Quo vadis Moçambique?
No dia 12 de Junho corrente, a Ordem dos Advogados de Moçambique publicou a Pauta do Exame Nacional de Acesso para 2019. Os candidatos foram 312 e apenas 137 é que foram admitidos. Assustador? Nem tanto. Talvez para quem não conhece Moçambique. Aqui, nos exames do nível médio, falamos de 12ª classe, é normal haver 80 por cento de reprovados.
Como é que alguém, que um dia quer exercer a profissão de advogado, chumba na prova escrita? 56 por cento dos reprovados foi no exame escrito. Muitos deles são oriundos da maior e mais antiga instituição do ensino superior no País, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM). E vejam que a nota mais alta, nos admitidos, foi de um candidato oriundo da Universidade Técnica de Moçambique.
Estamos a falar de um estudante que frequentou o curso de Direito durante quatro anos e que depois é submetido a um estágio profissional e não consegue obter 1 valor num teste de 20 valores. O que fazia, o aluno, durante os quatro anos da sua formação? Como é que conseguiu essa formação? A culpa é só do tal aluno?
As reflexões sobre a qualidade do ensino no País são esporádicas. Parece que a ninguém isto interessa. E este, meus senhores, não tenham dúvidas: é o País do futuro. Muito provavelmente, grande parte dos reprovados no exame da Ordem dos Advogados de Moçambique irá dar aulas. Parece que as vacaturas nesta área estão sempre abertas. Deformarão os que lhe vierem a frente e estes outros tantos. É assim em Moçambique. Uma aberração que julgamos normal. Aqui o ridículo não é desdenhado. Normalizamos o anormal.
Como é que não vamos ter Manuel Changs e Teófilos Nhangumeles num País destes? Aqui o emprego não é por competência. Funciona mais o amiguismo. Não é preciso saber. Basta ter um familiar a ocupar um cargo de destaque. Por isso que temos uma máquina estatal incompetente.
Alunos com nível médio que nem o seu nome sabem escrever são tantos. Aqui não se lê. Assiste-se novelas. Fofoca-se no WhatsApp, repassa-se todo o tipo de lixo. É só coscuvilhice. Alunos há da 12ª classe que não sabem dizer nenhum nome de um escritor moçambicano. Nunca leram nenhum. E quando se candidatam a UEM, por exemplo, até tiram 17 em português em que, provavelmente, o exame girou em volta da análise de um escritor moçambicano que nunca o leram. Como? Perguntem quem dirigi o País. Certa vez escrevemos aqui que não temos estadistas, temos políticos que se guiam por agendas partidárias mas não pensam no futuro do País. E agendas partidárias jamais vão coincidir com o que queremos, como povo, para Moçambique. A prova é isto: uma merda!
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Não temos capitalistas!
São muitos os frelimistas que não gostam da frontalidade de Luísa Diogo, a então primeira-ministra. Nós gostamos. E fazemos votos para ela continue assim. Na semana passada colocou o dedo na ferida, para o desespero de muitos lobistas que se intitulam de "empresários de sucesso". Temos, sim, indivíduos que brilham por via das ligações promíscuas com o Estado.
São indivíduos que entendem que os negócios têm a ver com o estar próximo da política. Não é preciso ser empreendedor. Conhecemos vários com pequenos escritórios outros só têm o registo da empresa e tudo funciona na pasta, mas intitulam-se de empresários. Até são esses os que frequentemente ganham todos os concursos públicos de adjudicação de qualquer coisa. São amigos do partido. Patrocinam o partido. Dividem os ganhos com os governantes.
É o caso da malta Silvestre Bila, Álvaro Massinga, da Sotux, Salimo Abdula (com ligações a Armando Guebuza), MBS (o barão de droga), família Sidat (escovas do partido no poder), John Kachamila, Jamu Hassan. Esses são só alguns nomes.
Se se perguntasse a muitos "empresários" filiados na CTA para mostrarem o endereço físico da sua empresa ou escritório, seria um desastre. A empresa funciona no "James Bond". E estes indivíduos movimentam muito dinheiro do lobby. Por exemplo, agora que vamos realizar eleições, vestir-se-ão com as camisetas e bonés do partido Frelimo e sairão a rua para fazer campanha. É assim como vivem. Não basta serem da Frelimo, têm que mostrar que o são. Contribuindo com dinheiro e com esforço para merecer que lhes seja adjudicado qualquer concurso público.
Nós, podemos não trazer nomes, mas sabemos quem financiava as frequentes viagens da mamã Maria da Luz. Uns vão perguntar por que tinham de financiar a mamã? Era a maneira mais fácil de chegarem ao papá, Armando Guebuza, e finalmente ao dinheiro. Aqui, os requisitos para se ser "empresário de sucesso", não é ter visão de negócio, ser empreendedor. É ser amigo do poder, ser parasita. Mamar até as tetas da vaca leiteira que é o Estado moçambicano caírem tipo sapatilhas. São esses os ditos "empresários".
E Luísa Diogo disse o que disse publicamente. Alguns torceram o nariz. Outros fingiram não ouvir nada. Os mais ousados até abandonaram a sala. Isto foi na 12ª Cimeira bienal Estados Unidos da América-África. Mandou bem!
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