quinta-feira, 25 de julho de 2019

7 lugares do medo e 6 razões para ir a Amarante

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AO FIM DO DIA
25/07/2019
 
 
 
 
 
JN
 
HELENA TEIXEIRA DA SILVA
 
 
7 lugares do medo e 6 razões para ir a Amarante
 
 
 
 
 
O verão é dedicado ao romance - ao real e ao literário. A maioria vive o amor como um intervalo da vida, férias do que nos consome, espécie de bálsamo para o outono-inverno que há-de seguir-se. E depois, tudo outra vez. Está mal. O romance, o real e o literário, não devia ser encaixado na pequena gaveta de verão, como se sujeito a um interruptor que se liga e desliga de acordo com o tempo, o que nos sobra e o da meteorologia. O romance não é para dias quentes nem para dias livres, o romance é para todos os dias. Coisa diferente é a poesia. Mesmo se normalmente vem embrulhada em livros mais pequenos, exige muito mais espaço mental do que qualquer narrativa de quinhentas ou mais páginas. O verão, nessas horas largas que se estendem pelos dias, é o momento certo para ler poesia.
 
 
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Este ano, a Porto Editora lançou a colecção "elogio da sombra" coordenada pelo escritor Valter Hugo Mãe. Fisicamente, a edição não podia ser mais depurada e bonita. Mas o que conta são os autores escolhidos. Entre a meia dúzia já publicada - desde a maravilhosa Andreia C. Faria à surpreendente Isabel de Sá -, vale mesmo a pena reter a reunião de poesia do teólogo e poeta portuense José Rui Teixeira. "Autópsia" é uma antologia assombrosa. E tudo o que sobre ela pudesse dizer-se seria sempre de menos. Fica uma pista para uma escala em "Os lugares do medo". São sete como os pecados.
 
"Penso na opacidade telúrica da morte.
busco nas suas margens a forma côncava
de um berço e os instrumentos do princípio.
Digo: o escuro é o primeiro lugar do medo.
Mas nunca me deitei sobre o musgo
à espera que o outono viesse sobre mim
e me cobrisse para sempre."
 
Também de poesia é feito o Festival MIMO, que este fim de semana literalmente ilumina Amarante. Poesia no sentido estrito e poesia no mais romântico sentido que lhe cabe: o da poesia a chover. Este ano, a chuva é sobre o amor. Haverá Rimbaud, Sá-Carneiro, Sena, Drummond de Andrade, Pessoa, Vinicius, Sophia, Pablo Neruda, Quintana, tantos. E a poesia é apenas uma das seis razões que este fim de semana podem levar-nos a Amarante à quarta edição do festival que veio de Olinda, no Brasil. Há concertos, muitos (Camané e Capicua com o Dj Setereossauro, Salif Keita, Mayra Andrade, Samuel Úria), muito cinema, muitas exposições e muito debate de ideias.
 
E enquanto em Sines continua o Festival Músicas do Mundo, no Porto aterram dois festivais de música eletrónica: o Elétrico arranca amanhã, no Bairro da Pasteleira, na Foz; e o Tomorowland no sábado, no Parque Oriental da cidade.
 
Bom fim de semana.

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