Uma sugestão para mudança pragmática de paradigma
Em Moçambique, todo o povo sabe que a FRELIMO é que fez, a FRELIMO é que. Porém, nem tudo foi bem feito; e nem que podia estar feito está feito.
Agora, este é tempo de a FRELIMO dizer aos moçambicanos o que não foi bem feito e porquê. E o que é preciso fazer para corrigir os erros cometidos e fazer mais e melhores obras.
Só assim será legítimo voltar a pedir um novo mandato para corrigir os erros e fazer novas, muitas e melhor obras.
É na disseminação deste tipo de mensagens que os membros e simpatizantes da FRELIMO devem estar "unidos e coesos"; não só na divulgação do que foi bem feito, pois o povo moçambicano sabe que foi a FRELIMO que fez. O que preocupa o povo moçambicano agora, hoje e amanhã, é o que foi mal feito; ou o que não está feito, quando podia ter sido feito.
Por conseguinte, em preparação para as próximas eleições e provinciais, o esforço útil a ser empreendido não deve ser concentrado das obras realizadas com sucesso, mas sim na divulgação das obras que é preciso realizar e colocá-las ao serviço do povo. Não se deve perder tempo com discursos demagógicos e de autovalorização. São as obras feitas e funcionais, e os projetos para a realização de mais obras, novas e de melhor qualidade, que dão (ou tiram) mérito ao discurso político de campanha rumo a um pleito eleitoral.
Nada mais deve ser feito como no tempo de Joaquim Chissano ou de Armando Guebuza, porque o eleitorado desses tempos tinha aspirações diferentes das do eleitorado de hoje! É preciso sermos pragmáticos no nosso discurso político, deixando ficar claro que temos conhecimento teórico e prático das preocupações de hoje e do amanhã de Moçambique. Devemos não deixar dúvida de que TEMOS UMA FÓRMULA NOVA E MELHOR para resolver com sucesso, durante o próximo possível mandato, os problemas que apoquentam os moçambicanos, porque nós a FRELIMO, melhor que nenhum outro partido político concorrente às próximas eleições gerais e provinciais, temos um conhecimento PROFUNDO da realidade objectiva de Moçambique, da região, do Continente e do resto do mundo, fruto da aprendizagem que ganhamos analisando os nossos próprios erros e os erros de governos de outras nações.
Estarmos "unidos e coesos" no exercício de esconder os erros, definitivamente não vai ajudar, porque o povo sabe o que nós, a FRELIMO, fizemos mal ou não fizemos, podendo fazer. Escondermos os erros é prenúncio de que não estamos preparados para abandonarmos e execrarmos as práticas que estiveram na origem dos erros que cometemos. Temos que mudar de paradigma. O novo paradigma deve ser estarmos "unidos e coesos" no exercício duro e penoso de restauração da nossa imagem como partido político maduro, patriótico e responsável.
Joaquim Chissano e Armando Guebuza não precisam mais dos nossos elogios, nesta fase em que estamos. Precisam é de ouvir as nossas críticas, as críticas da nossa juventude, sobre o que foi mal feito, ou não foi feito quando podia ter sido feito, durante os 28 anos do conjunto (1986 - 2004 + 2004 - 2014) dos seus mandatos. Eles não precisam da nossa protecção em tempo de campanha. Exaltá-los neste momento, é exaltar o que eles não conseguiram fazer ou fizeram mal. Eles precisam mas é que lhes sejam apontados os erros cometidos durantes os seus consulados. Fazendo assim, criticando publicamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza, mostramos aos actuais e futoros líderes da FRELIMO e de Moçambique os erros que cometemos na nossa gestão da república, e que não queremos ver repetidos. Esta é a melhor maneira de purificar fileiras. Não se chama "caça às bruxas" coisíssima nenhuma! Eles não são "bruxas", são nossos anciãos, mas cometeram erros pelos quais eles (anciãos) devem aceitar o seu chamamento à razão post-fact. Esta é que a fórmula eficaz para a construção dum futuro melhor. Não se constrói futuro melhor investindo tempo na protecção de anciãos maquiavélicos que resistem buscando protagonismo num tempo em que deviam estar se resguardando na sua merecida reforma. As suas boas obras já falam por eles. Hoje devemos falar do que foi mal feito, para corrigirmos; e do que não foi feito, e queremos fazer da melhor maneira possível, usando os avanços científico e tecnológico realizados nos últimos 30 anos.
Aqui sugeri uma mudança pragmática de paradigma. Vai ser dolorosa? Sim, claro! Mas é a única maneira razoável, correcta, de a FRELIMO "ganhar bem" as próximas eleições gerais e pronvicias.
Mais não fiz.
Palavra d'onra!
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