Lula da Silva promete provar ao neto morto que não é ladrão
Ex-presidente do Brasil debruçou-se sobre o caixão onde repousava o corpo do menino.
Por Domingos Grilo Serrinha, correspondente no Brasil|02.03.19
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Profundamente emocionado e aos prantos, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva prometeu este sábado ao neto Arthur Luiz Araújo Lula da Silva, debruçando-se sobre o caixão onde repousava o corpo do menino, falecido um dia antes aos sete anos por causa de um quadro agudo de meningite, provar que foi condenado injustamente e que não é um ladrão.
"Arthur, você sofreu muito bullying na escola por ser neto do Lula. Por isso tenho um compromisso com você: vou provar a minha inocência, vou mostrar quem é ladrão e quem não é neste país", disse Lula ao neto, com o rosto banhado de lágrimas e aos soluços, acrescentando: "As pessoas que me condenaram, eu duvido que possam olhar para os netos delas como eu olhava para você..."
Em seguida, Lula, sempre chorando muito e debruçado sobre o caixão branco, disse ao neto que tanto o chefe da operação anti-corrupção Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, quanto o juiz que o condenou, o hoje ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sérgio Moro, mentiram para o incriminar. Lula defende até hoje que a sua condenação foi parte de uma conspiração para o tirar das presidenciais de Outubro passado, como aconteceu e permitiu a eleição de Bolsonaro, até aí segundo colocado, e que a prova disso foi a nomeação de Moro como ministro como prémio.
A promessa ao neto foi uma das poucas coisas que Lula conseguiu dizer livremente no velório, no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, cidade vizinha a São Paulo onde vivia antes de ser preso e onde ainda vive a sua família, aonde foi autorizado a ir pela justiça do estado do Paraná, de que Curitiba é a capital.
Exceto nesse raro momento em que o deixaram livre para se debruçar sobre o caixão e afagar o neto, Lula foi vigiado de muito perto por uma multidão de agentes da Polícia Federal e da Polícia Militar, que impediram que Ele proferisse alguma manifestação de cunho político ou falasse com simpatizantes que se aglomeravam no lado de fora do cemitério.
Exceto nesse raro momento em que o deixaram livre para se debruçar sobre o caixão e afagar o neto, Lula foi vigiado de muito perto por uma multidão de agentes da Polícia Federal e da Polícia Militar, que impediram que Ele proferisse alguma manifestação de cunho político ou falasse com simpatizantes que se aglomeravam no lado de fora do cemitério.
A rigidez do esquema de segurança foi tão grande que, além dos agentes federais colados em Lula, militares empunhando armas de guerra assumiram posições estratégicas até dentro da capela onde decorreu o velório, incomodando e constrangendo a família do menino, filho de Sandro Luiz Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente, e de Marlene Araújo Lula da Silva.
Fora da capela, dezenas de outros polícias fortemente armados cercavam tudo, enquanto outras dezenas formavam um cordão junto aos portões do cemitério, impedindo a entrada de qualquer pessoa que não fosse da família do ex-presidente ou amigos muito próximos. Assim mesmo, uma multidão de simpatizantes do ex-presidente aglomerou-se junto aos portões, e, quando Lula chegou e entrou por um na lateral do cemitério, a multidão aplaudiu e depois rezou em uníssono um Pai Nosso.
A justiça do Paraná, apesar de ter autorizado a saída de Lula da prisão e a ida até São Bernardo do Campo para se despedir do neto, um benefício previsto na lei brasileira para casos como esse, também foi bastante rigorosa com o antigo chefe de Estado. A juíza Carolina Lebbos, responsável por fiscalizar o cumprimento das penas de Lula, autorizou o ex-governante a ficar apenas uma hora e meia no velório.
Por isso, Lula, que chegou a São Paulo às 8 e 30 locais, 11 e 30 em Lisboa, foi forçado a ficar numa sala reservada do aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, por mais de duas horas, para só então rumar para São Bernardo e poder acompanhar o final do velório e a cremação do neto, voltando imediatamente a seguir para Curitiba.
As deslocações do ex-presidente foram todas feitas por meios aéreos para evitar o risco de serem formadas manifestações pró e contra Lula ao longo do percurso se este fosse feito por terra. Por isso, um helicóptero foi buscar Lula à prisão, levou-o para o aeroporto de Curitiba, onde um avião o levou para São Paulo e, daí, um outro helicóptero levou-o para São Bernardo do Campo, tendo a operação sido repetida também no regresso ao Paraná.
Lula está preso desde 7 de Abril do ano passado para cumprir uma sentença de 12 anos e um mês por corrupção, por ter supostamente recebido um apartamento triplex numa praia no litoral de São Paulo como parte de "luvas" pagas pela construtora OAS.
No início de Fevereiro, o antigo chefe de Estado recebeu nova condenação, de 12 anos e 11 meses, desta feita por ter alegadamente recebido uma casa de campo em Atibaia, na Grande São Paulo, neste caso como "luvas" pagas por outra construtora, a Odebrecht, crimes que o ex-presidente nega.
No início de Fevereiro, o antigo chefe de Estado recebeu nova condenação, de 12 anos e 11 meses, desta feita por ter alegadamente recebido uma casa de campo em Atibaia, na Grande São Paulo, neste caso como "luvas" pagas por outra construtora, a Odebrecht, crimes que o ex-presidente nega.
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