segunda-feira, 27 de maio de 2019

A entrevista foi anunciada com pompa tinha muita expectativa não só por ser a primeira, mas, também, considerando o órgão de comunicação em que seria dada e quem conduziria a entrevista. Confesso: a enteevista frustrou as minhas expectativas.


A Entrevista,
Começo por dizer que desejo todo o sucesso ao Presidente Nyusi. Não há como o sucesso do nosso PR não ser meu e de todos os moçambicanos e, em função disso, devemos nos unir no apoio às iniciativas (sérias e sustentáveis) que nos apresente ou vá apresentar tendentes a esse sucesso que é, afinal, de todos.
A entrevista foi anunciada com pompa tinha muita expectativa não só por ser a primeira, mas, também, considerando o órgão de comunicação em que seria dada e quem conduziria a entrevista. Confesso: a enteevista frustrou as minhas expectativas.
Por um lado, dá a sensação que o bom do Matias fez a primeira pergunta e foi fazendo as restantes com base na resposta à primeira. É que a entrevista não tem uma temática lógica que permita ler o pensamento do PR nos temas mais cadentes da vida do país ou até fazer um balanço ao mandato com base quer no PQG, quer no PES que são documentos disponíveis. Era a primeira entrevista, à entrada do último ano de mandato com o processo eleitoral em preparação.
Por outro o PR me pareceu contraditório e não apresentou ideias claras sobre assuntos chave. As respostas às perguntas sobre agricultura são disso exemplo.
Por outro há algumas contradições. Num momento festeja o calar das armas como paz, noutro fala das dificuldades em alcançar os consensos com a Renamo rumo a Paz. Está abordagem, me parece sugerir que há muitos conceitos a definir sobre a paz e seu significado no nosso contexto: ela se alcança com o calar das armas? Estando elas caladas estamos em paz? A paz se alcança com a satisfação da RENAMO nas suas exigências? Alcança se com a descentralização?
Não lhe retiro mérito na abordagem que resultou no calar das armas. Antes pelo contrário, mas é preciso mais do que isso na abordagem ao tema, em minha opinião. É preciso ter ideia do que pode efectivamente conduzir a paz. E não acho que se resuma a Renamo.
Numa outra questão (ainda sobre as contradições) o PR se recusa a discutir assuntos entregues a justiça (onde a pergunta de base era seu eventual envolvimento) mas não se coíbe de falar sobre processos em instrução que envolvem Salema e JJM com o que ele sabe desses processos.
Esperava mais até na forma como os assuntos são abordados. Esperava um direcionamento mais claro e evidente partindo de onde viemos, onde estamos e para onde a visão do meu PR indica que devemos ir.
Temos um longo caminho.
Esse longo caminho envolve todos, jornalistas, políticos, estadistas...
Temos que capitalizar momentos em que o PR abre as portas para uma entrevista e o próprio PR capitalizar esses momentos para passar mensagens mais claras. O país precisa recuperar de todos os desastres que o assolam: dívidas, IDAI, Keneth etc. Os decisores políticos tem um papel preponderante no que cada um de nós fará para essa recuperação num contexto como o nosso.
É fácil seguir um líder. Comunicação é chave.
PS: Adorei o inaugurar de uma nova era em que o PR não é apenas entrevistado pelos órgãos públicos. Está de parabéns o PR por isso e o Canal de Moçambique que foi o primeiro. Veremos quem segue e como.
Comentários
  • Amosse Mucavele Ping Pong a resposta é que trazia a pergunta seguinte, pareceu-me um freestyle improvisado
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    • Júlio Mutisse Amosse Mucavele A abordagem sobre a agricultura foi, para mim, de todo, problemática na entrevista recente ao Canal de Moçambique. É difícil perceber a ideia do presidente. Por um lado parece que o PR (i) defende a ideia de que é preciso abandonar o Sector Familiar para "industrializarmos a própria agricultura", (ii) a ideia de criação de latifundios pois, como ele enfatiza, "o sector privado não pode ter medo da agricultura. S enós conseguirmos, o que vai acontecer agora, vão aparecer uns pequenos latifundiários moçambicanos, com o sector privado. Esses que vamos mobilizar".
      O PR sugere ou assume que a industrialização (entendo que queria se referir a mecanização) da agricultura é incompatível com o sector familiar. Não é. Parece, também, não assumir que o sector familiar é, também, sector privado. Na forma como coloca a sua ideia parece sugerir que o sector privado é aquele que cria latifúndios.
      Pode-se entender, da sua colocação, que o PR não concebe o sector familiar produzindo para os mercados. Considero que é possível um sector familiar voltado ao mercado e exemplos disso não faltam no mundo.
      Tudo que envolve o "sector familiar" não é apenas um assunto económico é, sobretudo, político e cultural. Político no sentido de que entendo que os latifundios podem levar à perda de terra por parte dos moçambicanos e cultural no sentido de qye toda a ligação mítica à terra se quebraria.
      Se "o nós conseguirmos" do PR se concretizar dentro do cenário descrito acima, temo que tenhamos um problema sério no futuro. Quero estar errado.
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  • Joaquim Tesoura Eu estou a procura das ideias que presidem a presidencia do pais...os ideias do partido os conheços desde de bebe, mas as ideias sobre Desporto, cinema, liberdade, crime, função pública, agrictura, ciência, analfabetismo, cultura, defesa, justiça, comunidade, desenvolvimento...ideias, sério não conhço.
  • Brazao Catopola Minha preocupação está sanada. Questionei muitos e iguais pontos. Qual é a perspectiva real do PR sobre o país?
  • Miro Guarda Brazao Catopola, você é melhor deixar
  • Rafa El 3 perguntas sobre agricultura...

Agricultura base do desenvolvimento? Pode ser... Mas não tão já.
Comentários
  • Nito Ivo Base de roubalheira isso sim.

    Onde está o proagri?

    Onde está aquele projecto do Zambeze?
    Onde está jatrofa?

    Agenda 20-25 falava da agricultura mas Guebuza deitou fora.

    Trabalhamos como bombeiros.
  • Matavele Edy Matavele Tsakane Esse enunciado, por si só é vazio.
  • Alexandre Chivale Por que é que não fazes o seguinte: deixar...
  • Manuel Chipeja Não tão já porque não há uma verdadeira aposta na agricultura. ..só isso.
  • Júlio Mutisse A abordagem sobre a agricultura foi, para mim, de todo, problemática na entrevista recente ao Canal de Moçambique. É difícil perceber a ideia do presidente. Por um lado parece que o PR (i) defende a ideia de que é preciso abandonar o Sector Familiar para "industrializarmos a própria agricultura", (ii) a ideia de criação de latifundios pois, como ele enfatiza, "o sector privado não pode ter medo da agricultura. S enós conseguirmos, o que vai acontecer agora, vão aparecer uns pequenos latifundiários moçambicanos, com o sector privado. Esses que vamos mobilizar".
    O PR sugere ou assume que a industrialização (entendo que queria se referir a mecanização) da agricultura é incompatível com o sector familiar. Não é. Parece, também, não assumir que o sector familiar é, também, sector privado. Na forma como coloca a sua ideia parece sugerir que o sector privado é aquele que cria latifúndios.
    Pode-se entender, da sua colocação, que o PR não concebe o sector familiar produzindo para os mercados. Considero que é possível um sector familiar voltado ao mercado e exemplos disso não faltam no mundo.
    Tudo que envolve o "sector familiar" não é apenas um assunto económico é, sobretudo, político e cultural. Político no sentido de que entendo que os latifundios podem levar à perda de terra por parte dos moçambicanos e cultural no sentido de qye toda a ligação mítica à terra se quebraria.
    Se "o nós conseguirmos" do PR se concretizar dentro do cenário descrito acima, temo que tenhamos um problema sério no futuro. Quero estar errado.
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    • Lazaro Mabunda Pelo menos desta vez apresentou um pensamento estruturado. Parabéns meu amigo. Definitivamente hoje devemos bater umas, para desenvolver bem esta ideia. Excelente. É só dizer o Presidente deixar de voar de helicóptero e andar pelas margens do sistemas de regadio de Chokwe e do rio Limpopo. Mais, diga a ele ir visitar algumas famílias, verá que há famílias que produzem e vendem arroz e há famílias que produziram em quantidade para o consumo por um ou mais anos. Pessoalmente tenho familiares que se dedicam a isso. O que o presidente devia dizer é que temos de potenciar estas famílias no sentido de produzir mais. Se num hectare produz 3 toneladas a custo elevado, o governo irá criar condições para que se produza 10 toneladas a custos baixos. Isso levará os agricultores familiares a produzir para o mercado, tornando-se eles em latifundiários. Fica-me a impressão de que foi ditado para ir dizer, não porque conhece o assunto.
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    • Júlio Mutisse Lazaro o que dizes no fim é o que me faz pensar que não sera tão já que faremos da agricultura a base para o desenvolvimento do país
    • Lazaro Mabunda Júlio Mutisse Mais logo espero-te. Quero-te dar briefing do que está na cabeça do PR.
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  • Da Cruz Está na constituição desdeeeeeeee 1975. Kkmmkkk
  • Jeremias Chilaw Para ler quando tiver tempo:

    Bem, meu caro, há aqui alguns equívocos que é preciso dissipar: industrializar a agricultura não é sinónimo de abandonar o sector familiar, nem tao pouco mais ou menos. O sector agrário em Moçambique guia-se pelo modelo de
     4Ps: Parceria-publico-privada-população. Neste modelo o grande empresário (regra geral estrangeiro) recebe uma parcela (menor de terra) e a grande parcela fica com as populações locais, que recebem do empresário assistência técnica e insumos para aumentarem a produtividade e produção. O objectivo deste modelo é permitir que os pequenos produtores sejam transformados de agricultores de subsistência em agricultores orientados para o mercado. O que isto quer dizer? Que o produtor deve ser capaz de gerar renda para a sua alimentação e para satisfazer as outras necessidades: saúde, educação, habitação, etc. A título de exemplo, o projecto Wanbao, em Gaza, que presumo que conheça bem, disponibiliza sementes melhoradas aos pequenos produtores e presta assistência técnica. Estes produtores fazem agora entre 8 a 10 toneladas de arroz por hectare, contra as anteriores duas. Esta produção alimenta a fábrica de processamento local: isto é agro-industrialização. 
    Se Moçambique conseguiu reduzir a importação do frango em 80% nos últimos 5 anos (grande parte do frango usado pelo KFC é moçambicano) foi graças a este modelo. Leia sobre os projectos da Higest aqui na Província de Maputo, ou podes ler sobre o Frango King e os Novos Horizontes em Nampula: são grandes empresas que são alimentadas pelos pequenos produtores. Isto é agro-industrialização.
    Nas açucareiras, os pequenos produtores com um ou dois hectares produzem a sua cana vendem a preços de ouro. O que os produtores ganham num hectare de cana-de-açúcar, não se ganha nem em 100 hectares de milho.
    A indústria da cerveja (impala) usa milho e mandioca dos pequenos produtores para produzir cerveja na sua indústria. 
    A empresa Mozbife, aqui em Manica, compra animais dos pequenos criadores, que passam pelo processo de engorda nas suas instalações. 
    A Empresa Westfalia Fruit, que exporta fruta (lichi, macadâmia e abacate) para Africa do sul e Europa, trabalha com os pequenos produtores, que fornecem matéria-prima. 
    A indústria do caju (leia sobre as experiencias de Nampula, agora Gaza), que hoje emprega 16 mil moçambicanos, tem como base o sector familiar, que fornece a matéria-prima. Não há nenhuma grande empresa de produção de castanha, tudo vem dos pequenos produtores. 
    O Grupo João Ferreira, envolvido na Industria de processamento do algodão no Niassa, trabalha com 40 mil pequenos produtores, que fornecem matéria-prima. Esta empresa tem a responsabilidade de assistir os pequenos produtores na produção de culturas alimentares. 
    Na área do tabaco, a Mozambique Leaf Tobacco, que é a maior empresa do sector, trabalha com cerca de 120 mil pequenos produtores, que fornecem matéria-prima. 
    Portanto, o processo de agro-industrialização tem como base o sector familiar que:
    a) Fornece matéria-prima para as indústrias agrárias;
    b) Recebe insumos das indústrias em alusão;
    c) Recebe treinamento; e 
    d) Tem acesso ao mercado.
    Este modelo (de contratos) permite que os agricultores do sector familiar sejam integrados e que possam melhorar a renda Pará a sua alimentação e para outras despesas que não podem ser satisfeitas pela agricultura. 
    Porque o Presidente fala sobre a necessidade do sector empresarial apostar na agricultura? Porque hoje a base que constitui as grandes empresas é estrangeira e não é confortável depender de capital estrangeiro.
    É preciso sair um pouco da cidade, ler sobre agricultura, conversar com quem trabalha na área, perceber o que se faz no país. Agricultura não se percebe só por ler entrevista do Presidente e fazer-se interpretações apressadas. O Presidente da República lidera o lançamento da campanha agraria todos os anos e os discursos que ele profere estão disponíveis na internet para quem realmente quiser perceber o seu pensamento sobre o sector agrário!!!!
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    • Júlio Mutisse Jeremias Chilaw o PR não conhece esses exemplos? A fala dele parece sugerir outras coisas.
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    • Jeremias Chilaw Aqui penso que é uma questão de interpretação. O que o proprio Presidente orientou ao sector agrário e os documentos dessa orientação sao públicos, é que é preciso transformar o produtor de subsistência para um agricultor orientado para o mercado e é preciso reverter o cenário em que o empresário que actua na agricultura é estrangeiro. O PR tem o domínio destes factos e ele inaugura todo empreendimento do sector e há resultados: Manica, por exemplo, arrecada 50% das suas receitas do sector agrário, segundo o governador.
    • Jeremias Chilaw Portanto, a palavra mágica é a transformação do pequeno agricultor, que pode ser entendido como abandonar o amodelo ainda prevalecente em que o produtor nao consegue gerar renda.
    • Júlio Mutisse Jeremias Chilaw leste a entrevista e as partes que partilho? Se há essa orientação a fala dele parece sugerir outras coisas.
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  • Salomâo Nicasse Existem paradoxos nas nossas políticas desenvolvimentistas, no outrora decipamos à agricultura industrial ao pensarmos que traria graves consequências à nossa economia, e apostamos na agricultura familiar, em contrapartida exigimos ao setor privado que seja o avalanche daquela agricultura que antes extilharia a produção....bem bem é preciso revermos à nossa antropologia política africana. Eu em particular sou de chokwe, tenho famílias que produzem distintos produtos deste tomate, arroz etc. E são essas mesmas famílias que fazem do zimpeto ser grossista hoje, então fazer da agricultura como base do desenvolvimento não é tirar uns e colocar outros está em dar estímulos que permitem com que às pessoas produzam mais que o suficiente.
    • Júlio Mutisse Salomâo Nicasse certa vez, numa compra de ocasião, deixamos com meu pai umas tantas poedeiras. Ele, durante algum tempo, só nos pedia ração. Passado algum tempo deixou de o fazer. Até pensamos que as galinhas tinham virado caril (esse foi pensamento de um dos mais velhos kkk)... Espanto nosso. O velho estava auto-suficiente. Vendia ovos na vila e até nos oferecia quando lá fossemos lá a casa. Bons ovos diga se. 
      Construímos uma fontenaria e, com a disponibilidade de água ele nos pedia sementes de hortícolas. Demos conta que ele já as vendia nas redondezas... É auto-suficiente. Já não precisa de nós para algumas coisas. 
      Comprou uns porcos, nos pediu ração. Demos durante uns meses. Agora nos vende leitões. Kkk
      Não há sinal mais claro de que com apoios os agricultores do sector familiar podem produzir com orientação para o mercado e não só para subsistência. 
      Os economistas buscarão exemplos mais rebuscados de outros lados. Meu pai me mostra todos os dias...
    • Júlio Mutisse Se me permitirem levo o PR lá.
    • Salomâo Nicasse Júlio Mutisse enquanto ainda pensamos que estamos familiarizados com às trajetórias de Moçambique.... derepente aí o chefe te bola teu próprio produto
    • Júlio Mutisse Kkk o velhote está ver nos seus 6 filhos clientes primários. Se vivesse aqui ao lado ia fazer entrega de hortícolas e nos cobrar fim do mês. E nem vale dizer "mas papá eu mandei ração" ele te diz: "anda você então alimentar e cuidar, depois vai comer de borla" ai ficas dummm
      Já nem me atrevo. De borla mesmo só posso ir a casa do meu irmão Gabriel comer. Ele. Esteve lá há pouco kkkk
    • Salomâo Nicasse Precisamos fazer à agricultura à porta de casa... talvez com isso perceberemos que o que estamos à fazer nem é agricultura familiar, talvez tenha outra designação á luz do trabalho etnográfico kkkkkkk
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  • António Do Rosário Grispos Infelizmente...essa é a realidade
  • Anselmo Titos Cachuada Caro Jeremias, me parece que concordas com Júlio Mutisse, no sentido de que este pensa que o PR deve estar a dizer que se deve abandonar o sector familiar que aqui descreves e muito bem que já é benéfico para se aderir a Agro-pecuária de escala industrial de grandes capitais, o que o Mutisse acha ser perigo no que se refere à posse de terra que já mostrou sequelas no Zimbabwe e RSA. 

    Ou sou 'mbogolo' mesmo?
    • Jeremias Chilaw A palavra não é abandonar, mas sim transformar o modo de produção do sector familiar. O ponto central é que a agro-industrializacao que o país conhece é sustentada pelo sector familiar. Excluindo o sector de açúcar, que apesar de ter a participação dos pequenos produtores, as grandes empresas é que tem a maior parcela de terras e de produção.

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