quando há contaminação por salmonelas. Os primeiros casos reportados aconteceram na capital, Oslo, e os outros foram registados noutras 13 cidades. O Instituto Veterinário da Noruega está a investigar se duas bactérias encontradas nos cadáveres dos animais serão responsáveis pelas mortes. Ole-Herman Tronerud, porta-voz da autoridade de segurança alimentar da Noruega, confirma que se trata de uma “situação muito séria para os cães”. Mas, até ao momento ainda não tem dados suficientes para afirmar se se trata de um caso isolado ou de algum problema contagioso. |INSÓLITO| 28 | zambeze | CULTURA| Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 Histórias de mulheres guerreiras contadas na Fortaleza “UPCycles: Reescrever com Arquivos Audiovisuais” é o título de uma exposição cinematográfica patente na Fortaleza de Maputo, resultado da primeira Residência Criativa Audiovisual, uma iniciativa organizada pela Associação Amigos do Museu de Cinema. A mostra contempla sete obras dos artistas seleccionados para esta primeira edição, nomeadamente: os moçambicanos Eliana N’Zualo, Mariana Carrilho, David Aguacheiro e Marilú Mapengo Námoda; os cabo-verdianos Ângelo Lopes, Rita Rainho e Samira Vera- -Cruz e a angolana Sofia Yala Rodrigues. Entretanto, Diana Manhiça, artista audiovisual, realizadora, produtora e curadora luso-moçambicana, uma das organizadoras e mentoras da iniciativa, disse que esta exposição cinematográfica tem como objectivo incentivar a criação artística, a mobilidade e o intercâmbio entre artistas emergentes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).“Este é um projecto que nasce daquilo que são as propostas do museu do cinema e tem como finalidade valorizar e trabalhar a história de cinema da libertação dos povos, arquivos, património audiovisual neste caso da residência UPCycles”, disse Diana. Este trabalho teve a curadoria de duas tutoras principais, a moçambicana Maimuna Adam e a portuguesa Ângela Ferreira, coadjuvadas por uma equipa técnica de apoio do projecto Museu do Cinema. A mostra, que será exibida durante dois meses, teve um regime de desenvolvimento à distância, a que se seguiram dez dias intensivos de finalização e montagem. Os participantes foram orientados para a concepção e criação de obras multimédia, que “reciclem” imagens do arquivo audiovisual destes países e proporcionem novas interpretações da História e da Memória a elas associadas, criando novas narrativas. Eliana N’Zualo, moçambicana que participa nesta exposição com o tema de trabalho “MARGENS”, na sala número sete, conta a história de uma mulher guerreira durante a luta de libertação. “Trabalhei o arquivo da luta de libertação nacional de Moçambique, especificamente o papel da mulher. ‘‘Margens’’ porque percebo a história como um tempo e porque as mulheres se encontram basicamente na margem e não num rio”. A eleição do tema deve- -se ao facto das mulheres não serem referenciadas na história da luta de libertação. “São poucas mulheres que são referenciadas, só aparecem como enfermeiras, esposa de alguém, mas nunca falam de si e por si”, desabafou a fonte. Em suma, a expositora Eliana N’Zualo diz que com esta obra pretende localizar a mulher na história, no tempo e no espaço. Já a angolana Sofia Yala Rodrigues tem como tema “Oceano no silêncio”, onde narra a história biográfica em parte, mas também traz à ribalta a história do clube marítimo africano, em forma de depoimentos extraídos do livro do escritor Filipe Esaú. É um filme de quatro minutos e abre a porta para as descobertas. “Utilizei estes depoimentos para mostrar como os trabalhadores fizeram parte desta história de libertação e como foram importantes na ligação dos jornais clandestinos”. Por seu turno, a cabo-verdiana Samira Vera-Cruz, realizadora de cinema, documentário e ficção, participa com o tema “Nosso”, que é resultado de um projecto anterior que começou o ano passado, quando esteve em Maputo, e descobriu que existia uma comunidade cabo-verdiana no bairro da Mafalala e acompanhou a dona Conceição para retratar “as consequências da fome de 47 em Cabo-Verde, quando houve falta de chuva durante treze anos”. Numa primeira fase, o objectivo era falar sobre as migrações forçadas dentro do continente africano para demonstrar uma cultura típica de Cabo- -Verde dentro do espaço da Lusofonia. Este projecto foi financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o programa é implementado pela Associação Amigos do Museu do Cinema em Moçambique (AAMCM), uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2016, que se dedica à pesquisa e comunicação sobre a(s) História(s) do Cinema em Moçambique. Alberto Mazanga Eliana Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | CULTURA| zambeze | 29 Venita Março, 22 anos, estudante de Contabilidade e Gestão, reside no Bairro 25 e Junho B, em Maputo. Desde a tenra idade, dedica-se a actividade cultural como artesã. Nos tempos livres ou por encomenda, produz chinelos, sandálias, colares e todo o resto… Iniciou a actividade com 15 anos de idade por simples curiosidade, uma vez que, segundo conta, queria algo para fazer que não fosse apenas ir a escola. Comprou o primeiro material, que foi uma linha de pesca e missangas e o primeiro trabalho que fiz foi um colar que não foi para venda, mas sim para o uso pessoal. Entretanto, foram-lhe surgindo pessoas que gostaram do trabalho e pediam para que lhes fizesse as mais peças. “No início, encontrei dificuldades para separar o valor do lucro e o valor da compra de materiais. Actualmente, por estar a cursar Contabilidade e Gestão, consigo fazer o estudo de viabilização dos custos e a gestão dos recursos”. O material usado é adquirido no mercado Xipamanine e na Casa Fakir, dos quais constam linha de chambal, missangas pesadas, plásticas, de madeira e de letras. “Nos chinelos podemos usar os denominados “Pipocas”, retiro-lhes a parte de cima e fico apenas com a base, uso a cola quente para poder afixar a outra camada e as sandálias são feitas de linhas específicas”. A jovem artesã deseja que a arte no geral seja valorizada. “Penso que a arte não é apenas desvalorizada pelos compradores, mas também tem uma certa influência do próprio artista, porque alguns vendem o seu trabalho por valores baixos que as vezes não compensa o tipo de material que foi usado e, por vezes, alguns trabalhos exigem muito dos artistas, mas por alguns verem que não há compradores, acabam vendendo por muito pouco”. Silvino Miranda Venita Março no horizonte do artesanato Durante a visita do Papa, o Instituto Nacional do Turismo, INATUR, através do Ministério da Cultura e Turismo, MCT, vendeu a imagem de Moçambique como um dos melhores destinos turísticos de referência a nível mundial. Na ocasião, o titular da pasta da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, que falava para jornalistas nacionais e estrangeiros em Maputo, durante o jantar de gala, disse que este gesto é uma saudação ao Santo Padre em Moçambique e é uma oportunidade para mostrar as potencialidades culturais e turísticas que Moçambique possui. “Qualquer país que recebe uma figura desta dimensão tem de oferecer aquilo que é o melhor de si e o que um país tem de melhor é a sua cultura diversificada” A demonstração do vasto mosaico cultural moçambicano como destino turístico de referência consistiu numa exibição do bailado de quarenta e cinco minutos de “Xilongo”, da autoria de Cassimiro Nyusi, um dos mais conceituados coreógrafos do país e um vídeo promocional do Turismo, na expectativa de que os jornalistas presentes, tanto os nacionais e estrangeiros, levassem Moçambique para os olhos do mundo. “Nós preparamos uma sessão cultural que ao mesmo tempo se mistura com a divulgação de Moçambique como destino turístico, uma vez que Maputo acolheu várias individualidades num só espaço. Então a ideia é mostrar e projectar Moçambique de dentro para fora, mostrando aquilo que somos” frisou Dunduro para mais adiante salientar que a presença de mais de cento e oitenta jornalistas internacionais no solo pátrio era uma oportunidade única para promover o que Moçambique tem de melhor no Alberto Mazanga turismo. “Além deste rico reportório sociocultural e histórico, Moçambique é também detentor de riquíssimos recursos naturais, pois possui praias paradisíacas de águas cristalinas e quentes. Durante todo o ano, recifes de corais e espécies marinhas raras, lagoas e arquipélagos reconhecidos mundialmente, podendo-se destacar Bazaruto e Quirimbas. Integra ainda uma rica biodiversidade com Parques e Reservas Naturais, onde se pode destacar o Parque Nacional da Gorongosa, Reserva Especial de Maputo e a Reserva Nacional do Niassa.” Silva Dunduro explicou ainda que o encontro da diversidade cultural é já reconhecido mundialmente, tendo sido declarado pela UNESCO como património oral e material da humanidade, como, por exemplo, o Nyau e a Timbila em 2005. “Igualmente, foi proclamada pela UNESCO, em 1991, a Ilha de Moçambique como um dos depositários da história de Moçambique, de África, e do mundo pelo facto de ter sido um dos pontos através do qual muitos povos se cruzaram, quer para a Europa, a América, a Ásia e outros, durante a escravatura.” Moçambique possui mais de 23 grupos étnico linguísticos que resultam da miscigenação dos povos Bantu, Asiático e Europeu, conferindo-lhe, assim, um riquíssimo património cultural intangível e tangível. Refira-se que a cidade de Maputo, Capital de Moçambique, é cosmopolita e concentra a maior parte do mosaico cultural do nosso país. Aqui, são visitados Museus, Galerias de Arte, Feiras Gastronómicas, Monumentos e Centros de Interpretação, se podendo destacar o Museu Nacional de Arte, Museu da História Natural, Fortaleza de Maputo, Museu dos Caminhos de Ferro, Catedral da cidade de Maputo, Casa de Ferro, só para citar alguns exemplos. Durante a visita do Papa a Moçambique Cultura e Turismo fizeram furor… Quinta-feira, 12 de Setembro de 2019 | Zambeze RIR | zambeze | 31 Comercial Renovação de assinaturas para 2020 z Av. 25 de amb Onde a naçã Setembro, Nr. 1676 l Cell: 82 30 73 450 o se reenc l esmelifania2002@gmail.com e ontra zl Maputo E Comercial Renovação de assinaturas para 2020 A campanha vai ao rubro. Passados cerca de doze dias, o ambiente é contagiante e todos afinam pontarias e recarregam baterias para os próximos dias. O balanço dos primeiros dias pinta um retrato positivo e os partidos concorrentes assumem este protagonismo sem reticências. É o salve-se quem puder num quadro onde quem dorme a onda leva. E, falando de ondas, há uma onda gigante de cor vermelha que avança a toda velocidade. Basílio Monteiro é o timoneiro e partilha maçaroca porta-a-porta. Na senda da campanha da Frelimo, o destaque vai as promessas feitas nos distritos de Gurué, Milange e Alto Molocué, na Zambézia, onde o candidato Filipe Nyusi comprometeu-se a criar condições que incentivem a produção, a reabilitação das infra-estruturas. Mas também garantiu contribuir condignamente na reintegração, dos homens armados da Renamo. Em caravana e bem servido por membros e simpatizantes da Frelimo, Nyusi - por onde foi passando - explicava porque devem confiar nele e na Frelimo. Depois de Gurué, Nyusi partiu para Alto Molócuè. Lá, também milhares de pessoas foram para o comício popular ouvir as promessas eleitorais do candidato da Frelimo. Filipe Nyusi falou do processo de paz e convidou, mais uma vez, os homens armados da Renamo a sair das matas e prometeu criar um ambiente de negócios para atrair investimentos e assim criar mais empregos para os jovens. Esta mensagem foi bem recebida pelos jovens, uma vez que, para além da agricultura e função pública, rareiam outras oportunidades de emprego nestas paragens. A presença da Frelimo na Zambézia serviu para aferir a quantas vai a onda vermelha lançada pelo Presidente Filipe Nyusi, na perspectiva dos membros e simpatizantes deste partido se empenharem não só no momento actual, mas abarcando os desafios em que se alicercem os desafios vindouros, uma vez que ele próprio assumiu continuar a trabalhar rumo ao desenvolvimento. Chefe da brigada partilha maçaroca porta-a-porta Enquanto o PR galvanizava as populações no incentivo à produção, o chefe da brigada central da Frelimo de assistência à província da Zambézia, Basílio Monteiro, este trocou impressões directamente com o eleitorado, privilegiando o contacto porta-a-porta e interpessoal, escalando diversas áreas residenciais, partilhando o sabor da maçaroca num ritmo acompanhado de um batuque de promessas encarnadas nos feitos do candidato Filipe Nyusi. No cômputo geral, Pio Matos cabeça-de-lista da FRELIMO, resume: “o trabalho eleitoral vai bem, de uma maneira geral, está pacífico e os eleitores estão a aderir ao processo com uma entrega notória e acredito que continuará a ser uma campanha eleitoral tranquila”. Frelimo em alta voltagem na Zambézia Basílio Monteiro partilha maçaroca porta-a-porta …enquanto isso Filipe Nyusi incentiva onda produtiva nos distritos

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