Jornalista do New York Times que investiga os negócios fraudulentos do futebol questiona a prisão preventiva do "hacker" responsável pelo Football Leaks num caso de alegada tentativa de extorsão: é caso único na justiça portuguesa.
Tariq Panja, jornalista no New York Times e co-autor do livro "Football's Secret Trade" (os negócios secretos do futebol), revelou, esta sexta-feira, nas redes sociais, que "não há precedente, na história de Portugal, de alguém acusado de tentativa de extorsão ficar preso antes do julgamento". O tweet do investigador reporta-se à situação de Rui Pinto, o "hacker" responsável pelo Football Leaks, que denunciou esquemas de evasão fiscal no futebol internacional, através da divulgação de milhares de documentos na internet, e a quem foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva, "que pode durar até seis meses", enquanto aguarda pelo julgamento do processo em que o fundo de investimento Doyen Sports o acusa de tentativa de extorsão.
"Que interesses serve a prisão de Rui Pinto?", interroga-se o jornalista do New York Times. Rui Pinto foi entregue pelas autoridades húngaras à justiça portuguesa, em março, e está detido preventivamente na zona prisional anexa à Polícia Judiciária, em Lisboa. A defesa do gaiense, 30 anos, recorreu da medida aplicada pelo Tribunal Criminal de Lisboa e espera a decisão da Relação, enquanto se mantém como colaborador das autoridades de outros países que investigam situações de fraude fiscal no futebol.
O Benfica constituiu-se assistente no processo, na esperança de provar que Rui Pinto foi responsável pelo acesso ao correio eletrónico da SAD, que resultou na divulgação de informações comprometedoras e consequente acção judicial.
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