Atual ministro da Justiça do Brasil terá trocado mensagens secretas com os procuradores da Operação Lava Jato.
O presidente do Senado do Brasil afirmou esta terça-feira que se a autenticidade das mensagens trocadas pelo antigo juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, com o procurador Deltan Dallangnol, for comprovada, revela um "problema ético grave".
"Se fosse deputado ou senador, estava no Conselho de Ética, cassado ou preso", afirmou Davi Alcolumbre, presidente do Senado do Brasil (câmara alta parlamentar), na noite de segunda-feira, durante um jantar oferecido pelo portal de notícias Poder 360, em Brasília.
Questionado, o líder do senado disse que "do ponto de vista ético, sim [as conversas ultrapassaram o limite] ". "Se aquilo for tudo verdade? esse que é o problema. Aquilo é verdade? Vai comprovar?", insistiu Davi Alcolumbre.
"Aquela conversa não era para ter sido naquele nível, entre o acusador [Moro] e o procurador. Se isso for verdade, eu acho que vai ter um impacto grande, [mas] não em relação à Operação [Lava Jato] porque ninguém contesta nada disso e não vai contestar nunca", acrescentou.
Desde o dia 09 de junho, o portal de investigação The Intercept tem publicado uma série de reportagens com base em alegadas mensagens secretas obtidas de uma fonte anónima, que terão sido trocadas por Moro com procuradores da Operação Lava Jato na aplicação Telegram quando era o juiz responsável por analisar os processos da investigação em primeira instância.
Segundo o Intercept, estas conversas privadas revelam que Moro terá sugerido ao procurador e responsável pelas investigações da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que alterasse a ordem das fases da operação Lava Jato, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações aos promotores encarregados do caso, ou seja, teria ajudado a acusação, o que viola a legislação brasileira que exige imparcialidade aos juízes.
Moro, por sua vez, já negou publicamente que tenha cometido qualquer irregularidade, não reconheceu a autenticidade das mensagens e alegou que foi vítima de um crime cibernético praticado por 'hackers' que terão atacado as suas comunicações e de membros da força-tarefa da Lava Jato.
Lusa
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